16/06/2019
Nesta edição do City Tour apresentaremos a cidade de Joanópolis, na divisa com Minas Gerais e considerada a capital do Lobisomem. É só vendo para acreditar.
COMO CHEGAR
O trajeto é moleza pura para quem partir de São Paulo ou de Belo Horizonte, pois a Rodovia Fernão Dias serve de primeiro acesso para ambas.
No primeiro caso o caminho até Joanópolis é bem mais curto (118km); e no segundo bem mais longo, requerendo mais de 506km de estradas ao mineiro que partir da capital do Estado.
A referência comum é a cidade de Vargem/SP, na divisa entre os estados. Mas o trajeto a partir da Fernão Dias até o destino é de apenas 19km.
Já o carioca, que partir da cidade do Rio, rodará praticamente o mesmo que o mineiro que venha de BH: 500km. Nesse caso o trajeto mais rápido será pela Rod. Pres. Dutra, até Jacareí, seguindo então pela Rod. D. Pedro I, até a Rod. Fernão Dias, nas cercanias da cidade de Atibaia. Desse trecho em diante serão 50km até Joanópolis.
RUMO À JOANÓPOLIS
HISTÓRIA
O povoamento que deu origem a cidade começou a se formar entre os anos de 1730 a 1740, sendo denominado, no princípio, como Bairro ou Arraial de Jacareí, cuja sede estava nas proximidades dos Rios Jacareí e da Cachoeira.
A ligação da localidade com São João Batista só se deu no final do século 19, quando os moradores ergueram uma cruz de madeira para comemorar a data do santo, no dia 24 de junho de cada ano.
Desse ato surgiu a primeira capela e uma denominação mais pomposa para o lugar: São João de Curralinho, nome esse que perdurou mesmo depois da emancipação da cidade, ocorrida em 19 de dezembro de 1906.
O nome atual, que não altera em nada os desejos de seus antigos idealizadores, só foi aposto ao município em dezembro de 1917, mesmo assim a tradução literal é “Cidade de João”.
Sua derradeira emancipação, agora oficialmente como Estancia Turística, só se deu recentemente, no dia 23 de janeiro de 2001, com a Lei Estadual 10.759.
Entre os nomes mais ilustres das famílias que foram responsáveis pelo desenvolvimento da cidade vamos encontrar o de Pedro Rodrigues de Oliveira, conhecido como Nhonho Preto, (nada a ver com o gorducho da série Chaves), que era filho do Alferes Manuel Preto.
Tão ilustre foi essa família que a famosa cachoeira encontrada na cidade, a maior do Estado de São Paulo, com 154 metros de altura, ganhou o nome de Cachoeira dos Pretos, sem qualquer referência a eventuais quilombos ou escravos negros na região.
Mas a história, as estórias e as disputas das famílias joanopolitanas não ficam só nisso, sendo assunto para vários compêndios e é o que decididamente não vamos abordar aqui.
A CIDADE
A pequena cidade, com seus 13mil habitantes, fica numa altitude de 906m em relação ao nível do mar, exatamente na divisa com as cidades mineiras de Extrema e Camanducaia.
Suas ruas principais são todas em paralelepípedos ou blocos travados de concreto, dando um charme todo especial ao seu centro comercial e entorno da igreja da Matriz.
Como os festejos de aniversário estão chegando, o clima de festa junina pelas ruas centrais, com suas bandeirinhas características e multicoloridas não decepcionam. Ao contrário, até inspira-nos a vontade de participar dessas festividades.
Por ser uma cidade serrana suas ruas são íngremes e o cuidado deve ser redobrado, principalmente nos períodos de chuvas, quando se tornam mais escorregadias.
O centro comercial é acanhado, mas não faltam por lá representantes de grandes lojas e uma rede bancária satisfatória. Porém, no quesito das atividades hoteleiras e de alimentação a cidade vai muito bem, obrigado.
Graças ao seu clima peculiar; suas matas verdejantes com muitas trilhas; suas muitas cachoeiras e “fios d´água” nascendo por todo o canto, a cidade recebe e acolhe, com muita organização, os milhares de visitantes que recebe durante todas as épocas do ano.
Boas pousadas, chalés encantadores e casas para veraneio pululam pela região ao entorno da sede do município, concorrendo com inúmeros campings para todos os tipos e gostos.
Ou seja. Se quisermos curtir um lazer de qualidade em Joanópolis, ou acamparmos rusticamente em suas montanhas, jamais vamos nos decepcionar, muito pelo contrário, teremos todo o apoio necessário por lá.
