Com a frase “Corte essa ideia e salve um pescoço” o Portal D Moto aborda um assunto cada vez mais polêmico e que está ceifando vidas e mais vidas, enquanto os parlamentares “discutem” picuinhas entre si, sem nada concreto. Lamentável.
O uso cada vez mais frequente do CEROL, e atualmente a LINHA CHILENA comprada facilmente pela Internet, tem MATADO pessoas. Isso é fato, não utopia.
São inúmeras as vítimas desse “crime que não é crime”. Como assim? Isso mesmo. Para análise jurídica desse fato é como se o usuário das citadas linhas tivesse usando um garfo para matar alguém. Ou seja, ainda não é crime soltar pipa com ou sem cerol. Assim vamos investigar a intenção do agente no cometimento do delito e, fatalmente cairemos no crime culposo, onde não há intensão de matar, de ferir, de mutilar, etc…
Brincadeira? Não, não é. Só DEPOIS que uma MORTE ou uma LESÃO CORPORAL for cometida, SE (note bem a expressão “SE”) encontramos quem utilizava a malfadada linha, já que muitas vezes está muito longe, poderá ele ser responsabilizado pelo crime. Nesse caso não esqueçam ainda que, SE o usuário for menor de idade, nem mesmo é considerado crime.
Nesse último caso teremos de novo a partícula “se”. SE localizarmos o “menor infrator” responderá ele pelo ocorrido e caberá indenização contra seus genitores. Neste caso, como tais crimes costumam acontecer nas periferias das cidades, onde vivem pessoas mais simples e com baixo poder aquisitivo, possivelmente não haverá indenização de nada.
Mas mesmo que tenham bens suficientes e interesse em indenizar, quanto vale a degola de seu irmão? Ou de ver um amigo ensanguentado viver seus últimos momentos? Ou ainda ver parentes vegetando pelo resto da vida? Entendemos que nenhuma carteira abastada poderá comprar tal sossego.
E tem mais ainda: Alguém já se cortou com a borda de uma folha de sulfite novinha? Se nunca aconteceu conosco certamente já presenciamos algo parecido com outras pessoas. Assim sendo é certo que as linhas de pipas, AINDA QUE SEM CEROL, podem matar sim e da mesma forma que as outras.
Outra coisa é fato: Mesmo antes do término da leitura desta matéria vamos encontrar pessoas que digam que o hábito de empinar papagaios e pipas remonta a antiguidade; que todos nós, quando crianças, adorávamos brincar com esses artefatos; e outras situações análogas.
Vamos encontrar pessoas que nos lembrem que tais hábitos são inocentes; que as crianças, principalmente as mais pobres, não podem se privar de uma diversão tão sadia; que pouco ou nada há para eles como divertimento; além de um sem número de outras objeções, todas acertadas e verdadeiras.
No entanto temos que considerar que tal cultura não está mais adequada aos tempos modernos, não só por termos hoje milhares de pessoas se aglomerando nos grandes centros urbanos, mas por termos atualmente ruas, avenidas e estradas apinhadas de gente e veículos de todos os tipos.
Não é só o motociclista vítima em potencial dessa aventura. Na verdade, a proteção natural que é recomendada ao piloto de motos (luvas, capacetes, roupas grossas, etc) é bem superior a dos pedestres, que são os mais prejudicados.
Ainda que tenhamos em nossos veículos equipamentos de proteção para cortar essas linhas e nos proteger, muitas vezes esses emaranhados de fios “enroscam” na estrutura de carros, motos, caminhões e vão “desfilando” ao sabor do vento por quilômetros, fazendo muitas vítimas pelas calçadas e ruas.
Senhoras vindo do mercado, crianças indo para a escola, donas de casa cuidando de sua calçada, trabalhadores indo e vindo ao emprego, enfim, toda uma coletividade sujeita a ser MORTA de um segundo para o outro, já que o socorro é quase impossível em boa parte dos casos.
