Em homenagem aos 406 anos da cidade, em 02/02/2016, reeditamos a matéria sobre suas Grandezas. “Roma Brasileira”, “Cidade dos Exageros”, “Onde tudo é maior”, “Terra das grandezas”, “Berço de Prudente de Morais”, “Berço da República”, “A boca do Sertão”. “Ouro Preto paulista”, são codinomes que a cidade de Itu recebeu ao longo dos anos. São tantos os apelidos que alguns deles são até antagônicos entre si, como: “A fidelíssima” e “Terra da Convenção”.
UM POUCO DA HISTÓRIA DE ITU
O título de “fidelíssima” foi dado por D. Pedro de forma a expressar que o povo que se submetia com prazer ao regime monárquico em vigência, o que, evidentemente, contradiz com o da “Terra da Convenção”, pois foi justamente em Itu que se deu o pontapé inicial para a proclamação da república e banimento do Imperador.
Itu fica bem perto de São Paulo, o que faz com que quase todo motociclista já a conheça nos famosos “bate e volta”, quer rumando pela Rodovia Castelo Branco, Marechal Rondon ou, principalmente, Rodovia dos Romeiros, que margeia o Rio Tietê num emaranhado de curvas e beleza, que aumenta o prazer de pilotar.
Fundada em 1610 pelo bandeirante Domingos Fernandes e seu genro Cristóvão Diniz, já foi a cidade mais rica do estado e, ainda antes do descobrimento do Brasil, era um dos pontos de interseção do Caminho de Peabiru, que ligava o litoral sul brasileiro ao povo Inca das cidades de Cuzco e Machu Pichu, no Peru.
Na história pré colombiana os povos Incas construíram um Caminho de mais de 3 mil km, descendo do Peru pela Bolívia, Paraguai e entrando no Brasil por Foz Iguaçú. De lá o caminho vinha até Itu e então se dividia em direção de São Paulo ou de Sorocaba.
Entre os anos de 1531/32 esse caminho foi percorrido por conquistadores. Francisco Pizarro, comandando espanhóis, chegou até Cuzco e, em 16/11/1532, dizimou seu povo e saqueou seus tesouros. Como se vê as cidades brasileiras não nasceram “por acaso”, mas já eram pontos fixos determinantes, numa época ainda primitiva.
Pelo que se acredita esse caminho de Peabiru foi aberto na mata fechada há cerca de 400 anos antes do descobrimento do Brasil. Era pavimentado em alguns trechos com pedras e em outros com uma gramínea especial que não cresce muito e não deixa o mato ou arvores invadirem o local onde está plantada.
Ainda existem trechos desse caminho que podem ser visitados na região de Iguape, Cananeia e cidades vizinhas. Nesses foram encontrados “monumentos” de pedras com ou sem inscrições, assim como depósitos de sambaquis mais próximos da região praiana.
AS NOVAS “GRANDEZAS”
Hoje as pessoas não dão tanta atenção à história e o Brasil vive uma crise de identidade sem precedentes. Não temos mais vultos históricos ou líderes cultos em nosso país e, quando deparamos com alguma cidade histórica, como Itu, ou com seus vultos mais famosos, taxamo-os de piegas.
A imensa massa de turistas vão hoje para Itu para se deliciarem como sorvetão de quase um litro; para comprarem lembranças exageradas como canetas, pentes, camisinhas, etc, para se fotografarem ao lado do Orelhão ou do Semáforo, e a cultura fica cada vez mais relegada a gozações. Ser inculto “é o que há”.
Parece que a febre maior do brasileiro é viajar para o exterior e gabar de lá trazer muitas histórias para contar, com desusado prazer, sobre os monumentos, as pessoas, os pontos turísticos, os costumes, como são preservadas as peças arqueológicas, etc. Mas aqui…
Itu é um dos poucos municípios paulistas que são considerados pelo governo do estado como “Estância Turística”. Com isso tem a cidade o privilégio de verbas especiais para o incremento do turismo. No entanto, quando fizemos essa matéria a cidade padecia há meses sem água nas torneiras. Até prédios públicos precisavam ser abastecidos com caminhões. Como receber o turista então?
