07/08/2018
Atravessamos o Rio São Francisco em Minas Gerais, na altura da Represa de Três Marias, para trazer mais um CITY TOUR todinho especial para você. Vamos ver?
A pequena cidade tem pouco mais de 8mil habitantes e tem a maior parte de suas divisas junto da grande represa, fazendo eclodir nela uma grande vocação para a pesca e para os esportes aquáticos.
COMO CHEGAR
Para os aventureiros que partirem de Belo Horizonte uma das opções é pela BR-040 até Angueretá, derivando daí pelas MG-420 e 164 até Martinho Campos, e o resto do itinerário pela BR-352.
A outra opção é seguir desde BH pelas BR-381, 262 e 352 até Abaeté e, depois, pela MG-060 até Morada Nova. Em ambos os percursos a distância é de aproximadamente 320km.
Para quem pretender sair de São Paulo o caminho é bem mais longo e a opção mais fácil é pela Fernão Dias, até a cidade de Oliveira, derivando daí para a esquerda pelas BR-494 e 352 e, em seguida, pela MG-060. Serão ao todo 760km de estradas.
HISTÓRICO GERAL
A história da cidade está intimamente ligada com o Rio São Francisco e tem seu início no na primeira década do século 19.
Segundo historiadores, uma senhora de nome Inácia Maria do Rosário doou uma área de 189 alqueires de terras para as Missões Franciscanas, e ainda mandou construir uma capela dedicada a N. S. do Loreto, isso em 1810.
Para facilitar a presença dessa dama nas atividades religiosas, já que a localidade passou a contar com muitos fiéis, também mandou construir para si uma outra residência, ao lado da igreja, e essa seria sua “morada nova”, advindo daí o atual nome da cidade.
A ideia parece ter gerado repercussão positiva, pois, várias outras pessoas da região também fizeram o mesmo, formando, então, a primeira comunidade que deu início ao atual município.
O título de cidade devidamente emancipada só aconteceu em 1943, mas seu nome era apenas “Morada”. Daí para frente foi um calvário sucessivos de nomes para a localidade: “Morada Nova do Indaiá”; “Nossa Senhora de Loreto de Morada Nova”; “Morada Nova”; “Morada” e “Moravânia”.
O nome “Morada Nova de Minas” veio com a oficialização da Lei Estadual 1039, de 12 de dezembro de 1953, juntamente com a criação da comarca de mesmo nome.
A partir dos anos 1960 a cidade, no auge de seu desenvolvimento, teve boa parte de seu território invadido pelas águas da Represa de Três Marias, o que inviabilizou a manutenção de seu crescimento como ocorria até então, principalmente pela falta de acesso a sua sede.
Contam que a população só ficou sabendo da inundação programada pela usina, alguns dias antes de acontecer, quando um pequeno avião jogou do alto panfletos à comunidade, avisando da tragédia.
No site oficial da prefeitura de Morada Nova de Minas lê-se, nesse sentido:
“As águas começaram a chegar. Primeiro mansamente, um pontinho lá longe. E foram chegando e conquistando as partes mais baixas, assim como se fossem as donas. Começaram a formar pequenos braços e, em pouco tempo, os braços eram poderosos como polvo. Tudo ficou submerso, como se nunca tivesse existido.”
Hoje em dia a cidade ainda está tentando se encontrar, para realavancar o progresso interrompido com a construção da grande represa.
Suas principais atividades econômicas são a pesca, a agricultura, a pecuária, a extração de carvão vegetal e o turismo, esse ainda incipiente, mas com grandes possibilidades de êxito, dado ao tamanho da orla que dispõe.
A cidade tem até uma boa área territorial, em comparação com sua população e, o mais inusitado é que a sede do município e o Distrito de Frei Orlando não tem ligação terrestre, pois são divididos pelas águas da represa.
RUMO A MORADA NOVA
Chegamos na cidade cruzando de balsa o Rio São Francisco. Rodamos pela BR-040 de Três Marias em direção de Felixlândia e, no meio do percurso, derivamos a direita pela MG-415, que nos levaria até lá.
Da intersecção com a BR-040 até o município são pouco mais de 42km de terra batida, 27 deles até chegar a balsa que transpõe o Rio e o resto depois dela.
Seguimos ligeiros pelo poeirão, não só para chegarmos no horário das balsas, que são apenas 10 durante o dia, mas porque há era fim de tarde e se previa chuvas exatamente no local para onde iríamos.
