Nossa aventura deste mês foi no oitavo maior cânion do mundo, com cerca de 260km de extensão, isso aqui pertinho de nós, em Nova Campina, sul do Estado de São Paulo. Vamos conhecer?
A VIAGEM DE IDA
A madrugada de uma sexta feira viu a “Sete Vaca” toda carregada, deixar a cidade com rumo ignorado. Ignorado para os outros, não para nós que tínhamos destino certo mais uma vez junto da natureza, dos vales, dos desfiladeiros, das montanhas e das cachoeiras. Ainda estava escuro quando partimos pela Rod. Raposo Tavares.
A escuridão se dissipava e o dia começava a amanhecer quando estávamos bem perto de Itapetininga. Paramos ao lado da pista para contemplar nossa estrela do dia, apesar do frio ser muito forte e sua luz alaranjada não ensejar calor algum, como era de se supor. Aproveitamos para colher algumas fotos e voltamos logo ao roteiro traçado.
O bom asfalto até ali poderia encantar os motociclistas de primeira viagem, no entanto, os novíssimos e afiados guard rails são uma verdadeira arma contra nós. Se seu objetivo é proteger o usuário “em caso de acidente”, eles tem efeito contrário com as motos e seus pilotos, que podem encaixar-se sob eles, matando, ao invés de salvar.
TRAJETO DA IDA
Em Itapetininga mudamos o rumo para a BR 373, até Capão Bonito, mas entrando à direita antes de chegar na cidade, passando a trafegar pela SP 278 rumo à Taquaravaí e depois Itapeva, num total de 295km de boas estradas. Demoramos cerca de quatro horas para esse percurso, por causa das constantes paradas para colheita de imagens e vídeos para a matéria.
O trecho entre Itapeva e Nova Campina já começa ter ares de aventura. São 20km a distância entre as duas cidades. Enquanto Itapeva concentra-se como uma das maiores cidades da região, com população de 100mil pessoas, Nova Campina, que já foi seu Distrito até 23 anos atrás, conta com aproximadamente 8% disso, distribuídas em poucas ruas e alguns bairros.
Esse percurso poderia ser mais rápido, não fossem a imprevidência de muitos motoristas e motociclistas da região, que impingiam velocidades incompatíveis com a pista simples, sem acostamento e com muitos animais; bem como com mudanças bruscas de direção, entrada e saída da pista sem aviso e ultrapassagens irresponsáveis.
CHEGANDO EM NOVA CAMPINA
Divisamos a placa indicativa de Nova Campina e fomos direto ao seu centro. Do alto não conseguimos vislumbrar a típica torre da Igreja principal, para nos orientar, e seguimos ao sopro do vento. Seríamos aguardados por uma pessoa que nos acompanharia durante nossos quatro dias na cidade: Juliano Camargo era seu nome. Quem seria? Onde o encontrar?
Como sempre fazemos em todas as cidades que visitamos, iríamos estacionar a moto na Praça da Matriz, para só depois cuidar de fazer as ligações telefônicas necessárias e nos informar para hospedagem. Seguimos o “fluxo” do trânsito na esperança de não errar. O trecho de sítio logo deu lugar às casas e a cidade já estava ali. Uma ave saudou nossa chegada.
Logo mais a frente recebemos outra saudação. Escondido atrás de dois carros que impediam a passagem para seus motoristas conversarem animadamente, Juliano nos reconheceu e acenava freneticamente. Ufa! Ainda bem!. Com a recepção dele agilizaríamos nossa estadia e começaríamos o mais rápido possível nossas aventuras.
Antes mesmo de nos instalarmos Juliano nos convidou para irmos à sua casa (isso mesmo, não estamos acostumados com isso, não é?). Lá conhecemos sua esposa, filhos e conversamos algum tempo no terraço, traçando o programa do que faríamos naqueles dias. Só depois ele nos levou para o local onde pernoitaríamos naqueles dias.
Nos instalamos numa suíte nos fundos do “Mercadinho do Baiano”. Na verdade não se tratava de um hotel ou pousada, mas de um lugar com camas que poderíamos, ainda que precariamente, descansarmos para as muitas aventuras que a cidade sugeria. Malas desfeitas, roupas trocadas, não tardaríamos para enfrentarmos com garra aqueles cânions fantásticos.
