IGUAPE/SP
Nosso City Tour da vez apresenta a Estância Balneária de Iguape, a maior cidade do estado de São Paulo no quesito de área, e que tem uma história de fazer inveja a muitas capitais do país. Vamos saber mais?
PRÉ HISTÓRIA
Quando apresentamos a história da cidade, não podemos deixar de mencionar os primeiros habitantes conhecidos do local: os “Homens de Sambaqui”, que vieram antes mesmo da chegada dos indígenas e sequer conheciam o uso do arco e da flecha.
A paleontologia afirma que o litoral brasileiro é habitado continuamente a aproximadamente 45 mil anos, e seus habitantes se caracterizavam pela baixa estatura e por serem pescadores coletores, embora também praticassem a agricultura de sobrevivência.
Os sambaquis, palavra que com certeza já ouvimos muitas vezes, são verdadeiras montanhas formadas em sua maioria por conchas de ostras e mariscos, assim como ossos e espinhas de pescados, montanhas essas que normalmente tem a forma cônica, hodiernamente forradas de vegetação que nos induz a pensar ser de formação natural.
Transformando em miúdos a informação anterior, essas montanhas (sambaquis) eram verdadeiros depósitos de lixo orgânico produzido pelos alimentos consumidos pelos povos primitivos.
Os estudos indicam que com o passar do tempo essas civilizações primitivas se fundiram aos povos tupis-guaranis a cerca de dois mil anos atrás, sem que tenham deixado qualquer referência histórica, pois não possuíam escrita, restando os sambaquis um testemunho mudo desses tempos passados.
Esses povos indígenas que substituíram os “Homens de Sambaqui” usaram desses mesmos sambaquis para enterrarem seus mortos, colocando-os em grandes podes de barro chamados de igaçabas, junto com os pertences pessoais dos entes falecidos.
Nesse particular Iguape acabou sendo privilegiada, já que possuiu em suas terras centenas de sambaquis. Ainda que boa parte deles tenham sido destruídos com as grandes construções dos períodos anteriores, aproveitando-se seu calcário, ainda há muitos que podem ser vistos na atualidade e com grande facilidade.
O lugar de visitação mais usado é a “Caverna do Ódio”, que fica próxima da ponte que dá acesso ao município de Ilha Comprida, onde podemos encontrar vestígios das ações triviais desses habitantes do passado.
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Findo o período Pré-Cabralino nossas terras entraram no período Pré-Colonial, onde o Tratado de Tordesilhas, entabulado em 1494 entre Portugal e Espanha, já dividiam as terras americanas, em especial as da américa do sul ainda não descobertas oficialmente por Cabral, tendo como referência um meridiano disposto a 370 léguas do arquipélago de Cabo Verde, que passa exatamente sobre Iguape.
Iguape e região foram duramente disputadas por portugueses e espanhóis nesse período, tanto que se tem notícias oficiosas que desde 1510 já tinha se fixado na localidade o aventureiro espanhol Ruy Garcia Moschera, mesma região onde desde o ano 1502 é computada a presença do degredado português Cosme Fernandes, conhecido como “Bacharel de Cananéia, figura poderosa que não prestava obediência à coroa portuguesa, fomentando ainda mais as contendas.
Chegando ao Brasil em 1532 como comandante da primeira expedição colonizadora, Martim Afonso de Souza não deu trégua à Moschera e ao Bacharel, promovendo a primeira guerra entre europeus na américa do sul: a Guerra de Iguape.
A empreitada não logrou o êxito esperado. Moschera e Cosme, segundado por indígenas bons flecheiros, capturaram um navio francês; destruíram a então Vila de São Vicente e dizimaram quase a totalidade da sua população; libertaram presos; incendiaram o cartório e debandaram levando com eles todos os registros públicos.
O “Bacharel” continuou dominando Iguape e fez ali construir, em 1537, a primeira igreja em homenagem a Nossa Senhora das Neves. Moschera, por sua vez, foi para a região do Rio da Prata.
Oficialmente Iguape tem como data de fundação o dia 03 de dezembro de 1538, quando houve a separação definitiva de Cananéia.
