O friozinho está chegando e não vemos a hora de aproveita-lo da melhor maneira possível. É evidente que nossa moto não iria ficar em casa, mesmo que caísse neve por aqui. Pensando nisso trouxemos ao leitor um roteiro tradicional para esta época do ano.
Não é a toa que Campos do Jordão, no nordeste de São Paulo, é considerada a “Suíça Brasileira”. Com um clima caracteristicamente frio em qualquer época do ano, ganha ares nostálgicos no nos meses de junho e julho, temporada principal da cidade.
É nessa época que Campos oferece um dos melhores festivais de invernos do Brasil, atraindo turistas do país inteiro e de algumas partes do mundo. Com suas casas típicas em estilo europeu e suas araucárias gigantes por todos os lados, é impossível não amar a cidade.
A VIAGEM
Deixamos São Paulo para curtir a baixa temperatura da Serra da Mantiqueira com uma Harley Davidson Heritage, de 1600 cc. A moto era ideal para esse percurso, já que o calor produzido por sua usina de força sob o banco, abrandaria o frio do lugar. Como para quem pilota “o maior caminho é sempre o menor”, decidimos viajar pela SP 050.
Com a pista simples que ziguezagueava as montanhas verdejantes, sempre para o alto e avante, pudemos apreciar as pequenas propriedades rurais que ganhavam ares bucólicos no alvorecer do dia. A impressão era de que as montanhas, imersas em densa neblina, estivessem cobertas por um veludo macio.
O ronco forte da Heritage não desapontava e contornamos as centenas de curvas deitando a gigante com imenso prazer: Cada curva era uma nova emoção. Nesta viagem desprezamos a “vidraça” original da HD, optando por sentir o vento gelado no rosto, sem os embaçados da bolha. Já os grandes alforges foram abarrotados de roupas e equipamentos.
Entre Taubaté e Campos pudemos dar uma paradinha em “Monteiro Lobato”, cidade linda e encantadora, apesar de minúscula. Foi ali, na Praça central, que tomamos um delicioso café da manhã em estilo colonial, que nos deu forças extras para a continuidade da jornada.
Poucas ruas compõem o centro histórico do lugar, embora em suas adjacências muitas coisas pode o turista ver, se dispuser de tempo suficiente para tanto. Isso mesmo, não são poucos os atrativos da cidade e estamos preparando uma matéria especial sobre essa encantadora região. Aguardem
A enorme custom continuou subindo as encostas encurvadas da Serra rumo ao nosso destino, a cidade mais alta do Brasil, a 1628 metros de altitude, o que faz dela também a cidade mais fria, com média de 8,1 graus centígrados, medidos pelo INMET (Instituto Nacional de Metereologia)
CHEGANDO
No alto da Serra cruzamos a placa indicativa de chegada à Campos, com uma pequena garoa fria em alguns trechos, apesar do céu azul a nossa frente. Pouco tempo depois já estávamos na Avenida principal da cidade, um pouco a frente do famoso Portal da Cidade, ponto turístico quase obrigatório de todo visitante.
Com os dois alforges abarrotados e uma mochila pesada sobre o banco do garupa, dirigimos diretamente para o recanto que nos aguardava: A pequena Pousada Saint Germain, no tradicionalíssimo Bairro do Jaguaribe. Construída nos moldes típicos dos chalés alpinos, não dispensava o telhado pontudo nem a lareira aconchegante.
Depois de guardarmos as motos tratamos de nos instalar em nossa suíte, ao lado dos aposentos privativos de sua proprietária e administradora, com quem pudemos travar inúmeras e animadas conversas durante toda nossa estadia na cidade. D. Sônia reside naquele recanto com seu filho, nora e neta.
Depois de tudo arrumado trocamos de roupas e saímos à procura do nosso almoço, ainda que bastante tardio. Na mesma Avenida principal da cidade, quase em frente a Estação Jaguaribe, fomos acolhidos no Sabor da Província, que nos serviu durante todos os dias que por lá ficamos.
A pedida foi a deliciosa: Truta ao Limone com suas guarnições especiais. O Sabor da Província mais parece um Bistrô, dado as pequenas dimensões e grande aconchego e, embora convidados por suas proprietárias para a estadia em Campos, apressamos para saborear delícia e deixamos as conversas para depois. O segredo da receita elas não revelaram.
NO MORRO DO ELEFANTE
Já se passavam das 15 horas quando terminamos a refeição e achamos melhor ficar apenas pelas redondezas, guardando os passeios mais distantes para os próximos dias. Aproveitamos os belos jardins da Avenida e decidimos visitar, logo depois, o “Morro do Elefante”, que nos oferece uma vista panorâmica inigualável.