Antes, porém, teríamos que abastecer nossa moto, que já tinha percorrido quase 300km, o que era uma façanha para a Transalp. Aí a coisa “degringolou” de vez. Não haviam postos de combustíveis em Nova Campina. O único, que ficava na rotatória de entrada da cidade, tinha fechado há algum tempo e a saída era a cidade de Itapeva. É isso mesmo! Acredite, se quiser.
O jeito era mesmo relaxar e curtir o passeio, pois não valeria a pena estressar. Pilotamos receosos até a vizinha cidade, com medo de ficarmos sem combustível no caminho e retornamos 40km depois (lá se foram mais de 2 litros para o lixo). Com a tarde para chegar aproveitamos para almoçar no Recanto da Vovó, antes de nos aventurarmos mato adentro.
ITAPEVA À NOVA CAMPINA
NO MIRANTE DO CEDRO E REGIÃO
Até que enfim saímos com as motos para as aventuras! Juliano nos levou ao primeiro de tantos mirantes que acabamos conhecendo em nossa estadia. Bem perto da cidade, não precisamos mais que meia hora para chegar, depois de curto trecho de asfalto e cerca de 8 km de terra batida, mas em bom estado de conservação. VEJA TUDO AQUI
A PRIMEIRA NOITE NA CIDADE
Retornamos à cidade bastante cansados, mas aceitamos o convite de Juliano para conhecer sua mãe, a 10 km da cidade. Fomos bem recepcionados na bela e confortável casa, mas logo voltamos em busca de descanso e de um jantar, no entanto só ficamos numa porção de fritas com calabresa, e refrigerantes para acompanhar, tudo conseguido na lanchonete da Praça.
No dia seguinte acordamos bem cedo. Depois do café da manhã fizemos uma boa compra para levar, pois ficaríamos fora o dia todo, só tendo previsão de retorno a noitinha. Nessas horas os dois baús da Transalp faziam a diferença. Antes das 8h deixamos a cidade em direção de algum lugar, que só Juliano conhecia.
NOS FORNOS DA FRACAROLLI
Aproveitamos exageradamente bem este novo dia. Depois de uma boa rodada por estradinhas ensolaradas, mas geladas pelo frio da manhã, fomos chegar no nosso primeiro destino: A Fazenda Fracarolli, com seus fornos de fabricação de cal abandonados há exatos 60 anos. Sentimos ao mesmo tempo no lugar: Historia e aventura. VEJA TUDO AQUI.
NO MAGNÍFICO MIRANTE DO ESTREITO
Deixando para trás os fornos e as conversas com “Seu José”, rumamos montanha acima entre estradinhas estreitas e muito mato, para chegarmos no lugar mais esplêndido que estivemos em nosso projeto: O Mirante do Estreito, que também fica em área particular de reflorestamento e tem uma vista de tirar o fôlego. Para complementar, o mirante conta com uma represa particular e “estacionamento”. VEJA TUDO AQUI
NOS BELOS MIRANTES DA BORDA E DO MACACO
Mal saímos da Fazenda Estreito e seguimos por muitas outras trilhas na mata, para chegarmos até um dos inúmeros Mirantes da Borda, já que ficam ao longo e extensos paredões. Lugar fantástico, mas nos sentimos sujeitos a ataque de onça. Ficamos por algum tempo, mas logo nos apressamos para não perdermos o pôr-do-sol no distante Mirante do Macaco. Com o nome sugestivo, claro está que não deixamos de fazer “macaquices” por lá. O sol se pôs com classe e de forma espetacular naquela tarde, matizando antes o céu de um tom de rosa maravilhoso. VEJA TUDO AQUI
A SEGUNDA NOITE EM NOVA CAMPINA
Se na noite anterior estávamos “moídos”, nesta a situação estava bem pior. Mais de 12 horas seguidas entre trilhas, lama, terra solta, mirantes, pedras e rios, realmente minaram nossa resistência. Voltamos do passeio no escuro total, vendo as imagens fantasmagóricas das rochas sobre nossas cabeças, apesar dos faróis fortes das motos.
