07/12/2020
Monte Verde é um paraíso encantador encravado na Serra da Mantiqueira e distrito do município mineiro de Camanducaia. Nesta matéria vamos desvendar um pouco de seus segredos. Vamos lá?
COMO CHEGAR
Para quem partir das capitais mineira e paulista, o melhor acesso é pela Rodovia Fernão Dias.
No primeiro caso serão aproximadamente 460km até a cidade de Camanducaia e mais 28km até Monte Verde, num total de 488km a serem vencidos.
Os paulistas, porém, terão menos trabalho para chegar, vez que de São Paulo a Camanducaia rodarão apenas 136km que, acrescidos aos 28km até Monte Verde, totalizarão 164km, permitindo até um bate-e-volta.
Aos visitantes de outras localidades a melhor sugestão é que pesquisem os muitos trajetos que poderão levar ao distrito, quer por bom asfalto ou, ainda, por várias estradinhas de terra batida.
No entanto, é bom lembrar que seu acesso é mais difícil para os visitantes do Norte e Nordeste brasileiro, assim como aos do Rio de Janeiro, já que não há rodovias diretas para lá.
MONTE VERDE
O centro urbano de Monte Verde está numa altitude de 1.555 metros da linha do mar, perdendo apenas para o de Campos do Jordão, 73 metros mais alta.
É a mais fria localidade mineira, com temperaturas mais amenas durante boa parte do ano, mas normalmente atingindo valores negativos durante o período de inverno, o que a faz cobiçada pelos amantes do bom friozinho.
Com toda essa característica o visitante se surpreenderá, não só com a vegetação típica da mata Atlântica, com seus ipês e carvalhos, mas também com árvores mais comuns na região sul do país, como as araucárias, os cedros, etc.
Pelo tanto que se agitam seus moradores, que hoje somam-se em pouco mais de cinco mil, não demorará muito para que Monte Verde se desligue definitivamente de Camanducaia, da qual tem pouca ou nenhuma afinidade prática, e se emancipe de vez, tornando-se então oficialmente a cidade mais fria das Minas Gerais, polo turístico de rara grandeza.
Embora ainda tolhida economicamente por Camanducaia e com infraestrutura aquém de seu potencial econômico, possui ótimas pousadas de veraneio e um centro comercial que em breve nada deverá ao famoso Bairro do Capivari, em Campos do Jordão.
Nessa auspiciosa projeção que fazemos, lembramos que Monte Verde segue firme nesse caminho, com magníficas lojas de bons chocolates, roupas e artigos sofisticados, produtos importados de boa qualidade e uma gastronomia de elevado padrão.
Fora isso Monte Verde desfruta de tantos ou mais recursos naturais que Campos do Jordão, podendo ser “varada” por turistas mais radicais ao extremo, tanto na prática do trekking, do rafting, das cavalgadas, das trilhas ou mesmo a bordo de veículos 4 x 4, motocicletas off-road ou bikes.
Provida de um pequeno aeroporto, que só opera com pequenos aviões, tem a pista em terra batida mais alta do país (1560m), com grande potencial de modernização em breve.
RUMO A MONTE VERDE
Seguimos até Monte Verde respeitando o trajeto mais tradicional, que parte do centro da cidade de Camanducaia. São 28km por uma estradinha vicinal estreita, mas de bom asfalto.
O percurso alterna muitas subidas e descidas pela Serra da Mantiqueira, serpenteando as montanhas entre propriedades rurais graciosas e bem cuidadas.
Se o tráfego por lá costuma ser sossegado no dia-a-dia, nos finais de semana e feriados o congestionamento é garantido, mais ainda pelo fato de existirem atrações e quiosques dos mais variados pelo caminho.
Para o visitante mais atento a bela paisagem que se desdobra ao longo do caminho já faz parte de sua busca pela natureza.
TURISMO
Se é certo que Monte Verde recebe milhares de turistas todos os meses, em busca de seu centro comercial sofisticado e de suas suntuosas pousadas de veraneio, não é menos certo que as atividades mais radicais não ficam atrás e tem seu público cativo.
Nem só de frio, roupas de grife e lugares chiques; nem só de boa gastronomia e de points sofisticados; e, nem só da magia e do encantamento da arquitetura predominante levam o turista até Monte Verde.
