21/12/2017
Este City Tour bem agradável foi feito na cidade de Rio Grande, cuja sede urbana está concentrada numa península junto ao estreito que liga a Lagoa dos Patos com o Oceano Atlântico. Mas a área total da cidade vai muito além. Vamos ver?
Rio Grande faz divisa com Pelotas no seu extremo norte, marca divisória essa que está a apenas 200 metros do centro de Pelotas. Já o extremo sul da cidade e a 70km de sua sede, Rio Grande divisa com a Reserva Ecológica do Taim, encampando 1/3 da maior praia do mundo em extensão: do Cassino.
A vocação aquática da cidade está estampada em todos o seu contorno. Toda sua região norte/nordeste é banhada pela Lagoa dos Patos enquanto que 100% de sua área leste pelo Oceano Atlântico.
Mas não fica só nisso. Metade de sua área oeste está banhada pela Lagoa Mirim, que se une a Lagoa dos Patos pelo Canal de São Gonçalo, esse com 76km de extensão e que também separa Rio Grande da cidade de Arroio Grande, de dimensões parecidas.
A única divisa “seca”, se assim podemos dizer, é a que mantém com a cidade de Santa Vitória do Palmar, mesmo assim toda área é um enorme charco, muito comum naquela região.
Várias ilhas compõem o território de Rio Grande. A maior delas, “Torotama”, assim como a “Dos Marinheiros” e a “Do Machadinho”, tem acesso rodoviário e praticamente se unem a área urbana da cidade.
Rio Grande tem 270 anos de fundação e uma população que ultrapassa aos 210mil habitantes, o que a torna a cidade de médio/grande porte mais ao sul do Brasil, dividindo essa façanha com a vizinha Pelotas.
Graças ao seu gigantesco porto, instalado em águas protegidas e doces da Lagoa dos Patos, e da refinaria de Petróleo Riograndense (antiga Ipiranga), Rio Grande é considerada a cidade mais rica do sul do Estado e uma das mais ricas do Rio Grande do Sul.
VISITANDO RIO GRANDE
Chegamos na cidade pouco antes das onze horas, pois aproveitamos a manhã para dar uma pequena bisbilhotada na Ilha de Torotama, na qual não chegamos a entrar por causa da motocicleta. Mas essa é uma outra história que você verá em breve, aqui, no nosso Portal D Moto.
De pronto dirigimos a revenda da Honda na cidade para calibrarmos o cabo da embreagem que precisamos trocar no caminho, sem lembrarmos das duas coisas sagradas para o gaúcho: O chimarrão e a hora do almoço.
Mesmo assim o atendimento foi pronto e dois funcionários deixaram de lado seu descanso para mexerem na moto. Como não tínhamos encontrado um cabo original quando esse se partiu, optamos pela gambiarra e colocamos um cabo genérico com um “quebra galho” na ponta.
RODANDO RIO GRANDE
Esse era nosso medo para enfrentarmos estradas de terra a seguir, como ocorreria em Torotama. Como o acessório também não estava disponível na concessionária, fizeram os funcionários o melhor possível e voltamos em paz, para só aqui, de volta, substituirmos a peça.
Fica aqui nossos agradecimentos aos mecânicos da revenda Honda Orion, da cidade de Rio Grande, que não só revisaram parte da motocicleta, como não cobraram um tostão pelo serviço, tudo no horário de almoço. Bah tchê, Barbaridade de gente tri legal.
Seguimos a longa avenida em direção a área portuária, que até parecia ironia na cidade, pois envolta de portos por todos os lados. Passamos pelo Abrigolândia e paramos na Praça Tamandaré, quase em frente da Igreja Anglicana do Salvador.
A pedida no sul é sempre um churrasco, mas o motociclista prevenido, que tem longa e difícil jornada pela frente, opta pelo frugal e lá fomos nós na banca de frutas após um arrozinho com bife (a la minuta) num bar singelo.
