19/04/2019
Nesta edição do City Tour apresentamos uma visita na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, famosa por seus vinhos, suas belezas e pelo friozinho gostoso do inverno.
COMO CHEGAR
O paulista e o paranaense que partirem das suas capitais terão como melhor caminho a BR-116, até a cidade de Caxias do Sul, os primeiros rodando 890km e os segundos apenas 566km.
A partir de Caxias do sul serão mais 40km para se chegar em Bento Gonçalves, rodando pelas BR- 453 e 470.
O catarinense, por sua vez, que partir de Florianópolis, rodará cerca de 320km pela BR-101, até proximidades de Terra de Areia, e mais 200km pela BR-453. Os últimos 4km serão rodados pela BR-470.
Já o gaúcho que partir de Porto Alegre terá algumas opções para se chegar até a cidade, mas a opção mais cômoda é seguindo por cerca de 35km pela BR-116, até a cidade de São Leopoldo, e depois seguindo pelas RS-290 e BR-470 por mais 85km.
HISTÓRIA
A região onde hoje está sediada a cidade era habitada por indígenas kaingangs até meados do século 19, antes de serem desalojados pelos “bugreiros”, com o fim de abrir espaço para a colonização à ser incrementada pelo Império Brasileiro.
A maioria absoluta de dos imigrantes destinados à esse pedaço de terra era de italianos, mas também se instalaram na região alemães, franceses, espanhóis e polacos, sempre desmatando áreas que encontravam pela frente.
Desde seu início a vocação da localidade era a agropecuária, com ênfase na cultura da uva e, consequentemente, do vinho, que expandiu de vez o comércio e a indústria local em menos de cem anos, momento esse que a cidade passou a se integrar mais com o resto do país.
O orgulho italiano só teve seus alicerces balançados com a era do nacionalismo implantado no primeiro governo de Getúlio Vargas, só se apaziguando os ânimos depois da Segunda Guerra Mundial.
Hoje Bento Gonçalves é um dos vinte municípios mais populosos do Rio Grande do Sul e sua economia não deixou de estar ligada a produção da uva e do vinho, embora o setor moveleiro também tenha se fortificado, sendo um dos mais importantes do país.
Com sua localização na Serra Gaúcha e com clima frio boa parte do ano, a cidade é também polo turístico de grande destaque, fazendo afluir para ela, especialmente no inverno, milhares de turistas de todo o Brasil e de outros países.
No início de sua história era chamada pelos tropeiros de Cruzinha, mas, por decreto da década de 1870 passou a ser designada Colônia Dona Isabel, ligada ao município de Montenegro, em homenagem à Princesa Isabel.
Somente em 1890 e após o término da Revolução Farroupilha é que a cidade recebeu o nome atual, em homenagem a Bento Gonçalves da Silva, líder de tal revolução e por cinco vezes presidente da falida “República Rio-Grandense”.
A CIDADE
A grandeza do município se faz ver pelo porte de sua sede, com grandes avenidas e um mar de edifícios modernos, onde vivem mais de 120 mil bento-gonçalvenses.
O título de “capital brasileira do vinho” se deve ao fato de Bento Gonçalves ser o maior produtor de uvas do Rio Grande do Sul, e o maior produtor de vinhos e derivados de uva do Brasil.
Marcas brasileiras de renome internacionais destacam-se no município, como a Vinícola Aurora, Vinhos Salton, Miolo, Casa Valduga, bem como inúmeras outras vinícolas artesanais ou familiares, com produtos de grande qualidade e exportação garantida.
Para dar formação à toda sua população a cidade sedia a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, o Instituto Federal do Rio Grande do Sul, a Universidade de Caxias do Sul, a Faculdade de Tecnologia TEC Brasil e a Faculdade da Serra Gaúcha (FSG).
Bonito de se ver na cidade é a preocupação com o bem estar do munícipe que usa da rede pública de transportes. Os bem montados “pontos de ônibus” espalhados por toda a cidade, só perdem mesmo para seus principais Terminais.
TURISMO
Um dos atrativos principais de Bento Gonçalves é a antiga ferrovia. Sua antiga e histórica estação promove passeios de maria-fumaça pela região até a cidade a Carlos Barbosa, com paradas em Garibaldi e Farroupilha e com projetos para se estender até a cidade de Caxias do Sul.
Os outros atrativos estão ligados, de uma forma ou de outra, a cultura da uva, às vinícolas ou nas rotas do vinho, na área rural da cidade.
O roteiro “Caminhos de Pedra” leva o turista para um sem-número de pontos de gastronomia e vinícolas bem próximo da cidade e é um pecado não dar sequer uma passeada por lá.
Outro roteiro imperdível é no “Vale dos Vinhedos”, um legado histórico desde os primeiros imigrantes italianos que chegaram na cidade, em 1875.
Ao longo do roteiro encantador pode-se também visitar propriedades rurais, vinícolas familiares e de renome internacional, hotéis, pousadas, restaurantes, bistrôs, ateliês de arte e artesanato, memorial do vinho, armazém de queijos, biscoitos, doces e geleias coloniais e gourmet.
Os vinhos do Vale dos Vinhedos são os únicos no Brasil com Denominação de Origem, o que comprova que os vinhos aqui produzidos exprimem a excelência do terroir do Vale dos Vinhedos.
E por falar em vinho, vinícolas e parreiras, bom saber que o Pórtico principal da entrada da cidade é um monumento que simboliza uma grande pipa, com mais de 17 metros de altura e que fatalmente temos que passar por debaixo dele para chegarmos em Bento Gonçalves.