Naqueles idos tempos Iguape estava sediada onde é hoje a Vila de Icapara, a cerca de 11 quilômetros do centro urbano da cidade e quase no acesso do Mar Pequeno com o Oceano Atlântico.
A mudança para a sede atual ocorreu nos primeiros anos do século 17, objetivando dar mais segurança para a cidade contra ataques piratas, assim como para fomentar sua expansão territorial.
Ademais, a nova localização proporcionava, ainda, maior mobilidade das pessoas devido a exploração do ouro de aluvião que se intensificava naqueles tempos, o que levou a coroa portuguesa a fundar em Iguape, em 1630, a primeira Casa de Oficina Real de Fundição de Ouro no Brasil.
O CICLO DO ARROZ E O VALO GRANDE
O arroz foi decisivo no desenvolvimento de Iguape, trazendo-lhe riquezas inimagináveis logo após o declínio esperado com o esgotamento das minas de ouro da região e o descobrimento do mesmo minério nas Minas Gerais.
Porto fluvial de Iguape nos seus áureos tempos
O desenvolvimento da navegação marítima mundial também ajudou muito nessa expansão econômica, e Iguape aproveitou bem a época se antecipando e fazendo construir em suas terras portos para o escoamento da produção do arroz da região, produto muito apreciado fora do país.
Em meados dos anos 1700 a cidade possuía dois portos (um marítimo, nas margens da cidade junto ao Mar Pequeno; outro fluvial, junto ao Rio Ribeira do Iguape, que faceia a cidade 3km ao norte do porto marítimo)
É nessa mesma época que foram construídos os imensos casarões que ainda podem ser vistos no centro histórico de Iguape, embora boa parte em ruínas.
Nesses áureos tempos Iguape desfrutava de alguns teatros, quatro jornais diários, alfandega portuária e até um Vice Consulado Português, sendo considerada uma das mais importantes cidades do país.
O arroz exportado pelo seu porto marítimo vinha da zona rural do entorno do município pelo leito do Rio Ribeira, onde eram descarregados no porto fluvial. A partir desse ponto a transferência dos grãos entre os dois portos era feita no lombo de burros ou carroças.
Ainda que a distância entre esses portos fosse de apenas 3 km, a ideia de se eliminar esse trajeto incômodo fez que decidissem abrir um canal entre o mar e o rio, escolhendo o trecho menor e mais fácil, mas que era também o mais arenoso.
Do projeto a efetivação do projeto foram cerca de vinte anos de trabalho escravo, vindo o canal ser utilizado pela primeira vez em 1852.
O objetivo definido era abrir um canal estreito entre mar e rio, com cerca de quatro metros de largura, o suficiente para a passagem de pequenas barcaças pelo local, evitando-se o traslado do arroz para carroças e burros, diminuindo o tempo do transporte e proporcionando economia.
Se os idealizadores tiveram seus motivos para a construção do canal, o Rio Ribeira do Iguape, por sua vez, não deu a menor importância para esse particular e tinha outros planos.
A força das águas do Rio Ribeira rompeu as margens do canal, que com o tempo se alargaram até próximo dos trezentos metros, setenta e cinco vezes mais que o esperado.
Com a força das águas vieram obviamente todos os detritos trazidos pelo rio em seus 470 km de extensão, assoreando rapidamente o Mar Pequeno e impedindo o atracamento de navios no porto marítimo, consequentemente impedindo a exportação do arroz que lastreava toda a economia local. Um verdadeiro tiro de canhão no pé.
Mais ainda. O assoreamento do Mar Pequeno (e do próprio canal recém aberto) influenciaram fortemente as cheias da região, que passaram a inundar boa parte das plantações, tornando o solo infértil. Assim, nem que se encontrasse outro meio para a exportação dos grãos, não havia mais o que exportar.
Nesse contexto, temos que o impacto causado pelo canal aberto, hoje denominado “Valo Grande”, levou dessa vez o município ao declínio que tinha evitado com sabedoria outrora, quando a extração mineral esgotou e passaram a produzir imediatamente o arroz de exportação.
