19/06/2019
A Cachoeira dos Pretos é certamente o ponto mais cobiçado e destino certo de quem vai à Joanópolis, quer pela sua exuberância (154m), quer por sua beleza incontestável. É a maior do Estado de São Paulo.
Todos os amantes do ecoturismo brasileiro, com certeza, já ouviram falar desse recanto mágico na divisa entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais, ainda que não tenham conhecido pessoalmente.
COMO CHEGAR
Estando no centro da cidade de Joanópolis é só seguir rua acima, ao lado da Igreja da Matriz de São João, e em pouco tempo estará na Estrada da Cachoeira. Serão 18km de pista simples, com asfalto desgastado e muitas curvas.
Na metade desse trajeto o aventureiro vai encontrar o acesso à outra cachoeira: a Cachoeira Escondida, com várias pequenas quedas d´água e em propriedade particular, mas não entre nesse acesso, siga em frente.
O visitante não terá como errar para chegar na Cachoeira dos Pretos, pois ela se descortina imponente à nossa frente e não tem como não vê-la ou ouvi-la, já que seu barulho é forte.
ACOMPANHE O TRAJETO
Essa mesma Estrada da Cachoeira segue em frente na direção de São Francisco Xavier, mas toda ela em terra a partir da Cachoeira dos Pretos. De São Francisco Xavier até Monteiro Lobato a estradinha é asfaltada.
Para quem gosta dessas aventuras em terra, bom saber que a partir de Monteiro Lobato, e cruzando a SP-050 que vai para Campos do Jordão, o aventureiro poderá continuar pela Estrada do Livro, que passará em frente ao verdadeiro Sítio do Pica Pau Amarelo e seguirá até a cidade de Caçapava.
HISTÓRIA
Seu nome sugere ao leigo a intuição de que o lugar foi assim designado por causa de algum Quilombo na região, ou por se tratar de lugar favorito de escravos negros, nos períodos do Brasil Colônia e Império.
No entanto, sua denominação se deve ao nome familiar de seus primeiros donatários, o português Antonio Preto, aportado no Brasil por volta do ano de 1574, sendo ele fidalgo lusitano que ocupou o cargo de Juiz Ordinário e vereador de São Paulo.
Seus descendentes foram todos homens voltados aos sertões, às bandeiras ou ao desbravamento de terras novas, até chegarmos em Pedro Rodrigues Oliveira, o Nhonho Preto, filho de Manuel Preto
Por todo esse resumo histórico, fácil perceber que o nome da maior queda d´água do Estado de São Paulo presta homenagem à família Preto: Cachoeira “dos Pretos”, ou seja, da “família Preto”.
PARQUE DA CACHOEIRA
Embora a Cachoeira dos Pretos também fique em propriedade particular, pertencente aos descendentes diretos do português Antonio Preto, a prefeitura mantém na sua parte baixa, junto ao poço que se forma com a queda das águas, um Parque Municipal para que todos possam usufruir dessa maravilha, sem os grandes inconvenientes do passado.
O acesso ao Parque só se faz a pé, porém existe um grande estacionamento monetizado nas adjacências, onde há segurança e facilidade de locomoção aos visitantes.
No Parque vamos encontrar restaurantes característicos, feirinha de artesanato, acesso a boia-cross e, no sopé da cachoeira, além de um bosque muito bem cuidado, várias pontinhas graciosas dispostas num lugar bucólico.
Bom lembrar que é também nesse Parque que o famoso lobisomem de Joanópolis faz sua morada, mantendo sua “residência” sempre apinhada de visitantes, ávidos para conhecerem seus segredos.
Fora do horário comercial o Parque é fechado, embora o visitante possa continuar usufruindo dos bons restaurantes, da confeitaria e das outras comodidades nas adjacências, quase tudo comandado pelos proprietários da área.
É justamente nesse lugar que temos, também, a tirolesa, as atividades de boia-cross, pedalinho, pousada, chalés e o famosíssimo Camping do Zé Roque, onde ficamos por alguns dias.
Não é permitido fazer pic-nic no Parque, tampouco passear por ele com bebidas e comestíveis, visando sempre a preservação da natureza e a segurança de outros visitantes.
Percebemos que nos finais de semana concentram-se por lá dezenas de motociclistas com suas máquinas de todos os modelos e marcas, a maioria deles passando o dia todo por lá, alternando entre os banhos de cachoeira, os passeios nas matas e trilhas, a prática de rapel e a ótima gastronomia, que serve à todos os gostos e bolsos.
