07/06/2019
Apresentamos nesta edição do City Tour outra relíquia de cidade no curso do Caminho dos Diamantes, na Estrada Real: Conceição do Mato Dentro, a capital mineira do ecoturismo.
COMO CHEGAR
Para quem parte de Belo Horizonte o trecho não tem mais de 163km, todo ele à ser percorrido pela Rodovia MG-010, seguindo por Lagoa Santa, Vespasiano e Serra do Cipó.
Para quem se aventurar a partir de outras localidades, o melhor a fazer é ter como referência a cidade de Belo Horizonte.
HISTÓRIA
Os primórdios da cidade se deram com as constantes chegadas de bandeirantes que se aventuravam pelas montanhas escarpadas da região em busca do ouro, encontrado em abundância por lá.
Com o constante fluxo de pessoas, em pouco tempo se formou uma comunidade chamada, a princípio, de Arraial da Conceição, elevado à condição de freguesia em 1724.
No dia 23 de março de 1850 o Arraial foi elevado à Vila, com a denominação de Conceição. Sua derradeira elevação, agora à condição de cidade emancipada, aconteceu em outubro de 1851, desta vez com o nome de Conceição do Serro. Somente em 31 de dezembro de 1943, por meio do decreto-lei nº 1058, passou a se chamar Conceição do Mato Dentro.
Antes de ser emancipada como cidade foi Distrito das cidades de Sabará e do Serro Frio.
A CIDADE
Localizada ao norte da Serra do Cipó e a leste do Parque Estadual da Serra do Intendente, a cidade ostenta o título de “capital mineira do ecoturismo”. O título é merecido, pelo menos por ora, já que outro título importante desafia o primeiro: A terra do Mineroduto Minas-Rio.
O empreendimento ambicioso é um dos maiores planos de mineração do mundo, de propriedade da empresa inglesa Anglo América, que mantém uma grande área ao norte da cidade, a meio caminho até o município de Serro.
É bem verdade que o empreendimento é um primor aos olhos cúpidos dos governantes, e tem apoio maciço na população, que vê no empreendimento fonte inesgotável de trabalho e de riquezas.
Porém, convenhamos que as grandes minas que estão hoje em colapso em todo o Estado das Minas Gerais, muitas a um fio de se romperem, causando prejuízos e muitas vidas, já foram um dia empreendimentos modernos e “seguros” como esse. É espera para ver? Por quê?
Quanto a sede do município não é preciso sequer honra-la com mais qualificativos elogiosos, pois realmente é de uma beleza ímpar.
Dividida ao meio pela MG-010, que se estende pela parte baixa da cidade, temos na ala a oeste o centro histórico velho, com suas igrejas barrocas e casario colonial; e, na ala a leste, a parte mais moderna do município.
Hoje com cerca de 18mil habitantes, a cidade vive do turismo, da extração mineral em larga escala, bem como da regular agricultura e pecuária, típica da região, que ainda fornece aos conceicionenses os gêneros de primeira necessidade.
IGREJA MATRIZ
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição começou ser erguida nos primeiros anos do século XVIII (1703), por iniciativa do sertanista Gabriel Ponce de Leon, que mandou vir da cidade de Itu-SP a imagem da santa padroeira.
Em 1722 a capela-mor já se encontrava concluída e, em 1772, foi concedido auxílio real para dar prosseguimento às obras, que foram concluídas no dia 06 de novembro de 1802, quando então a igreja recebeu a benção inaugural.
Quando estivemos na cidade a igreja estava interditada para reformas em toda sua estrutura e, segundo consta, essa interdição ocorria desde o ano de 2005.
IGREJA DO ROSÁRIO
Pelo que soubemos, a igreja foi construída por escravos e pretos alforriados que não tinham permissão para frequentarem a Igreja Matriz da cidade, quer por causa de sua condição servil, quer pela cor da pele escura.
Não se tem muitos detalhes sobre seu projeto, embora saiba-se que teve seu inicio em 1728, levando dois anos para sua conclusão provisória. Os trabalhos de decoração e douramento começaram por volta de 1745, mas não há registros de seu encerramento.
A igreja está na parte alta da cidade, voltada para o norte, e é bem singela em seu aspecto exterior, ostentando um torre central à moda da época e uma pracinha encantadora, de onde se tem uma vista privilegiada de parte do município.
Em seu entorno encontramos o Mercado Municipal, o coreto e a antiga Cadeia Pública, hoje servindo à um dos departamentos administrativos do município.
SANTUÁRIO BOM JESUS DE MATOSINHOS
O suntuoso santuário teve sua origem a partir de uma pequena capela construída para abrigar a imagem de cristo crucificado, tida como milagrosa, no ano de 1750. O templo foi modificado várias vezes ao longo dos anos para atender a sua manutenção básica e a demanda sempre crescente de fieis.
Mesmo com tais reformas, as edificações originais foram demolidas a partir do ano de 1934 para a construção do atual santuário, este com formas grandiosas e modernas.
A decoração interna da igreja se acentua com os belos vitrais dispostos nas paredes da nave principal, e piso em mármore branco na capela mor.
A beleza interior do templo se faz perceber em todos os seus detalhes, principalmente com a luz difusa que adentra o recinto durante as horas do dia, iluminando-o graciosamente.