Para quem não sabe Cerol é o nome atribuído a uma mistura de cola com vidro moído (ou limalha de ferro) que é aplicado em linhas de papagaios, pipas, quadrados, peixinho, etc.
A cola serve como aglomerante enquanto o pó de vidro ou ferro serve como abrasivo, resultando uma linha extremamente cortante que pode rasgar até partes dos veículos, quanto mais a pele de um ser vivo, sejam eles humanos ou animais.
Nos meses de junho a agosto essa prática se intensifica no Brasil, tendo em vista as férias escolares e os ventos frequentes dessa época do dano. Até mesmo os próprios usuários dessas linhas são potenciais vítimas desse hábito.
Cortes nas mãos desses empinadores é regra, e ferimentos nas demais regiões do corpo deles são “acidentes”. Mortes por descargas elétricas também são comuns, principalmente quando se usa limalha de ferro no lugar de vidro moído, já que conduz a eletricidade com facilidade quando em contato com os fios elétricos dos postes.
Alguns Estados se empenharam em “fabricar” algumas Leis nesse sentido, mas como sempre demagógicas, já que desde o início sabem que não se lhe aplicarão o teor, a exemplo de tantas outras Leis obsoletas e ineficazes.
O Paraná, com Lei 16246/09, “proíbe a fabricação e a comercialização da mistura de cola e vidro popularmente conhecida como cerol…”; São Paulo, com a Lei 10.017/98, proíbe “a fabricação e a comercialização da mistura de cola e vidro moído utilizada nas linhas para pipas…”
Numa outra Lei de São Paulo (12.192/06), “fica proibido o uso de cerol ou de qualquer produto semelhante que possa ser aplicado em linhas de papagaios ou pipas”, com pena de multa singela. Como percebemos, não é possível acreditarmos em Leis desse tipo, já que praticamente nenhum “estabelecimento” vende tais produtos e sua utilização é feita, na sua maioria, por crianças e adolescentes, sem que tenhamos qualquer medida efetiva para punição ou identificação delas.
O que nos resta então? Resta lutarmos para banirmos essa brincadeira dos meios urbanos pois, assim como os balões de São João, são “brincadeiras” que mais prejudicam que instruem, reservando-se, se for o caso, espaços especiais para tais práticas com as regras necessárias de segurança.
A linha chilena tem o agravante da facilidade de compra e utilização. Igualmente as drogas ilícitas e o comércio de armas ilegais, tal produto tem chegado à todos que assim o desejem por meios dos mais diversos. No caso da linha nem há necessidade de dissimulação, pois compra-se pela internet.
O Facebook tem sido um poderoso aliado nessa luta sem trégua, embora enfrente opositores de todos os tipos, desde aqueles que vêm na brincadeira uma inofensividade celestial, como aqueles opositores natos, que nada entendem, nada sabem, a não ser que são contra pelo simples fato de contrariar.
O objetivo dessas campanhas é orientar principalmente os pais, para que seus filhos pequenos não tenham um homicídio em suas mãos por negligencia deles, já que são esses pais que tem o dever de orientar, instruir, educar e passar moralidade aos filhos, o que percebemos não estar acontecendo em nossa sociedade
Nessa luta desleal podemos verificar vários grupos pioneiros nessas atividades, que tentam sensibilizar os opositores e principalmente os indiferentes, para a nocividade da brincadeira. Lá encontramos muitas imagens chocantes de casos reais que não publicaremos aqui, mas que podem ser pesquisadas em segundos nesses espaços próprios.
Alguns desses grupos são:
FIM DA LINHA CHILENA E SIMILARES
O Portal D Moto, que além de valorizar o prazer de pilotar, preza pela segurança de todos, ainda que não motociclistas, apoia incondicionalmente essas campanhas educativas e, na medida do possível, tenta alertar a todos sobre o assunto para que não sejamos apenas uma estatística a mais… ensanguentados no chão.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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