Nessas imagens que mostramos a seguir, colhidas por nós mesmos aqui do Portal Aventuras entre os anos de 2003 e 2024, ficou claro que o assoreamento do Mar Pequeno junto do antigo Porto Marítimo de Iguape só tem aumentado, restando-nos a seguinte pergunta: Será quem num dia bastante próximo Iguape poderá se ligar a Ilha Comprida por via terrestre, sem necessidade de uma ponte? Vamos aguardar.
Foi o final do século 19 que marcou o início do declínio de Iguape como cidade de muita grandeza no cenário nacional, hoje testemunhado pelos inúmeros prédios em ruínas que encontramos pelo seu centro histórico, felizmente alguns já restaurados e sendo reutilizados.
TEMPOS ATUAIS
Passados os períodos “Pré-Cabralino”, “Pré-Colonial”, “Colonial” e “Imperial”, Iguape começou a se reerguer timidamente somente no período Republicano.
Porém, o começo do século 20 foi determinante ao reerguimento do município com a chegada de imigrantes, principalmente vindos de Itália e Japão. O processo de recuperação, entretanto, só começou a tomar corpo a partir da década de 1930, com o desenvolvimento da cultura da banana e da pesca, mesmo assim, sem a opulência de outrora.
BASÍLICA DE BOM JESUS DE IGUAPE
Os primórdios da história que deu origem a construção da Basílica remontam ao ano de 1647. Nessa época Iguape também tinha se transformado num importante centro de peregrinação junto da imagem do Bom Jesus, achada por dois índios na Praia da Juréia.
Depois de lavada no riacho ao pé do Morro do Espia, para tirar o excesso de sal, foi entronizada no altar mor da nova Igreja Matriz de N. S. das Neves, feita em substituição da antiga Igreja de Icapara, onde o município estava sediado antigamente.
Mesmo assim essa nova Igreja não suportou por muito tempo a quantidade de fiéis e, em 1780 foi dado início as obras da atual Basílica, confeccionada com tecnologia de ponta para a época: argamassa com calcário dos sambaquis, óleo de baleia e pedras retiradas em morros no entorno da cidade.
A construção inicial foi feita com o trabalho voluntário e gratuito e se estendeu até o ano de 1800. As retomada das obras só ocorreu em 1822, dessa vez de maneira profissional, tendo sido concluída em 1856.
O conjunto arquitetônico onde está inserido o Santuário de Bom Jesus de Iguape está a uma quadra do antigo Porto Marítimo; tem formato linear; e ocupa aproximadamente três quadras do centro histórico.
Nos fundos do templo há uma pequena Praça arborizada (na verdade havia, pois estivemos lá na semana passada e o que era a Praça estava com serviço de terraplanagem completo – sem vegetação alguma como se pode ver na imagem que segue)
Na frente da Igreja desponta a bonita Praça da Basílica, essa seccionada ao meio e ostentando um marco de fundação encimado com um crucifixo, que substitui um antigo coreto que não fazia parte da originalidade do lugar e foi removido.
O majestoso templo neoclássico tem duas torres sineiras fontais e portada trabalhada em cantaria, com três janelas sobre Sobre a porta principal, que oferecem luz e ar fresco ao mezanino do coral. Um relógio redondo com algarismos romanos completa a fachada.
Ao contrário de sua simplicidade externa, o interior é grandiosamente enriquecido com afrescos no forro, altares adornados com prataria e ouro, sendo considerado um dos mais belos templos do litoral paulista.
Seu altar mor é entalhado em madeira com colunas laterais, destacando no nicho do primeiro plano a imagem de Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade e, no alto, um outro nicho com a imagem de Bom Jesus em tamanho natural.
De curioso temos que a imagem de Jesus no altar pode ser acessada pelo público através da sacristia, e lá do alto pode ter uma visão panorâmica de toda a nave principal da igreja e até mesmo, em algumas ocasiões, fazer o visitante se confundir com o Bom Jesus.
