24/11/2022
Nesta edição do City Tour apresentaremos a pequena cidade de Araçariguama, denominada “Portal do Interior”, já que situa a pouca distância da capital paulista, em direção ao interior do estado. Vamos conhece-la?
HISTÓRIA
A origem de Araçariguama remonta ao ano de 1590, com a chegada de bandeirantes paulistas, especialmente do Capitão-mor Afonso Sardinha, que localizou sinais da presença de ouro próximo ao Morro do Voturuna.
Fixando pequena comunidade na localidade, em dezembro de 1605 patrocinou a construção de uma pequena capela em homenagem a Santa Bárbara, padroeira dos mineradores, aos pés do Morro do Cantagalo, onde tinha localizado mais ouro.
Somente em 1648 é que que foi construída a capela consagrada a Nossa Senhora da Penha, na área onde hoje é a sede do município, originalmente feita em taipa de pilão e reformada ao longo dos tempos. Hoje é a Igreja Matriz da cidade.
Apesar do encontro de ouro nos tempos áureos de sua fundação, foi somente em 1926 que a Mina de Ouro de Araçariguama deixou de ser explorada artesanalmente, passando a integrar a empresa “Saint George Gold Mine”, com produção mensal de até 45 kg/mês.
Por questões de desvios dos preciosos minérios, a mina chegou a ser lacrada pelo presidente Getúlio Vargas em 1934 e Araçariguama, que já tinha se desmembrado oficialmente de Santana do Parnaíba, passou a ser incorporada ao Distrito de São Roque, voltando a se tornar cidade independente somente em 1991.
A cidade faz divisa com os municípios de Cabreúva, Itu, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba e São Roque e tem uma população estimada em aproximadamente 17 mil araçariguenses.
Seu nome é de origem tupi, significando algo como “o lugar onde os araçaris (pássaros) bebem água”
A CIDADE
Cheia de aclives e declives acentuados, já que localizada em região montanhosa, tem sua área urbana bem espalhada, não formando uma cidade normalmente compacta, com uma área central propriamente dita.
O espaço que podemos chamar de “centro da cidade” está quase rente ao lado norte da rodovia Castelo Branco, pouco havendo do lado oposto, embora a rodovia corte exatamente o meio da área territorial do município.
Por causa dessa forma espalhada que a cidade se assentou, suas ruas são extremamente irregulares, sendo realmente muito difícil trafegar por elas, além das placas indicativas não ajudarem muito.
Ainda que seja uma cidade interiorana, com ruas estreitas e uma igreja matriz colonial em seu centro comercial, a aparência geral não é tão agradável como se esperava ser, com ruas ainda em terra batida a um quarteirão da igreja matriz e muita terra, poeira e estacionamentos irregulares no trecho urbano.
RODANDO EM ARAÇARIGUAMA
No aspecto geral o município se parece mais com um típico bairro da periferia distante da grande São Paulo, do que com uma cidade interiorana, com burburinho de gente rodando para cá e para lá em busca das muitas lojas, oficinas e prestadores de serviços, todas intermediadas entre residências regulares, talvez pela proximidade com a rodovia.
Porém, não podemos deixar de informar que fomos muito bem atendidos em todos os lugares que estivemos na cidade, demonstrando sim, ares interioranos característicos de nosso povo paulista.
TURISMO
Na área urbana do município pouco tem a ser visto ou visitado em termos turísticos, a não ser a igreja matriz barroca, vez que os belos atrativos de Araçariguama estão no seu entorno. São eles:
Igreja Nossa Senhora da Penha
A igreja localiza-se na área central do município e nas proximidades do Morro do Voturuna, onde, outrora, se encontravam os principais veios auríferos de São Paulo, tendo sido explorado por Afonso Sardinha já em 1578, mesmo antes da formação da vila que deu origem a cidade.
Depois de várias reformas em suas bases, principalmente as registradas em 1772 e 1833 e a última entre 1965 e 1967, a Igreja de Nossa Senhora da Penha foi vitimada por algumas transformações em sua estrutura arquitetônica, resguardando, porém, as características básicas do período de sua construção.
No contexto da expansão territorial de São Paulo, guarda, em sua existência, um dos principais referenciais históricos de toda a região.