Rodamos por todo o centro histórico da cidade, ziguezagueando com nossa Transalp entre o casario colonial bem preservado e a arquitetura contemporânea, conhecendo quase rua por rua do local, o que pode ser visto em nosso vídeo no topo da página.
Quando o carrilhão da matriz fazia soar três badaladas vespertinas, adentrávamos na balsa que nos levaria para a outra margem da Lagoa dos Patos e início da BR-101.
Enfrentamos uma fila que não demorou muito e, depois que comprarmos um ticket bastante salgado (R$ 8,50), embarcamos nossa motocicleta entre pesados caminhões e rumamos para São José do Norte, deixando Rio Grande definitivamente para trás.
Canal de São Gonçalo
É uma via fluvial, mas não um rio. Como une as Lagoas Mirim e dos Patos, teria fluxo de água nos dois sentidos dependendo dos níveis de cada uma dessas lagoas.
Mas desde 1977 essa variação de fluxo do canal sofreu a interferência humana, com a construção da Barragem do Centurião, que visa impedir que águas marinhas (salgada) avancem em direção da Lagoa Mirim, já que é usada no abastecimento de água das cidades da região.
Durante o século 19 o canal e seus afluentes serviam para deslocamento de escravos nas charqueadas, por intermédio dos barcos de couro, comuns no Rio Grande do Sul, bem como serviu de divisa natural entre o Território Imperial e o de Farrapo, na Revolução Farroupilha.
Porto de Rio Grande
O Porto é de propriedade da União e se mantém ativo graças a dois molhes instalados na boca do canal de acesso entre a lagoa e o Oceano, de modo a manter desobstruída a ligação entre ambos e permitir o acesso de navios de grande porte.
Embora patrimônio nacional, sua exploração encontra-se cedida ao governo gaúcho e é considerado o segundo maior porto do Brasil em movimentação de carga e riquezas.
Praia do Cassino
Está localizada a 20km do centro da cidade e seu balneário é considerado o mais antigo do Brasil, construído em 1890. E ao que parece tudo por lá indica ser superlativo, já que a Praia do Cassino é também a maior do mundo em extensão, tudo registrado pelo Guinness Book.
Assim considerada é destino para natural de caminhantes e aventureiros que cruzam os 234 km de orla entre os molhes da barra da Lagoa dos Patos, no balneário do Cassino, até a barra do Arroio Chuí, na fronteira com o Uruguai, percorrendo lugares de belezas ímpares.
Ilha Torotama
É uma ilha lagunar que pertence a cidade de Rio Grande, no extremo Sul da Lagoa dos Patos. Trata-se de um paraíso incrustado na grande lagoa onde vivem pouco mais de mil moradores.
Ao que se percebe a vocação da ilha é a pesca, com inúmeras pequenas embarcações rodeando seus vários canais internos. Pode-se chegar a ela via rodoviária, mas com estrada precária de terra, a qual abstivemos de passar por causa do quanto já discorremos acima.
Ilha dos Marinheiros
Patrimônio oficial da cidade, pela preservação dos valores da cultura portuguesa, que colonizaram o local, possui uma área total de 39km² e cerca de 1400 habitantes. No entanto tem-se notícias da presença antiga povos indígenas dos grupos minuanos, charruas e guaranis.
A importância da ilha vem de longa data, pois dela vinha o abastecimento de água, hortaliças, lenha e madeira no desenvolvimento inicial de Rio Grande, e teve a honra de receber pessoalmente Imperador D. Pedro II em suas terras. É considerada a mais fértil Ilha da Lagoa dos Patos.
A ilha do Machadinho, que se interpõe entre Rio Grande e a Ilha dos Marinheiros, é quase desabitada e também parece ser um imensa horta cercada de água por todos os lados.
E assim encerramos nossa jornada pela bela Rio Grande. Seguiríamos doravante pela BR-101 para completarmos nosso projeto Abraçando a Lagoa dos Patos, agora em sua parte final. Fique conosco.
Acompanhe todo o percurso em volta da Grande Lagoa e nas cidades que por ela são banhadas, nos links abaixo relacionados.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
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