Por falar em sacristia, é nela que vamos nos surpreender com a gigantesca escultura de cristo crucificado, esculpida num único tronco de cedro, exceto os braços, feitos do mesmo material mas que foram anexados posteriormente na escultura principal.
Na Basílica também é possível visitar a Sala dos Milagres, que possui objetos deixados ao longo dos anos pelos devotos, em agradecimento das graças recebidas.
FESTA DO BOM JESUS DE IGUAPE
A tradicional festa em louvor ao Bom Jesus de Iguape ocorre todos os anos entre o final do mês de julho e os primeiros dias do mês de agosto, e leva muitos turistas e peregrinos para a cidade.
Um dos atrativos tradicionais desses festejos é a Travessia da Juréia, onde o peregrino percorre o mesmo caminho onde a imagem de Bom Jesus foi encontrada, na Praia da Juréia, até seu Santuário no centro da cidade.
O percurso hoje é um misto de procissão e aventura, já que atravessa toda a Reserva Ecológica Juréia/Itatins, numa extensão de 29km e só pode ser feito a pé.
Nesse período festivo a Estação Ecológica monta um sistema de apoio e segurança para o peregrino que cruza a reserva, permitindo a travessia de pessoas por três dias consecutivos, percurso esse utilizado também por aventureiros de todo o Brasil, afinal, é uma oportunidade única.
Esperamos que nesta edição de 2024 possamos estar presentes nessa Travessia, não só na condição de aventureiro, mas também na de peregrino, afinal, jamais devemos deixar de “andar com fé”.
CAMINHO DE PEABIRU
Iguape é com certeza um dos destinos do lendário Caminho de Peabiru, que na língua tupi significa algo como “aberto a pé”. Ao que se sabe era uma rota utilizada pelos povos sul americanos para estenderam suas culturas entre os oceanos Atlântico e Pacífico, muito antes da chegada dos europeus no continente americano.
As pesquisas em dão conta que o caminho foi criado pelos povos incas de Cusco, no Peru, que se embrenhavam pela mata densa até a região da cidade paulista de São Vicente, num percurso de aproximadamente três mil quilômetros.
Alguns relatos históricos informam que o caminho principal partia de Cusco e passava pelas regiões das atuais cidades de Assunção, no Paraguai; Foz do Iguaçu e Ponta Grossa, no Paraná; seguindo então por terras paulistas pelas cidades de Botucatu, Itu e São Paulo, terminando em São Vicente.
Especula-se, ainda, que outros ramos desse caminho original, a partir da cidade de São Paulo, seguiam em direção de Iguape e Cananéia, assim como outras ramificações tinham ainda como destino a região de Florianópolis, em Santa Catarina, estendendo depois até ao Rio Grande do Sul.
Curiosamente há consenso que o trecho do Caminho de Peabiru em terras brasileiras era conhecido como Trilha dos Tupiniquins, e passava por lugares famosos da capital paulista como o Pátio do Colégio, a Rua Direita, o Vale do Anhangabaú e as Avenidas Consolação e Rebouças.
Nesse contexto, não é demais especularmos que não foi por acaso que muitos lugares e cidades foram fundadas onde estão hoje, já que há referências anteriores nesse vasto caminho que cruzava a América do Sul de alto a baixo.
Se um dos objetivos da construção desse caminho era o cunho espiritual do povo Inca, além do intercâmbio com a costa atlântica, o percurso percorrido de forma inversa possibilitou a chegada em Cusco por outros povos, o que acabou pondo em risco aquelas cidades, com toda sua riqueza cultural e material.
E tal assertiva veio rapidamente a acontecer. A primeira referência da existência desse caminho temos pela pena de Aleixo Garcia, náufrago português que, em terras brasileiras, comandou em 1524 uma expedição com índios guaranis e carijós, promovendo o saque de ouro, prata e estanho do território Inca, muito antes da grande invasão espanhola de 1533.
Pelos relatos da história oficial pudemos aferir, também, que o comandante Martim Afonso de Souza, fundador de São Vicente, só se fixou naquelas plagas pois dispunha de informações sobre riquezas a ser encontradas no fim daquele enigmático caminho, possivelmente com amostras dessas riquezas utilizadas quase que ingenuamente por nativos daqueles tempos.
