Santo Antônio do Salto é o décimo primeiro Distrito de Ouro Preto que apresentamos neste Portal, que se caracteriza por sua topografia peculiar com muitas cachoeiras, corredeiras, cânions, escarpas e natureza exuberante, no entanto praticamente escondido de tudo e de todos, salvo de alguns aventureiros que como nós dirigem até lá.
HISTÓRIA
Sua formação está ligada às mesmas épocas e fatores que foram decisivos para a criação de tantas comunidades naquela região mineira, ou seja: a busca de novas lavras de ouro no final do século 18, quando esse minério já rareava nas jazidas principais de Ouro Preto.
Por ter sido desde sempre área destinada a exploração mineral e de difícil acesso, principalmente para assentamento de comunidades populacionais, seus primórdios não possuem feitos ou nomes históricos que a posteridade possa cultuar, havendo muitas dúvidas nos dias atuais sobre sua fundação.
Esse isolamento natural conferiu ao povoado uma economia de subsistência baseada na agricultura e pecuária, principalmente no cultivo da banana, já que a mineração por lá era bem escassa.
Sua localização é no sopé da Serra onde está Lavras Novas, da qual é vizinho próximo, com acesso difícil faceando as encostas íngremes de pedras e tendo uma diferença de altitude de mais de 400 metros,
Esse acesso, o mesmo que utilizamos nesta matéria, só foi substituído na terceira década do século 20, na mesma época que ocorreu a construção do canal hidrográfico e de pequenas centrais hidroelétricas, que dariam autonomia ao Distrito em termos de energia elétrica.
Assim sendo construiu-se na época uma nova estrada de ligação até Santo Antônio do Salto para o trânsito de caminhões de grande porte, maquinários e equipamentos para as PCH (Pequena Central Hidrelétrica) da região, que são três ao todo, porém, até os dias atuais essa estrada é em terra batida, não existindo acesso pavimentado ao Distrito.
A conclusão das obras foi bem morosa. Se o novo acesso facilitava a chegada do maquinário, a construção do canal hidrográfico de muitos quilômetros de extensão dependia da força braçal, do transporte de materiais em lombos de burros, das técnicas rudimentares disponíveis e das forças da natureza (chuvas, enchentes, acidentes, desmoronamentos, etc.)
A história atual conta que a chegada da primeira turbina ao local foi muito comemorada, embora a população não tivesse esquecido as muitas mortes ocorridas com funcionários, durante a longa empreitada.
Consta que o transporte da primeira turbina até seu destino durou dois dias e foi feita por um caminhão a vapor atrelado a vinte juntas de bois que sustentavam parte de seu peso. As três PHC em atividade foram batizadas respectivamente de “Salto”, “Caboclo” e “Funil”.
Mas como sempre acaba acontecendo, o progresso veio “para eles” e as dificuldades ficaram, “para os moradores.
Em síntese: As usinas não geraram empregos significativos; a população aumentou com antigos funcionários da construção que acabaram permanecendo por lá; moradores deixaram a localidade por falta do que fazer; e a economia teve que se manter na subsidência, com a agricultura e pecuária produzindo alimentos ao grande número de mineradores ainda na região de Ouro Preto.
Dado a sua topografia extremamente acidentada o crescimento urbano é praticamente inexistente, mesmo na parte plana, pois são áreas de preservação ambiental, o que diminui o investimento da Administração Pública com aprimoramento de escolas, transportes e serviços em geral, embora tenha sido elevada a condição de Distrito em 1992.
NOSSA IDA
Deixamos para trás Lavras Novas logo após o almoço e seguimos pela Estrada da Trilha Branca, em direção da borda da Serra do Buieié, na região onde se concentram os passeios de 4×4. Dalí começaríamos a viagem para Santo Antônio do Salto.
Como dá para perceber no vídeo que apresentamos abaixo, estávamos no plano e no topo e tínhamos que descer mais de 400 metros pela Estrada do Caboclo, que faceia a rocha dura de um lado, e o precipício do outro, numa intensidade maior que a da Serra do Corvo Branco, em Santa Catarina, porém, num trecho de menos de 4 km.
O percurso total entre Lavras Novas e Santo Antônio do Salto por esse caminho é de 10 km, mas o aventureiro poderá seguir por outros roteiros: Pelo bairro da Chapada ou pela Cachoeira dos Namorados, com trajetos entre 24 a 27 km.
Como podemos ver com exatidão no mapa via satélite, partimos da borda da serra com inclinação imediata do veículo, que passou a descer indefinidamente renteando os paredões e, em muitos trechos, sem possibilidade de cruzar com qualquer veículo dado a estreiteza da via ou por apresentar apenas meia pista (4:40 do vídeo), já que a outra metade foi engolida pelo precipício.
Alguns trechos apresentam resquícios de um asfalto corroído e, num deles mais acidentado, é possível passar por uma espécie de “escada”, de modo a fixar no chão as rodas do veículo, impedindo que derrape (3:22 do vídeo).
