10/04/2021
Campo Belo, cidade mineira da região leste da grande Represa de Furnas, a meio caminho de São Paulo e Belo Horizonte, é a que apresentamos nesta edição de nosso City Tour. Vamos ver?
HISTÓRIA
A história conta que as primeiras aglomerações de pessoas na região onde hoje se encontra Campo Belo, se deu logo no início dos anos 1600, formados por índios perseguidos pelos portugueses e, posteriormente, pelo ano de 1726, por negros fugitivos da escravidão, formando o Quilombo do Ambrósio.
Assim como aconteceu com os indígenas no século 16, também os negros foram praticamente dizimados pelos milicianos a serviço da coroa portuguesa, em 1743, com grande número de mortos entre velhos, crianças, mulheres e os homens válidos.
Conta-se que esse quilombo teria uma população de mais de 15mil pessoas, habitando mais de 2.500 moradias.
Após esses tempos tenebrosos os remanescentes dos indígenas massacrados na primeira vez se juntaram pacificamente aos sobreviventes do quilombo, tentando a sobrevivência comum, formando as primeiras comunidades rurais que deram origem a atual Campo Belo.
A fase mais recente de seu desenvolvimento se deu logo após o ano de 1888, com o fim da escravatura e a chegada dos imigrantes italianos, para as lavouras e libaneses, se dedicando ao comércio.
Campo Belo foi elevada à categoria de cidade em 23 de setembro de 1884, contando hoje com bem mais de 60 mil habitantes.
A CIDADE
Localiza-se numa altitude de 945m acima do nível do mar, praticamente nas margens da grande Represa de Furnas.
Em sua sede há o entroncamento de duas importantes rodovias mineiras: a BR-354 e a BR 369, além de estar sediada a apenas 30km da Rodovia Fernão Dias, na altura da cidade de Perdões.
A Ferrovia Centro Atlântica mantém seus trilhos pela cidade, especialmente destinada ao transporte de cargas.
As ruas mais tradicionais do centro da cidade são estreitas, mantendo o aspecto interiorano, porém, as ruas das adjacências ganharam dimensões consideráveis, com grandes avenidas arborizadas e logradouros bem sinalizados.
Logo na avenida que dá acesso ao centro de Campo Belo já podemos ver boa parte da cidade, passando ao visitante uma sensação de grandiosidade e beleza, que são confirmadas em seguida.
O centro comercial é bastante diversificado e é referência para várias cidades vizinhas, incluindo-se em sua infraestrutura uma interessante rede hoteleira, bons restaurantes, bancos e instituições que priorizam uma qualidade de vida indiscutível.
A arquitetura predominante é o moderno, com raras edificações de séculos passados. Em sua área comercial verificamos muitos edifícios comerciais e residenciais de poucos andares, embora a cidade tenha alguns arranha-céus mais elevados.
RODANDO EM CAMPO BELO
Junto da entrada principal do centro comercial vamos encontrar uma rotatória sobre a antiga linha férrea, com um imenso obelisco metálico, dando as boas vindas aos visitantes.
Logo ao lado o prédio da antiga estação de ferro, hoje desativada, está em perfeitas condições de conservação e beleza, tornando-se se um ponto de referência de Campo Belo.
Porém, em nossa viagem o que nos chamou mais a atenção foi a imensa Praça da Matriz… ou, das Matrizes???
IGREJA MATRIZ DE BOM JESUS (velha)
O templo da Igreja Matriz de Bom Jesus em Campo Belo, construída há aproximadamente 250 anos, conta com obras magníficas em seu interior, muitas delas descobertas com a recente restauração realizada.
Com estrutura clássica dos tempos coloniais, tem como principal característica suas duas torres laterais, óculo central, tendo iniciado os trabalhos de sua construção em 1774.
Conta-se pela história da cidade, boa parte de forma oral, que parte de suas obras foram feitas por um discípulo de Aleijadinho, e que várias outras partes, inclusive o sino, vieram de Portugal.
A IGREJA MATRIZ DO BOM JESUS (nova)
No extremo norte do mesmo jardim está a moderníssima Igreja Matriz de Bom Jesus, com suas imponentes formas em cimento armado, ostentando imensa torre central e crucifixo sobre o planeta Terra, que forma uma abóboda no átrio do templo.
O destaque externo segue seu interior de linhas sóbrias e arquitetura pioneira para o início de sua construção, 1953, levando dez anos para ser concluída.
A construção dessa segunda Igreja se deu pela quantidade de fiéis superior a capacidade da antiga Matriz, bem como para preservar sua estrutura antiga e delicada, sendo reservada atualmente para recolhimento de pessoas em suas orações mais íntimas.
OS JARDINS DAS IGREJAS
Se nada há de inusitado no fato de uma cidade construir uma igreja nova em substituição de uma antiga, já carcomida pelo tempo e de forma a preserva-la, em Campo Belo seus jardins chamam muito mais atenção para essa situação.
A Praça que abriga os dois templos mede aproximadamente 730 metros de comprimento (sim, isso mesmo) e uma largura média de 40 metros, rasgando o centro histórico de Campo Belo de forma inusitada.
A área comprida segue o sentido norte/sul, sendo certo que no extremo norte temos a Igreja Matriz nova, voltada para a Praça, sem deixar de lado alguns coqueiros imperiais, logo a frente de seu pórtico de entrada.
Na marca do primeiro terço sul/norte dessa mesma Praça vamos encontrar a Igreja Matriz Antiga, que mantém um jardim em sua parte posterior e outro jardim em direção norte, pondo-se frente a frente as duas Matrizes, sem deixar de lado, também, seus coqueiros imperiais fronteiriços.
Entre esses dois templos o jardim comporta inúmeras árvores típicas desses espaços e que já estão bem formadas, bem encorpadas por assim dizer.
A parte inusitada e criativa é que, numa divisão imaginária entre as duas igrejas, nota-se que as árvores mais próximas da igreja nova são todas primorosamente podadas com formas geométricas, lembrando a modernidade da igreja matriz nova, enquanto que as que estão “do lado” da Matriz Velha são podadas normalmente, como árvores em sua natureza.
Pode parecer ingênuo, mas gostamos muito desse diferencial que realmente levou-nos a ficar ali pensando por longo tempo, enquanto acabamos degustando alguns sorvetes de um vendedor da região.
COMO CHEGAR
Para o aventureiro que partir de Belo Horizonte o trajeto será de pouco mais de 220km, devendo ser percorrido pela Rod. Fernão Dias, até a cidade de Oliveira, e o resto pela BR-369.
Já para os aventureiros da capital paulista o roteiro terá a distância de 400km, quase todo ele a ser percorrido pela Rod. Fernão Dias, até a cidade de Perdões, seguindo então pela BR-354, até Campo Belo.
Para visitantes de outras localidades o melhor mesmo é consultar um bom guia rodoviário, já que são muitos os caminhos que poderá nos levar para Campo Belo.
Nesses tempos de pandemia é bom o visitante se certificar, com antecipação, da disponibilidade da cidade para receber turistas, principalmente no tocante a hospedagem e alimentação e, preferencialmente, aguardar tempos melhores para o projeto, catalogando os lugares que viajará quanto tudo isso passar.
De nossa parte informamos que fizemos essa viagem/roteiro antes do início das segregações que o Covid nos impôs, estando nós também recolhidos em nossa sede, até dias melhores.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
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EDITORIAL
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