24/10/2018
Nosso City Tour da vez aconteceu na cidade paranaense de Jaguariaíva, quase na divisa com o Estado de São Paulo, e que conta com quase 35mil habitantes.
COMO CHEGAR
Para se chegar na cidade, partindo de Curitiba, o melhor caminho ao aventureiro é seguir em direção de Ponta Grossa, pela BR-376 e, a partir daí, pela PR-151. Serão 232km de boas estradas.
Já para quem parte da capital paulista há algumas alternativas, mas o percurso mais rápido é seguindo por Sorocaba, Itapetininga, Capão Bonito e Itararé. A partir de Itararé atravessamos a fronteira com o Paraná e rodaremos por mais 58km para chegar. Ao todo serão 400km de aventuras.
HISTÓRIA
O nome difícil de pronunciar vem do tupi-guarani “Tyaguariahibá”, que significa “Rio da onça brava”. Por falar em rio, esse rio que dá nome à cidade nasce no município vizinho de Piraí do Sul e tem sua foz no Rio Itararé, na divisa com o Estado de São Paulo.
O Cânion formado por ele é considerado o 8º maior do mundo em extensão, com suas extremidades nos arredores das cidades de Ponta Grossa, no Paraná, e Itapeva, em São Paulo.
O Portal D Moto já apresentou matéria exclusiva no extremo norte desse cânion, que expõe formações rochosas de magnífica beleza na cidade de Nova Campina, que podem ser observados pelos mirantes do Estreito, da Borda, do Macaco, do Cedro, entre outros tantos.
Também já apresentamos matéria em região ao sul de Jaguariaíva, no Cânion de Guartelá, no município de Tibagi, que também faz parte desse imenso corredor deixado desde outras eras geológicas, com mais de 240km de extensão.
Toda a extensão desse imenso 8º maior cânion do mundo infelizmente não tem um nome próprio, como seria de se esperar, quiçá por picuinhas políticas dos governantes das cidades que são cortadas por eles. Realmente é um imenso retrocesso não podermos designar essa grandiosidade com um nome qualquer.
Só para o nosso controle, o trecho do cânion que passa por Jaguariaíva é composto por paredes de arenito que podem chegar a uma altura de até 80m e cujo relevo acidentado proporciona condições favoráveis para a prática de esportes de aventura, como canoagem e rafting, num percurso de aproximadamente 10 km, onde as corredeiras variam de classes II+ a III+, ideal para iniciantes e praticantes de nível intermediário.
A formação da cidade no ponto onde se encontra tem seus motivos, um deles é o fato de ficar no histórico caminho de Sorocaba, para onde tropeiros iam e vinham levando e trazendo consigo produtos, mantimentos, gado e tudo mais que as comunidades precisavam.
Jaguariaíva foi elevada a categoria de município em 05 de maio de 1908, contando hoje com 110 anos de existência.
A CIDADE
A cidade tem ares de “cidade grande”, com um centro comercial bem abastado e ostentando grandes lojas com produtos bem diversificados, fazendo que o munícipe não precise viajar para fazer suas compras em outras cidades.
Chegamos em Jaguariaíva num final de tarde, com ideia de pernoitarmos ali para conhece-la melhor no dia seguinte. Bons hotéis não faltam por lá e ficamos num deles, desfrutando da boa hospitalidade local.
Como o dia tinha sido muito corrido, resolvemos não sair naquela noite, pedindo o jantar em nossos aposentos, o que foi providenciado pela administração do hotel.
A manhã seguinte estava ensolarada, o que foi providencial para um tour proveitoso em toda cidade. Começamos pela praça principal, da Estação.
VÍDEO TOUR NA CIDADE
Por incrível que pareça a Igreja da Matriz não está na praça principal da cidade. Na verdade ela não fica sequer em uma praça, mas numa rua estreita e modesta nas imediações do centro comercial.
Tão modesta é a igreja que divide até a titularidade dos santos: Paróquia de São Francisco de Assis e de Santa Terezinha do Menino Jesus.
ESTAÇÃO
A antiga Estação Ferroviária, inaugurada em 1935, foi construída num prédio imponente. Se no passado cumpriu seu papel de referência na comunidade, exaltando o progresso, atraindo investidores e alavancando a economia local, hoje abriga outros interesses da comunidade. Diga-se de passagem que por lá passou a importante linha ferroviária Itararé/Uruguai,
Esse mesmo prédio, que até 2013 abrigou a Prefeitura do Município, hoje abriga o PROCON, a Assistência Judiciária Gratuita, o departamento Municipal de Habitação, o Conselho Tutelar e o Centro de Informações Turísticas.
Também abriga, no andar térreo desse edifício, um Memorial Ferroviário que visa preservar essa parte importante da história jaguariaivense.