Da Estação Emílio Ribas, no Capivari, ponto nevrálgico da cidade, era possível ver o teleférico levando e trazendo gente lá para o alto. Mas com as motos ao nosso alcance, preferimos mesmo subir com elas “no elefante”, contornando suas encostas cheias de curvas, do que nos arriscar naquelas “cadeirinhas voadoras”.
Conduzimos nossas motos pela rotatória “do cavalo” e fomos ver a cidade de um ponto privilegiado. A vista de Campos do Jordão lá do alto é simplesmente soberba. Lá temos uma dimensão exata de onde estamos, do que podemos explorar, da beleza da arquitetura e da natureza ao redor.
A tarde caia muito fria, como era de se esperar naquela época do ano, e não estávamos preparados convenientemente para tanto frio. Voltamos à nossa pousada para um banho quente demorado, só saindo de lá a noite, para curtirmos o que havia de melhor por lá: O Capivari.
NOITE NO BADEN BADEN
Motos aquecidas, roupas incrementadas com peças de lã por baixo, rumamos ao badalado Baden-Baden, no coração da cidade que fervilhava de gente bonita e bem disposta, cada qual curtindo a vida de seu modo especial. O termômetro marcava 5 graus de temperatura quando achamos um espaço para estacionar nossas motos.
Não pudemos deixar de experimentar uma caneca da famosa Baden-Baden Weiss, mais depois disso só ficamos no trivial, sem mais bebidas alcoólicas naquela noite. Um fondue de filé e outro de chocolate foi nossa refeição, regado agora com sucos naturais.
O frio intenso, misturado com neblina fria, fazia nossos ossos doerem por falta de costume. Mesmo assim caminhamos no início da madrugada entre vários lugares acolhedores, mas logo voltamos ao abrigo de nossa pousada, afinal, o dia seguinte estava reservado para muitas atividades.
Um último chá quentinho foi sorvido a contento antes de dormirmos. As noites no Saint Germain foram agradabilíssimas e a suíte nos aguardava sempre quentinha, pois antes de chegarmos alguém cuidava de ligar o aquecedor. A água quente em todas as torneiras também ajudava bastante.
ARVORISMO RADICAL
A manhã seguinte surgiu com muito sol, apesar do frio. Depois do farto café da manhã seguimos ao Horto Florestal da cidade, pois a ideia era curtir o arvorismo e a tirolesa entre araucárias gigantes. Seguimos por uma estradinha encravada nas montanhas por cerca de 10 km e depois entornamos por outra de terra, por cerca de 6km em precárias condições de conservação.
O trecho incluía muita lama e algumas pontes de madeira mal conservadas. Fazer “trilhas” com uma Harley não é muito comum e até dói nos proprietários mais ortodoxos, mas não choramingamos e pusemos a “bitelona” na terra. Em pouco tempo estávamos estacionando no bonito Parque Municipal de Campos do Jordão.
Uma equipe bem montada administra várias atividades radicais por lá, não só com o arvorismo no Horto, mas outras como a canoagem, rafiting, escalada, alpinismo, etc. em outros pontos da cidade. Não teríamos tempo para tudo isso e seguimos ao topo dos grandes pinheiros, ali mesmo.
Por falar em Pinheiro, pinheirais e araucárias, é bom lembrar que o pinhão é farto por lá nessa época do ano e, se quisermos experimenta-los sem miséria, é só abaixar e apanha-los: sobram no chão.
Por volta das 13 horas, depois de passearmos pelas belezas do Horto, como sua antiga serraria, deixamos o Parque com destino ao centro da cidade, pois o almoço nos esperava e não poderíamos fazer desfeita. Na verdade já estávamos aguardando com ansiedade para saber o que nos seria reservado como refeição naquele dia.
ENTRE OS PINHEIROS DO HORTO
O SABOR DA PROVÍNCIA
De volta ao nosso recanto gastronômico éramos aguardados com uma deliciosa feijoada Light, com costelinha de porco ao molho barbecue. É ruim ou quer mais? Era o prato do dia e muita gente estava lá para degustar essa gostosura. Mais uma vez não nos fizemos de rogados e tratamos de comer tudo com bastante entusiasmo.
Um sorvetinho especial de creme e calda com ameixas completou o repasto com perfeição. Depois daquele almoço não mais conseguimos fazer alguma outra atividade radical naquele dia. Reservamos o resto da tarde para curtir a parte central da cidade, onde pouca gente conhece.
O CAMPOS DO JORDÃO DO DIA-A-DIA
Campos do Jordão tem uma história bastante ampla e curiosa. Seus primeiros habitantes deram origem ao ciclo do ouro, que durou de 1703 a 1874. Dessa data em diante, depois da falência dos recursos minerais, começou o ciclo da cura, que se estendeu até próximo dos nossos dias, por volta dos anos 1940 e 60, quando um novo ciclo assolou a cidade: o ciclo do turismo.