Segurança? Nenhuma. Sinalização? Nenhuma. Sinal de celular? Nenhum. Guard rail? O que é isso??? Pelo menos no dia de nossa descida o trabalho para o escoamento de água estava em dia nos trechos mais perigosos.
Para mostrar com detalhes essa decida optamos por manter o vídeo na íntegra, apenas acelerando as imagens em alguns trechos.
NA ESTRADA DO CABOCLO
Apesar das dificuldades, se o aventureiro tiver tempo extra para parar e contemplar a paisagem, vai ver que estará num verdadeiro paraíso, tal a beleza que essa topografia nos proporciona.
Após rodarmos os 4 km da decida da Serra chegamos na “Estrada da Chapada” (8:00 do vídeo), de topografia plana e seguindo o curso do Rio Gualaxo do Sul e do Canal Hidrográfico, mas também em terra batida.
Ao contrário do trecho de serra, onde encontramos apenas uma propriedade agrícola, agora estamos numa área onde existem muitas fazendas, sítios e chácaras ao longo do percurso até o Distrito.
Em alguns trechos chegamos a rodar exatamente ao lado do canal hidrográfico, como se ele fosse uma terceira faixa da rodovia, separada apenas por uma cerca de arame.
Depois de passarmos pela PHC Caboclo entramos nas proximidades da área urbana de Santo Antônio do Salto.
O DISTRITO
Se a beleza do acesso nos impressionou, no Distrito não foi diferente a surpresa. Pelas características do lugar já era possível imaginar que o centro urbano não fosse amplo ou compacto, uma vez que segue ao lado do Rio Galaxo do Sul, cujo entorno é protegido por lei ambiental e o resto são montanhas imensas.
Suas ruas são estreitas e tortuosas, seguindo num interminável sobe e desce, mas sem acentuados aclives e declives no perímetro urbano.
A pavimentação pública é feita por asfalto, pedras e blocos de cimento, embora existam muitas ruas ainda em terra batida.
Rodando por suas ruas pudemos reparar que a arquitetura predominante de suas construções é bem simples e desgastada, com raríssimas residências ou imóveis mais elaborados.
Há algumas pousadas e restaurantes no Distrito, mas seguem os mesmos padrões arquitetônicos já informados, sendo opção para aqueles que vieram para curtir a localidade em sua essência.
Na confluência das Ruas Jovino Souza e Jaime Resende, atrás da Igreja Matriz, uma ilha com um imenso cruzeiro dá boas-vindas ao visitante.
Do alto é possível ver a imagem que realmente impressiona: A verde mata das montanhas que circundam o Distrito e o belo contorno do Rio Gualaxo do Sul mostrando corredeiras magníficas. Até o artificial canal hidrográfico ajudou a compor a beleza do lugar.
Por mais escondido que possa estar em relação a cidade de Ouro Preto, e por ser este o penúltimo Distrito que estivemos visitando neste projeto, foi justamente aqui, num domingo ensolarado e à tarde, que tivemos a felicidade de sermos recepcionados por uma funcionária pública ligada ao turismo, nos oferecendo espontaneamente ajuda e informações úteis, o que não obtivemos em nenhum outro Distrito da cidade.
Graças à ela soubemos da passarela sobre o rio; da Grande Cachoeira do Rapel, com queda de aproximadamente 200 metros; das famosas trilhas, em especial da Trilha do Funil; das corredeiras e dos inúmeros cursos d´água e cachoeiras que circundam o “Salto”.
RODANDO EM SANTO ANTÔNIO DO SALTO
IGREJA MATRIZ
Dedicada a Santo Antônio, a pequena igreja foi construída em alvenaria de arquitetura contemporânea tem torre sineira central e fachada simples, com pequeno escudo sobre a portada.
Seu interior também é bastante simples e com detalhes modernos, com as paredes revestidas em pedras e bancos em madeira.
Em sua frente uma bela pracinha completa a beleza do lugar, que também é utilizado para os festejos do padroeiro, no mês de junho.
COMO CHEGAR
O aventureiro que partir da sede do município, em Ouro Preto, em direção de Santo Antônio do Salto, poderá utilizar-se de várias opções, mas todas elas, fatalmente, ensejarão percursos em terra batida.
Na primeira opção o trajeto inicial será feito pela MG-129, Rodovia Ouro Branco/Ouro Preto, devendo seguir por aproximadamente 10 km, derivando então à esquerda (há placas indicativas) por mais 5 km. em direção do bairro Chapada, e então por mais 15 km. até o destino.
Na segunda opção o aventureiro parte de Ouro Preto em direção de Lavras novas, num percurso de 19 km, e pode seguir daí até o destino pela Estrada do Caboclo (10km) ou pela Cachoeira dos Namorados (27 km)
Já para o visitante que começar a viagem de BH o percurso total será de aproximadamente 130 km, com início pela BR-356, até a cidade de Ouro Preto, e o resto como mencionamos anteriormente.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte– MTB 77539/SP
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