Boa parte dos visitantes preferem conhecer e curtir as suas belezas naturais, aventurando-se por estradinhas empoeiradas e trilhas diversas, revezando-se nelas entre áreas dos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Os points radicais mais procurados por lá são:
Trilha da Pedra Redonda
A trilha da Pedra Redonda, de nível fácil e cujo trajeto é de apenas 920m, pode ser cumprida num espaço de tempo aproximado de 1, hora. A trilha fica bem perto da cidade (3,5km) e é a de mais fácil acesso: pela Avenida das Montanhas. No GPS 22º 53.22677’ S, 46º 01.26279’ W
Trilha da Pedra Partida
A trilha da Pedra Partida, numa altitude de 2.046m, é considerada de nível médio, o que exige algum preparo físico. Tem uma distância de 2km e o percurso de ida e volta pode durar aproximadamente 3 horas. Em dias sem nuvens é possível avistar a Pedra do Baú, já na região de São Bento do Sapucaí, próximo de Campos do Jordão.
A trilha é sinalizada, mas mesmo assim requer cuidado na observação das placas. O local de acesso é também a Avenida das Montanhas. No GPS 22º 53.15001’ S, 46º 00.79314’ W.
Trilha do Platô
A Trilha do Platô é uma das mais movimentadas de Monte Verde e começa bem próxima das ruas centrais de Monte Verde (2km). O acesso é pela Rua da Mantiqueira, onde há uma área para estacionamento gratuito.
Embora considerada de nível médio é toda em subida íngreme no trajeto de ida, sujeitando a torções nos pés nos aventureiros com pouca prática ou técnica. O percurso é curto (700metros) mas o tempo estimado de ida e volta é de 2 horas. No GPS: 22º 53.21191’ S, 46º 01.91127’ W
Trilha do Selado
Esta é a trilha mais difícil de Monte Verde e exige bom preparo físico, já que tem 4,5 km de distância e uma estimativa de 4 horas para a ida e a volta.
Seu acesso é também pela Rua Mantiqueira e a recomendação é para que o aventureiro vá com calma, aprecie a paisagem e comece a trilha pela manhã.
Outra recomendação é para que o visitante não siga sozinho, pois há riscos de se perder. O ideal é contratar um guia da região ou seguir com pessoas experientes.
Se a trilha pode ser percorrida por todos, apesar da dificuldade, o cume do Selado é restrito a escaladores e estes podem deixar sua mensagem no livro do cume, que fica dentro de um tupperware. No GPS: 22º 53.76906’ S, 46º 03.06266 W.
Trilha do Chapéu do Bispo
É tida como a mais fácil trilha de Monte Verde e recomendada para toda a família. Com percurso de 710m e quase toda plana, a trilha vai até a base da Pedra do Chapéu do Bispo.
O tempo de percurso é estimado em uma hora para ida e volta e o acesso é pela Av. das Montanhas. No GPS 22º 53.10710’ S, 46º 01.70069’ W.
Porém, seguir desse ponto até o alto da Pedra do Chapéu é tarefa para os mais experientes. O topo da pedra está a 2030 metros de altitude e é bastante visitada pelos turistas nos finais de semana. Sobe-se ao seu topo com o auxílio de ferros fincados na rocha.
O mapa esquemático mais prático para se conhecer toda essa beleza foi montado pela Associação dos Hotéis e Pousadas de Monte Verde, que tem muito mais informações aos visitantes (https://monteverde.org.br/)
UM VÍDEO TOUR POR MONTE VERDE
NOSSA VIAGEM
Estivemos em Monte Verde em agosto de 2020, depois de autorização das de Vigilância Sanitária local, interposta pelo hotel que estávamos hospedados em Camanducaia.
Com o agravamento dos casos de COVID, as cautelas no recebimento de turistas eram rígidas e somente os moradores de lá tinham acesso livre.
Aos visitantes, nos finais de semana, havia uma complexa regulamentação na quantidade de pessoas autorizadas, sempre com o aferimento de seus sinais vitais de modo a evitar contaminação.
Providência tomada, não tratamos nós de aglomerarmos em qualquer lugar que fosse, caminhando pelas ruas com tranquilidade e segurança, não só para a nossa proteção individual, mas para a proteção de terceiros, caso fossemos nós os eventuais portadores da moléstia, mesmo sem o sabermos.
Nossa primeira visita se deu num domingo, com muita gente perambulando por Monte Verde, curtindo suas lojas comerciais bem variadas, momento esse que preferimos não arriscarmos em pequenas aglomerações.
A outra visita se deu na segunda feira pela manhã, aí sim, com toda a segurança possível.
Nas duas oportunidades pudemos ver o esmero com que a localidade dispõe seu núcleo comercial; a qualidade das lojas; e o atendimento dado ao visitante.
