21/04/2018
Nesta edição da coluna “City Tour” apresentamos um passeio pela cidade mineira de Barão de Cocais, a cerca de 95km de Belo Horizonte para quem parte com destino de Sabará, e 125 km para quem optar pela BR-381 e depois MG-436.
A CIDADE
A cidade tem aproximadamente 32mil habitantes, boa parte deles ligados direta ou indiretamente ao ramo de mineração, dividindo sua área urbana com nada menos que uma mega Usina da GERDAU, que ocupa espaço considerável no seu centro histórico, devolvendo um ar rançoso aos seus moradores.
O primeiro nome dado ao local foi “Macacos”, formado por algumas cabanas e uma capelinha nas margens do Rio Santa Bárbara, mas em seguida passou a ser chamada de São João do Presídio do Morro Grande, por sua sede ficar no sopé de um grande morro bem próximo dali.
Com a descoberta de minas de ouro na região, rapidamente surgiram melhoramentos no primitivo Bairro dos Macacos, com edificação de mais casas ao longo do rio.
A Igreja matriz de São João Batista teve seu início em 1764, sendo este o primeiro projeto arquitetônico de “Aleijadinho” que, dentre outras, é autor da imagem aposta sobre a porta de entrada daquele templo. Toda sua construção levou 21 anos para ser inaugurada.
Há oitenta anos (1938) teve seu nome reduzido para apenas Morro Grande e há 75 anos (1943) ganhou o nome atual, quando se emancipou definitivamente do município de Santa Bárbara.
A SAGA DO BARÃO
Seu Distrito mais famoso é Cocais, que fica a 14km ao norte da cidade pela MG-436, onde teria nascido e vivido José Feliciano Pinto Coelho da Cunha (01/12/1792 a 09/07/1869), o primeiro e único “Barão de Cocais” e que deu nome à cidade.
José Feliciano participou do movimento pela independência do Brasil, foi deputado geral do império e governador interino de Minas Gerais. Tornou-se empresário ao fundar uma Cia de Mineração e, em 1854, muda-se para o interior de São Paulo onde fixou família quase na divisa com o Paraná.
Somente em 1855 Feliciano foi condecorado com o título de Barão por sua lealdade à coroa brasileira. Falecido em 1869 foi sepultado em seu local de nascimento, ao lado da Igreja Santana.
A HERANÇA PERDIDA
Parece conto de novela mexicana, mas reza a história que o Barão, enquanto acionista da mineradora que fundou, fez vultosos depósitos em dinheiro e ouro num banco londrino, mas acabou falecendo sem usar tais numerários.
Reza a mesma história que em 1965 o Banco inglês informou ao governo brasileiro a existência da conta e do numerário expressivo (120 milhões de libras esterlinas), valor esse que prescreveria em favor da coroa britânica se não fossem sacados antes de 100 anos de inatividade da conta.
O fato é que pela demora dos herdeiros se organizarem e entrarem em acordo para o levantamento da quantia, deixaram o tempo passar em branco e ficaram “sem milhões e sem tostões”.
DO APELO TURÍSTICO
Não é só de história que vive a cidade, tampouco aqui tivemos a pretensão de esgotar tais assuntos. Atualmente, o que leva as pessoas para a pequena cidade é mesmo o turismo.
Sítio Arqueológico da Pedra Pintada
A atração mais importante da cidade (e nem sempre a mais procurada) é mesmo o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, bem próximo da sede do município e no caminho original da Estrada Real, apresentando a área com pinturas rupestres mais intocada no Brasil, com mais de 6 mil anos de existência. Pesquise.
Cachoeira de Cocais
Ao lado desse sítio o aventureiro poderá desfrutar da “Cachoeira de Cocais”, lugar dos mais procurados pela sua exuberância. São dez quedas d’água em uma montanha de pedra de mais de trinta metros, que proporcionam um espetáculo magnífico, além de ser um excelente local para os adeptos de esportes radicais, como: montain bike, canyoning, trekking
Serra da Cambota
A Serra pertence ao Maciço do Espinhaço e sua rara beleza proporciona aos ecoturistas muita diversão com escaladas, ciclismo, caminhadas, etc.
Também conhecida como Serra do Garimpo, a localidade é uma região interfluvial das bacias do Rio Piracicaba (isso mesmo, lá em Minas também tem um rio com esse nome) em sua porção leste e da bacia do Rio das Velhas do seu lado Oeste
Cachoeira da Cambota
A cachoeira é circundada por densa mata e banhada pelo córrego São Miguel, formando vários saltos ao longo do seu curso e poços propícios ao banho. Ao entorno do atrativo é comum a presença de espécies de orquídeas, canelas-de-ema e samambaias. Localizada a 6 Km da sede do município.
Mais cachoeiras
O que não faltam em Barão de Cocais são cachoeiras, que brotam aqui e ali, todas de relativo acesso, muitas pela Estrada Real: São elas: Cachoeira da Cambota de Baixo, no curso do córrego São Miguel; e Cachoeiras do Chiado, do Lajeado e do Leão, pelo curso do Rio Uma.
Ruínas de Gongo Soco
Diz a lenda que no local morava um padre avarento de nome Antonio Tavares de Barros, que era apaixonado por queijo e ouro, esse último mantido enterrado por ele em diversas áreas da propriedade.
Conta-se, ainda, que um gato comeu um de seus queijos e ele, furioso, se trancou no aposento para açoita-lo quando o gato, encurralado, saltou sobre seu pescoço e rompeu suas artérias.
Ambos foram encontrados mortos dias depois. Lá ainda existe as ruínas e a lamparina que a iluminava. Até hoje o local é assombrado.
O naturalista francês Saint-Hilaire, quando passou por Minas Gerais, relatou que “quase logo após ter atravessado São João do Morro Grande (Barão de Cocais), passou diante de uma cruz”, descrevendo um terreno que teria sido habitado ou assombrado por almas do purgatório em Gongo Soco.
São muitas as histórias que rondam aquela área. No caminho para a fazenda Gongo Soco estão as ruínas do “Palácio do Barão de Catas Altas” e o “Arco do Triunfo”, por onde passaram Dom Pedro I e Dom Pedro II com suas comitivas.
No trajeto existem ainda ruínas de uma antiga cidadela inglesa, também do século XVIII. Dentro da fazenda Gongo Soco também está a Capela de Santana, construída, restaurada e conservada pelos proprietários.
O fato é que não tivemos tempo suficiente para conhecer mais a fundo todas essas ruínas, mas convidamos ao leitor amigo que possa completar esta nossa matéria com testemunhos próprios do lugar. Aguardamos as fotos, vídeos e textos de lá.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
fotos e vídeos: Marcos Duarte
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Fontes:
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais
“Gongo Soco”, Agripa Vasconcelos
Senac Minas Gerais – Descubra Minas
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