Mina e Museu do Ouro
O Complexo Parque da Mina do Ouro, que abriga uma das primeiras minas auríferas do Brasil e uma das principais do estado de São Paulo, abriga também um pequeno museu sobre as atividades ali empreendidas e a pequena capela de Santa Bárbara, ambos os prédios originais e edificados em taipa de pilão
O processo de extração era feito no interior da mina e o minério chegava na usina de beneficiamento por meio de vagonetes sobre trilhos.
Em nossa primeira ida nesse complexo, cerca de dez anos atrás, pudemos entrar na mina principal, que se estendia por quase 200 metros montanha adentro, mas, ao que se sabe, toda a entrada da mina “veio abaixo”, com várias críticas de moradores sobre a possível causa do acidente, que teria sido descuido dos órgãos públicos.
Para esta matéria certificamos que, onde existia outrora uma montanha, com uma entrada em sua base, hoje existe apenas um grande buraco.
A opção foi explorarmos parte da mina por uma “via lateral”, que já existia no passado e está sendo preparada para que, possivelmente no futuro, tenhamos a possibilidade de adentrarmos novamente na mina.
No complexo vamos encontrar quase intacta a pequena capela de Santa Bárbara, que por um milagre também não veio abaixo com o desmoronamento, já que está localizada a poucos metros da entrada da Mina desmoronada.
Embora a prefeitura tenha informado ao longo dos tempos o trabalho de recuperação da mina em matérias publicitárias, in loco pudemos perceber o total abandono de qualquer atividade nesse sentido, estando a mina desmoronada isolada por tela de alambrado, e a entrada lateral servindo apenas de “armário de tralhas” do parque, misturado com parte de seu acervo.
Independente do museu e da mina, a área do Complexo é utilizada frequentemente por moradores para pick-nicks em finais de semana, já que encravada numa região coberta de vegetação exuberante e com alguma infraestrutura para isso.
Parque do Avião
Quem passasse, anos atrás, pela rodovia Castelo Branco, na altura da cidade de Araçariguama, podia ver ao longe e sobre a montanha um estranho avião fabricado pela Vickers Viscont em 1958, com quatro motores da Rolls Royce e que teria até transportado a Rainha Elizabeth II, antes de ser adquirido pela Vasp.
Essa aeronave, não mais capaz de alçar voo, foi instalada no local e serviu, no início, como um cine-clube para crianças, até que foi incendiado (coisas que ainda temos que compactuar nos dias atuais).
Também era possível ver, lá da rodovia, um imenso “boneco”, que parecia ser feito de ferro e que nos lembrava muito a figura esguia do Visconde de Sabugosa, da obra Sítio do Pica Pau Amarelo de Monteiro Lobato, todo iluminado na cor verde brilhante.
Na verdade, a imensa obra de arte de 30 metros de altura foi confeccionada em aço inox e tinha por nome “O Desbravador da Esperança”, retratando de forma estilizada o bandeirante Afonso Sardinha.
Essa estátua a céu aberta, embora sustentada por uma forte base em concreto armado e com potentes cabos de aço estendidos em seu redor, como se faz com grandes torres, foi alvo de um forte temporal a cerca de dez anos e acabou caindo ao solo, sendo impossível sua reconstituição.
Da mesma forma que contamos acima sobre a nossa entrada na mina, dez anos atrás, tivemos a infelicidade de termos sido também um dos primeiros a visitar “o desbravador” ao solo, alguns dias após o ocorrido.
Quanto ao parque do avião propriamente dito, hoje ele está dividido ao meio, ficando praticamente inutilizada a parte onde ficava “o desbravador”, e melhorada em muito a parte onde fica o avião, com a colocação de inúmeras outras estátuas de inox pela praça que, embora muito menores em tamanho, guardam características de grande qualidade e bom gosto.
A área conta até com uma pequena capela, utilizada regularmente para missas e romarias, e com um par de sanitários para uso público, fixado ao pé de uma torre de telefonia ali também instalada.
O mais crítico é que o parque fica só, sem proteção alguma, conforme pudemos mostrar no vídeo que fizemos lá, onde pudemos entrar livremente na área e transitar entre as obras de arte, podendo ser até uma tentação aos inimigos do bem e merecendo uma proteção mais elaborada.
COMO CHEGAR
Para o visitante que partir da capital paulista pela Rodovia Castelo Branco, rodará apenas 52km para chegar até lá, sem qualquer complicação extra.
Para visitantes de outras localidades, é só tomar por referência da cidade de São Paulo, fácil de ser feito em qualquer guia rodoviário.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
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