FRIGORÍFICO
Houve um tempo que o sinônimo de grandeza industrial era ostentada pela IRFM (Industrias Reunidas Francisco Matarazzo), que tinha um grande frigorífico instalado ao lado oposto da estação, com trilhos especiais que se dirigiam para dentro dessa indústria.
Ao longo do tempo o frigorífico se tornou tecelagem, porém essa nova atividade também não deve ter sido das mais rentáveis, pois foi fechada em 1981 e seu prédio vendido para a empresa Caniê, que também fechou em 1995. Hoje o prédio pertence a prefeitura de Jaguariaíva.
PARQUE LINEAR
O Parque fica na parte oeste da cidade e chegamos até ele a partir de uma vereda graciosa ao lado da estação de trem. Na verdade, seguindo seus antigos trilhos.
Nesse trajeto seguimos, também, o rio Capivari, que passa pelo centro da cidade e vai desembocar no Rio Jaguariaíva, depois de suas últimas corredeiras junto ao Parque Linear.
O Lugar é uma imensa área natural para passeios, diversões e pic-nick de crianças e famílias, e lá podemos ver, ainda, uma queda d´água de grande beleza. Linda, mas com certeza perigosa para aqueles que quiserem se aventurar em suas águas sem os cuidados devidos.
Não há como negar. Criado para a recuperação do Rio Capivari é um verdadeiro cartão postal de Jaguariaíva e o visitante não pode dizer que conheceu realmente a cidade, sem ter conhecido o Parque.
SEM PRESSA
Rodando sem pressa pela cidade percebemos que todos os prédios públicos utilizam-se de construções antigas e históricas, devidamente recuperadas e adaptadas para, não só preservar o acervo arquitetônico, mas para cumprir as exigências atuais de segurança, acessibilidade, etc.
Como a família Matarazzo deixou vários legados no município, todos eles tem sido aproveitados de forma harmoniosa. O mais requisitado seria o edifício que serviu como frigorífico. Nele a transformação é evidente.
Lá funcionam, hoje, a Garagem e Oficina Municipal de Veículos Leves, a Escola de Música, o Departamento de Limpeza Pública, de Elétrica, de Arquivo e Patrimônio, a Usina do Leite, Agricultura Familiar, os almoxarifados central, da Saúde e Educação, e também um Cine Teatro.
À esse espaço foi dado o status de “Condomínio Matarazzo”, pois, além de abrigar as instituições acima, ainda loca espaços para empresas privadas.
Até mesmo o antigo palacete do Conde Matarazzo foi transformado no Museu Histórico Municipal, servindo de exemplos e lições à tantos municípios que constroem verdadeiros elefantes brancos, com tantos edifícios históricos definhando em suas praças e avenidas.
O TURISMO
O turismo jaguaraivense se sustenta muito mais fora de sua área urbana, e isso já pudemos notar na descrição do lugar de seu assentamento: No 8º maior cânion do mundo.
Se, no entanto, tudo parece convergir para os paredões, rios, cânions, etc, não percebemos na cidade atenção especial à esses turistas-aventureiros, àqueles que remexem a cidade com suas mochilas, seus veículos 4×4, suas bikes MTB, etc.
Embora tenhamos procurado, não achamos roteiros especializados de como chegar à esses espaços bucólicos, razão pela qual comentamos linhas atrás que, apesar de beleza do conjunto, os municípios não entraram num acordo nem mesmo para a nomenclatura desse “cânion gigante”.
Procuramos um meio de chegarmos à tais atrativos mas foi-nos colocado tantos obstáculos pelos populares, que somente alguém experiente poderia nos orientar, ou melhor, nos levar até eles, como aconteceu em Nova Campina/SP e em Tibagi/PR.
Soubemos de uma equipe que leva aventureiros para passeios e trilhas na cidade, mas não souberam dar as informações precisas de como acha-los, e olhem que não são poucos esses atrativos, muitos dos quais só pudemos conhecer por fotos e vídeos. Vamos ver?
RIO DAS MORTES
O trecho de prainhas e piscinas naturais formadas por esse rio talvez seja o ponto mais fácil para se chegar, no entanto não haverá um lugar para deixar o veículo, que ficará no acostamento da PR-151 que, além de proibido, põe em risco a vida de muitas pessoas que trafegam por lá.
As motocicletas conseguem encontrar algum espaço sobre o gramado para estacionarem e, dependendo da experiência do piloto, até mesmo algum lugar mais protegido. Porem, os automóveis, pick-ups, etc., não terão essa facilidade.
Mas quanto a beleza do lugar nada há de se colocar de reparo. Passamos lá por volta das 16h mas não ficamos com coragem de explorar o entorno. Primeiro por não conhecermos os “pontos” certos do rio onde aventurar-se; segundo, por não sabermos, sequer, de qual dos lados da estrada seguir, pois há uma ponte nesse trecho do rio.