Já a conquista e destruição total do Império Inca foi fruto de um empreendimento espanhol liderado por Francisco Pizarro, que mobilizou suas forças em direção à Cajamarca.
Em resumo bem resumido, quando as forças espanholas chegaram o representante do Império Inca resolveu recebê-los e, após um desentendimento, seguiu-se um grande massacre de incas.
Segundo consta esse desentendimento teria sido originado pela exigência do padre que seguia com a expedição de Pizzaro, para que o líder Inca se convertesse ao cristianismo. A recusa levou os espanhóis a atacarem os incas e aprisionarem seu líder, exigindo ouro e prata para sua libertação.
No entanto, mesmo “recebendo o resgate” Atahualpa (o líder Inca) foi excetuado, tendo então os espanhóis conquistado a capital do Império Cusco e, posteriormente, a cidade de Quito.
Muitos estudos têm sido encabeçados com o objetivo de documentar vestígios do Caminho de Peabiru por terras brasileiras, porém, somente algumas reminiscências foram até agora localizadas em matas fechadas.
O que se verificou foi que esses caminhos tinham algumas características próprias: apresentar largura de aproximadamente 1,40 metros e um rebaixamento de seu leito em aproximadamente 40 centímetros.
Por incrível que pareça, todo esse percurso de aproximadamente 3 mil quilômetros era pavimentado com uma gramínea chamada puxa-tripa, bastante resistente e evitando que a mata encobrisse o caminho. Já em lugares mais difíceis e íngremes a rota era encoberta com pedras, algumas com inscrições rupestres contendo mapas e símbolos astronômicos de origem indígena.
Muita coisa tem sido escrita sobre o Caminho de Peabiru que nos acalenta o ânimo para conhecermos melhor esse enigma. Era um caminho espiritual que os Incas faziam como atualmente fazermos o Caminho de Compostela? Talvez uma rota de intercâmbio “comercial” com o Oceano Atlântico, no qual muitos aventureiros aportavam clandestinamente muito antes da descoberta oficial?
Porém, se temos a certeza irrefutável sobre sua existência, ainda nos falta muito para conhecermos o real trajeto e seus objetivos, cabendo-nos embrenhar nos livros específicos e aventurarmos nos locais indicados para compreendermos melhor.
A CIDADE
A área urbana do município é toda plana e está encravada entre a Serra do Mar e o Mar Pequeno, porção de água marinha que divide Iguape de Ilha Comprida.
RODANNDO EM IGUAPE
Lateralmente a cidade se expande ao nordeste até a Barra do Una, na divisa com Peruíbe, embora boa parte desse território seja a Estação Ecológica Juréia Itatins. Ao sudoeste segue margeando o Mar Pequeno até a divisa com Cananéia.
O centro urbano de Iguape é literalmente dividido ao meio pelo Valo Grande, que descreve uma transversal norte/sul, mantendo a direita o centro histórico e à esquerda o Bairro do Rocio.
A transposição de pessoas entre as duas metades de cidade se dá pela passarela para pedestres junto ao Mar Pequeno, ou pela ponte junto das comportas do Rio Ribeira do Iguape, a cerca de 2,5 km do Mar Pequeno.
A predominância no centro histórico é a quantidade do rico casario da era colonial, grande parte em total abandono ou mal cuidadas. Ruas estreitíssimas, pavimentadas de pedras e com protetores que impedem veículos de grandes proporções no centro histórico, são outras peculiaridades da cidade.
Apesar da riqueza dos tempos áureos, ao contrário das cidades mineiras Iguape tem poucas igrejas desses idos tempos, podendo ser consideradas a pequenina Igreja do Rosário, a duas quadras dos fundos da Basílica, e a Igreja de São Benedito, também a duas quadras da Praça da Basílica.
Transitar pelas ruas principais requer cuidados especiais com pedestres e principalmente com a altura das sarjetas, normalmente feitas em granito e que podem danificar seriamente veículos mais baixos, durante manobras ao estacionar.
