Acompanhe as nuances desse percurso de 240km, que pode ser “a caminhada da sua vida”, ou uma preparação para o famoso “Caminho de Santiago de Compostela”, na Europa.
Neste início de 2016 começamos com o pé direito, na verdade, com pneus, freios e relacionamento novos em nossa motocicleta, e aproveitamos para percorrer partes desse imenso caminho, que nos leva à “nós mesmos“.
Segundo seus idealizadores, “O Caminho do Sol nasceu com o objetivo de oferecer aos amantes de caminhadas, um ambiente agradável, passando em sua quase totalidade, somente por áreas rurais, buscando a introspecção e o despojamento material”.
Como ele começa nas imediações da capital paulista, na cidade de Santana do Parnaíba, em direção de uma das cidades com melhor qualidade de vida no Brasil, Águas de São Pedro, ganha cada vez mais adeptos.
A adesão ainda aumenta com a possibilidade do caminhante passar por áreas rurais de onze cidades, podendo desfrutar da hospitalidade de muita gente desses lugares, sempre prontas para receber o peregrino.
Você nos perguntará, a seguir, se tem que ir a pé, e a resposta será…. SIM. A única outra opção é a bicicleta e, de qualquer forma, depende dos esforços físicos do peregrino. Fora dessas condições o caminho é mais ou menos como mostramos nesta matéria.
Não tivemos o comprometimento para caminharmos 11 dias ininterruptos pelo interior paulista, tampouco 3 a 6 dias para pedalarmos por essas plagas, e talvez nem tivéssemos condições físicas para uma façanha dessas, à queima roupa, sem uma preparação anterior adequada.
O idealizador do percurso é José Palma, que o concebeu para que as pessoas pudessem ter seus momentos de reflexão, contemplação e introspecção, nos moldes dos caminhos rumo aos “Campos Estrelados” da Espanha, alguns com mais de 1000kms de extensão.
Para o caminhante brasileiro, a expectativa é de um percurso diário aproximado de 24 km, onde há pernoite, banho, jantar, etc. Na verdade, todo o percurso já está idealizado e preparado para dar ao caminhante toda a infraestrutura necessária, para que ele se preocupe, apenas consigo mesmo.
Já para o bicigrino, aquele que vai de bike, o trajeto pode levar de 3 a 6 dias, dependendo da rota que optar. Só não vale alterar a rota no meio da peregrinação, pois tudo foi preparado para recebe-los, ao longo do trajeto.
Café da manhã, refeições, banhos e pernoite são de responsabilidade dos organizadores, mas serão pagos diretamente pelo peregrino. Então esqueça desses detalhes e preocupe-se…. só com você. A organização prepara para o trajeto do peregrino, algumas “nuvens” ao longo do caminho, para dar um suporte especial ao caminhante.
Por tradição, a jornada começa no centro da cidade de Santana do Parnaíba e segue para Pirapora, Cabreúva, Salto, Itu, Indaiatuba, Elias Fausto, Capivari, Mombuca, Saltinho, Piracicaba, São Pedro e Águas de São Pedro.
O leitor, quase certo, já está bem familiarizado com esse trecho entre Santana do Parnaíba e Itu, pois é roteiro básico para um bate-e-volta em finais de semana. Percorrer a Estrada dos Romeiros pode não ser muita novidade, porém, para o caminhante, o percurso é outro.
Com nossa motocicleta trafegamos pelo trivial, só seguindo o mesmo roteiro dos peregrinos a partir de Cabreúva, passando pela área rural de Itu, Salto, Indaiatuba, até Elias Fausto, nas margens da Rodovia do Açúcar.
Não é demais esclarecer aqui que, quando estivemos entre aquelas estradinhas de terra, sentimos bastante vontade de percorrer esse Caminho do Sol da forma tradicional: caminhando. Porém, antes disso uma academia não nos faria mal algum.
Partindo de Cabreúva numa manhã chuvosa, contornamos as muitas curvas enlameadas, dando uma primeira parada no “Armazem do Limoeiro”. Onde fica? Não se preocupe, a placa indicativa no início do percurso já informa de pronto: “Quarqué caminho sai na venda – 5km”.
Aproveitamos para um lanche rápido, sem antes deixar de curtir o ambiente alegre e descontraído. Músicas sertanejas, manejadas por matutos da localidade, dão uma trégua entre os momentos de introspecção. Pudemos observar os caminhantes despedindo-se para continuarem a jornada.
Seguimos por entre paisagens bucólicas, de tirarem o fôlego, e não tivemos pudor algum em parar a moto para admirar de perto tanta beleza, mais ainda naquele dia chuvoso, onde não havia poeira espalhada no ar, que tira a beleza.
Uma curva aqui, uma bifurcação ali e cuidado com as plaquinhas indicativas. Como nosso trajeto não era bem o que o peregrino usa, já que passam por dentro de propriedades que somos impedidos de passar, precisamos estar atentos.
