24/07/2019
Neste City Tour por terras mineiras do Circuito dos Diamantes, apresentamos ao leitor amigo a cidade de Gouveia, na região central do estado e proximidades de Diamantina. Vamos conhece-la?
COMO CHEGAR
Para o aventureiro que partir de Belo Horizonte o melhor caminho será seguir na direção norte, pela BR-040, até pouco depois da cidade de Paraopeba, derivando daí pela BR-135 até Curvelo, e depois pela BR-259, até Gouveia. Serão ao todo cerca de 263km.
Já para quem partir do Distrito Federal a melhor opção será seguir na direção sul da BR-040, até a cidade de Felixlândia, e dali em diante pela BR-259. Ao todo o aventureiro rodará 690km.
Para os que desejarem ir para Gouveia partindo de outras localidades é bom ter como referência as duas cidades mencionadas anteriormente.
HISTÓRIA
A comunidade que deu origem a cidade foi fundada pela portuguesa Maria de Gouveia, que mantinha no local uma pousada e dava suporte aos viajantes da época, notadamente mineradores e aventureiros em busca de riquezas.
Com a fixação de mais pessoas na redondeza, mantendo lavoura e criação de animais, o local passou a ser denominado como Arraial Velho.
Mas como Maria Gouveia queria que a incipiente cidade “se mudasse” para sua fazenda, mandava seus escravos furtarem a imagem de Santo Antonio do arraial, colocando-a numa pedra em sua propriedade, com a intensão de fazer acreditar que “o santo tivesse fugido” para esse local.
Com repetidas práticas idênticas Maria conseguiu seu intento e uma capela foi erguida à Santo Antonio, no novo arraial que se formou em sua propriedade, que passou a se chamar Arraial de Santo Antonio de Gouveia.
Com essas e outras “pedaladas”, que se estendem mais elaboradas até nossos dias, o país vai seguindo seu rumo em direção do progresso.
E nesse caso nem podemos dizer que foi um “jeitinho brasileiro”, já que feito por uma portuguesa, e tal fato nos remete à nossa última matéria na cidade de Castro, no Paraná, cujo nome também vem de uma dessas “pedaladas”.
Com o passar do tempo o novo arraial foi elevado à categoria de Vila, porém somente com o nome de Gouveia, nome esse adotado definitivamente em janeiro de 1954, quando se instalou oficialmente o município.
Mas a voz dos interessados fez constar na história que, embora Maria Gouveia fosse a fundadora da cidade, a pessoa mais importante de lá teria sido Quintiliano Alves Ferreira, o primeiro e único Barão de São Roberto, fazendeiro, minerador, comerciante e nobre brasileiro.
Quintiliano ganhou tal galardão por ter fundado na cidade, em 1888, a Fábrica de Tecidos São Roberto, falida no ano de 1929. Pouco antes o Barão tinha fundado outra fábrica, de nome Vitória Augusta, que era para lapidação de diamantes e que perdurou até sua morte, em 1895.
Mas o Barão mostrou, ao longo de sua vida, ser pessoa esclarecida e justa pois, ouvindo boatos sobre a abolição dos escravos, dispôs de suas terras e mudou-se para o centro da cidade e, com o dinheiro arrecadado, foi construindo pequenas casas na Vila e doando aos seus antigos escravos e seus familiares.
A CIDADE
Gouveia é uma cidade relativamente plana dado ao local geográfico a que pertence. Embora seja bastante limpa e organizada, a pavimentação era sofrível durante nossa visita, mas que não nos impediu de galgar suas ruas.
A arquitetura predominante consiste em imóveis térreos, com poucas construções de dois ou mais pavimentos, restritos normalmente ao interesse comercial.
Por falar em comércio, esse é bem acanhado na cidade, mas suficiente para suprir a demanda de seus aproximadamente 15mil gouveanos, espalhados pelas áreas rural e urbana.
MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO DE LISBOA
O prédio da igreja tem estilo moderno, é feito em concreto armado e possui uma única torre frontal que dá visão para toda a cidade.
Foi com a demolição da antiga Igreja da Matriz, em 1959, que as obras da atual igreja tiveram início, mantendo-se os sinos originais do século 18, dedicados à Dona Maria I, rainha de Portugal naquela época.
Ocupando todo um quarteirão no centro da cidade e com uma bonita praça em sua frente, a Igreja é toda ladeada por gradis de ferro, protegendo réplicas das imagens dos doze profetas feitas por Aleijadinho em Congonhas.
IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS DORES
A pequenina igreja situada na parte alta da cidade, mas em seu centro urbano, foi construída sobre um imenso monolítico de granito e é datada do século 18.
Além de estar ela fixada na rocha rígida, sua construção foi toda feita em pedras, ostentando, em seu altar principal, a imagem de Nossa Senhora das Dores que, segundo consta, pertenceu à Chica da Silva.
Seu desenho singelo remete-nos as capelas típicas do barroco mineiro, com uma torre única frontal.
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA ANTIGA
A estação foi aberta em 1913 com o nome de Baraúna, nome esse alterado tempos depois para homenagear outro grande empreendedor da região: Josephino Vieira Camargo. Assim a estação passou a se chamar “Barão de Guaicuhy”, título de nobreza desse homenageado
O prédio atual nas adjacências da cidade não é o original e encontra-se desativado, já que a estação foi definitivamente fechada nos anos 70, inclusive com a retirada dos trilhos.
TURISMO
Se a região urbana da cidade não apresenta muitos atrativos turísticos, principalmente do turismo de aventura, o entorno é pródigo em belezas naturais, o que atrai muita gente para essa região serrana, já que a cidade está a 1113m acima do nível do mar.
Morro do camelinho
São duas atrações no mesmo lugar. A primeira é a beleza do morro que visto a distancia, mostra-nos a forma de corcovas de um camelo.
Mas a despeito de tal beleza, o lugar serviu para o primeiro experimento eólico do país, cujos ventos superam a de muitas outras localidade para esse mesmo destino.
Porém, instalado o primeiro complexo eólico na região, em 1994, o projeto foi encerrado em 2015, não por falta de bons ventos, mas pelo alto custo da instalação das torres num lugar como aquele.
Cachoeira do Barão
A pequena cachoeira fica na comunidade de Barão do Guaycuí, que dista do centro de Gouveia cerca de 23km, no sentido de Diamantina.
Pouco mais da metade desse percurso é feito pela BR-259, mas o resto todo é em terra batida e cascalho.
As quedas d´água e o poço que se forma aos seus pés faz parte do Ribeirão Capão, de curso pequeno mas com trajeto sinuoso entre as pedras da Serra de Diamantina.
UM VÍDEO TOUR PELA CIDADE
Não ficamos muito tempo na cidade pois tínhamos outros compromissos para aquele dia, já que outro destino nos aguardava e não poderíamos nos atrasar.
Assim, sob sol forte daquela região mineira, deixamos definitivamente a cidade.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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