A cidade tornou-se importante Estação de tratamento de tuberculose, o que lhe valeu grande preconceito aos seus habitantes e retardamento do desenvolvimento turístico. O primeiro sanatório foi construído em 1929 (Divina Providência), seguido pelo “São Paulo”, em 1930; do S-1, em 1931; e do S-2 em 1934. Já em 1935 foi construído o “São Vicente de Paulo”, para crianças.
Nas décadas de 30, 40 e 50 surgiram outros Sanatórios, mas com o controle da doença a cidade mudou de público: Os doentes deram lugar aos turistas. No entanto Campos do Jordão é mais que o Capivari e seu luxo ostensivo. A cidade tem seu dia-a-dia na região do Jaguaribe, onde funcionam o comércio geral, supermercados, bancos, lojas, etc.
OUTRA NOITE NO “CAPIVARI”
A noite realmente é uma criança e novamente deixamos a pousada para nossa segunda noitada em Campos do Jordão. Ou o frio já não era tanto quanto na noite anterior, ou já tínhamos nos habituados com ele. Não temos tanta certeza a respeito, mas voltamos à região nervosa da cidade em busca de algum lugar especial para jantarmos.
Dessa vez degustamos pizza com vinho numa cantina aconchegante, e depois passeamos por vários lugares durante a noite, conhecendo lojas especializadas em roupas de grife, próprias para o frio da região. Por indução (ou vício) acabamos comprando algumas coisas que certamente nunca usaremos.
FLORES QUE VOAM
O terceiro dia também amanheceu bonito, mas o sol estava meio acanhado e com previsão de mudanças repentinas. Durante o café da manhã conversamos com a proprietária da pousada, que nos sugeriu um lugar encantador que poderíamos ir sem problemas, e seria perto para voltarmos, se chovesse. Cancelamos nosso roteiro original e seguimos suas orientações.
Motos novamente preparadas, seguimos para o Borboletário Flores que Voam. O trajeto também é por uma estradinha simples de asfalto bem feito, serpenteando sob imponentes Pinheiros em flor, e depois por outra estrada de terra, de outros 6km, aproximadamente.
Mais uma vez a Heritage teve que se aventurar na lama e nos buracos, mas a estrada de terra batida estava em boas condições e em alguns minutos chegamos ao nosso destino. O imenso Parque particular tem como projeto principal a criação de borboletas de muitas espécies.
Antes do visitante adentrar no recinto ele passa por uma aula “obrigatória” sobre o funcionamento do Parque; sua forma de agir lá dentro; sobre a vida das borboletas e como elas agem; e o que esperar lá dentro, para que o visitante eventualmente não se frustre, esperando algum “espetáculo mágico” por parte dos insetos.
Caminhamos na imensa “gaiola” de rede com a administradora do Borboletário, que pessoalmente nos mostrava a particularidade de cada espécime; seus hábitos; suas origens; suas formas de reprodução e de se alimentarem. Mostrou-nos, ainda, os ovinhos postos, as larvas e as borboletas que viviam naquele imenso ambiente.
Passamos horas entre as conversas com a administradora; com as “aulas” antes de entrarmos nas câmaras especiais; nos laboratórios internos; na “cozinha” onde se preparam os alimentos dos insetos e, principalmente, entre as borboletas, verdadeiras Flores que Voam.
DE VOLTA À CIDADE
Deixamos o Borboletário por volta das 14 horas. Os estômagos já davam sinais de impaciência e estavam no aguardo da refeição do dia. Que estariam preparando para o almoço? Voltamos ligeiros para o centro da cidade num dia maravilhoso e de céu azul, contrariando todas as expectativas de chuvas.
O dia pedia massas e era isso mesmo que comeríamos. Nhoque de batatas recheado com mussarela de búfala, coberto com molho de tomate ao sugo e queijo ralado. Estacionamos nossas motos ligeiros e cuidamos da higiene pessoal antes de degustarmos algo tão lindo e gostoso.
Um sorvete de creme, contrastando com o quentíssimo strudell de maças e canela, coroou nossa refeição. Como a tardezinha já estava chegando, fomos dar um passeio no “bondinho” que serve a população local, e aproveitamos para conhecer a Estação do bairro.
Lá ficamos sabendo do passeio de trem até a cidade de Santo Antonio do Pinhal e fomos ligeiros reservar uma passagem para o dia seguinte. Não queríamos perder essa aventura. Passagem comprada, ficamos a contemplar as árvores que já perdiam suas folhas no inverno que se iniciava.
A noite desse nosso terceiro dia foi um tanto diferente e aproveitamos para curtir o mesmo Sabor da Província, mas agora numa situação nova. Lá, naquele misto de restaurante e Bistrô, funciona também o Cine Clube da cidade e, naquela noite, uma “fita” antiga estava prevista para ser exibida. Não perderíamos por nada.
