04/01/2019
Começamos 2019 com o pé direito e na primeira edição do City Tour do ano fomos nos aventurar na graciosa cidade mineira de Cambuquira, no Circuito das Águas, a meio caminho entre Belo Horizonte e São Paulo. Vamos ver?
COMO CHEGAR
Para o aventureiro que parte da capital mineira o melhor caminho é seguir por aproximadamente 300km pela Rodovia Fernão Dias, (BR-381), até a cidade de Três Corações, e dali em diante pela MG-167, por mais 20km.
A distância total para o paulistano é praticamente a mesma (300km) e o melhor trajeto também é pela Rodovia Fernão Dias, até o trevo 774A, seguindo então pela Rod. Vital Brasil (BR-267) e depois pela MG-167, até Cambuquira.
UM TOUR POR CAMBUQUIRA
HISTÓRIA
O povoamento da região se deu gradativamente com a chegada dos bandeirantes ainda no final do século XVI (anos 1500), passando a se instalarem onde viviam os índios puris.
A cidade, em si, se formou ente os anos de 1800 a 1850, partir das casas da Fazenda Boa Vista, que ficava no atual Largo de São Francisco, que é o imenso Parque das Águas da cidade.
Como curiosidade daqueles tempos, tal fazenda era de propriedade dos antigos escravos, deixada como herança pelas irmãs Joana e Francisca, antigas proprietárias.
Porém, e ainda durante a escravatura, foi descoberta em 1861 fontes de água mineral com propriedades terapêuticas na área da fazenda e logo houve sua desapropriação pelo poder público, indenizando seus proprietários (ex-escravos) com a irrisória quantia de $800.000 réis
As terras desapropriadas foram consideradas de utilidade pública e seu acesso foi liberado para visitação, estimulando o progresso na cidade e nos arredores.
Uma década depois desses fatos Cambuquira foi elevada ao status de Distrito de Campanha, e a estrada de ferro, marco inequívoco de progresso vindouro, foi inaugurada oficialmente em 1894.
Como cidade emancipada Cambuquira existe desde 12 de maio de 1909, vindo a ser qualificada como Instância Hidromineral em 1970.
A CIDADE
Atualmente a cidade, que faz parte do Caminho Velho da Estrada Real, subiste graças a cultura cafeeira, a pecuária e a indústria da exportação da água mineral.
O turismo, que já viveu tempos de ouro, hoje resiste com grandes dificuldades.
Projetada visando o futuro, suas ruas e avenidas são largas e arborizadas; o Parque das Águas, além de imenso, tem seis fontes de águas (ferruginosa, alcalina, magnesiana, sulfurosa, gasosa e com lítio).
Outras fontes ainda podem ser visitadas nas cercanias da cidade, como a “Fonte do Marimbeiro”, comprada pelos escravos com os 800mil réis recebidos com a desapropriação da Fazenda Boa Vista; e a “Fonte do Laranjal”.
O Pico do Piripau, na área rural e com 1.300 metros de altitude, é ponto de decolagem de pilotos de asa delta e parapente, vivendo lotados nos períodos de férias.
NOSSA ESTADIA
Chegamos na cidade já no período noturno, pois não quisemos pernoitar por duas noites seguidas em Três Corações.
Foi só então que fomos procurar um hotel para ficar, mas sinceramente achamos que seríamos “esfolados vivos” nessa empreitada, pois só víamos “grandes hotéis” por lá, cheios de glamour dos anos 60/70, requintados, imensos.
A ideia era um hotelzinho simples só para passarmos a noite e partirmos na manhã seguinte. Mas, fazer o quê naquelas horas? Fomos especular e achamos o “Grande Hotel Santos Dumont” na área central.
Prédio imponente, cobrindo quase toda uma quadra no centro da cidade; saguão imenso, com mais de 300m2; grandes poltronas e recepção em madeira de lei, na qual podíamos ver que existiam quase uma centena de apartamentos; etc.
Glup! Entramos assim mesmo e perguntamos sobre vaga. Recebendo a resposta positiva, pedimos o preço da diária e tivemos a seguinte conversa:
-R$ 30 reais senhor.
-Hã!? Como?! Pode repetir?
-Sim senhor. São R$ 30 reais a diária, com direito a café da manhã e estacionamento coberto.
-Tem certeza? O que tem de errado por aqui?
-Nada senhor. Quer conhecer sua suíte?
