20/06/2016
Nosso contato na “prainha” foi com o Domingos Brambilla, ex agricultor que hoje está as voltas com o turismo, administrando uma pousada, uma casa de veraneio e uma garagem para barcos.
O pequeno Distrito da Cachoeira consiste numa comunidade nativa da região, bem como por grandes e suntuosas propriedades de veraneio com piscinas, vastos jardins arborizados, ancoradouros e garagens dos dois lados: uma pelas ruas tradicionais, outra pelas margens da represa, para embarcações.
Graciosa capela está no alto da vila, voltada para as águas da grande represa, com uma bonita e acolhedora pracinha a sua volta. É ali o núcleo central do Balneário, que conta até com um jardim contornado as areias brancas, que são a alegria de muitos nos períodos quentes e ponto de partida para esportes náuticos.
Do outro lado da represa podemos ver o imponente Morro do Gavião, junto ao qual está a área reservada ao voo livre que estivemos ontem. Quase sempre podemos vê-lo pontilhado de objetos voadores plenamente identificáveis: parapente, paramotor, ultraleve e assim por diante.
Não perdemos tempo e aceitamos o convite do Brambilla para nos aventuráramos naquelas águas calmas, porém profundas, proveniente do represamento da foz do Rio Itararé quando este atinge o Rio Paranapanema, na divisa de São Paulo como Paraná. Seu nome original era Represa de Itararé.
O início do represamento se deu em 1958, mas a Usina que hoje dá o nome à represa (Chavantes) só começou a funcionar em 1970. A imenso reservatório tem uma área de 400 km², que possibilita o armazenamento de 9,5 bilhões de metros cúbicos de água. Um verdadeiro mar de água doce.
NAVEGANDO EM CHAVANTES
Na garagem da sua confortável casa ribeirinha, Brambilla pediu-nos ajuda para que colocássemos seu pequeno barco de pesca na água, para nos levar por “lugares nunca d´antes navegados”, pelo menos para nós, forasteiros em passeio pelas terras pioneiras do norte do Paraná.
Com a lancha na água Domingos deu partida na embarcação e lá fomos nós, navegando por toda aquela imensidão aquática. Seguimos entre a terra firme e uma imensa restinga, que muito se parece com o “esplendor do espírito santo” utilizado nas igrejas.
Ao todo navegamos naquele dia cerca de 45kms, metade deles pilotados por nós, do Portal D Moto, que estávamos agora a aprender as artes aquáticas, tão desconhecidas quanto as artes do voo, empreendidas no dia anterior.
Brambilla seguia ligeiro mostrando os inúmeros lugares especiais da região, mas diminuiu consideravelmente a velocidade ao se aproximar de uma casinha numa ilha, que ele usa para pesca, o mesmo ocorrendo quando se aproximou de duas pequenas ilhas que já foram pousadas e que hoje são locadas para festas.
Contornamos vagarosamente numa parte da represa, e nossa embarcação passou bem rente ao Resort Tayayá, sensação hoteleira de Ribeirão Claro, dando até para ver seus muitos hóspedes se deliciando em vastas e bem ornamentadas piscinas, ou degustando iguarias nos refinados bangalôs.
Depois dessa diminuída providencial na velocidade de nossa lancha, seguíamos de novo céleres rumo aos nossos novos destinos daquele dia: as cascatas “Grummy” e “cachoeirinha”. Ambas estão situadas bem próximas uma da outra, mas oriundas de riachos distintos que desaguam na represa.
Aproximamos da “cachoeirinha” de forma cuidadosa e lenta, como alguém que se esgueirasse no intocado pantanal mato-grossense em busca de aventuras, porém sem qualquer perigo de feras perdidas ou de tocaia entre as árvores. A visão ficava mais fantástica a medida que chegávamos mais perto.
Em épocas de verão, segundo Domingos, a “cachoeirinha” fica repleta de gente nadando em seus pés, sendo um dos recantos mais procurados de lá. Por falar em recanto, Brambilla seria suspeito em tecer esses elogios ao lugar, já que ficamos conhecendo a casa que seu filho construiu, a menos de 150m dali. Um paraíso.
Para deixarmos a cachoeirinha Brambilla moveu o leme da embarcação e em segundos mudamos de rota para outra reentrância bem perto dali. A vegetação ia ficando mais densa conforme estávamos chegando mais próximos. A primeira impressão que tivemos da cascata Gummy foi bastante frustrante…
Ao que percebíamos de onde estávamos, tratava-se de uma acanhada queda d´água com cerca de 10 metros de altura e outros tantos de largura, que precipitava-se mansamente a nossa frente. Domingos aportou sua pequena embarcação num píer improvisado ao lado da cascata e descemos para explorar a região.
