12/08/2019
A bela e aprazível Campina do Monte Alegre, porém com histórias macabras de cunho nazista e escravocrata ocorridas durante a 2ª Guerra Mundial, é a cidade destaque nesta edição do nosso City Tour
COMO CHEGAR
Partindo da capital de São Paulo pela Rodovia Raposo Tavares, o aventureiro chegará na cidade rodando 225km.
Já para aqueles que partirem de Curitiba, com espírito aventureiro, e quiserem chegar na cidade pela Serra do Rastro da Serpente, rodarão cerca de 340km, inicialmente pelas BR-476 e SP-250, até Capão Bonito, e depois seguindo pelas SP-258 e SP-189, até a cidade.
Opção mais cômoda para quem partir de Curitiba, porém mais longa, é seguir pela BR-376 até Ponta Grossa, e depois pela PR-151 e SP-258, passando por Castro e Jaguariaíva, no Paraná, e Itararé, Taquarivaí e Buri, em São Paulo. Ao todo serão 430km de estradas.
Para os aventureiros de outras localidades é bom ter como referência essas duas capitais mencionadas
HISTÓRIA
A história da cidade tem seu início por volta do ano de 1870, quando Onório Gomes, garoto de cinco anos de idade, achou nos pastos próximo de sua residência uma imagem de um santo dentro de um cupinzeiro.
Embora não tenha dado muita importância ao fato na primeira vez que viu a imagem, resolveu leva-la para casa na segunda oportunidade de avista-la. Pelo que consta era uma estatueta de São Roque com o tamanho aproximado de 20cm, envolto num manto vermelho.
Por causa desse achado os familiares do garoto decidiram, tempos depois, construir uma capela de pau a pique e coberta com folhas de indaiá dedicada ao santo, no mesmo local onde fora encontrado.
Como era de costume, com a construção da capela muitas pessoas começaram a mudarem para seu entorno, formando ali um pequeno povoado que, mais tarde, deu origem a cidade.
A princípio a localidade passou a se chamar “Terras de São Roque”, mas apelidada de “Campina dos Aranhas”, já que houve reivindicação dessas terras como suas pela família Aranha.
Como essa “Campina dos Aranhas” estava localizada na rota rumo ao sul do país, e frequentada por muitos tropeiros que iam e vinham, a cidade herdou forte influência gaúcha em seus hábitos.
Palco da revolução de 1932, a cidadela sofreu com as batalhas em suas terras, tendo uma das torres da Igreja de São Roque como alvo de um bombardeio.
O nome atual da cidade vem de um morro (monte) que fica a poucos metros da área urbana, no local onde o Rio Itapetininga desemboca no Rio Paranapanema.
Por acharem que tal monte era motivo de beleza e de alegria para a cidade, mudaram-lhe o nome.
Como município definitivamente emancipado Campina do Monte Alegre existe há 28 anos, tendo como data comemorativa o dia 19 de maio de 1991.
NAZISMO NO CRUZEIRO DO SUL
É sabido que no período que antecedeu a Segunda Guerra o Brasil tinha fortes vínculos com a Alemanha nazista. Os dois países eram parceiros comerciais e o Brasil tinha o maior partido fascista fora da Europa, com mais de 40 mil integrantes.
A fazenda Cruzeiro do Sul, que ficava em Campina do Monte Alegre antes de sua redivisão com municípios limítrofes, era propriedade de Luis Rocha Miranda e mantida pelos filhos, simpatizantes do movimento nazista brasileiro denominado “Ação Integralista Brasileira” (AIB)
Lá imperou, nos anos 30 do século passado, uma colônia escravista que empregava aproximadamente 50 meninos negros órfãos, trazidos do orfanato Casa da Roda no Rio de Janeiro, logo após a tomada do poder na Alemanha por Adolf Hitler, em 1933.
Na fazenda foram descobertos diversos edifícios construídos com tijolos com a marca da suástica nazista, além de fotografias e documentos revelaram cerimônias nazistas empregados na época, como a obrigação de fazer o “anauê”, saudação oficial entre os simpatizantes do movimento integralista.
Com a instauração do Estado Novo no Brasil, em 1937, a fazenda foi “limpada” pela família Rocha Miranda e as crianças soltas.
No começo dos anos 60 a fazenda foi adquirida por Arndt von Bohlen und Halbach, herdeiro da dinastia industrial alemã Krupp AG e filho de Alfried Krupp von Bohlen und Halbach, para servir de local de férias da família, mas foi vendida tempos depois.
Boa parte dessa história o leitor poderá conferir nos anais oficiais do país, em especial neste link da BBC, com depoimentos especiais de ex-escravos.
A CIDADE
A cidade é plana, minúscula e sua área urbana está localizada nas adjacências da foz do Rio Itapetininga no Rio Paranapanema, da qual dista menos de 1km.
Suas ruazinhas estreitas e com o comércio bastante acanhado, faz com que seus pouco mais de 6mil campinenses, a maior parte concentrada no perímetro urbano de lá, tenham que se servirem de outras localidades quando não se tratar de gêneros de primeira necessidade.
Sua vocação econômica é visivelmente dependente da agricultura e da pecuária, com poucas industrias em seu território, fazendo com que o campinense busque emprego em cidades vizinhas.
Apesar da precariedade de recursos econômicos que se torna visível ao visitante mais atento, percebemos boa organização no cuidado das ruas, das praças e dos monumentos, sendo bastante prazeroso rodar por suas ruas.
O ponto alto do entretenimento da cidade está em sua lagoa maior, situada nas proximidades do Estádio Municipal e em pleno centro urbano.
A delicadeza do entorno da lagoa, com boa parte ajardinada com esmero e cuidado, é complementada pela pontinha que a atravessa, com parada numa ilha artificial bem ao centro.
NOSSA VIAGEM
Seguimos em direção de Campina do Monte Alegre a partir da cidade de Buri, e optamos pelo trajeto alternativo, por terra, ao invés de seguirmos os 35km da rodovia SP-189.
A ideia era relaxar um pouco na zona rural da cidade, curtindo a beleza dos canaviais e dos grandes pastos, antes de cruzarmos o Rio Paranapanema já ao lado de Campina do Monte Alegre.
A tarde era ensolarada e quente e tínhamos acabado de almoçar em Buri, portanto não haveria qualquer necessidade de pressa nesse percurso até lá.
Evidentemente rodamos mais do que rodaríamos pelo asfalto e demoraríamos também muito mais tempo para essa empreitada, mas tem coisas que não valem seu preço e preferimos a paz do campo, a conversa com sitiantes, etc.
Chegamos na cidade por volta das 14h e até a cidade parecia estar tão preguiçosa quanto nós. Muita gente na rua aproveitando sossegadamente a tarde daquele domingo; comércio fechado; e ruas sem movimento.
Contornamos as principais ruas da cidade e logo nos informaram que boa parte da população estava em volta da lagoa e para lá fomos também.
Aproveitamos o resto da tarde, antes de deixarmos a cidade, sentados embaixo de uma árvore na beira da lagoa, tomando vários sorvetes sem marca famosa, mas deliciosos.
Por volta das 17h deixamos a cidade para encontrarmos abrigo em outra cidade da região, antes de retornarmos à capital paulista.
UM VÍDEO TOUR PELA CIDADE
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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