ATRAÇÕES TURÍSTICAS
Cruzeiro de São Francisco
No antigo largo de São Francisco, atual Praça Dom Pedro I, há um cruzeiro em granito rosa cuja construção é atribuída ao Frei Antônio de Pádua. É a única memória que resta do imponente Convento e da Capela de Ordem Terceira dos Franciscanos, incendiado criminosamente em 1907. Estima-se que tenha sido erigido entre os séculos XVII e XVIII.
Casa Imperial
A Casa Imperial fica exatamente a frente desse cruzeiro e é hoje um edifício residencial de grande porte, na qual se hospedou a família Imperial em 1884, nas suas viagens à Itu, uma das cidades mais importantes do Brasil. O casarão já sofreu várias reformas e, antes de se transformar nesse monumento histórico, serviu como ponto comercial popular.
Fábrica São Luiz
No outro extremo dessa mesma praça, num conjunto de vários prédios, inclusive onde funcionou o antigo Convento Franciscano incendiado, funcionou a Fábrica São Luiz, fundada em 1869. Na época era a mais moderna do estado, a primeira a funcionar com vapor. Parte desse equipamento ainda está a salvo do tempo e pode ser visitado pelo turista. Lá funcionam várias lojas.
Quanto à essa indústria tomo a liberdade de fazer uma ressalva pessoal. Quando nasci minha mãe trabalhava nessa fábrica. Era uma das poucas no Brasil que mantinha uma creche impecável para os filhos das funcionárias, que podiam deixar o trabalho, de tempo em tempo, para amamentarem. Meu primeiro ano de vida foi vivido entre seus muros. (Rua Paula Souza, centro)
O Museu Republicano fica ao lado da Igreja da Matriz, na Rua Barão de Itaim. Na verdade é um departamento do Museu Paulista (Museu do Ipiranga, em São Paulo). Foi nesse casarão que nasceu no Brasil o Ideal republicano, com a famosa Convenção Republicana de Itu. (Rua Barão do Itaim, centro) VER MAIS
Espaço Almeida Júnior
Esse casarão antigo, construído por barões ituanos na Rua Paula Souza, hoje é denominado Espaço Almeida Júnior e nele está sediado o Museu de Arte Sacra, o Museu Histórico Municipal e a Biblioteca Pública. Nesse mesmo prédio foi abrigado, há pouco tempo atrás, a famosa escola primária “Cesário Motta”. (Rua Paula Souza, 664, Centro Histórico)
Museu da energia
Este sobrado, com azulejos portugueses de 1847, sediou a primeira companhia de distribuição de energia elétrica na região, a Companhia Ituana Força e Luz. Após diversos usos, em 1998 passou a integrar o acervo da Fundação Energia e Saneamento. Foi restaurado para adquirir suas características originais de arquitetura urbana do século XX e inaugurado em 14 de dezembro de 1999. (Rua Paula Souza, 669)
Antigo Colégio São Luiz – (Quartel)
O Quartel de Itu conta com um dos mais belos conjuntos arquitetônicos da cidade. Construído pelos Jesuítas, em 1867, para ser o Colégio São Luiz, foi ocupado pelo exército em 20/01/1918. O citado colégio “deixou a cidade grande de Itu”, para utilizar-se de um “sítio” na Av. Paulista, capital de São Paulo, entre as ruas Augusta e Consolação, onde ainda permanecem.
