31/08/2016
Povo de mente curta, povo que só pensa no agora. Povo que vota em branco, mas não põe a manga de fora.
Moro é o nome da vez. Juiz Federal, caiu nas graças do povo imediatista do Brasil e poderia ser até “aclamado” presidente se nossa Lei assim o permitisse. Leis? Pelo que sempre percebemos, a Lei no Brasil também é imediatista. Ela pode ser simplesmente mudada, excluída ou ignorada, dependendo das circunstâncias.
E nós, o povo? Nós bravatamos e só. Paramos por aí.
Saímos nas ruas por causa de míseros centavos no preço do ônibus e só ultimamente estamos gritando pelos bilhões de reais jogados fora pelos governantes com mensalões, compra de “elefantes brancos”, subornos, corrupção e má gestão pública, dinheiro esse que faz muita falta nos bolsos dos brasileiros. Parafraseando charges das redes sociais dizemos: O que queremos? Como queremos?
Na verdade ainda queremos milagres. Queremos o príncipe do cavalo branco que nos arrebate das injustiças e sele a paz. Quanta ilusão! Não há príncipe encantado, mas deveria haver povo encantado, que trabalhe, que se instrua, que saiba cobrar daquele que está temporariamente no poder.
Se hoje não aceitamos mais “chaveirinhos” e “flâmulas” em troca do nosso voto, ainda nos deixamos empolgar pelo modo incisivo, arrogante e truculento daqueles que desejam o trono sem nenhum pudor.
TEMPOS IMPERIAIS
O tempo passou e ainda não aprendemos com a história do mundo e, principalmente, com a nossa história.
Quando o Brasil era massacrado pelo poderio português, quem foi nosso príncipe encantado, com cavalo branco e tudo mais? Deixamos nos empolgar pelo seu “grito no Ipiranga”; pelo seu porte atlético de bom moço e nos esquecemos de que o nosso “libertador” nada mais era que o filho do opressor.
Será que fomos ingênuos a esse ponto?
Fomos sim. Em pouco tempo esse “mocinho” conseguiu desagradar a muitos e abandonou o país, deixando aqui nada menos do que quatro crianças que eram seus filhos: três meninas e um menino.
O que fizemos então? Como fizemos?
Nada. Deixamos uma criança de pouquíssima idade nos governar. Aliás, deixamos um bando pessoas governarem em nome do infante. Pelo menos o jovem Pedrinho foi de uma postura incomum. Educado, instruído, culto, cientista e modernista, foi o “monarca mais democrata” da história do mundo.
O que novamente fizemos? Como fizemos? Expulsamos esse imperador e temos a democracia que aí está.
E sabe qual foi a vingança de D. Pedro II por esse ato inconsequente do brasileiro? Nenhuma. Como toda pessoa culta e sabedora de sua superioridade moral, doou-nos todo seu acervo pessoal e científico e foi embora imediatamente, para que não se criasse tumultos com sua permanência. Sua exigência? Um travesseirinho com as terras tupiniquins para recordar os bons tempos vividos neste nosso Brasil.
Ele também não permitiu qualquer medida contra sua remoção e não apoiou qualquer tentativa de restauração da monarquia. Passou os seus últimos dois anos de vida no exílio, na Europa, vivendo só e com poucos recursos, já que não achou justo receber qualquer indenização do novo governo brasileiro. (qualquer semelhança com os nossos atuais “monarcas” seria pura fantasia)
Morreu na França tendo seu caixão carregado sobre as escadarias da Igreja da Madeleine, no ano de 1891, sob uma formação militar francesa composta por homens em uniforme de gala, que prestavam honras ao Imperador.
Cavalos, tambores das bandas de música e as bandeiras traziam ornamentos negros de luto. O corpo foi trasladado pra Portugal e só nos nossos tempos retornou ao Brasil
TEMPOS REPUBLICANOS
De lá para cá tivemos um concurso de presidentes com todas as características pessoais e perfis, mas nenhum deles caiu na graça do povo. Houve alguma algazarra por causa de Getúlio, que demagogicamente seria o pai dos trabalhadores, quando na verdade selou a ignorância e instituiu o “paternalismo” da classe operária, que nem percebeu que recebia com uma mão e devolvia, em dobro, com a outra.
Dos civis aos “verdinhos” aguentamos tudo sem pestanejar. Nesses tempos verdolengos vivíamos sob o jugo do medo. Qualquer coisa era ser comunista, preso, quiçá torturado ou morto. E não se diga que tudo eram flores e “anos dourados”, pois qualquer um que não gostasse de você podia o “denunciar como subversivo”, só para se livrar de ti. Quantas injustiças praticadas em nome da justiça!