CUIDADOS NO PARQUE
Se o lugar é lindo, os perigos são constantes:
- Cuidado com as pedras, elas são escorregadias.
- Escolha locais seguros para entrar na água.
- Leve protetor solar e repelente, serão sempre úteis
- Se pretender entrar na água, não esqueça de levar roupas sobressalentes e toalhas.
- Há chuveiros naturais no parque para uma ducha rápida.
- Cuidado com as crianças: pedras cursos d´água costumam ser perigosos.
- Recolha qualquer tipo de lixo que produzir.
- Não colha plantas ou retire pedras.
- A entrada no parque é gratuita, mas o estacionamento não.
A CACHOEIRA DOS PRETOS
Mas nem todos gostam de ver aquele mundaréu de água caindo lá do alto (154 metros de altitude), sem que desejem subir até lá. Por certo nós nos incluímos nesse contingente e seguimos montanha acima.
Para quem estiver hospedado numa das pousadas, chalés ou Camping ao pé da cachoeira, é só seguir por dentro da propriedade até uma estradinha de terra do outro lado.
Porém, para quem estiver só estacionado o jeito é retornar uns duzentos metros pela Estrada da Cachoeira e tomar o início da estradinha que sobre a montanha, passando pelos Campings da Ilha e do Amaro, ambos também pertencentes aos descendentes dos Pretos.
A subida tem cerca de 1km para quem parte do Camping, dobrando para quem estiver estacionando, e segue montanha acima em terra batida, contornando pastos e plantações.
É possível subir até o topo de carro ou até de motocicleta, porém, por ser a ladeira bastante íngreme e com muitas pedras soltas, preferimos subir à pé mesmo. Em dias de chuvas fortes o acesso será quase impraticável e somente à cavalo se dará conta do recado.
Levamos aproximadamente meia hora para chegarmos ao topo e lá permanecemos pela manhã toda, ora curtindo o mirante improvisado junto da cabeceira principal, ora se embrenhando mais acima ainda, até o platô do rio da cachoeira, antes dele começar a se precipitar montanha abaixo.
Antes da queda maior da Cachoeira dos Pretos há outras menores lá no topo, proporcionando vários pontos de beleza ímpar, porém, o cuidado deve ser sempre redobrado.
Não há, lá no alto, infraestrutura de apoio ao visitante e as aventuras correrão sempre por conta e risco de quem se aventurar por lá, lembrando que é muito fácil escorregar nas pedras e cair junto com as águas, numa tragédia desnecessária.
Por falar em queda, existem alguns registros de acidentes fatais naquelas águas e, se não tivéssemos prevenidos, nós mesmos faríamos parte dessas estatísticas. Não é que escorregamos bem onde não deveríamos?
Por sorte seguimos montanha acima um pouco atrás de uma família que percorriam o mesmo destino e fomos prontamente socorridos pelo Diego, patriarca da família, antes que algo mais grave pudesse acontecer.
Diego e Maria estavam acampados ao nosso lado, juntamente com o adolescente Saulo e o casal de crianças gêmeas Arthur e Natália, que não se desgrudavam por nada.
Passado o susto e já cansados da empreitada, descemos para almoçar, lembrando que nós mesmos prepararíamos a refeição em nossa barraca.
CAMPING DO ZÉ ROQUE
Nessa viagem escolhemos ficar num Camping e aproveitarmos para estrearmos nossa barraca nova: uma Quechua 4.1.
Para tal façanha precisamos escolher a dedo tudo que deveríamos levar, para que não só coubesse na motocicleta, mas que não lhe prejudicasse o desempenho.
A mochila com roupas sobressalentes foi acondicionada no baú traseiro; o saco de dormir, o colchonete inflável, alguns utensílios diversos e parte da alimentação, no baú da direita; e, no terceiro baú, seguiu a mala com equipamentos fotográficos e vídeo, e a indispensável capa de chuva.
A barraca, a cadeira dobrável e o tripé ficaram fixadas com elásticos no banco do garupa, sem afetar em nada o desempenho da motocicleta e, de quebra, proporcionando um encosto providencial ao piloto.
Mas nem tudo foi encanto. Convidamos para viajar conosco um casal de primos que nunca tinham acampado na vida, e aproveitamos para colocar no carro deles tudo que era relativo à campismo que dispúnhamos: Barraca Guepardo Venus 6, gazebo, mesa, armário desmontável, fogão ntk, panelas, talheres e até mesmo uma garrafa de vinho francês, que precisou de algumas taças de vidro para não enfeiar o jantar.
