Para dar um tempo no corre-corre do dia, nada melhor que fazer um “corre” extra para algum lugar de descanso, sem deixar nossa motocicleta em casa, com certeza.
NOSSO DESTINO
Escolhemos como reduto para um final de semana prolongada a região se Sorocaba, a menos de 100km da capital. O destino final seria em algum lugar entre a cidade de Pilar do Sul e Tapiraí, numa estradinha de terra muito agradável.
Deixamos Sorocaba para trás em direção da cidade de Pilar do Sul, passando antes por Salto de Pirapora. Esse trecho é todo por estrada de pista simples, mas com asfalto bem conservado e muitas curvas entre sítios e fazendas.
Em pouquíssimo tempo já estávamos na Praça principal de Pilar do Sul, em busca do almoço, para depois curtir a feirinha de artesanato e comprar alguns produtos para o resto do dia, já que pernoitaríamos em local ermo e desconhecido.
Aproveitamos para adquirir algumas compotas e condimentos artesanais, que levaríamos de presente às pessoas que nos receberiam, num dos sítios da região. Evidente que reservamos algumas dessas guloseimas para nós mesmos, já que não somos de ferro.
Por volta das 13h deixamos Pilar por uma via secundária que a liga até a cidade de Tapiraí. Depois de percorridos cerca de 25 km derivamos à direita por um eucaliptal de grande porte, já por uma estrada de terra batida, em regular estado de conservação.
Evidentemente que esse trajeto em terra seria melhor galgado por uma moto especial, tipo trail, mas nossa custom pesadona, acostumada com “a lida”, não se fez de rogada e percorreu com orgulho e firmeza os buracos, “costelas de vaca” e estrias do caminho.
Era em algum lugar desse longo percurso de terra, nas proximidades do Rio Turvo, que esperávamos encontrar o local onde pernoitaríamos. Se seguíssemos direto chegaríamos na famosa Cachoeira do Chá e em outras cachoeiras da região, todas na Serra de Paranapiacaba.
Cerca de 8 km depois de deixar o asfalto encontramos o recanto que nos acolheria naquela noite. Seu proprietário cedeu-nos um chalé de seu uso para que desfrutássemos e lá fixamos nossa base naquele dia. Com tudo ajeitado fomos curtir o resto da tarde na piscina, longe de tudo e de todos.
Na noite fomos convidados pelo nosso novo amigo para jantarmos em na casa principal, degustando uma massa bem feita com um vinho tinto da região. Boa parte do tempo ficamos jogando conversa fora com um outro casal, que era também convidado.
O GENGIBRE
A manhã seguinte serviu para explorarmos o lugar. De pronto deparamos com uma plantação típica da região: O gengibre. Curiosos, fomos aos responsáveis colher algumas informações sobre aquela cultura tão diferente, a começar pelo tamanho das raízes, até então desconhecidas de nós.
Acostumados que estamos com os minguados gengibres que usamos para fazer quentão na festa junina, estranhamos aquela bela raiz que chega a pesar mais de um quilo, além de ter um tamanho descomunal. “São para exportação”, disse o agricultor.
Numa área arrendada do sítio onde estávamos, foi reservada e preparada cerca de um alqueire de terra, que era irrigado por pai e filho de forma bastante cuidadosa. Segundo eles, essa mesma área, depois de feita a colheita, só poderá receber outra plantação de gengibre quatro anos depois.
Sendo assim o agricultor disse que, enquanto planta nesta área, já vai arrendando e preparando outras terras nas redondezas, para as plantações nos anos seguintes. Um terço de toda a colheita volta para a terra como se fosse uma “semente”, para germinar e produzir as próximas colheitas.
Devido ao alto custo dessas raízes especiais, a região plantada tem que ficar sobre constante vigia, já que muito gengibre está “dando sopa” sob menos de um palmo de terra, servindo de “muda” para a próxima safra, e pode ser alvo de furto com qualquer descuido. Normalmente se protege a plantação entre árvores nativas, para não ser vista com facilidade.
Sebastião e seu filho Márcio percorrem suas lavouras de caminhonete ou moto, sempre atentos à uma irrigação eficiente e a segurança desses locais. Conversando com ambos, pessoas simples e educadas, percebemos a felicidade deles com o alto retorno do suor de seus trabalhos.