VÍDEO TOUR PELA CIDADE
TURISMO
No quesito cachoeiras, as que mais atraem turistas em Joanópolis são: Cachoeira dos Pires; Cachoeira Escondida e a famosa Cachoeira dos Pretos, onde nos hospedamos nesta viagem e contaremos em breve tudinho à você.
O ecoturismo é grandioso em Joanópolis, onde há muitas outras atrações que não mencionamos nesta matéria, cada uma dependendo do gosto, da vontade e da condição física de cada visitante.
Nadar, pescar, passear de barco e outros esportes aquáticos podem ser praticados na represa Jaguari; voo livre e parapente podem ser feitos no Pico do Lopo, que fica no município mineiro de Extrema, mas na divisa com Joanópolis; caminhadas, escaladas, montanhismo e esportes congêneres podem ser realizados na Serra da Mantiqueira, em especial no conjunto rochoso chamado “Gigante Adormecido.
PÃO “PRP”
Até mesmo os saudosistas políticos poderão encontrar na cidade uma mostra do passado ainda presente por lá: O pãozinho do PRP.
A iguaria é feita na Padaria Central, bem na Praça da Matriz de Joanópolis, e é produzido ininterruptamente desde 1936. Produzido em forma de “X” tem o gosto um pouco adocicado, como as tradicionais bisnaguinhas, e o aroma da erva doce, que faz parte da receita.
Seu sugestivo nome relembra a atuação do partido político PRP (Partido Republicano Paulista) na cidade, confrontando com a rivalidade do PC (Partido Comunista), cujos membros não se falavam ou se misturavam, fatos esses que ainda vemos diuturnamente em nossa política moderna, mostrando o “quanto nós evoluímos”.
O pãozinho foi desenvolvido para ser comido exatamente nas calorosas e pretéritas reuniões do PRP na cidade, mas hoje é consumido indistintamente por todos (quase todos) os integrantes dos partidos políticos de lá, sendo um símbolo de democracia, tão distante ainda no país.
O inusitado formato remete-nos ao “x” que fazíamos nas cédulas eleitorais e, assim, esperavam que os partidários do PRP não esquecessem do compromisso.
LOBISOMEM
Em Joanópolis você certamente não deixará de conhecer a história do lobisomem, que tem sua morada oficial junto da cachoeira dos pretos e atende à todos.
O mito do homem que se transforma em lobo nas noites de lua cheia tem sua tradição no mundo todo e em Joanópolis não poderia ser diferente, pois certamente o visitante encontrará aqui moradores que afirmam, de pés juntos, que já viram a fera pelas redondezas.
Segundo algumas crenças o lobisomem aparece nas famílias onde existem sete filhos homens e que o último desses filhos deixe de ser batizado pelo primeiro. Certamente esse último será um lobisomem.
Vivo nas mentes dos mais crédulos como uma figura medonha, que impõe atrocidades sob o luar, em Joanópolis é cultuado como folclore que atrai turistas de todas as regiões do país para conhecerem sua morada.
Dessa tradição surgiu na cidade a Associação dos Criadores de Lobisomem, que fica na Casa do Artesão, local em que não deixam morrer essa crença, oferecendo ao turista artesanatos dos mais diversos ligados a lenda.
Ao contrário do quanto vemos nos filmes, ninguém por aqui deseja se livrar da fera, atirando nela com uma bala de prata, ou arrancando sua cabeça, ou, ainda, enfiando-lhe uma estaca em seu coração.
Por aqui a criançada se diverte com a figura monstruosa do personagem, salvo algumas exceções que realmente se apavoram em sua presença, e é o caso deste repórter quando era criança.
No geral a criançada se aproxima do “bicho”, que é esperto, e vão logo cumprimentando-o com o tapa nas mãos e o soquinho em seguida. Quem parece que tem mais medo mesmo são os adultos, que ficam mais ressabiados e a “distância segura, principalmente se o lobisomem dar aquela rosnada ao lado. É de arrepiar mesmo.
NOSSA VIAGEM
Ficamos quatro dias inteiros na cidade, dessa feita acampando no sopé da Cachoeira dos Pretos. Para isso preparamos cuidadosamente nossa motocicleta para receber a barraca nova (Quechua 4.1), saco de dormir e isolante térmico inflável, acrescido de algumas peças de roupa e nosso equipamento de gravação.
Mas toda essa aventura será contada na matéria especial que apresentaremos em breve. aguardem.
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Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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