14/01/2017
Se em terra de cego, quem tem um olho é rei, apresentamos hoje um novo refrão: “Surdo é aquele que não enxerga”, aquele que não vê a diversidade ao seu lado e, quando a vê, prefere não ter visto.
VEJA A ENTREVISTA
Embora os dados sejam um tanto ultrapassados e imprecisos, estima-se que tenhamos atualmente no Brasil cerca de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva, mais de dois milhões delas com deficiência severa, a quem chamamos de “surdos”.
Com o mesmo critério de avaliação, também verificamos que temos cerca de 6 milhões de pessoas com deficiência visual, quase um milhão delas podendo ser chamadas de cegas. Como as coisas sempre podem piorar, existem muitos casos de pessoas surdas/cegas.
Mas, e então, essas pessoas estão privadas de viverem em sociedade? Devem ser internadas longe dos seres “perfeitos” para não haver contágio ou constrangimento? Devem ser consideradas inferiores ou relegadas à subserviência? Precisam mesmo estudar, aprender? Mas para que?
Um breve aviso aos desavisados: Ao contrário dos portadores de deficiências mentais, frágeis numa sociedade competitiva, os portadores de deficiências físicas são seres tão complexos, inteligentes, capazes, sagazes, perspicazes quanto aos demais, podendo desempenhar boa parte das tarefas de qualquer pessoa tida como normal.
VRUMMMMMMMMMMMMMM. Com certeza já ouvimos esse som milhares de vezes quando ligamos nossa moto ou quando aquela motoca incrementada passa ao nosso lado de escape aberto. O som característico de uma “four”, então, impressionante.
Mas e o surdo, estará privado dessa alegria por causa de sua deficiência?
De forma alguma. Diremos melhor: Pode o fazer de muitas formas, mesmo que não possa sentir o som pela transformação das ondas vibratórias em seu ouvido; por alguma lesão nas células nervosas e sensoriais que levam o estímulo do som da cóclea até o cérebro; ou, ainda, por outras moléstias.
Mas poderá o surdo dirigir um automóvel!!??? E uma motocicleta então, seria possível??
Embora não esteja regulamentado expressamente no CNT, seus artigos e incisos permitem que o surdo possa galgar passo a passo o processo para sua habilitação para carro ou moto, e até mesmo nas categorias profissionais, com peculiaridades especiais para cada caso.
Os próprios Detrans estão se aparelhando para atender ao candidato com deficiência auditiva, assim como algumas auto escolas tem cumprido a lei, propiciando ao candidato poder se preparar para os exames técnicos e práticos.
Como vimos na entrevista com Diego De Bonis, piloto há 12 anos, embora habilitado há 3, a Auto Escola em que se formou não dispunha de intérpretes de LIBRAS (língua brasileira de sinais), assim como os examinadores nos testes teóricos e práticos, que se manifestaram por mímicas toscas.
Se o candidato é jovem e ativo como o nosso entrevistado, o resultado positivo certamente será esperado, mas que dizer daqueles que tem dificuldade de compreensão pelas simplórias e imprecisas mímicas?
Outro cuidado também parece ser esquecido das autoridades: os adesivos icônicos de deficiência auditiva internacional. Esse sinal deve ser usado obrigatoriamente nos automóveis, no vidro traseiro e, por precaução, no canto esquerdo do dianteiro, junto ao motorista, evitando situações constrangedoras em alguns casos.
O mesmo deveria acontecer com a motocicleta e com o motociclista, mas a legislação é silente quanto ao assunto e mesmo questionados os Detrans não nos conseguiram dar uma informação correta e/ou coerente ao caso.
Consultamos nosso entrevistado e ele nos “disse” que tem um adesivo de surdez de automóvel que poderia usar em sua moto, se quisesse, mas que isso o exporia a riscos desnecessários em sua segurança, como assaltos, e não o usa.
Num chute justificável, já que o próprio governo não conseguiu dar uma resposta coerente à um interessado, estimamos que há hoje no Brasil mais de 30mil pessoas habilitadas nas diversas categorias, mas não entendemos crível que esse número seja apenas as com uso obrigatório de prótese auditiva. Com toda certeza não entenderam a pergunta.
Mas em nossas pesquisas verificamos que muitos surdos preferem a clandestinidade a buscarem a legalidade de uma CNH e os argumentos vão desde as dificuldades burocráticas, de comunicação e as financeiras. Isso é bastante preocupante.
Mas na verdade a habilitação especial não tem segredos e qualquer autoescola tem a possibilidade de passar todas as informações necessárias. Mas aí um porém: Escolha aquela que tem o intérprete de LIBRAS como instrutor técnico e prático, para não haver surpresas indesejadas.
ACOMPANHE UM TOUR POR SÃO PAULO
Nosso entrevistado fez questão dar seu depoimento no Parque do Ibirapuera, não só para mostrar o seu desempenho como piloto nas principais ruas paulistanas, mas porque ali é palco de seus treinamentos como atleta que é.
Depois de tantas conversas (com as mãos) deixamos de “papo” e fomos logo dar um rolê de final de semana, curtindo as avenidas um pouco menos movimentadas em direção à um refúgio estratégico… para o estômago.
Com amigos do MG Freedom Bikers e com os intérpretes de LIBRAS, Le Tiery e Déborah Quirico, tomamos aquele lanche gostoso juntamente com nosso entrevistado, que não tinha mais como demonstrar tanta alegria, pois jamais lhe passou pela mente ser lembrado no mundo da moto.
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CRÉDITOS
Fotos/edição: Marcos Duarte
Entrevistado: Diego De Bonis
Intérpretes: Le Tiery e Déborah Quirico
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Boa Tarde ! Eu sou surda ? Queria aprender a moto, eu já tinha dirigindo o carro ? Como faço aula e aprendo a moto ?
Passa o endereço e telefone ?
Por gentileza
Giselly
Bom dia Giselly. em primeiro lugar obrigado por acompanhar nossa matéria e a convidamos para se inscrever em nosso canal do Youtube também, o mesmo onde você viu a reportagem com o Tico De Bonis. Quem melhor poderá responde-la será o próprio Tico ou as pessoas que indicamos no final da reportagem, já que são páginas do facebook deles todos. Esperamos ter respondido de forma que possa ser-lhe útil. Obrigado.