Vimos com nossos próprios olhos que Monte Verde é realmente especial e até tínhamos planos para nos aventurarmos naquelas matas e trilhas, mas preferimos não arriscarmos nesses tempos de pandemia.
Nesse sentido, percebemos que a própria cidade de Camanducaia tinha planos mais rígidos para o isolamento de seus munícipes, de forma a protege-los de uma possível contaminação, mas foram vencidos pela insistência dos visitantes e dos comerciantes, esses ávidos a faturarem, independentemente de eventual perigo de contágio.
O tempo dirá sobre o famoso ditado que diz: “canja de galinha e cautela nunca fizeram mal a ninguém”. Esperemos que nossa pressa em retornarmos ao que chamamos de “normal” não modifique demais a normalidade que estamos almejando.
Voltando ao assunto Monte Verde, observamos que, apesar de toda a beleza de seu centro comercial, a infraestrutura da localidade ainda padece de alguns cuidados.
As ruas, apesar de bonitas e limpas são ligeiramente empoeiradas, porém, não demonstrando desleixo, mas atividades da construção civil a todo vapor.
Com certeza os próximos anos serão de muito trabalho aos moradores e comerciantes do distrito, mas com grandes expectativas de progresso para a região.
A “OUTRA” MONTE VERDE
Para os visitantes e aventureiros de várias partes do Brasil e do mundo, Monte Verde é apenas “aquele paraíso encantador encravado na Serra da Mantiqueira”, conforme falamos no começo desta matéria.
Muitos sequer suspeitam que Monte Verde não é uma cidade, mas um distrito dependente e pertencente a cidade de Camanducaia.
Porém, para corrigir essa lacuna em nossos conhecimentos é preciso que se diga que tal definição de Monte Verde é incompleta e inverídica.
Aqueles que se aventurarem além do centro de patinação no gelo da avenida principal (Av. Monte Verde) e das ruas adjacentes, verão que existe vida real além da beleza desse trecho famosíssimo do distrito.
Além dos points consagrados, das inúmeras pousadas, resorts e hotéis bem estruturados, existe uma Monte Verde diferente: A Monte Verde de seus moradores.
Desatentos em sua maioria com o vai-e-vem dos turistas “vorazes” dos finais de semana, que invadem as ruas centrais do distrito como um raio fulminante, vivem estes o dia-a-dia de seus afazeres triviais como pedreiros, carpinteiros, pintores de parede, eletricistas, comerciantes, cabeleireiros, donas de casa, mecânicos, etc.
São essas pessoas anônimas que tornam possível a existência da nossa Monte Verde dos sonhos. São eles que embelezam e limpam as ruas; que produzem muito daquilo que é vendido por lá; que se empregam como funcionários das hospedarias, restaurantes e lojas; e que garantem o nosso entretenimento.
Quem ultrapassa a longa curva em aclive logo após o centro de patinação, poderá despertar para uma “realidade mais real” do que é verdadeiramente Monte Verde: Um distrito que respira como cidade.
Lá há bares, farmácias, restaurantes, padarias, lojas, centros de lazer, ginásio esportivo, praças e muitas residências, de todos os tipos e tamanhos.
La vivem os mais humildes e menos favorecidos, em casas simples e mal acabadas, como pessoas abastadas, em suntuosas residências.
A referência é a pequenina e encantadora Igreja Matriz de São Francisco de Assis, com sua capelinha anexa e um original jardim murado. Lá vamos encontrar, também, o suntuoso templo da Congregação Cristã e a bonita igreja da Assembleia de Deus, além de outras denominações religiosas.
Rodando por suas ruas estreitas e íngremes podemos vislumbrar uma cidade em criação, restando aos seus moradores, para atingirem a emancipação pretendida, a manutenção do que existe e a criação do necessário, como hospitais, pronto-socorro, etc.
É ainda nessa região mista, onde se justapõe prédios comerciais e residenciais, que vamos encontrar inúmeras outras pousadas mais simples, que dão suporte aos aventureiros de plantão que desfrutam de Monte Verde e daqueles que querem sossego, sem gastarem muito.
Com o avançado da hora deixamos definitivamente Monte Verde por volta das 14h, seguindo dessa feita a direção de Joanópolis, rodando por muitos kms em trecho de terra batida.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
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EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
Fotos e vídeos: Marcos Duarte e Isadora Bertolinefo
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Agradecimentos especiais
MOVE “Agencia de Desenvolvimento de Monte Verde e Região.
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