Chegamos na cidade por volta das 21h. O dia merecia terminar em pizza e foi isso mesmo que fizemos, no único “point” da cidade. Desta vez, para relaxar um pouco a musculatura, tomamos uma latinha de cerveja. Não tivemos mais conversas naquela noite e nos recolhemos em nossas singelas caminhas, para o sono merecido.
Dormimos rápido naquela noite. O domingo amanheceu ensolarado e Juliano Camargo chegaria as 8h em ponto. Desta vez ele nos orientaria com o seu carro, pois a moto tinha ficado com seu amigo Galdino Júnior, que também nos acompanharia nas aventuras daquele dia. A Transalp estava imunda, quase pedindo arrego, mas, forte que é, aguentou bem o tranco.
NA CACHOEIRA DO BARREIRO E NO LAGO DAS CARPAS DA ORSA
Como o novo amigo e instrutor nos esperaria no Bairro do “Barreiro”, seguimos com Juliano pela estradinha de asfalto e em pouco minutos nos juntamos todos. Já tínhamos conhecido Galdino na noite anterior e hoje ele nos tinha prometido um passeio refrescante, pela Cachoeira do Barreiro. Como aquele domingo era dia dos pais, eles nos informaram que ficariam até a hora do almoço e depois disso voltariam às suas famílias. Não tínhamos o menor direito de discordar e, depois desse horário, nos aventuramos sozinhos pela Cachoeira da ORSA e pelo Lago das Carpas. VEJA TUDO AQUI
DOMINGO A TARDE EM NOVA CAMPINA
Por volta das 14:30h já tínhamos retornado à Nova Campina. A cidade estava em festa com campeonato de futebol local e toda sua população parecia estar lá, pois não havia alma alguma na rua. Aproveitamos para fazer um tour pelas ruas da cidade, conhecendo com detalhes cada uma de suas belezas. Começamos pelo cartão de visita: A Lagoa.
Na verdade não se trata de uma lagoa, mas de um “piscinão”, ou, para quem prefira, um reservatório de águas pluviais. O certo é que a cidade está realmente numa “campina”, sem nenhum único ponto de escoamento de água. Assim sendo, lagoa, piscinão ou reservatório sempre vão existir ali, queiram ou não as pessoas que morem lá.
O problema é que essa “lagoa já causou” bastante na cidade. Em algumas ocasiões, depois de fortes chuvas que precipitaram por lá, chegou a transbordar a ponto de inundar boa parte do município, principalmente as ruas centrais, onde estão fixadas a maioria das casas, levando muito prejuízo à população de uma forma geral, mas principalmente aos mais carentes
Para contornar o problema a administração pública está instalando dutos para que as águas sejam remetidas, do outro lado da montanha, no caso de emergência. Agora as pessoas vão ter que contar com o eficaz funcionamento do equipamento e, se o caso, de haver eletricidade ou combustível para que as bombas funcionem na hora “H”.
Para quem conhece as histórias de Redenção da Serra e, principalmente, Natividade da Serra, vizinhas de São Luiz do Paraitinga, que também pode ser citada neste exemplo, é bom rever esses projetos ou instalar seus imóveis em áreas mais altas, antes que seja tarde, para que não tenhamos aí uma procissão igual a do Padre Higino, nos idos anos 70. (matéria em breve)
Percorremos toda a extensão da Lagoa e pudemos ver que ela é imensa e bastante útil. Uma Estação Rodoviária está sendo construída ao seu lado, bem juntinho do playground. De seu outro lado pudemos verificar um belo jardim, mas que certamente já foi mais bonito, prejudicado agora pelas obras de instalação dos dutos para escoamento emergencial das águas.
Acreditamos que até o final do ano a lagoa estará novamente linda e formosa, para o deleite da população e dos turistas. Como é diferente a vida numa cidade pequena! Fomos percebidos por Juliano do terraço de sua casa, quando estávamos na Lagoa. Afinal, chamávamos a atenção com aquela moto e o monte de equipamentos fotográficos.
Juliano veio até nós e aproveitamos para colher mais informações. Sentados agora na praça da cidade, recebemos o carinho de várias pessoas do local. Léa Camargo, que é professora de inglês e cantora, e seu marido Anselmo, nos convidaram para uns petiscos. Adoramos o convite e não fizemos de rogados, afinal o pastel dali era muito bom mesmo.
