Mariana é mais que uma bela cidade e, na figura de linguagem representada por Thomás Antônio Gonzaga, é um presépio vivo encravado nas verdes serras das Minas Gerais. Vamos saber mais?
HISTÓRIA
Mariana tem como prerrogativa ter sido a primeira vila; a primeira cidade; e a primeira capital do Estado das Minas Gerais, além de ter sido uma das maiores produtoras de ouro para a coroa portuguesa.
Sua fundação se deu no final do século 17, numa região que pertencia a Capitania de Itanhaém (isso mesmo), que englobava praticamente todo litoral paulista, carioca e norte paranaense, avançando seu imenso território até boa parte da atual Minas Gerais, quase sempre sem representação da colonização portuguesa oficial naquela época.
Assim sendo, foram justamente os bandeirantes paulistas, sediados principalmente no Vale do Paraíba, que começaram a explorar o sertão depois da Serra da Mantiqueira, em busca de ouro e outras riquezas minerais.
E foi no fim dessa segunda metade do século 17 que fundaram o primeiro núcleo colonial onde é hoje as Minas Gerais, bem ao lado do Riacho do Carmo, que corta o centro da cidade de Mariana, projetando nele construir, em breve, uma praça, o pelourinho, a igreja, a Câmara e a prisão.
Tudo isso pode ser contado aqui de forma segura, pois tais atos foram seguidos de termo escrito, relatando as pessoas presentes e os principais moradores do lugar, todos assinando o documento para a posteridade.
Sua primeira designação oficial se deu em 1711, vindo a se chamar Arraial do Ribeirão do Carmo, mudada pela carta régia de 1712 para Vila Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, mudando definitivamente para Mariana em abril de 1745, em homenagem a Rainha Maria Ana da Áustria, esposa do então Rei D. João V, de Portugal.
Sua imagem mais antiga é representada no desenho elaborado por Thomás Ender, a partir de sua visão do alto do Morro do Cruzeiro, no ano aproximado de 1817.
HISTÓRIA NOS TEMPOS MODERNOS
A era da extração artesanal de minérios da região, diminuiu consideravelmente já no final do século 18, praticamente deixando de existir depois dessa época e dando lugar as grandes mineradoras oficiais que, falando aqui em boca miúda, leva hoje do nosso país muito mais que o mero “quinto” combatido pelos inconformados inconfidentes de outrora, trazendo bem mais infortúnio que a perda de divisas financeiras.
E nossa história moderna nos dá conta do que dissemos, com rompimento de várias barragens de resíduos (rejeitos) descartados por essas mega empreendedoras multinacionais, conforme chegamos a contar em duas oportunidades neste Portal. Confira em: TRAGÉDIA DE MARIANA e BARRAGENS.
A CIDADE
Mariana encontra-se sediada em zona montanhosa, numa altitude média de 1772 metros representado pelo Pico do Itacolomi, cartão postal do Parque Estadual do Itacolomi que faz divisa natural com a cidade de Ouro Preto.
Porém, o ponto mais alto de Mariana está nas cercanias da cidade, especificamente nas bordas da Serra do Caraça, que apresenta uma altitude de 2000 metros.
A topografia do município, assim como seus logradouros públicos, é bastante assimétrica e acidentada que, associada ao tipo de pavimentação proporcionada no centro histórico, causa traumas nos visitantes mais desinformados, principalmente se transitarem a pé.
Por causa desses fatores anunciados e de alguns cursos d´água que atravessam a área urbana de Mariana, é bem difícil ao visitante circular entre seus monumentos históricos, igrejas e comércio em geral sem se perder.
Rodar por pavimentação alternada entre o paralelepípedo, pedras, “pé de moleque”, blocos intertravados de cimento e asfalto causa alguma desorientação sobre como melhor proceder neste ou naquele piso, e o bom senso, aliado a cautela no dirigir, sempre ajuda.
Para o motociclista essa observação é mais pertinente ainda, principalmente para aqueles com motocicletas mais pesadas ou com garupas e volumes extras.
Pavimentos como o paralelepípedo, as pedras e o famoso “pé de moleque” (pedras arredondadas dispostas como calçamento), quando molhados viram armadilhas certas ao motociclista desatento ou inexperiente, mais ainda quando há alternância constante esses pisos, principalmente em situações delicadas, como no caso das chuvas.
ATRAVESSANDO MARIANA
DOS ATRATIVOS
Como já se disse, Mariana mais parece um presépio incrustado nas terras mineiras e visita-la passa a ser mais que uma opção, mas uma verdadeira obrigação àquele que deseja conhecer mais sobre o nosso país, principalmente sobre o período colonial.
Muitos pontos turísticos já foram mencionados por nós numa de nossas primeiras matérias, intitulada Sob o céu da Inconfidência mas, como costumamos viajar constantemente pelas plagas mineiras, jamais deixamos de nos encantar e de visitar Mariana, tanto que aqui trazemos mais algumas dicas ao nosso leitor amigo.