Enfim chegamos nas adjacências da cidade de Indaiatuba, exatamente no Bairro do Pimenta. Outrora bastante movimentado, por causa da Estrada de Ferro Sorocabana, ficou abandonado por muitos anos e, ainda hoje, tem quase nada de estrutura.
Mostrando a riqueza de outrora, pudemos encontrar “no meio do nada” a magnífica igreja católica de Santo Antonio do Pimenta. Propriedade particular de uma empresa da região, ostenta-se pela grande imponência de suas formas e é utilizada regularmente pela comunidade.
Seguimos em frente e, depois de transpormos a ferrovia deparamos com o CETH da Honda, disposta numa área total de 120.000m2, 90mil deles especialmente para off-road. Essa unidade faz parte de outras duas espalhadas pelo Brasil: Uma em Recife e outra em Manaus, ambas com áreas semelhantes.
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O CAMINHO DO SOL – II PARTE
Para quem caminha, o fim do projeto ainda está longe, porém para nós, depois de cruzarmos a cidade, seguimos em direção do distrito de Cardeal, por terra, seguindo os passos dos peregrinos até a cidade de Elias fausto. O tempo começou a “amarelar”, prenunciando chuvas fortíssimas para breve.
Caminhando agora pela rota oficial do Caminho do Sol, é possível perceber as placas indicativas próprias para os peregrinos, desenhada em forma de uma seta amarela, indicando o caminho à ser tomado a partir daquele ponto, ou indicando que o caminhante está no rumo certo.
Tocamos a Transalp naquele trecho de terra batida e, por volta da hora do almoço chegávamos em Elias Fausto, já com a chuva começando. Paramos na Praça principal para a colocação da capa de chuva e aproveitamos para almoçar.
Como a chuva ainda se impunha, embora não tivesse “chegado de vez”, tentamos seguir em direção de Mombuca, por terra, mas fomos quase que impedidos pelo policial a quem pedimos informações.
Adepto do motocross, confidenciou que não conseguiríamos passar por aquele trecho com a nossa big trail, pois já estava bastante danificado pelas chuvas dos dias anteriores, e que “o céu iria cair em minutos”. Recomendou-nos prudência a que atendemos de pronto. Ao policial militar Rodrigo, de Elias Fausto, nossos agradecimentos.
Não desejávamos abortar o projeto, mas não conseguiríamos prosseguir por terra. Solução? Vamos à Águas de São Pedro assim mesmo: por asfalto. Em alguns poucos minutos adentramos a Rodovia do Açúcar, na esperança de retomamos o caminho de terra mais à frente, mas foi em vão.
No posto da Polícia Rodoviária, nas adjacências de Capivari, outro policial nos informou da situação precária que a chuva impunha naquele momento no local onde iríamos, e sugeriu que voltássemos. Evidentemente não obedecemos e continuamos, ainda por asfalto.
Chegamos em Piracicaba e percebemos que o “guarda” tinha razão. A cidade sofrera uma quase “tromba d´água” momentos antes, e muitas árvores estavam caídas. A famosa cachoeira da cidade tinha desaparecido, dando lugar a uma “corredeira enlameada”.
Não nos detivemos e rumamos para Águas de São Pedro mesmo assim. Em pouco tempo chegávamos naquela estancia turística muito charmosa e nos dirigimos, primeiro, ao Portal do Caminho, um marco fincado na Praça da Igreja Matriz da cidade e que recebe de braços aberto os caminhantes.
Logo em seguida fomos ao Mini Horto da cidade, Parque Municipal onde existe a “Casa de Santiago”. O local é especialmente preparado ao peregrino, que toca fortemente o sino da glória na entrada. Salas de palestras, locais de descanso e até mesmo uma capela ao ar livre devotada a “São Tiago dos Campos Estrelados” (Compostela), nos aguarda por lá.
Agora esperamos os peregrinos para, quem sabe, escreverem um livro, nos moldes do Diário de um Mago, que mostre os mistérios desse caminho. Sugestão de título: “Diário de um magro”, pois você certamente você “afinará” no percurso.
Para aqueles que quiserem conhecer melhor o Caminho do Sol, adeptos ou não a alguma religião, e curtirem uma reserva para uma dessas peregrinações, acessem CAMINHO DO SOL e vejam as regras.
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De nossa parte, esperamos que nosso leitor faça bom proveito desta matéria, e que ela possa abrir-lhe a mente para si mesmo. Que 2016 seja repleto de alegrias, e muitas estradas.
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CRÉDITOS
Fotos e Edição: Marcos Duarte
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Que legal Marcão, já tinha ido em Aguas de São Pedro mas nunca peguei esse caminho de terra. Vou fazer esse roteiro em breve. Abração
Valeu. Mas acho que atualmente está desativado o passeio. Melhor consultar antes.