Num momento de nossa história percebemos que o verde parecia estar ficando maduro. Tancredo Neves foi “eleito” presidente do povo, tendo como seu vice José Sarney, a nata dos que apoiavam os militares. Por revezes do destino (ou por mão surdina tão comentada) Tancredo morreu sem tomar posse e ficamos como estávamos. Oh! Céus.
Alguém lembra o que era ser fiscal do Sarney? Nem tente, você não vai gostar.
O tempo foi passando, o povo resmungando, mas tolerando tudo como sempre, até que um jovem alto, atlético, boa fala, gestos nobres e cabelos longos ao vento tomou o poder, eleito com os votos de toda a juventude insatisfeita, principalmente pela mulherada, que via nele um verdadeiro “muso”.
Entre a data das eleições e da posse a borboleta deixou a crisálida. Os longos cabelos foram cortados e mantidos com “brilhantina”, e a voz ardente voltou entoar cânticos políticos arcaicos. O inflamado mancebo se fez velhaco tirano, tomando nossa grana, diminuindo nossos direitos e, mais uma vez, percebemos que nos enganamos.
Nossa história pode ser contada por “Pedros”. O primeiro, descobridor; o segundo e o terceiro, imperadores; o quarto, o delator.
Pedro Collor delatou um grave esquema de corrupção que acabou retirando da presidência da república seu irmão Fernando, o jovem que elegemos apaixonadamente. Qualquer semelhança com casos hodiernos não é mera coincidência.
Perguntamos novamente: O que fizemos? Como fizemos?
Nada, basta ver o Collorido na lista dos nossos parlamentares na data de hoje, mesmo carregando consigo um lastro nefasto de seu passado.
Era preciso mudar. Mudar era preciso.
O povo queria um representante que realmente viesse do povo e novamente o falar ardente, a contundência das palavras no “estilo povão”, os gestos hipocritamente humildes, o linguajar enrolado (literalmente), levaram o plebeu à majestade. Lula lá!
No melhor estilo Robin Hood, passou a tirar dos ricos para dar aos pobres, sem entender que tudo que é dado não tem valor. Aliás, esse tinha sido sempre seu discurso antes de ser rei.
Para que trabalhar? Para ganhar dinheiro para a sobrevivência.
E se nossa sobrevivência está garantida? Trabalhar para quê?
O denunciador agora não foi Pedro, mas Roberto. As provas agora não eram frágeis, mas concretas. Acham mesmo que seria mais fácil? Ledo engano. A grande maioria dos vassalos e do populacho estava confortável com as “benesses financeiras” e outros proventos congêneres e não se oporiam ao rei, tanto que lhe deram “mais créditos”, a ponto de acabarmos elegendo sua “afilhada favorita” para nossa rainha.
Nada mudou. A despeito das convicções políticas e ideológicas de cada um, era explícita a incompetência de nossa “matrona” e só mesmo um fanático daria crédito à alguém que não conseguia ao menos se expressar. Inocente ou culpada? Tanto faz, pois ambas situações são catastróficas. 61 senadores decidiram por fim na brincadeira.
E o Barbosa, o homem da capa preta? Onde tinha ele entrado em cena?
Se cabe ao legislativo “fabricar as leis” e ao executivo fazê-la cumprir; ao judiciário cabe julgar se há regularidade nesses atos e punir os culpados. Se os dois primeiros poderes são compostos por pessoas eleitas, leigas ou não, podendo recair até sobre um semianalfabeto que saiba “desenhar” seu nome (e/ou contar até dez), o mesmo não acontece com o judiciário, onde seus membros devem provar sua idoneidade, conhecimentos e estudos para nele ingressar.
Barbosa se destacou por sua conduta firme, agradando uns e desagradando outros. Foi ídolo de nosso país pouco tempo atrás e hoje visto com descrédito pelos mesmos que o entronizaram outrora.
Mas a “revolta da moda”, que campeia a mídia há dezenas de anos de forma inalterada, enaltece o “votar em branco”; “anular o voto”; “que não pretendem eleger gente como as que estão no poder”; “que não são otários e por isso não votarão”; “que vão rasgar o título”, e por aí vão as inúmeras ladainhas.
Acreditem (ou não) os aproveitadores, os usurpadores, os ditadores e pessoas de baixa índole vão agradecer muito esses “atos heroico-desesperados”.
Todos os recebedores das benesses do Estado, com os programas de menos esforço, certamente se apinharão nas urnas para mantê-los no poder mediante os ainda tradicionais “votos de cabresto”. Mas nós não vamos votar…
Vamos reclamar do que depois? De nada, nem poderemos!
Vale dizer que não tem candidato a nossa altura? Candidatemos nós, então. Porque queremos sempre dos outros e não estamos dispostos a cooperar? Somos realmente inteligentes ou só sabemos reclamar?
