Nesta edição do City Tour apresentamos a bonita e histórica cidade paraibana de Bananeiras, encravada no Brejo Paraibano no nordeste do país, e que fez parte do primeiro destino aventureiro que fizemos em 2024.
HISTÓRIA
Antes de sua colonização propriamente dita, a região era habitada por povos Tupi e Tabajaras e, especialmente nos domínios da atual Bananeiras, pelos povos Cariri e Tapuias.
Foi nesse enredo que a coroa portuguesa dividiu o Brasil, a partir de 1534, em vários “lotes” denominados Capitanias Hereditárias, com objetivo de estimular a agricultura, a produção de gado e a construção de engenhos.
A região onde está Bananeiras passou a ser colonizada a partir da segunda metade do século 17, nas proximidades de uma lagoa encravada no fundo de um vale, onde existia grandes matas de pacoveiras, uma espécie de banana rústica sem utilidade para alimentação, de onde deriva o nome da cidade.
No entanto, a versão mais aceita para a fundação da cidade envolve o caçador Gregório da Costa Soares que, aprisionado pelos índios Tarairus, alguns deles antropófobos pelas tradições deles, conseguiu se safar.
Conta o conto bem contado e a contento que, uma vez preparado para o ritual de antropofagia, rezou muito e acabou salvo por uma formosa índia que o carregou nas costas noite adentro pela floresta, entregando-o em lugar seguro ao amanhecer.
Finda o episódio o casamento de Gregório com a tal índia e a promessa da construção de uma capela para Nossa Senhora do Livramento, dando à essa índia o nome de Maria do Livramento.
Os questionamentos sobre a veracidade e os objetivos da antropofagia entre os nativos não são recentes, mas encontramos relatos do aventureiro Hans Staden, preso pelos Tupinambás e as pinturas de Theodore Bry (1528/1598)
A primeira atividade econômica da então vila foi a da produção de cana de açúcar, sendo substituída tempos depois pelo café, a maior da Paraíba e a segunda maior do nordeste brasileiro, tornando Bananeiras uma das mais ricas cidades daquela região.
Localizada na Serra da Borborema, região do Brejo Paraibano, a 141 km de João Pessoa, 150 km de Natal e a 70 km de Campina Grande, com altitude de 526 metros, Bananeiras possui clima mais ameno que a média do agreste paraibano.
Bananeiras tornou-se oficialmente município independente a partir da resolução do Conselho do Governo em 09 de maio de 1933, tendo sido instalado, oficialmente, em 10 de outubro daquele ano.
A CIDADE
Guardada, evidentemente, as devidas e grandes proporções, Bananeiras pode ser vista pelo turista como uma mini Ouro Preto, em Minas Gerais, dado a sua irregular topografia com acentuados aclives e declives em sua área urbana, assim como pelos muitos casarões de eras coloniais bem preservados e em uso na cidade.
Está, ainda, inserida na bacia hidrográfica dos rios Curimataú, Dantas e Picadas e dos riachos Sombrio e Carubeba, todos de regime intermitente. Conta ainda com os recursos do açude da Piaba.
O município é cortado pelo Rio Bananeiras, que deságua na cachoeira do Roncador, e com sua nascente na mata da Universidade Federal da Paraíba, Campus Bananeiras.
Dada a suas características topográficas, a simetria das vias públicas se torna prejudicada, oferecendo muita dificuldade ao visitante rodar pelo centro urbano, dificuldade essa só superada pelo pequeno tamanho da cidade.
A pavimentação no centro histórico e adjacências é composta de blocos de paralelepípedos, blocos de cimento intertravados e asfalto, e a sinalização é compatível com o fluxo intenso que ocorre, principalmente entre motociclistas.
Por outro lado, o comércio é bem desenvolvido e diversificado, contando a cidade com bons restaurantes e uma rede hoteleira capaz de atender a demanda com muito conforto.
RODANDO EM BANANEIRAS
VEÍCULOS URBANOS X RODOVIÁRIOS
Assunto por demais polêmico, o transporte mais utilizado na cidade de Bananeiras, assim como em todas as demais cidades da região, é a motocicleta.
Prática na condução, econômica e de tamanho reduzido, simplifica em muito o transporte de pessoas e objetos diversos como: compras, sacos de cimento, sacos de ração, bicicletas, motonetas, televisores e o que mais o piloto desejar.
O mais comum é o veículo rodar com uma ou duas pessoas, mas é consideravelmente grande a proporção (grande mesmo) de três ou quatro pessoas na mesma motocicleta.