Mas o Santuário não fica só nisso. Construído na colina norte da cidade, possui ainda um monumental Convento anexo, em forma de U, que pode ser visto por inteiro pela outra metade da cidade, disposta na colina sul, junto com o centro velho de Conceição do Mato Dentro.
Há mais de 225 anos, entre os dias 13 a 24 de junho, é comemorado o Jubileu, evento de maior importância na cidade. É com certeza, por ocasião das festividades, que o turismo religioso tem seu maior foco.
Para se chegar ao Santuário o visitante ou fiel tem que literalmente proceder uma escalada a partir da avenida principal da cidade, subindo por ruelas íngremes e de pedras do tipo pé de moleque.
Como curiosidade, nas torres do Santuário estão dispersos vários alto-falantes que se mantém ativos durante o dia todo, podendo ser ouvidos de qualquer ponto da cidade. Nele o munícipe pode, não só ouvir música de qualidade, como saber das últimas novidades e notícias.
Um belíssimo jardim está disposto a frente da edificação, de onde se pode ter uma imagem lúdica de toda a cidade de Conceição do Mato Dentro.
Em nossa visita à cidade pudemos saber da falta d´água nos bairros “a” e “b”, por causa de obras de prefeitura; bem como das promoções de algumas lojas e festividades que estavam para ocorrer naqueles dias, todo pelos alto-falantes do Santuário.
TURISMO
Sendo Conceição do Mato Dentro a capital mineira do ecoturismo, é óbvio que no quesito turismo a cidade tenha muito à oferecer aos visitantes, principalmente como nós, que adoramos o turismo oferecido em profusão por lá.
Atrações naturais não faltam, embora não tenhamos podido ir em todas elas durante nossa visita. Assim, escolhemos a joia mais rara para visitarmos: A cachoeira do Tabuleiro.
CACHOEIRA DO TABULEIRO
É a mais alta queda d´água de Minas Gerais e a terceira mais alta do Brasil, com 273 metros de altura. Fica a aproximadamente 20km do centro da cidade, num percurso todo em terra batida.
A cachoeira está inserida no Parque Estadual da Serra do Intendente, parte da Serra do Espinhaço, e de longe já podemos avistar o imenso paredão de onde escorrem suas águas.
Mas não é só. Na parte alta da cachoeira existem outras quedas d´água e lagos, antes da queda maior; e, na parte de baixo, um grande poço com cerca de 18m de profundidade recolhe suas águas, antes delas seguirem adiante, até se encontrarem com o Rio Preto.
Para se chegar a portaria do Parque Municipal do Tabuleiro, que é administrado pelo município dentro do Parque Estadual da Serra do Intendente, segue-se pela MG-010 até a periferia da cidade, em direção à cidade de Serro, mas antes de deixarmos sua área urbana derivamos pela LMG-739 por alguns metros, e logo encontramos a estradinha que segue ao Tabuleiro.
O caminho foi muito fácil para nossa Transalp, que em pouco tempo já estava no centro de visitantes do Parque, que tem uma infraestrutura simples, mas eficiente.
Para chegarmos até uma visão razoável da cachoeira tivemos que tomar uma das trilhas do parque, em nosso caso a trilha do Poço, onde termos uma visão periférica da grande cachoeira. Outras duas trilhas, “do alto” e “do mirante”, também são concorridas por lá.
Há, porém, muitas outras as atividades além dessas, mas convém se informar na administração do Parque antes se se aventurar por elas, pois algumas dependem de autorização especial.
Nenhuma das três principais trilhas tem grau de dificuldade que possa comprometer o trajeto pelo turista, podendo ser percorrida praticamente por qualquer pessoa.
Infelizmente nosso passeio foi curto nesse dia, mas, para melhor aproveitamento das belezas naturais que podemos encontrar por lá, convém reservar um ou dois dias para se poder explorar tudo com o devido cuidado.
OUTROS ATRATIVOS
O site oficial do município traz mais informações acerca de outros atrativos naturais em suas montanhas e escarpas, mas que não pudemos conferir in loco nesta viagem.
De qualquer forma, segue o link do site oficial da Prefeitura e a relação de outras atrações da cidade. (clique aqui)
- Cachoeira Rabo de Cavalo
- Parque Municipal Salão de Pedras
- Sítio Arqueológico Colina da Paz
- Poço do Val (Tabuleiro)
- Cachoeira Congonhas (ou cachoeira Zé Cornicha)
- Cachoeira do Roncador de Cima e Prainha do Roncador
- Cachoeira de São Miguel (Três Barras)
- Cachoeira do Tabuleiro
- Poço Pari
- Poço do Piraquara
- Córrego do Baú (Lago das Ninfas)
- Salão de Pedras
- Mirante da Serra da Ferrugem
- Lago Azul ou Poço Azul
- Monte Cristal
UM VÍDEO TOUR PELA CIDADE
Nesse passo de nossa jornada acabamos ficando um dia inteiro em Conceição do Mato Dentro, e só não deixamos a cidade em direção ao Serro naquele mesmo dia pois a noite já se prenunciava e o percurso até lá, todo em terra, estava em obras.
Assim, aproveitamos para ficar instalados por lá durante aquela noite e seguimos viagem na manhã seguinte.
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Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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