A primeira barraca à ser montada seria a Quéchua 4.1, que estava sendo estreada naquele dia. Foi necessário cerca de 40 minutos para deixa-la pronta.
A outra barraca, o gazebo e os demais móveis de Camping levaram o mesmo tanto, já que suas montagens não eram novidade.
O Camping de nossa escolha foi o do Zé Roque, no pé da cachoeira e ao lado do riozinho que vinha dela. O gramado plano permitia que as barracas fossem montadas com perfeição e assim tinha que ser, pois a noite prometia ser bem fria.
Com a noite chegando cuidamos do primeiro jantar: Talharim ao sugo com almondegas e queijo parmesão ralado na hora, tudo acompanhado do vinho tinto. Parece que nossos companheiros de viagem gostaram, pois logo foram dormir.
Durante a noite se podia ouvir todo o barulho da cachoeira bem perto de nós, assim como do rolar das águas do riozinho ao nosso lado. O vento fraco da noite trazia consigo a névoa fina e úmida das águas da Cachoeira dos Pretos, que gelava por completo nossas barracas.
No dia seguinte fizemos amizade com os campistas ao nosso lado, com os quais fizemos várias refeições juntas, além do passeio no Parque da Cachoeira.
Alex e Carla estavam com suas filhas Rafaela e Nicole e poucas vezes na vida pudemos ver um entrosamento tão sadio entre pais e filhos, inclusive com a leitura de livros às filhas durante a noite, que dava para escutar de nossa barraca.
Por essas e outras que aproveito para dizer agora ao novo amigo: “Não Alex, papai não é um merda”. Antes mais pais tivessem a sua postura para com os filhos e nosso mundo estaria em outro nível de elevação. Parabéns pela conduta e saiba que nos encantou muito seu modo de agir com as pequeninas.
No dia seguinte outra família se fez presente ao nosso lado. Agora eram cinco pessoas: Juca, Letícia e seus três filhos entre 10 e 14 anos, todos numa barraca minúscula.
Sem mais e sem menos o casal se aproximou de nós na segunda noite e passamos horas rindo e contando façanhas. Juca, que na verdade se chama Loester, e é um motoboy que sonha ir em breve de moto ao Atacama.
Mas, ao contar-nos a quantidade de acidentes que já se envolveu com sua motocicleta, fomos unânimes em desaconselhar tal investida: Juca, fique em casa.
Dentre suas “façanhas” Juca nos contou que, por ser distraído, deixou certa vez o filho caçula, que chamam de “B”, ao lado de um riacho e lá se foi o moleque água abaixo, só não morrendo pois o “homem lá em cima” não deixou.
De nossa parte tivemos que tocar o acampamento da maneira que dava, já que nossos convidados, Wanda e o “Amorzinho”, não tinham a mínima noção das mais elementares regras de campismo. Mas parece que o bichinho das tendas já picou os dois. Esperemos para ver.
Por essas e mais outras que, de vez em quando, optamos por acampar em lugares assim e não no meio do mato, isolados do mundo.
São esses tipos de experiências que nos colocam em contato com pessoas maravilhosas como essas, que nos fazem acreditar num mundo melhor, ainda que demore um pouco.
ASSISTA AO VÍDEO DO CAMPING E DA CACHOEIRA
Passados os dias de nossa permanecia em Joanópolis era chegada a hora de embrulharmos a tralha e seguirmos de volta.
Assim, por volta das 15h deixamos o Camping em direção da capital paulista, rodando mais uma vez num dia claro e ensolarado.
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Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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Mande para mim por favor um mapa de localização fica perto de que cidade me um referencia
Bom dia Demerval. Na matéria tem todas essas informações detalhadas, inclusive com dois vídeos: um do acesso até a cachoeira e outro propriamente na cachoeira e no camping. Lá você encontra a cidade, a situação da estrada, etc. boa leitura e o aguardamos comentando outras matérias nossas. Um abraço da Equipe Portal D Moto.
Bom dia, gostei do local e pretendo ir em breve, na materia faltou apenas o valor do estacionamento.
Poderi informar a media pf ?
Bom dia Gabriela. No dia que fomos custava 10 reais para as motos e 20 reais para os carros, mas isso varia conforme ser temporada ou não. De qualquer forma, antes de ir entre em contato para conhecer mais detalhes – (11) 99711-3679