O que soubemos foi que lá poderíamos relaxar nas piscinas de águas naturais, nas corredeiras e bancos de areia que se transformam em pequenas praias, que tudo lá é perfeito para um dia de lazer com a família, evidentemente se conseguirem chegar lá.
PARQUE MUNICIPAL LAGO AZUL
Soubemos que fica a 9km da cidade, que fica ao lado do rio Jaguariaíva, que tem fabulosas cachoeiras do rio Lajeado Grande (Véu de Noiva, Andorinhas e Lago Azul), que parte do percurso é por trilha de terra batida, mas não tivemos oportunidade de embrenharmos nessa aventura.
O Parque Municipal do Lago Azul é parte integrante do Parque Estadual Vale do Codó e fica coladinho ao centro da cidade.
PARQUE DO CODÓ
O acesso oficial ao PEVC pode ser feito pelo km 211 da rodovia PR-151, nas imediações da cidade, num trecho de terra batida de 3km que segue até a Usina Nova Jaguariaíva, ao lado esquerdo do rio Jaguariaíva e na altura do Parque do Lago, que fica do lado oposto.
“São objetivos específicos do PARQUE a preservação de campos nativos, campos rupestres, cerrado e ecossistemas associados, além dos remanescentes de Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de Araucária, as paisagens de alto alcance e os mirantes naturais com grande amplitude visual, os recursos hídricos, em especial as quedas d’água e cachoeiras, as fontes e nascentes, os paredões e afloramentos de arenito relictos da Era Devoniana, o Canyon do Rio Jaguariaíva, bem como a integração entre o Primeiro e o Segundo Planaltos do Paraná através de Corredor de Biodiversidade que possibilite o fluxo gênico, o trânsito da fauna silvestre e a salvaguarda dos pontos de parada e reprodução da avifauna”. (texto oficial do site do PEVC)
É lá que estão os famosos cânions de Jaguariaíva, formado pelo Rio Lajeado Grande e que possui 450 metros de extensão e desnível de 50 metros. O cânion ocorre próximo de sua foz no rio Jaguariaíva.
UM VÍDEO QUE MOSTRA O PARQUE DO CODÓ
PARQUE ESTADUAL DO CERRADO
A bem da verdade Jaguariaíva está entranhada entre vales de rara beleza e significado, tais como o Parque do Codó, em seu lado leste e sudeste; a APA da Escarpa Devoniana, em seu lado oeste, sudeste e noroeste; e o Parque do Cerrado, que fica ao norte, estendendo-se até a cidade de Sengés, na divisa com São Paulo.
O acesso pode ser feito pelo início da PR-092, que segue para Arapoti, ou pela região central da cidade, pela Rua Leandro Machado, que passa ao lado do Cemitério Municipal. São aproximadamente 15km até o Parque por qualquer dos percursos.
Segundo o site oficial, o parque funciona de segunda a sábado das 6h as 17h, somente para grupos organizados e previamente agendados. Veja regras no site oficial.
Sua função, como Parque, é preservar remanescente de campos cerrados, ecossistema típico e em vias de extinção, bem como locais de excepcional beleza cênica, como cânions e cachoeiras.
Antes de sua criação, em 1992, era comum no lugar a queima de grandes áreas para dar lugar a pasto de gado, o que mudava as características do cerrado.
O Parque do Cerrado tem 420,40 hectares e foi criado pelo Governo do Estado do Paraná, exatamente entre o Ribeirão Santo Antônio e o Rio Jaguariaíva, em altitudes que variam de 900 a 800 metros ao nível do mar, chegando à cota de 750 metros ao nível do cânion do Rio Jaguariaíva.
Faz parte de suas atrações, além da beleza natural de cerrado, várias trilhas e o mirante que nos faz contemplar o cânion do Rio Jaguariaíva. As trilhas também dão acesso à cachoeira do Ribeirão Santo Antônio, com formações naturais em rochas areníticas, onde pode-se apreciar as corredeiras e pequenas quedas e, ainda, uma cachoeira de 40 metros de altura.
Como nem todas essas maravilhas puderam ser contempladas por nós num único dia de estadia na cidade, estamos empenhando nossos esforços para retornarmos, o mais breve possível, para visitarmos pessoalmente cada uma dessas maravilhas da natureza, que insistem em se fazer presentes, apesar da depredação que o ser humano tem lhes proporcionado ao longo dos anos e no mundo inteiro.
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Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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Agradecimentos especiais:
À empresa MTT FILM’S e MottaNet, pela autorização de uso do vídeo do Parque do Codó;
À Sra. Érica Milek, funcionária da Secretária de Turismo da cidade, pelo grande apoio que nos deu nesta matéria; e
À Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Jaguariaíva, na pessoa do seu diretor Ézio Júnior, que nos cedeu o direito de usar nesta matéria imagens dos principais parques da cidade, algumas de sua própria autoria.
A empresa que proporciona passeios em jaguariaiva se chama adventurous friends, vale a pena conhecer 😉