Possui um pátio interno amplo e bem preservado, com largos corredores que remontam ao passado. Uma bela igreja e um pequeno museu do 2º GACAP – Regimento Deodoro – fazem parte do local. Essas visitas comumente devem ser agendadas com antecipação. (Praça Duque de Caxias, 284, centro)
Itu também é conhecida como “Roma Brasileira” e não é para menos. Aqui se abriga o melhor do barroco paulista. Igrejas belíssimas como a Matriz da Candelária e outras tantas são verdadeiras relíquias em termos de arte. Particularmente a Matriz da Candelária, construída em 1780, é toda gravada em ouro e tem um acervo artístico impressionante, mas passa atualmente por uma grande reforma. (Praça Pe. Miguel, centro) VER MAIS
O início da construção do convento se deu em 1719. A igreja e seminário só ficou pronta em 1774. Todo o conjunto ocupa quase um quarteirão inteiro a poucos metros da Matriz. A pintura do teto do altar mor e muitas de suas obras são creditadas ao Padre Jesuíno de Monte Carmelo (!), que chegou em Itu em 1781. Já as esculturas fantásticas são atribuídas a um artista do Rio de Janeiro. (Praça da Independência – Centro) VER MAIS
Igreja e Santuário do Bom Jesus
A Igreja do Bom Jesus fica exatamente ao lado da Fábrica São Luiz. Num espaço de três quarteirões em linha reta, temos também a Igreja da Matriz e a do Carmo. Foi edificada em 1765 e mantém anexo o Santuário com seus vitrais que filtram a a luz com matizes policromáticos. É uma obra de arte de rara beleza, que não pode ser esquecida. (Praça Padre Anchieta, centro) VER MAIS
Igreja e Colégio do Patrocínio
A Igreja foi de iniciativa dos Padres do Patrocínio, em louvor a abolição dos escravos. Todo o projeto e construção coube ao Pe. Jesuíno do Monte Carmelo. Foi concluída em 1821. O Colégio, por sua vez, foi inaugurado em 1859 e, desde seu início comandado pela Madre Marie Theodore de Voiron, que contava com apenas 23 anos de idade. ( Praça Regente Feijó, 172 – Centro) VER MAIS
Capela de Santa Rita
A pequenina Igreja Santa Rita foi construída em 1728 e ainda conserva boa parte de sua originalidade. Ao contrário das outras igrejas, sua praça fica “aos fundos”, onde não existe mais o bebedouro de animais em sua parede posterior. É a construção mais antiga do centro de Itu, abrigando, em seu interior, a imagem de S. Rita de Cássia. (Rua Santa Rita X Rua 7 de Setembro, centro)
Igreja de São Benedito
Sua construção começou em 1908, logo após o incêndio que destruiu o Convento de São Francisco, e só terminou em 1928. Seu acervo de artes retrata, em figuras barrocas, a histórica procissão de Cinzas daquela cidade, que existiu a partir de 1807. Já naquele tempo as imagens encomendadas para a procissão eram grandes demais e chegaram a assustar os fiéis (coisas de Itu). R. Santa Cruz, 600 – Centro.
Santa Casa
O prédio, construído em 1867 e reformado com esmero no começo de 2014, foi a primeira Casa de Saúde de Itu, abrigando em sua inauguração o Hospital e capela São João de Deus. Os serviços de enfermagem naquela época ficavam com as religiosas. Em Itu, quem assumiu a responsabilidade foram as irmãs de São José, vindas da França. (Rua Joaquim Borges, 372, centro)
TURISMO MODERNO EM ITU
Realmente aconteceu: O festival belga de música eletrônica Tomorrowland teve mesmo uma edição em Itu. Esse evento de música eletrônica aconteceu nos dias 1, 2 e 3 de maio de 2015. Foram seis palcos e cerca de 150 atrações. Foi a primeira vez que esse evento ocorreu no Brasil. VER MAIS
Kartódromo
Antigamente chamada de Arena Schincarioll, é um dos mais conhecidos kartódromos do interior paulista, por onde já passaram muitos pilotos famosos como Nelson Piquet e Rubens Barrichello. Sempre foi lugar voltado aos eventos com motor, tanto de karts como de motos. Ao lado existe uma pista de motocross e área de eventos muito utilizadas.
