05/11/2017
Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana, Minas Gerais, ainda vivem os dramas dos primeiros dias da tragédia que inundou de lama os dois vilarejos, vítimas do rompimento da barragem do Fundão em 05 de novembro de 2015, de responsabilidade da Samarco.
Há exatamente um ano, quando a tragédia que vitimou oficialmente 19 pessoas completava um ano, estivemos em Bento Rodrigues percorrendo de moto o que sobrou de suas ruas, trazendo um panorama completo da situação.
Passado mais um ano a situação não parece ter melhorado, principalmente para aqueles que lá moravam e que perderam tudo o que tinham, inclusive em 19 casos pelo menos um membro da família morreu.
Considera-se o rompimento da barragem a maior tragédia ambiental do país, muitas vezes esquecendo a tragédia emocional de milhares de pessoas que direta ou indiretamente foram prejudicados com a inundação de lama. Porém, segundo o IBAMA, foi o maior evento desse tipo no mundo todo.
As prometidas casas em reposição as destruídas ainda estão no papel e as vítimas diretas ainda vivem “de favor” em imóveis improvisados alugados em Mariana pela Fundação Renova, com gestão independente, mas bancados pela Samarco, Vale do Rio Doce e BHP Billiton.
Não obstante estarem de certa forma protegidas por um teto, as vítimas são discriminadas com a redução de empregos na cidade, creditada a eles, já que enquanto moravam nas suas casas hoje destruídas, trabalhavam nas mineradoras que hoje não mais as empregam.
Enquanto correm “rastejam” na Justiça centenas de processos propostos contra as responsáveis pela tragédia, milhares de pessoas ao longo dos quase 660 km por onde a lama “viajou” até atingir o oceano Atlântico, na costa do Espirito Santo, aguardam e amargam prejuízos.
No site da Samarco pode-se encontrar os motivos que levaram ao rompimento das barreiras, colocado na conta do acaso ou do imprevisto o ocorrido, minimizando sua responsabilidade no trágico episódio.
Estima-se que cerca de 60 milhões de toneladas de lama foram despejadas no Rio Doce, fato esse que não só prejudicou o próprio rio, mas todas as propriedades ribeirinhas, trazendo um mar de lama em várias cidades do extenso trajeto, com ênfase em Governador Valadares, cujo rio passa na parte urbana.
E enquanto a pendenga rasteja nas cortes brasileiras, a população prejudicada vive a custas da comiseração alheira, remédios para depressão e preconceitos de toda sorte.
VEJA A MATÉRIA DO PRIMEIRO ANO DA TRAGÉDIA
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Texto e Edição: Marcos Duarte
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