21/04/2018
Este novo City Tour aconteceu na cidade mineira de Catas Altas, bem aos pés da Serra do Caraça, na região metropolitana de Belo Horizonte. O município existe há menos de 28 anos, quando se emancipou de Santa Bárbara/SP.
Roda-se pouco menos 130km da capital mineira até Catas Altas, se o aventureiro vier pelo caminho mais curto, por Sabará e Caeté (MG-262), e depois por Barão de Cocais e Santa Bárbara, pela MG-129.
A cidade é bem pequena, com uma população em torno de 6mil habitantes e demonstra o ar interiorano das Minas Gerais, com ruas estreitas, piso de pedras irregulares e um casario típico do Brasil colônia.
Trafegar com nossa motocicleta por esse monumento a céu aberto foi bem gratificante. Suas poucas ruas do centro histórico nos remetem ao passado e não queríamos perder um momento sequer na contemplação de sua paisagem urbana.
Mas foi justamente na Praça da Matriz que o fascínio pela cidade aumentou. A grande praça em declive acentuado a partir do pórtico da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, com suas casinhas coloniais do lado oposto, fazia uma singular moldura ao Maciço do Caraça, que rasgava o céu aos nossos olhos.
ACOMODAÇÕES
Depois de um passeio por todo o centro histórico da cidade tratamos de buscar a pousada que nos receberia naqueles dias, pois muitos afazeres e aventuras nos aguardavam naquela região nos dias seguintes.
Descemos pela Rua São Miguel que parte logo atrás da Igreja Matriz e em poucos minutos já estávamos numa das mais encantadoras pousadas de Catas Altas. A Pousada Leatitia.
Tendo sua sede instalada num preservadíssimo casarão antigo, os apartamentos estão dispostos no imenso jardim interno. Era num deles que nos instalaríamos depois de descarregarmos as tralhas da motocicleta.
Os apartamentos são pequenos, porém todos decorados com móveis e objetos artesanais. Até mesmo a roupa de cama fugia do tradicional, com estampas diversificadas e de bom gosto.
No mesmo jardim sua proprietária mantém seu ateliê de artes, com forno e espaço próprio para suas criações artísticas. Algumas amostras estão esparramadas pelo jardim e outras que ornamentando os apartamento dos hóspedes.
CATAS ALTAS
Nos idos 1718 foi instalada a Freguesia Nossa Senhora da Conceição das Catas Altas, mas o vigário só chegou por lá seis anos mais tarde, quando o lugarejo já se chamava Catas Altas do Mato Dentro, justamente para diferenciar da outra cidade de Catas Altas da Noruega.
A construção da atual Igreja da Matriz teve início em 1729 e prolongou-se até por volta de 1780, encontrando-se inacabada na parte interna até os dias atuais. Há nela várias obras valiosas atribuídas a Aleijadinho, Mestre Ataíde, Francisco Vieira Servas e outros.
Catas Altas integra o Circuito do Ouro ao longo da Estrada Real. Sua formação primitiva se deu por volta de 1694 com a descoberta de ricas minas auríferas, mais tardes denominadas de Catas Altas.
VEJA O TOUR PELA CIDADE
O nome “Catas Altas” provém das escavações que se faziam no alto dos morros. A palavra “catas” significa garimpo, escavação mais ou menos profunda, conforme a natureza do terreno para a mineração.
Se hoje a cidade tem seu jeito acanhado de ser, isso não foi sempre assim. No auge do ciclo do ouro nas “Gerais” foi um dos mais ricos e populosos núcleos do Estado.
O “up” para o levantamento da cidade com o esgotamento de suas minas auríferas foi dado pelo padre Manuel Mendes Pereira de Vasconcelos, já que com o declínio das minas o povo não tinha nenhuma vocação sequer para a cultura de subsistência.
O vigário chegou a conclusão de que, além da escassez do ouro, as causas de tamanha decadência foram as ações assistencialistas que criaram uma perniciosa acomodação ao distribuir tudo que a população necessitava com hora e local marcado. Qualquer semelhança com nossos dias atuais não é mera coincidência.
Monsenhor Mendes acreditava que, para provocar mudanças drásticas era necessário educar as pessoas, ensinar a cultura de subsistência e desenvolver o conceito da vida em comunidade. Depois de encontrar uma muda de videira americana na casa de um amigo o vigário conseguiu desenvolver produção do vinho de Catas Altas.
Nos dias de hoje a cidade vive da mineração de ferro e tem o turismo como uma alternativa de renda e sustentabilidade, garantindo as futuras gerações as paisagens naturais e plena harmonia entre economia, geração de renda e qualidade de vida.
O QUE VER?
MATRIZ DA CONCEIÇÃO
Numa cidade como Catas Altas percebemos que todo seu conjunto arquitetônico, que nos remete ao barroco, tem seu ponto alto na Matriz da Conceição, bem como no casario que guarnece a praça e as principais ruas da cidade.
O projeto da Igreja Matriz aconteceu na segunda fase do barroco e, ainda que inacabada, dá oportunidade ao visitante verificar as etapas de sua construção, tida como uma das mais importantes do Brasil nesse estilo.
SANTUÁRIO DO CARAÇA
Sediado no Alto da Serra do Caraça, o Santuário do Caraça agrega uma área de vários hectares intactos da ação do homem. Seu famoso colégio já foi assunto do nosso Portal D Moto.
Fundado pelo português Irmão Lourenço de Nossa Senhora Mãe dos Homens, a construção do colégio foi iniciada em 1820 pelos Padres Lazaristas. Funcionando por quase 150 anos é referência para a cidade de Catas Altas por sua beleza natural e histórica.
A mineração de ferro é hoje a principal atividade econômica e, mesmo tendo causado grandes estragos ao meio ambiente, a atividade não conseguiu diminuir a imponência e beleza da Serra do Caraça, guardiã da cidade.
MORRO DA ÁGUA QUENTE
Esse povoado dista da sede do município cerca de 7km ao sul e apresenta um centro histórico minúsculo e de rara beleza, com a Serra do Caraça ao fundo dando o ar bucólico ali encontrado.
O atrativo principal ao aventureiro é que lá pode se encontrar várias quedas d´água, grutas, nascentes e até mesmo o poço que era de água quente e que deu nome ao lugar.
BICAME DE PEDRA
O Bicame de Pedra é uma construção muito bonita. Trata-se de um aqueduto de pedra foi construído para captar água da Serra do Caraça. A finalidade da obra e tudo sobre ela você pode conferir aqui.
Como se pode verificar, cada passeio às terras mineiras nos remete ao passado colonial de nossa nação, recheada do lindo barroco e de pessoas maravilhosas que sempre nos recebem de braços abertos.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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Fontes:
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais
Senac Minas Gerais – Descubra Minas
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