Hoje, sob o comando da Brasil Kirin, continua atraindo multidões nos variados eventos motorizados e até encontros motociclísticos. Com seus boxes bem montados, segurança médica e mecânica, escola de pilotos e lojas de peças para karts, uma visita é imprescindível. (Estrada do Canguiri s/n, atrás da fábrica da Schin)
Orelhão
O Orelhão, com sete metros de altura, é o maior responsável pela fama da cidade “onde tudo é grande”. Foi presente do então Ministro das Comunicações, Higino Corseti, nos anos 70. Em seu discurso disse: “O Brasil é grande, mas sei que Itu é maior”. Porém, a fama dos exageros partiu do comediante Simplício, no programa “Praça da Alegria”. (Praça Pe. Miguel, centro)
Semáforo Gigante
O gigantesco semáforo é outro ícone das grandezas Ituanas. Instalado em frente a Igreja Matriz, tem o tamanho dez vezes maior que um semáforo comum. Embora seja um ponto turístico, tem seu papel regular no trânsito de Itu, controlando a passagem de “todos” os tipos de veículos.(!!!) –Praça Pe. Miguel, centro
Estouro do Judas
O domingo de Páscoa ainda guarda essa triste comemoração na Praça central de Itu. É uma homenagem à intolerância. Há dois mil anos Judas Iscariotes tem sido achincalhado por ter traído Cristo que, sempre foi a fonte maior do perdão. Numa forca improvisada a figura de Judas é pendurada pelo pescoço, enquanto no outro extremo da corda está a figura característica de Satanás. As imagens são em tamanho natural e recheadas de bombas.
Um “varal explosivo” vai sendo detonado ritmicamente até alcançar as figuras da forca, que “se abraçam e explodem”, sob os apupos frenéticos de uma platéia alucinada. Esse espetáculo dantesco já causou muitos ferimentos ao longo dos anos, mesmo assim a multidão, como no tempo de Jesus, aglomera-se indiferente ao perigo, com um só pensamento: vingança ao traidor.
Se Jesus estivesse presente (e o está sempre), certamente usaria suas mãos para cobrir os olhos de vergonha dessas atitudes. No entanto: Viva o circo, pois o samba rola solto logo depois do “espetáculo”. (Praça Pe. Miguel, centro)
Parque do Varvito
O Parque está encerrado numa área de aproximadamente 2 alqueires, quase as margens da rodovia SP075. O varvito é tipo de rocha sedimentar única, formada pela sucessão repetitiva de lâminas ou camadas, cada uma delas depositada durante o intervalo de aproximadamente um ano e ali estão dispostas há aproximadamente 300 milhões de anos.
No local há estacionamento gratuito, lanchonete, alguns galpões para estudos e um anfiteatro ao lado das rochas sedimentárias. Há locais onde se podem verificar, sob os pés, fósseis de pequenas plantas e animais, bem como lagos, playground, alamedas floridas e bosque tranquilo, se a ideia for passear, curtir a natureza, sentir o frescor das plantas e o cantar dos pássaros ao som de pequena cascata. (Rua Parque do Varvito, 4210 – Pq N. S. Candelária)
NOSSAS DICAS
Onde comer? Restaurante e Pizzaria Meninos
Praça da Independência, 224, centro, Itu/SP – fone (11) 4013-1768 -4022-0850
Se Ribeirão Preto é a terra do Chopp, Itu é a da Parmegiana. Esse suculento prato, feito preferencialmente com o filet mignon bovino, em Itu ganha características novas com seu preparo com as mais diferentes carnes, ou ainda com legumes especiais, como a beringela. Já experimentou um rodízio de Parmegiana? Não sabe o que está perdendo e o lugar certo está na frente da Fonte Luminosa de Itu. VEJA MAIS
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CRÉDITOS
Texto, pesquisas e imagens: Marcos Duarte
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(*) Agradecimento especial aos MENINOS, pelo valioso apoio para a conclusão deste trabalho.
BIBLIOGRAFIA:
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