Não há limites para idade, quer para pilotar ou ser transportado, sendo comum crianças com poucos meses de idade estar entre pai e mãe, quiçá um outro filho sobre o tanque de combustível.
Capacetes? O que é isso mesmo? Pelo que sabemos é um item obrigatório e indispensável ao se conduzir uma motocicleta. Porém, não é o caso naquela região, vez que é item totalmente dispensável, inclusive em rodovias.
Até há os que usem regularmente esse acessório, mas praticamente está restrito entre os novatos, os mototaxistas, pessoas que não querem adoecer pelo vento no rosto e pelos de bom senso.
Quem costuma usar desses veículos por lá? Um adolescente que já alcance os comandos, trabalhadores em geral, motoboys, mães para levar filhos nas escolas, avós, bisavós (literalmente), etc.
Habilitação? Sim, alguns tem. Documentos dos veículos? Sim, todos tem placas, mas pudemos perceber a grande quantidade de veículos sem atualização de documentos.
O mesmo vale para veículos de quatro rodas, já que contatamos um garoto de 15 anos conduzindo um veículo como o nosso (Pajero TR4), tranquilamente pelo centro da cidade. Em outra oportunidade cruzamos com outro dirigindo um Fiat Uno que, a princípio, parecia rodar sozinho, pelo tamanho do garoto que espiava o trânsito a frente por dentro da direção.
Fiscalização? Pelo que vimos, nenhuma. Ninguém se esquiva de policiais, mesmo dos destinados ao auxílio do trânsito, extensivo até às rodovias entre as cidades da região. Há uma permissão tácita que ninguém se atreve a quebrar.
No entanto e finalmente, vimos o trânsito fluir normalmente, muito respeito entre todos os condutores e não tivemos um único problema nesse sentido.
IGREJA DA MATRIZ
A atual Igreja da Matriz, dedicada à Nossa Senhora do Livramento, foi erigida na parte alta da cidade e de costas para ela, substituindo a primitiva capela da fundação do município.
Sua construção demorou cerca de 20 anos, sendo concluída apenas em janeiro de 1861
A fachada compreende duas torres sineiras laterais voltada para um grande adro aberto e pavimentado em paralelepípedos, no qual pudemos ver em seu centro uma imagem da virgem padroeira.
A estátua está disposta de forma lateral em relação a portada da igreja, de forma a estar voltada para o centro da cidade, como que abraçando e abençoando a todos.
A parte interna é muito bem decorada, sendo a nave principal ladeada por seis grandes arcos de alvenaria de cada lado.
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
A ferrovia foi oficialmente inaugurada em 22 de setembro de 1922, após a construção do túnel da Serra da Viração, mas só foi efetivamente utilizada a partir de 1925, pela companhia Great Western.
O objetivo era ligar a Estação de Independência, em Guarabira, até a localidade de Picuhy, sendo que esse último trecho entre Bananeiras e Pichhy nunca foi construído.
O atrativo principal para o visitante, depois da própria estação que hoje abriga o Museu Municipal e um bom restaurante, é o Túnel da Virada, trecho de 202 metros perfurado na pedra maciça que possibilitava a passagem do trem.
COLÉGIO DOROTÉIAS
Foi construído em 1917 e hoje permanece desocupado a espera de uma restauração que o coloque em condições de segurança para seus eventuais frequentadores.
Apesar de desocupado, ainda mantém as linhas arquitetônicas originais e, ao longo de sua história, educou “a elite feminina” de boa parte da Paraíba e do Nordeste, até os meados da década de 1960, quando ainda funcionava como internato.
TURISMO RADICAL
Ponto de interesse dos visitantes da cidade, a Cachoeira do Roncador é uma queda d´água de 45 metros, com mais de dez pequenas quedas d´águas anexas às pedras, que fica no curso do Rio Bananeiras.
A localidade fica a sudoeste da cidade e a cerca de 30 km de seu centro urbano, dividindo a primazia de sua titularidade com as cidades de Pipirituba e Borborema.
Apto para caminhadas ecológicas e a prática de camping selvagem, tem até um restaurante de comida regional bem próximo, junto do estacionamento que dá acesso a Cachoeira..
COMO CHEGAR
Para os aventureiros que partirem de João Pessoa o percurso terá entre 130 a 140 km, dependendo do trajeto utilizado.
Já o que vier de Fortaleza terá um percurso bem maior para rodar, que girará em torno de 690 a 780km, dependendo o roteiro que escolher.
Para visitantes de outras localidades a sugestão é a busca por um bom guia rodoviário, levando em consideração a cidade de Campina Grande, na Paraíba, que dista apenas 70km de Bananeiras.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
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