Nesse momento ficamos sabendo que estávamos no mesmo lugar que estivemos dois dias atrás, quando chegamos em Ribeirão Claro, seguindo daquela vez com nossas motos por formosa estradinha de asfalto. Era ali que se encontrava a pousada e os barzinhos pitorescos que nos reportamos anteriormente.
Subimos por uma trilha natural pelo bosque bem cuidado, ao lado daquelas águas e aí sim, nos surpreendemos de verdade com a verdadeira cascata Gummy. Precedendo aquelas quedas acanhadas que tínhamos visto em nossa chegada, outras quedas bem maiores costumam ser a alegria das pessoas no verão.
Realmente era imperdível a visão de tudo aquilo que presenciávamos, mais ainda porque você, além de desfrutar do frescor daquelas águas cristalinas, terá a oportunidade de percorrer muitas trilhas da região (a pé, é claro), subindo e descendo a mata até a “cachoeirinha” que estivemos momentos antes.
MOTIM A BORDO
Deixando a cachoeira para trás voltamos para a embarcação que nos esperava calmamente no pequeno cais. Subimos e nos atrevemos a “tomar conta do navio”. Mas o motim pirata se deu com o consentimento de Brambilla, bom que fique claro.
Não tínhamos a menor noção de como ligar aquela “coisa sobre as águas”, e as risadas foram muitas durante todo a aprendizado. Com a chave no contato, torcemos ela como se faz num automóvel e o ronco suave se fez sentir de pronto. Agora era acelerar para por o barco em movimento, mas cadê os pedais?
Nosso comandante Brambilla ensinou que o “acelerador” era na verdade uma alavanca curta, com alguns estágios, fixada no nosso lado direito. Teríamos apenas que empurra-la a frente para que o barco navegasse normalmente, e para trás, se quiséssemos pará-lo. Pronto, partimos “cantando onda”.
Saímos de lá um pouco desajeitados no início, com a direção do barco extremamente “leve” e um doido no timão, e quase atropelamos o “Zé Branco”, que pescava por ali em sua canoa. Mas tudo não passou de um susto, pelo menos para nós, pois o Zé ficou mais branco que o do costume.
“Senta a pua” com fé, dizia Brambilla. Pode acelerar o barco que ele “anda”. Não discutimos e em poucos segundos a embarcação atingia a 30mph. Pode parecer pouco para os entendidos do assunto, mas aquela “casquinha” de alumínio parecia que não estava mais na água, mas voando sobre ela.
O caldo quase entornou quando uma lancha de verdade, daquelas cabinadas e cheia de acessórios, passou em nossas imediações provocando muitas “marolas” laterais. Parecia que estávamos num carro com aquaplanagem mas continuamos mesmo assim, com as risadas de Brambilla.
EM TERRA FIRME
Só deixamos o leme na chegada da Vila de onde partimos, pois cabia ao Domingos Brambilla “estaciona-lo” do jeito que ele costuma fazer. À nós caberia, agora, ajuda-lo a guardar aquele veículo junto ao “cisno” (cisno mesmo, tá?) que também mantém em sua garagem, para a deleite do neto de das crianças em geral.
Feito isso ele fez questão de nos mostrar a bem projetada casa que disponibiliza para grupos de até 14 pessoas, além da Pousa Brambilla, na rua de cima. Também nos informou que no dia seguinte a procissão do divino partiria dali mesmo, daquele seu ancoradouro quase destruído e que merecia urgente reforma.
Felizes da vida pelo gratificante passeio de lancha do qual acabamos de chegar, separamos as três motos que deviam ter ficado em conversa animada durante nossa ausência, e rumamos de volta para para a sede do município, galgando mais uma vez aquelas estradinhas deliciosas entre as montanhas
Brambilla mantém naquele balneário alguns barcos de locação para pessoas que tenham habilitação especial (arrais), mas também promove passeios pela represa com turistas, pescadores e até aventureiros que desejem se aprofundar entre as muitas reentrâncias, represa adentro. Vamos nessa?
NAS ÁGUAS DE CHAVANTES
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Texto e Edição: Marcos Duarte e Celso Elez
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BIBLIOGRAFIA DE APOIO
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=151
http://www.achadosdachris.com.br/336/Ponte-Pensil-Alves-de-Lima
http://chavantesporliliaalonso.blogspot.com.br/2012/07/chavantes-e-revolucao.html
http://www.memoriaduke.com.br/Post.aspx?menu=0&post=2
http://sossolteiros.bol.uol.com.br/afinal-narguile-faz-mal-ou-nao/
http://www.paranaturismo.com.br/?p=1552
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribeir%C3%A3o_Claro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_de_Chavantes