-Si..sim…
Corredores amplos, pés direitos altos, piso com azulejos estampados como era moda da época, suíte espaçosa, janela ampla para a rua (nós escolhemos assim).
Mas percebia-se que, apesar das grandezas, tudo era bastante velho e antiquado, assim como os vastos salões de refeições, que certamente receberam muita gente importante num passado não muito distante.
Suas cozinhas são fabulosas, mas toda desativada, pois atualmente um fogão caseiro daria conta do recado.
A praça da piscina é fabulosa, mas totalmente deserta e desatualizada. Na verdade tudo era antigo por lá.
Com essas informações não desejamos, em nenhuma hipótese, depreciar o estabelecimento que nos atendeu a contento e com muito carinho, mas demonstrar, ao leitor amigo, como a cidade deve ter sido próspera no turismo em seus anos dourados.
Pudemos imaginar que, há não muito tempo atrás, milhares de pessoas se hospedavam nos grandes hotéis da cidade, em busca das suas águas terapêuticas, seus parques, sua beleza.
Pudemos perceber, também, que todo esse investimento está lá, hoje, a espera dos raros visitantes, que são disputados pela rede hoteleira.
Pudemos, ainda, visitar parte do Parque das Águas e ver a exuberância de seus caprichosos nichos de alvenaria, seus grandes jardins gramados, seus lagos, etc…
Só não pudemos ver muitas pessoas circulando por tantas alamedas floridas.
NOSSA PARTIDA
A manhã tinha chegado e era hora de nossa partida. De todas as cidades que deixamos depois de visita-la, talvez nenhuma delas tenha nos deixado tão tristes como a partida de Cambuquira.
Tomamos o gostoso café da manhã no Grande Hotel Santos Dumont, degustando um pudim de pão que há muito não experimentávamos, e em pouco tempo estávamos prontos para o novo dia que raiava.
Parece que deixaríamos para trás uma pessoa idosa que teve muitas aventuras na vida, mas que agora está aposentada e quase sem poder andar.
Deixar Cambuquira nos proporcionou uma certa angustia, pois realmente é ainda a rainha do Circuito das Águas de Minas Gerais. Mas podem esperar que em muito breve nos serviremos novamente de vossa hospitalidade.
Para os interessados, a UBEM (UNIÃO BRASIL ECOLOGISTA MOTOCICLISTAS), uma ONG ambientalista de motociclistas, estará promovendo em Cambuquira o 2º ECO ROCK FESTIVAL entre os dias 19 e 21 de abril de 2019.
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Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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Parabéns pelo texto.
Realmente fez jus a uma bonita cidade de povo muito hospitaleiro que merece ser redescoberta pelos turistas.
Por grande coincidência, já conheci o mesmo hotel e tive as mesmas impressões.
Em tempo: o 1º encontro de motociclistas de Cambuquira foi sensacional e o desse ano está prometendo ser ainda melhor. eu, com toda certeza, vou voltar.
Agradecemos o comentário em nossa matéria e quem sabe nos encontremos no evento motociclístico de abril, já que temos planos de lá estarmos também.
Como cambuquirense agradeço ao Sr. Marcos Duarte pela matéria. Concordo que Cambuquira merece ser redescoberta pelos turistas que gostam de aventura com pouca despesa. E também um ótimo lugar para pessoas que precisam de socego e gostam de lugares calmo.
Foi um imenso prazer conhecer essa cidade encantadora encravada na Estrada Real, cidade essa que, realmente, precisa ser redescoberta pelos turistas.
Até que enfim, um TRASALPEIRO Brasileiro, efetuou uma bela matéria, porque olha, estes grupos de TÁ na internet, só redigem e postão porcaria. ???Parabéns, para você e sua publicação.
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E quanto a ser TRANSALPEIRO, a forma correta seria dizer que eu ESTOU TRANSALPEIRO. Gosto de motocicletas e piloto há mais de 48 anos, sem preferência de marca ou modelo. Tudo que tem duas rodas me agrada, tanto que na velhice certamente vou estar de cadeiras de rodas. ahahahahahahah
Sou funcionário de Hotel aqui em Cambuquira,gostei da matéria e concordo plenamente de que Cambuquira precisa ser redescoberta pelo TURISTA. Cidade que tem como potencial a melhor Água mineral do planeta.
Valeu Sidnei. Quem sabe o evento motociclístico dos dias 19 a 21 de abril, na porta do Parque das Águas, não seja esse pontapé da redescoberta de Cambuquira? Agradecemos por comentar em nossa matéria.