BASÍLICA DA SÉ (MATRIZ DE N. S. DA ASSUNÇÃO)
Devidamente restaurada em 2021, foi construída inicialmente em 1704 em forma de uma capela de taipa e consagrada a Nossa Senhora do Carmo, sendo que o templo atual começou a ser construído somente em 1711.
Ao longo dos anos ocorreram algumas reformas e ampliações, as primeiras em 1713 e 1718; depois em 1734, com obras na fachada e erguendo-se as torres; posteriormente, em 1727, concluindo-se as obras de talha e douramento do altar-mor; em 1744 e 1751, com a construção dos altares laterais; e, finalmente em 1798, com a reconstrução das paredes externas em pedra e cal.
Dessa última data e até os nossos dias, existiram várias reformas e restaurações, sempre no intuito de preservar-lhe a originalidade, jamais de altera-la.
IGREJA DO CARMO
Suas obras iniciaram em 1784 e terminaram em 1835, sendo considerado um dos mais belos templos rococó das Minas Gerais.
Embora sua planta seja retangular e com capela única, originalmente suas duas torres frontais tem formas cilíndricas.
Quase toda a beleza de suas artes, expressas em pinturas, douramentos e entalhes, foram perdidos num grande incêndio ocorrido em 1999, quando estava sendo restaurada, existindo, porém, vários objetos salvados do fogo em exposição no templo.
IGREJA DE SÃO FRANCISCO
Também recentemente restaurada, teve sua construção iniciada em 1763, com projeto arquitetônico, risco da portada e elementos ornamentais como púlpitos, retábulo-mor, lavabo e teto da capela-mor, da lavra do Mestre Aleijadinho (Antonio Francisco Lisboa).
As pinturas do templo, entretanto, foram realizadas por nada menos que Manuel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde), artista que se iguala em qualidade e contemporaneidade com Aleijadinho, porém, laborando na arte das pinturas, ao invés do entalhe.
Sua construção se deu em época áurea da cidade e não é por menos que em seu interior os restos mortais de Mestre Ataíde, enquanto os de Aleijadinho jazem na Matriz da Conceição, em Ouro Preto.
IGREJA DE SÃO PEDRO DOS CLÉRIGOS
Importante templo do barroco mineiro, foi fundado em 1731, porém, suas obras só começaram em 1753, tendo avançado para sua finalização de forma muito lenta, tendo sido parcialmente concluída apenas em 1922.
Durante esse tempo as obras ficaram paralisadas por várias vezes, tendo sido abandonada completamente por volta do ano de 1820, mantendo-se assim até o ano de 1920, quando foram retomadas.
A decoração interior até a data de hoje não foi realizada como o projeto previa, salvo o altar-mor, que foi concluído de forma incompleta, destacando nele, porém, a bela estátua de São Pedro, de grande tamanho e sofisticação.
MINA DA PASSAGEM
É a maior mina de ouro aberta a visitação do mundo e fica a 4km do centro de Mariana, no acesso secundário para a cidade de Ouro Preto.
Desativada há algumas décadas, a mina ainda guarda muitos segredos e mistérios que são contados ao visitante, durante os passeios terra abaixo.
A descida para as galerias demora alguns minutos e acontece a bordo de um precário trolley, que era utilizado pelos mineiros em suas atividades diárias.
Sem qualquer tipo de proteção ou facilidade, o visitante “viaja nele” exatamente como um mineiro o fazia rumo às entranhas da terra, descendo “apertadinho” com ajuda de um maquinário específico os 315 metros de trilhos até a parada final, que está a 120 metros abaixo da superfície.
Ao todo são vários km de galerias no interior da terra, hoje boa parte inundados por águas cristalinas, porém, que não são potáveis nem devem entrar em contato com nossa pele.
No entanto, no interior da mina existe uma empresa especializada em mergulho em cavernas, que locam equipamento necessário para essas atividades, com toda a segurança necessária.
O custo para a visita é um pouco salgado, mas vale cada centavo gasto com esse entretenimento.
COMO CHEGAR
Para o aventureiro que partir de Belo Horizonte o percurso é de apenas 116 km, ensejando sempre um bate-e-volta bem legal. O início do trajeto pode ser feito pela Rod. Fernão Dias, mas derivando de pronto para as cidades de Itabirito e Ouro Preto, pela BR 356.
Já para o aventureiro que partir da capital paulista o trecho é bem mais longo, com um percurso aproximado de 650 km. O trecho inicial poderá ser feito pela Rod. Fernão Dias, até a cidade de Carmópolis de Minas, completando nesse ponto apenas 460 km do percurso integral.
Daí em diante deverá rodar mais 190 km pelas MG-270 e MG-155, rumo a Congonhas; pelas MG-030, MG-443 e MG-129, até Ouro Preto; e um restinho pela BR-356, até Mariana.
Para aventureiros de outras localidades a sugestão é a utilização de um bom guia rodoviário, na certeza que não encontrarão quaisquer dificuldades para se chegar em Mariana.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
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