CURTINDO O SÍTIO
Voltamos à casa sede depois de ouvirmos soar uma voz estridente, ao longe, avisando que “a comida estava pronta”. E é assim mesmo sempre por lá. Numa bem arrumada cozinha num rancho rústico aos fundos da casa, destacava-se o fogão e o forno à lenha, assim como a churrasqueira de alvenaria.
Nossa refeição daquele dia seria o trivial deles e o requinte nosso: Leitoa e rocambole de carne recheada, assados; arroz, feijão, virado e farofa como guarnição. Algumas laranjas para acompanhar e uma limonada como refresco completavam o repasto do dia.
De barriga recheada saímos para curtir mais um pouco as peculiaridades do sítio, conhecendo o pomar e o pequeno lago, nos fundos, onde um barquinho de alumínio nos rendeu um passeio inusitado. O descanso era sentido, momento a momento.
Por entre a casa sede e alguns chalés que é mantido no local para receber amigos, podia se ver patos e galinhas perambulando com seus filhotes, uma delas com os pintainhos nascidos naquela manhã. Os galos, fogosos, descansavam nos arredores.
O resto da tarde foi novamente curtido na piscina, sob uma cascata artificial que massageava com eficiência nossas costas. Dormir na estiradeira, ao lado daquele barulho d´água caindo no azul da piscina; do cantar dos pássaros e dos mugidos do gado, era o que precisávamos.
Na segunda noite de nossa estadia a recepção foi idêntica. Outra refeição suculenta e um bom vinho para acompanhar. A conversa gostosa na sala da casa sede, agora com os familiares de seu proprietário que vieram de onde moram, corria solta.
Nos recolhemos um pouco mais cedo naquela noite, já que o dia seguinte estaria reservado à passeios na cachoeira do chá, antes de retornarmos para casa. Acomodados no pequeno, porém aconchegante chalé, dormiríamos mais uma noite de rei.
Por ironia do destino a madrugada fria deu lugar à chuva forte pouco antes do amanhecer, ameaçando as árvores do recanto. Tivemos que sair na chuva para proteger a moto, principalmente colocando uma tábua sob seu pezinho de descanso, para não afundar na grama fazendo-a cair.
De volta ao chalé um banho quente nos fez retornar aos edredons, para só levantarmos bem mais tarde. Tínhamos dado definitivamente adeus aos planos da cachoeira e, com a lama lá fora, quanto antes voltássemos, melhor.
A chuva logo parou, mas o frio e a neblina encobriam a estância, dando um toque de beleza e nostalgia. Preparamos tudo para a volta, mas uma surpresa estava ao nosso lado. Com toda aquela chuva da madrugada, até os animais tiveram que se refugiarem e…
Enrolada numa de nossas botas um “filhotão” de jararaca aguardava pacientemente o dia amanhecer para retornar ao mato ou, quem sabe, dar uma abocanhada em nosso calcanhar. Por sorte a serpente escolheu a primeira opção e correu porta afora, assim que a surpreendemos.
RODANDO NA SERRA
Com a moto preparada, roupas e botas (sem cobras) calçadas, além da capa de chuva vestida por precaução, acompanhamos nossos anfitriões no café da manhã. Logo depois das despedidas pusemos em marcha, rumo às nossas casas.
Seriam mais oito km de terra, aliás, agora seriam de lama escorregadia. A moto? É, realmente a Drag Star não foi feita para isso, mas era que que tínhamos e ela, com certeza, mais uma vez não nos deixaria na mão e aceitaria o desafio com coragem. E foi o que fez.
Um escorregão aqui, um deslize ali e uma derrapadinha acolá, em pouco tempo estávamos de volta à via de acesso. Não retornaríamos mais por Tapiraí, como tínhamos planejados, mas pelo mesmo lugar por onde viemos, para evitarmos possíveis surpresas novas.
PARA CURTIR: UMA DRAG NA LAMA
E então, prontos para se aventurarem por aí no próximo final de semana? Basta preparar sua moto e curtir alguma cidadezinha escondida entre as montanhas, bem pertinho de vocês. Boa viagem e contem para nós suas experiências.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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Maravilhosa essa história de vocês eu e minha esposa ficamos viajando em pessamento s amamos que Deus abençoe vocês.
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