NOSSA VIAGEM
Viajar para Iguape tem sido constante para nós há mais de trinta anos. Muitas fotos, vídeos e história trazemos desses tempos, algumas que jamais se apagarão de nossas memórias.
Em várias oportunidades tivemos como destino a Barra do Ribeira, no nordeste do município e encravada entre os rios Ribeira do Iguape e Suamirim e o Oceano Atlântico, e sequer fomos até o centro histórico de Iguape.
Outras vezes fizemos o oposto e permanecemos na área urbana de Iguape, indo e vindo para a Ilha Comprida em busca de suas praias.
Pousadas, pensões e bons hotéis, assim como uma farta rede de lanchonetes, restaurantes e sorveterias não faltam por lá e em cada viagem acabamos nos servindo de um desses lugares.
RODANDO PELAS RUAS CENTRAIS DE TRANSALP 700CC
Rodar pelo centro histórico, seja de motocicleta, como o fizemos dezenas de vezes, ou de automóvel, nos remete instantaneamente ao passado, principalmente quando vemos a magnitude do casario ali existente, ainda que hoje boa parte relegado ao ostracismo.
Passar algum tempo no antigo mercado, ao lado do também antigo e hoje inexistente Porto Marítimo, proporciona momentos de belo prazer. O local hoje abriga uma Associação de Artesãos que expõem e vendem diariamente suas obras de arte ao visitante.
Passeando pelas adjacências pudemos ver e até mesmo adentrar em antigos lugares cheios de histórias, que parece que revivem com nossa presença. Um deles foi o Hospital da Santa Casa, hoje abandonado e até perigoso de se entrar.
RODANDO PELAS RUAS CENTRAIS DE IGUAPE DE DRAG STAR 650 CC
Outro passeio imperdível, embora a cada dia que passa o percurso esteja mais abandonado e perigoso, é a subida ao Morro do Espia, com a imagem do Cristo Redentor abraçando a cidade. A vista panorâmica de Iguape vale o passeio e o lugar servia de gurita nos tempos coloniais, avisando eventuais invasões piratas.
Seguindo em direção oposta e passando novamente em frente do antigo mercado, vamos chegar “na foz do Valo Grande” (se assim podemos dizer) junto ao Mar Pequeno. Nesse ponto está a passarela em arco que une o centro histórico com o Bairro do Rocio.
Do alto dessa passarela podemos ter uma visão privilegiada de parte da cidade, nos chamando a atenção as ruínas de uma antiga fábrica de processamento de pescados, pertencente a empresa de Francisco Matarazzo.
De volta ao nosso roteiro costumamos seguir o Valo Grande até a barragem junto a ponte que dá acesso ao Rocio, num percurso de aproximadamente dois quilômetros. Nesse passeio junto ao Valo Grande podemos ver claramente o que a ganância do ser humano provoca no meio ambiente e, indiretamente, ao próprio ser humano.
Ao lado da ponte está a barragem que seria para conter a fúria do Rio Ribeira em suas cheias, mas que pouco ajuda na reparação do dano ambiental já perpetrado. Esse complexo fica próximo a Praça do Imigrante e da graciosa capela de São João.
COMO CHEGAR
Para o visitante que partir da capital paulista o percurso mais lógico é rodar pela Regis Bittencourt (BR-116) até pouco depois da cidade de Miracatu, derivando então à esquerda pela SP-222. Ao todo serão 200 km rodados.
O paranaense que partir de Curitiba em direção a Iguape também usará a Régis Bittencour (BR-116) para chegar em Iguape, porém, em sentido inverso. Num primeiro momento rodará pela rodovia até a cidade de Jacupiranga, num percurso de 185 km, devendo derivar então à direita pela SP-222 em sentido a Pariquera-Açu e depois Iguape. O trajeto completo será de 247 km.
Para aventureiros de outras localidades o ideal é a busca por um bom guia rodoviário, tendo como referência a BR-116 entre as cidades de Jacupiranga e Miracatu.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
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