Curtimos um bom filme em preto e branco da década de 40, enquanto apreciávamos um gostoso caldo de legumes e uma taça de vinho tinto. Inesquecível uma noite dessas, ainda mais num ambiente ultra selecionado, onde todos se afinavam no mesmo ideal da cultura e do bom gosto.
NO TOPO DA MANTIQUEIRA
O último dia de nossa permanência em Campos do Jordão rendeu um passeio muito legal, no trem turístico que faz o percurso entre Pindamonhangaba e Campos do Jordão. Na verdade não se trata de um trem, mas de uma litorina da EFCJ que faria o percurso parcial até a estação da cidade de Santo Antonio do Pinhal.
Pequena e quase esquecida na Serra da Mantiqueira, a encantadora Estação Eugênio Lefèvre é um misto de casa de artesanato, lanchonete e venda de guloseimas especiais. O ponto culminante desse passeio é a Parada Cacique, a 1743 metros de altitude.
Nesse ponto da ferrovia, considerado o mais alto do Brasil, a visão é magnífica e estonteante, podendo se avistar ao longe todo o vale do Paraíba, bem como a Pedra do Baú, que já pertence a cidade de São Bento do Sapucaí.
O passeio durou quase o dia todo. Na parada junto a Estação Engenheiro Lefèvre a composição aguarda que os visitantes se sintam livres por cerca de duas horas pelas redondezas, antes de retornar à Campos do Jordão. De seu mirante avistávamos a estrada de acesso à cidade, assim como os municípios de Pindamonhangaba e Taubaté.
Retornando do passeio fomos direto ao nosso refúgio para o descanso merecido, já que não nos contentamos em apenas passear de trem e acabamos abusando um pouco mais nas trilhas pela região de Santo Antonio, nas imediações da Estação Lefèvre, já que os lugares eram fantásticos por lá.
DESPEDINDO DA “SAINT GERMAIN”
Não saímos naquela noite, aproveitando para cuidar das coisas para a viagem de volta no dia seguinte. Convidados por Dona Sônia, curtimos um chá quente com biscoitos na sala principal da Pousada Saint Germain, com direito a lareira acesa e tudo mais. Entre os goles dos chás e os “croks” dos biscoitos, colocamos a conversa em dia, o que era sempre muito prazeroso.
A volta se daria pela manhã, mas o dia amanheceu sob um aguaceiro tremendo, o que nos fez esperar um pouco mais para retornarmos. Não que a chuva nos tivesse causado medo da viagem, mas ficar em Campos do Jordão por mais um dia não era sacrifício algum.
Tomamos nosso café da manhã enquanto a chuva dissipava e aproveitamos para refazer nossas “malas” com mais cuidado, deixando reservadas as capas de chuvas que certamente usaríamos. Com a presença da pequena neta de D. Sônia, aproveitamos para estender as conversas por mais tempo.
O tempo passou ligeiro e a chuva parou, dando lugar ao tempo nublado. Despedimos de todos por volta do meio dia e, por causa do horário resolvemos almoçar antes de partirmos e fomos logo cuidar disso, já com saudades da recepção que tivemos em toda nossa estadia.
O RETORNO
Deixando a pousada fomos direto ao Sabor da Província, não só para almoçarmos antes do retorno, mas também para nos despedirmos de suas proprietárias que nos acolheram por vários dias, sempre com um prato especial a nos esperar. Na despedida não foi diferente: estávamos sendo esperados com uma deliciosa Porpeta recheada, com arroz e fritas.
Satisfeitos que estávamos, ainda ganhamos de presente um bolo de pinhão ricamente embalado, produto nobre do estabelecimento, com o qual já ganharam vários prêmios de gastronomia. A receita? Nem pensar que elas nos passassem.
Se viemos à Campos do Jordão, dias atrás, sem pressa alguma, a volta seria mais rápida e ágil. Deixaríamos a cidade pela estrada principal e em breve estaríamos na Rodovia Carvalho Pinto, em direção da Capital, se tudo corresse bem.
E realmente no meio da tarde já desfrutávamos da Rodovia de volta, cruzando seus túneis iluminados. Já próximo da capital a chuva retornou forte fazendo-nos “ferver” no trânsito caótico da chegada à marginal Tietê. Que saudades de Campos do Jordão!!!
Para quem não conhece nossa Suíça Brasileira, o inverno está mal começando e dá tempo suficiente para uma esticadinha até lá. Que acham? Para os que já a conhecem, com certeza repetir a dose não é nenhum sacrifício…num verdadeiro inverno à brasileira.
Portal D Moto, trazendo sempre uma alternativa legal para seu passeio.
Gostou da matéria? Faça um comentário e envie-a aos seus amigos.
Não gostou? Envie-nos então suas críticas ou sugestões.
CLIQUE AQUI PARA VER TODAS AS FOTOS
CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte e Bruna Scavacini
conheça também: