05/03/2017
5..4..3..2..1..zero! Não, você não precisa ouvir a contagem regressiva para zarpar com essa máquina, tampouco de um “carimbador maluco” dizendo: sim sim sim, para viajar com esse foguete pelo universo.
Com absurdas 2294cc e 334 kg de peso a seco, esse bólido é um convite a aventuras nunca antes experimentadas, e olha nós aqui com o plunct, plact, zum, podendo partir sem problema algum.
Antes de experimenta-la é preciso analisar cuidadosamente cada parte dessa máquina, afinal, nada há parecido com ela no mundo todo. O motor tricilíndrico em linha está numa posição nada ortodoxa no mundo das motocicletas: é longitudinal.
O enorme radiador avança para os lados da motocicleta e garante o arrefecimento ideal para o motor. Você quer saber se esquenta as pernas? Sim, como em qualquer outra moto existente, salvo as elétricas, mas nada que vá prejudicar a pilotagem ou deixar desconfortável o piloto.
Aliás, os ditos populares são fartos em reportar, desde os idos tempos, que quem deseja conforto sem ventos, calores ou poeiras, que viajem de carro, pois motocicleta foi feita para explorar o mundo como ele realmente é.
A chave de ignição também está posicionada num lugar inusitado: sobre os faróis e atrás dos dois canecos de leitura analógica para velocidade e conta giros. A velocidade é medida em milhas e quilômetros, e mal avança aos 220km/h (140mp/h).
A moto testada tinha seus escapes originais trocados por modelo esportivo e isso tornou o “foguete” ainda mais arisco, principalmente na largada. Há uma sensação de que você partiu, mas seu espírito ficou lá atrás.
Cair da moto? Só para os braços duros. Nesse ponto, sem braços flexíveis dificilmente o piloto completará uma curva ou virará uma esquina, sem que a moto siga na linha reta. Mais ainda. A tendência da Rocket III é sempre permanecer em pé e para frente.
Para garantir toda a potência despejada pelo motor nas rodas, a motocicleta está calçada com pneus 150 x 80 x 17. Achou legal? Espere então para dizermos que esse é apenas o dianteiro, pois atrás a botina tem absurdos 240 x 50 x 16. Até parece que partiremos numa dragster.
Nesse teste prático de uma moto que já está no Brasil há alguns anos, fomos até a cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo, trafegando tanto por pistas simples como em autopistas para grandes velocidades.
Desnecessário dizer que o habitat natural da Rocket III era mesmo as grandes rodovias de bom pavimento. Acelerar aí é realmente “impactante”. Ganha-se velocidades em segundos e só não é possível mais pela falta de uma bolha adequada.
Depois de pegar o “jeitão” de pilota-la é possível arriscar algumas manobras mais ousadas (para a Rocket III, claro), como ziguezaguear em ultrapassagens e até deita-la com o devido respeito nas curvas de alta, podendo usar todas suas cinco marchas.
Mas como tudo que sobe, um dia desce, é certo que tudo que corre, uma hora vai ter que parar. Para isso os excelentes freios deram conta do recado sem um deslize sequer: Dois discos de 320mm e pinças de 4 pistões na frente e um disco único de 316 de 2 pistões, todos NISSIN flutuantes e com ABS.
Chegamos ao nosso destino e a tarefa agora era trafegar pelo estreito centro comercial da cidade, em pleno sábado de manhã, dia de compras e muito movimento de veículos. Nesse particular podemos dizer que a moto surpreendeu.
Ao contrário do que se imagina, foi relativamente fácil driblar o trânsito empacado da cidade, sem que nos fatigássemos com o peso excessivo da motocicleta ou com eventual calor oriundo daquele enorme motor sob nossas pernas.
Os únicos incômodos sentidos foram a pressão da embreagem, bastante dura apesar das devidas regulagens, e a dificuldade de encontrar o ponto neutro nas paradas, que sacrificava duplamente o piloto por causa da embreagem rija.
O teste final realmente foi mandado literalmente pelos céus. O firmamento enegreceu e deixamos a cidade sob chuva, leve no início e bastante forte quando chegamos na pista de volta. Vale ressaltar que mesmo com chuva contornamos normalmente o trânsito indaiatubano, até a chegada à Rodovia Santos Dumont.
Aí sim a moto mostrou seu valor. Sob forte aguaceiro a motocicleta saiu-se bem. Conquanto nossa preocupação tenha sido com um possível escorregão, por causa dos gorduchos pneus, a moto deslizou sem dar conta da tormenta, saindo-se feliz logo a frente, com o retorno do sol e da pista seca.
Podemos concluir que a motocicleta é de estrema força e de beleza exótica, mas não é o que se espera de um veículo para o dia-a-dia. Se o candidato puder dispor de cerca de R$ 75mil, certamente encontrará na Rocket III um mito que chamará atenção de tantos quantos a virem.
VEJA O “FOGUETE” EM AÇÃO
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e Vídeo: Celso Elez
Agradecimento especial ao Vazamento MC pelo empréstimo da motocicleta para o teste
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