Para os adeptos de atividades mais radicais, que não sejam os museus, as igrejas e as vinícolas, há na cidade um roteiro de rafting pelo Rio das Antas, num percurso de 12km e cerca de duas horas de duração. É só se informar por lá.
AS IGREJAS
MATRIZ
A Igreja Matriz Cristo Rei foi edificada em estilo gótico moderno e inaugurada em 14 de novembro de 1954, depois de cinco anos de obras e mesmo inacabada.
Seu interior possui um vão de 40 metros de altura e 3 altares. As janelas são vitrais com ornamentos de brocados. Fica bem próxima do Pórtico de entrada da cidade.
SANTO ANTONIO
A atual Igreja de Santo Antônio (padroeiro da cidade), que fica no centro da cidade, foi concluída em 1894 e demorou apenas 4 anos para ser construída.
Seu estilo arquitetônico é o romano, com altar em mármore de Carrara. As estátuas de Cristo e de Santo Antônio são de madeira maciça esculpida e os sinos foram trazidos de Bassano, na Itália.
Em seu interior, nas paredes, há pinturas retratando os milagres de Santo Antônio, que adornam também o teto do Santuário.
SÃO BENTO
Entretanto, a mais icônica das igrejas de Bento Gonçalves é mesmo a Igreja de São Bento.
Inaugurada em 1984, tem a forma de pipa de vinho. Construída em cimento armado e concreto, destacam como elementos da decoração interna, além dos motivos sacros, outros temáticos relacionados a uva e ao vinho, já que São Bento é tido como o santo protetor dos vinhateiros.
A igreja tem 13,5m de altura e 22,5m de diâmetro, formada por 64 colunas de concreto.
O altar e as portas da Igreja são de madeira. As quatro portas representam um barril e os bancos trazem gravada a simbologia da uva. Dezenas de vitrais coloridos embelezam a igreja que pode abrigar até mil pessoas.
NOSSA VISITA
Passear pela serra gaúcha não tem preço. Mas para o melhor aproveitamento de tanta beleza é bom o aventureiro não ter pressa em conhecer cada uma de suas magníficas cidades.
Foi o que fizemos em Bento Gonçalves, na qual chegamos no finalzinho da tarde num dos dias mais frios do ano.
Nossa primeira parada foi em frente da Igreja Matriz do Cristo Rei, bem próxima do Pórtico da cidade, a espera de um amigo que nos acompanharia no dia seguinte para uma jornada pelas cercanias da cidade.
Depois de várias ligações telefônicas fomos informados que ele não viria e que a esposa dele tinha sido internada por algum motivo que não conseguimos compreender.
Se tal informação foi real ou justificativa pela ausência nunca o saberemos, pois o dito cujo amigo não apareceu no dia seguinte e nunca mais respondeu nossas ligações. Acho que assustamos o bom moço!
Com a noite chegando recebemos auxílio de um motociclista local, que acabou nos guiando pelo centro da cidade até o Hotel onde pernoitaríamos, mostrando mais uma vez que a amizade entre motociclistas transpõe barreiras.
Assim conhecemos boa parte do centro da cidade de Bento Gonçalves, exatamente na hora do rush, com massas de pessoas e veículos deixando seus afazeres profissionais em direção de suas moradias.
O trânsito era intenso na cidade, mas organizado, e em poucos minutos encontramos nosso destino daquele dia.
Check in realizado, malas na suíte, equipamentos eletrônicos nas tomadas para carregarem, banho tomado e arriscamos um passeio noturno para um jantar regado à vinho.
Para garantirmos nossa integridade física naquela noite realmente congelante, optamos por chamar um Uber e lá fomos nós numa das cantinas famosas do centro da cidade.
Logo logo percebemos que deveríamos mesmo ter vindo com a roupa de motociclista completa, pois o frio era intenso, apesar do grosso agasalho com capuz que usávamos.
Pedimos que o motorista nos deixasse na região central para andarmos pelo calçadão, ao lado do pequeno chafariz em formato de pipa, que jorrava água com cor de vinho, mas que esfriava ainda mais a temperatura a sua volta.
Combinamos com o mesmo motorista para que nos resgatasse duas horas depois, se estivesse disponível, e assim ele fez.
Mais uma vez cuidamos de jantar uma deliciosa pizza a moda da casa, acompanhada de um vinho artesanal feito na cidade e, de raro paladar.
Pedimos licença para não descrevermos o aroma da bebida, posto que desde criança temos um “defeito” no sentido olfativo, e nunca sentimos cheiros, sejam lá do que forem.
Mas como não bebemos pelo nariz, aproveitamos o néctar avermelhado com imenso prazer, intercalando pedaços da pizza que nos agradava sobremaneira.
Na hora aprazada fomos resgatados pelo motorista do Uber e não sem tempo, pois congelávamos literalmente ao andar naquelas horas da noite pelas calçadas da cidade.
Depois da noite bem dormida acordamos no dia seguinte dispostos a conhecermos a cidade, mas o fizemos sozinho. O sol brilhava forte, apesar do frio, mas este já não incomodava tanto como durante a noite anterior.
Como perdêramos o contato com o guia que nos levaria até a periferia da cidade e em alguns passeios que tínhamos programados, preferimos visitar apenas a sede do município, conhecendo seus pontos turísticos e aproveitando para um bom trato na moto: verificação de óleo, lubrificação da corrente, etc.
Por volta do meio dia almoçamos e logo no começo da tarde deixamos Bento Gonçalves, com a promessa de voltarmos em breve, dessa vez para curtirmos as belezas da área rural de que fomos privados nesta viagem, evidentemente com outro guia disposto a nos ajudar.
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Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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