Quem não conheceu Xiririca poderá conhecê-la agora, com o nome de Eldorado. Localizada no extremo sul do Estado de São Paulo, incrementa em suas terras a gruta mais famosa de todo o Brasil: a Gruta da Tapagem, popularmente conhecida como Caverna do Diabo.
HISTÓRIA
As primeiras incursões pela região foram feitas pelos portugueses, por volta de 1630, quando procuravam veios de ouro nas margens do Rio Ribeira do Iguape, formando então os primeiros povoados.
Xiririca, que em tupi-guarani significa algo como “água corrente”, foi criado por volta do ano de 1750, cerca de vinte quilômetros abaixo do povoado de Jaguari, atual Distrito de Itapeúna.
A oficialização do local como povoado se deu em 1757, com a construção de uma capela consagrada a Nossa Senhora da Guia, e passou a categoria de freguesia seis anos depois. A localidade evoluiu ainda mais, tendo sido elevada a condição de vila em 1842.
VÍDEO TOUR PELO CENTRO DA CIDADE
O nome atual (Eldorado) só foi instituído em 1848, inspirada na corrida do ouro que deu origem às cidades da região.
A CIDADE
Pequena que é, tem como população fixa aproximadamente 15,5 mil pessoas, conforme última estimativa do Censo em 2020, a maior parte concentrada na parte fechada de uma das muitas curvas do Rio Ribeira do Iguape.
A predominância de arquitetura é de edifícios de um único pavimento e de construções bem simples, com raros imóveis apresentando mais de um andar. Na mesma toada seguem suas ruas, normalmente estreitas e com bastante alternância de altitudes, já que sediada nas margens do rio.
Algumas avenidas guarnecem o centro urbano da cidade, mas nenhuma com canteiro central ou com movimentação acima do normal.
Embora com uma boa rede hoteleira, que recebe inúmeros turistas durante o ano todo, a cidade não dispõe igualmente de bons recursos gastronômicos, sendo reservado aos visitantes apenas restaurantes e lanchonetes tradicionais.
Pelo que vimos em nossa visita, o centro comercial é bem acanhado e de alguma forma centralizado nas imediações da Praça da Matriz, Fórum e Prefeitura, necessitando o morador se socorrer de cidades maiores da região para produtos mais específicos.
IGREJA MATRIZ
A atual Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia foi inaugurada no ano de 1857, cem anos após a construção da primeira capela em homenagem a padroeira, essa erguida nas margens do Rio Xiririca, ao qual hoje denominamos Rio Ribeira do Iguape.
A capelinha original tinha sido construída com sua frente voltada ao rio e em área de costumeiras enchentes, sendo a nova Matriz edificada em plano mais alto.
A princípio a nova Igreja Matriz copiou a original, ordenando sua fachada para o rio, o que foi posteriormente corrigido e se apresenta nos dias atuais.
Já os sinos principais foram alçados ao campanário no ano de 1919, sob muita festa entre a população local.
O templo apresenta duas torres sineiras frontais, uma delas guarnecendo um bonito relógio redondo de números romanos.
O interior da Igreja tem aspecto bem simples, com grandes arcos dividindo longitudinalmente a nave principal e, no altar mor, uma pequena imagem de Nossa Senhora da Guia está disposta num nicho fechado com vidro.
O edifício da igreja ocupa uma quadra inteira na área central da cidade e uma outra quadra contígua, em sua frente, completa o belo jardim arborizado, com direito a um chafariz.
O TURISMO
O interesse turístico de Eldorado pouco está ligado ao seu centro histórico e/ou suas façanhas no cenário político ou social do Brasil, mas sim na geologia diversificada de seu entorno.
Como atrativo principal encontramos a famosa Gruta da Tapagem, situada sobre uma sequência de mármores metadolomíticos em estrutura sinformal, que está inserida na Serra da Tapagem, gruta essa conhecida como Caverna do Diabo.
Criado em 2008, o Parque Estadual da Caverna do Diabo integra o mosaico de conservação de Jacupiranga, junto com outras treze unidades, possuindo área total de mais de 40 mil hectares, abrangendo os municípios de Barra do Turvo, Cajati, Eldorado e Iporanga.
Embora a Caverna em si já seja conhecida e visitada há muito tempo, o Parque veio incrementar a visitação consciente e preservação de seu ecossistema, limitando a seiscentos metros a área de visitação da caverna, que tem no total mais de seis mil metros de extensão.
O objetivo vai mais além que a proteção da própria caverna, mas da gama de cachoeiras, rios e diversidade de flora e fauna que compõe o complexo sob tutela.
No Parque podemos percorrer a pequena Trilha do Araçá, onde por azar espetamos o dedo num espinho que está nos incomodando por vários dias, e o Mirante do Governador, de onde podemos avistar o Vale do Ribeira.
VÍDEO DE PARTE DA CAVERNA DO DIABO
É justamente no Parque, ou em terras particulares de seu entorno, que o visitante pode fazer belos Circuitos radicais pela Trilha das Ostras e pela Queda do Meu Deus, talvez a mais bonita cachoeira do Estado de São Paulo.
Já o atrativo principal, a própria Gruta da Passagem, é uma das maiores conhecidas em São Paulo e só pode ser visitada com o auxílio de um monitor.
Como diferencial temos o gigantesco espaço interno já intermediado por várias escadarias, passarelas e pontes, que leva o visitante ao seu ponto principal, ou seja, o Salão da Catedral, onde os efeitos formados pelas estalactites nos tetos e os seus contrapostos, as estalagmites, formam um efeito esplendoroso, melhor apreciado com a iluminação fixa apresentada pelo Parque.
Percorrer centenas e centenas de degraus dentro de uma caverna “cavernosa”, com um nome pouco tradicional e reportando ao “canhoto”, nos fez lembrar um pouco das peripécias dos irmãos Mário (Mario Bros) lutando com monstros nas incontáveis escadarias e calabouços para salvar a princesa, enquanto recolhia moedas e cogumelos.
Há quem lembre do Castelo de Hogwarts, pois certamente depois de subirmos e descermos um grupo de escadas, com certeza nos perderemos para voltar ao ponto de partida.
Depois do passeio, que pode demorar um pouco mais por causa da luta com os degraus, o visitante poderá desfrutar de um banho nos chuveiros do Parque, ou até de um primoroso almoço servido no restaurante principal. Bom lembrar da hipertensão, senão do coração, pelo menos a do bolso, já que o preço é bastante salgado, mas a alimentação é farta.
COMO CHEGAR
Para o visitante que partir da capital paulista o melhor acesso é pela BR-116, até a cidade de Jacupiranga, seguindo então pela SP-193, até a cidade de Eldorado, num percurso de 240km. O trecho final é bem asfaltado e seguro, ainda que pista simples.
Se o aventureiro decidir ir direto até a Caverna do Diabo, aquele que vier da capital paulista rodará cerca de 284 km, fazendo exatamente o percurso acima e mais o trecho até a caverna.
Já para quem vier de Curitiba o percurso final é um pouco menor (220 km). O trajeto, mesmo assim, iniciará pela BR-116, embora em sentido norte, mas também até a cidade paulista de Jacupiranga, seguindo então pela SP-193.
Se o objetivo for ir direto para a Caverna do Diabo o visitante poderá cortar caminho pela cidade de Cajati, ao invés de subir até Jacupiranga, com um percurso total de 230km.
Para visitantes de outras localidades o ideal é a busca num bom guia rodoviário.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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