28/01/2017
Qual a primeira motocicleta fabricada no Brasil? Esse é um tema frequente no meio motociclístico e as respostas são as mais variadas possíveis: A Yamaha RD 50 em 1974/75? A Honda CG 125 na mesma época? Saiba mais.
Na verdade nem uma nem a outra empresa são pioneiras no empreendedorismo no ramo motociclístico no Brasil. Em 1951 Leon Herzog montava sua fábrica de motocicletas no Rio de Janeiro e algum tempo depois passou a produzir o pequeno ciclomotor Gullivette, com um motor francês.
A pequena fábrica evoluiu e hoje ainda esta ativa no Brasil, porém tendo migrado de vez para o ramo da construção civil, depois da proibição de importação dos motores de países comunistas e com a chegada das “japonesas”.
Você nunca ouviu falar de uma “Gullivette”? E de uma “Leonette”? Essa última talvez já tenha visitado seus pensamentos nos comentários dos motociclistas mais antigos. Com certeza foi o primeiro veículo de duas rodas com motor de muitos pilotos veteranos, aí incluindo este repórter.
A saga da Leonette começou com seu idealizador, o judeu-polonês Leon Herzog, falecido em janeiro de 2013 com 93 anos de idade. Conheceu o holocausto de perto, vendo seu pai ser morto pela Gestapo por não querer deixar a casa onde moravam.
Mas e as motocicletas? Essa história vem desde lá da Polônia, onde sua família já fabricava bicicletas até o país ser invadido pela Alemanha nazista. Fugiu com identidade falsa para a própria Alemanha e de lá para o Brasil, onde parentes já se encontravam refugiados.
Conhecedor do ofício, não foi difícil para o jovem Leon refazer o negócio que a família tinha na Europa, montando e vendendo bicicletas, até a construção da fábrica no bairro do Cajú, adaptando à elas, agora, pequenos motores 2T importados.
A derradeira e aperfeiçoada “Leonnete”, segundo consta, veio ao mundo em 1960 e seu nome, por óbvio, reporta ao seu fundador Leon. O brasão estampado no tanque pertencia a família do sogro.
Os primeiros modelos eram de 50cc, produzidos com duas marchas e pedais para ajudar nas subidas. O sucesso foi tanto que em 1967 a empresa passou a usar um motor Jawa 50cc, três marchas e pedal de partida. Foi a coqueluche dos anos 60, chegando até aos absurdos… 80km/h.
A decadência da “Leonette” começou a se dar com a implantação do regime militar no Brasil, que impedia a empresa de adquirir os motores utilizados, pois vinham de países comunistas. A pá de cal aconteceu depois da morte do filho de um político, pilotando uma dessas motocicletas.
Mas como Leon não desistisse nunca e já “estar no lucro” por ter superado o regime nazista, como ele mesmo disse várias vezes, a empresa deixou de vez o segmento das motocicletas e manteve-se firme no ramo da construção civil.
Mas você pensa que essa motinha está totalmente esquecida? Ledo engano. Basta acessar um pouquinho a internet e você verá inúmeras raridades sendo exibidas em sites especializados, e até mesmo nos de compra e venda, pois há muita Leonette totalmente recuperada posta à venda à interessados na raridade.
Você já teve uma Leonette? Já pilotou uma?
Conhece alguém que tem ou teve uma dessas?
Tem alguma história envolvendo uma Leonette?
Compartilhe essas informações e poste as fotos de uma Leonette em nosso GRUPO DO FACEBOOK
Gostou da matéria? Faça um comentário e envie-a aos seus amigos.
Não gostou? Envie-nos então suas críticas ou sugestões.
CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fonte de pesquisas: Anais da industria automobilística do Brasil, jornais diversos e catálogos antigos
conheça também:
Tenho uma Leonette Mustang faltando farol e duas laterais
Valeu pela informação amigo. Que tal mandar umas fotos da máquina para nós? mduarte@portaldmoto.com.br
Tenho foto com a minha. N dá pra anexar. Era 3 marchas e modelo série diferente de todas essas aí
Bom dia meu caro José Devanir. Se quiser pode nos mandar a imagem que fixaremos na matéria para você com os devidos créditos. Se possível nos envie com uma descrição da moto, como data da imagem, local, modelo do veículo e o que mais julgar interessante.
Meu avô teve uma verde, meu irmão tinha uma vermelha. Há um filme do Antônio Marcos que aparece várias.
Valeu pelo comentário. se puder mandar o link desse filme, agradeceríamos muito.
Conhecia está história, mas que o fim da produção se deveu a chegada das motos japonesas no final dos anos 60, bem mais avançadas que o projeto da Leonette, nesta época não era necessário carteira de habilitação para estas motos de baixa cilindrada , o que fez surgirem pontos de aluguel destas pequenas motos em vários estados brasileiros, até , que em 1969 o filho de um político , menor de idade , teve um acidente fatal com uma pequena Honda alugada, o que fez com que a lei fosse alterada e se tornasse obrigatório ser maior de 18 anos e ter carteira de habilitação para dirigir qualquer veículo automotor .
Sim, meu caro Fernando. A história é longa e pode ser pesquisada nos anais do motociclismo no país. Isso que você nos conta foi informado na matéria de maneira a ilustra-la. Eu mesmo comecei a pilotar em 69 e ainda tinha 13 anos de idade, justamente com uma leonette toda surrada e emprestada, pois meus pais não tinham dinheiro para comprar nada do gênero que não fosse alimentos para a família operária, igual a nossa. Valeu por comentar
Boa tarde.
Gostaria de mais informaçoes sobre o motor de 50cc.
Valeu pelo comentário e desculpe pela demora na resposta, vez que tivemos problemas com nosso servidor. Quanto a sua pergunta vamos deixa-la no ar para ver se algum expert no assunto nos ajude.
Tive uma em70 ganhei do meu pai.uma 05 3 marchas azul e branco era o sonho de qualquer jovem.depois comprei todas que pude com dificuldade tive st 70 cg cb 350 500four e outras hoje tenho Suzuki gsxf 750 e XRE 300 para o dia dia, mais não é a mesma emoção de quando sentei a primeira vez em um veículo a motor e fui para a escola. E era uma leonette.
Valeu pelo comentário e vejo que você é do meu tempo. Suas impressões também são as minhas: uma Leonetle. Andei quando jovem nas de amigos e sonhava com uma 50tinha Suzuki amarela novinha de um vizinho, isso nos anos 69/70. De lá para cá também foi uma sucessão de motos de todos os tipos e marcas, sem nunca ter gostado de ser um garoto propaganda de nenhuma delas em particular. Marcos Duarte (editor)