Será que tememos nos tornar iguais aqueles a quem recriminamos? De não sabermos gerir aquilo que nos bares afirmamos que sabemos? Das críticas e insinuações que receberemos? Claro que há muita gente ruim no governo, mas onde estão as boas, que bradam ferozmente nos facebooks da vida?
De uma coisa não duvide nunca. Quem está no poder lhe representa sim. Ou porque foi legitimamente eleito ou porque nós ignoramos o direito (não a obrigação) de votar.
Quem está no poder não nos agrada? Paciência! Se nós empenhássemos com mais seriedade, o resultado poderia ser outro.
Assim, nunca é demais retornarmos ao versinho do início deste texto:
Povo de mente curta, povo que só pensa no agora.
Povo que vota em branco, mas não põe a manga de fora.
Evidentemente que o que se relatará daqui para frente não é dirigida à nenhum candidato, pré-candidato ou pessoa específica, mas que sirva-nos de alerta para que não promovamos votos de impulso, de desagravo, de birra, de protesto, etc.
Em todos os tempos da humanidade o povo “elegeu” seus líderes baseado na sua força física, no seu carisma, na sua superioridade, no desejo de libertação, de progresso ou de paz, conferindo à tais seres o cetro e as vestes de suas aspirações.
No entanto, na esmagadora das vezes esse herói, depois da investidura na roupa do poder, mimado, bajulado e endeusado pelo povo que o investiu, voltou-se contra esse mesmo povo, tornando-se seu maior inimigo.
Tiranos, sanguinários e déspotas cruéis, muitos aviltaram e espoliaram com grande violência sua própria gente. Outros, entretanto, também fizeram o mesmo, mas com a ironia da benevolência, ao invés do sangue da violência, e agradaram suas vítimas, mesmo extorquidas ao máximo.
Bom lembrar do lendário Idi Amim Dada. De cozinheiro ao título por ele mesmo designado de: “Sua Excelência Presidente Vitalício, Marechal de Campo Alhaji Dr. Idi Amin Dada, VC, DSO, MC, CBE”. Cômico, se não fosse trágico. Foi tido posteriormente como um psicopata à quem foi atribuído milhões de mortes.
E que dizer de Adolf Hitler, que nem era Alemão e levou horror ao mundo todo em nome do povo germânico? A princípio bom mocinho, sonhava unir o país; depois o carrasco que quis se sobrepor ao resto do mundo.
Sadan Husseim, Pinochet, Mao-Tse Tung e muitos outros também foram assim. Podemos conferir até pela internet quem foram os maiores sanguinários que o mundo conheceu e a forma pela qual chegaram ao poder. pesquise
E nós? Quando vamos colocar nossas mangas de fora?
Quando vamos nos instruir verdadeiramente para sabermos o que é um Estado organizado de direito?
Acham que basta usarmos uma camiseta com a foto do Che Guevara? Aliás, se os simpatizantes do Che pudessem tê-lo vivo nos dias atuais, certamente veriam que ele estaria atrelado com seu sócio/amigo Fidel Castro, ajudando a governar com mãos de ferro o povo cubano, ou lutando para ser ele o único dominador. (Das duas maneiras “não iria prestar”.)
“De boa intensão o inferno está cheio” é a frase mais falada. Se, no entanto, ainda precisamos acreditar nas pessoas, também devemos matar o mal pela raiz com nossas intervenções nos momentos certos.
Devemos combater as “roupas que algumas pessoas irão vestir”: As roupas do poder, da ganância, da tirania, dos abusos, etc., pois fomos nós mesmos que deixamos tais vestimentas sempre prontas e engomadinhas para que usem. “O povo deve lembrar que ainda é o alfaiate da roupa que está no poder”.
Cansamos de dizer: Se eu fosse isso, faria aquilo. Se eu fosse tal pessoa, faria aquilo outro.
Queremos as “vestes” dessas pessoas, mas elas não caem do céu e na hora magna, quando somos chamados ao testemunho do voto, nos iludimos com o chulo e inocentamos Barrabás.
As eleições estão aí, novamente às nossas portas e o que nós temos com isso?
Tudo. As inovações propostas na legislação eleitoral cada vez mais tem tentado dar igualdade aos candidatos a apresentarem suas propostas, minimizando apadrinhamentos milionários que beneficiam seus interesses.
Atualmente podemos saber melhor quem são os candidatos; quem eles apoiam ou por quem são apoiados; o partido que desposam, o nível de escolaridade e até os rendimentos, posses, etc.
Também será possível saber quanto seu candidato estará gastando com as eleições, para que você possa fazer um julgamento mais seguro daquele que estiver em suas expectativas. Não esqueça, votar é um direito duramente conseguido pela humanidade, não um favor ou uma obrigação.
EDITORIAL
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