Como o chão é de terra dura e vermelha a poeira fina levanta fácil. Com chuva, então, certamente o piso ficaria escorregadio como o sabão e não queríamos arriscar.
Por sorte chegamos bem na horinha em que a balsa atracava, assim não pegamos no percurso veículos que desceriam e trafegariam em sentido contrário ao nosso, entupindo-nos de pó.
Levamos pouco mais de 30 minutos na operação de transbordo entre as duas margens, com um olho na beleza da travessia e o outro no céu, cada vez mais negro na direção de Morada Nova.
Nossa motocicleta foi a primeira a descer do barco, mas, mesmo assim, aguardamos numa lanchonete instalada no “Porto Novo” até que todos os veículos partissem, para seguirmos sem a pressão que exerceriam sobre nós.
Assim que ficamos a sós seguimos nosso destino por mais de 12km de terra, nos últimos sob pingos fortes da chuva que felizmente começou de mansinho, mas que varou a noite toda.
NO RUMO DE MORADA NOVA
NA CIDADE
Os pneus molhados e enlameados, em contato com o paralelepípedo das primeiras ruas encontradas na cidade, nos pôs em guarda redobrada. Um escorregão nessas horas não seria nada agradável.
Porém, assim que fomos adentrando a cidade os pneus foram sendo lavados pela chuva, refazendo nossa segurança. Mesmo sob a chuvinha fina e intermitente, contornamos boa parte das ruas da cidade buscando algum local para o pernoite.
Como era sábado de carnaval a praça principal estava sendo preparada para a festa de momo, ainda que fosse sob aguaceiro.
Com as informações obtidas por populares fomos até a Praça da Matriz do Loreto que, dado ao avanço das águas da represa ocorridas em 1960, fica quase na beirada oposta da cidade, o que não é comum nas cidades, quando sempre fica na área central.
Ainda procurando algum hotel ou pousada para aquela noite, aproveitamos para colhermos informações numa bem montada padaria e, ainda assim, aproveitaríamos para um lanche rápido, já que nem almoçamos naquele dia.
Quem nos atendeu com a maior simpatia e curiosidade foi o jovem Tiago Silva, garoto de seus 14 anos de idade e intrigado com nosso trabalho, que fez muitas perguntas sobre nossos roteiros, tipos de ação, locais visitados, etc.
Tiago acabou sendo nossa referência por lá e, graças a ele, conseguimos saber da existência de uma pousada bem perto dali.
Com a moto guardada, depois de uma ducha simples de água para que não se acumulasse barro, principalmente na corrente e nas rodas, cuidamos de recolher nossa tralha e dar por início a sequência de trabalhos em todas as noites: Descarregar fotos no Netbook, por equipamentos para carregar, por a roupa de viagem para secar, etc.
Depois do banho tomado e de colocarmos uma roupa mais leve, saímos a pé durante a noite para jantarmos e aproveitarmos para ver um pouco do desfile carnavalesco na praça, que estava a uma quadra da pousada.
Sentado num dos bancos da pracinha curtimos um gostoso sorvete. A noite, embora chuvosa, era calorenta e permitiu que apreciássemos um dos blocos que animaram os foliões.
Assim que o tempo foi passando o público foi mudando. Aos poucos foram se retirando as famílias com as crianças e permanecendo os mais jovens, com suas brincadeiras típicas, o que fez com que também nos recolhêssemos, afinal o dia seguinte ainda seria marcado por muitas aventuras.
Sob a garoa fina que alternou com chuvas mais fortes durante toda a noite, dormimos com muita tranquilidade na pequenina pousada, com nossa janela voltada para o jardim da casa.
VÍDEO TOUR EM MORADA NOVA DE MINAS
A DESPEDIDA
A manhã seguinte ainda amanheceu nebulosa, com o ar bastante úmido, porém o tempo foi se firmando ao longo do dia. Depois de tomarmos nosso café da manhã reforçado, recolocamos toda a tralha na moto e deixamos a cidade tranquilamente.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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parabens, belo trabalho, moro em Belo Horizonte, adorei o documentário que voces fizeram, anotei o telefone da pousada e, com certeza, vou conhecer Morada Nova de Minas.
Marcio Antonucci BH
Realmente a cidade é bem bonita e gostosa de se estar nela.
Vou conhecer um dia alguém falou morada nova e bom
cidade pequena e aconchegante, vai gostar