O dia já estava findando quando voltamos à praça principal, um tanto perplexos ao surpreendermos duas moças cavalgando despreocupadamente pelo meio do jardim. O trio (cavaleiras e cavalo) nem se abalou com nossa presença. A moças chegaram até conversar conosco e disseram que “por lá era assim mesmo, tudo muito tranquilo”. Que inveja!
Rodamos por mais algumas ruas para ver o pôr-do-sol e em seguida fomos em em direção ao barulho de fogos de artifício, que estávamos ouvindo o dia todo. Era o encerramento do campeonato no “Estadio Municipal” e a “arquibancada” lotada compunha-se de carros, motos, charretes, cavalos, pessoas, cachorros, etc. “Tudo junto e misturado” é a definição mais exata.
Como já estávamos conhecidos na cidade, pelos três dias que ali estávamos, logo pessoas vieram nos cumprimentar e nos levar para conhecer o Prefeito de Nova Campina. Rapaz jovem e dinâmico, não deixava de lado a característica de governante e logo se interessou pelo nosso projeto, convidando-nos para conhecer seu gabinete no dia seguinte, antes de partirmos.
Um TOUR em Nova Campina
NOVA CAMPINA. ONDE FICA?
Nova Campina repousa tranquila entre vales, cânions e chapadas imensas na região de Itapeva, sul de São Paulo. Dista cerca de 300km da capital paulista e 240km de Curitiba, no Paraná, pelo Rastro da Serpente. Localiza-se praticamente no centro do triângulo imaginário formado por essas duas capitais e a cidade de Ourinhos/SP, da qual dista cerca de 230km.
Alvo de mineradoras no passado, quando ainda era Distrito de Itapeva, ainda luta desesperadamente contra a degradação do solo e para recuperar suas riquezas naturais. A busca atual é reestruturar para crescer, tanto que o lema do atual governo é “construindo uma nova historia” e a lição é essa mesmo. Esperamos contribuir para isso.
A história da cidade realmente está perdida no tempo. Embora tivéssemos investigado bastante em nossa estadia, quatro dias eram irrisórios para essa façanha, assim deixamos em aberto para que os leitores possam remeter à cidade os dados históricos que possuam, para contribuírem com essa busca do passado.
A VOCAÇÃO TURÍSTICA
O turismo ecológico, ainda incipiente, é a vocação natural e precisa ser incrementado. Sua localização geográfica é privilegiada, fazendo parte do Circuito dos Cânions, rota que também engloba Itapeva, Itararé e Bom Sucesso de Itararé. No entanto, entre essas cidades, é Nova Campina que tem os maiores e mais lindos cânions e mirantes para visitação .
Os imensos paredões rochosos, uma rara formação geológica do Brasil, são feitos em sua maior parte por arenito e partem praticamente de Nova Campina, estendendo-se até a região de Ponta Grossa, no Paraná. O Parque paranaense de Vila Velha faz parte desse complexo, (oitavo do mundo). É denominado, cientificamente, de: “Escarpamento Estrutural Furnas”.
Em geologia esses fenômenos gigantescos são associados aos tempos pré-históricos, perdidos durante a formação do globo terrestre e ao processo de movimentação das placas tectônicas, com a separação dos continentes. Um verdadeiro mar de águas revoltas lavou com violência todo esse vale, deixando esses sulcos imensos como testemunho de uma era.
Com todo esse potencial turístico, que faria muitas cidades americanas se digladiarem para receberem turistas, Nova Campina conta apenas com a dupla Juliano e Galdino que, que ao invés de “tocadores de moda sertaneja”, “tocam” suas motos chapada acima, levando visitantes e aventureiros, sempre sObRe RoChAs de Nova Campina.
Conversando percebemos que a cidade prepara um grande projeto para a incrementação do turismo, com um “quiosque” ao turista e guias especializados para tal empreitada. Ao que tudo indica esses projetos estão de vento em popa na administração atual, fazendo honrar o lema da gestão de construir uma historia nova. Esperamos voltar e ver tudo isso, na prática.
Pensando nisso Juliano já sonda alunos ainda jovens da cidade e ex-alunos seus, com as características necessárias para esse empreendimento, já que a capacitação deles depende de cursos especializados de história, mineralogia, geografia, além de primeiros socorros e emergências em geral. Não dá para improvisar.
Em nossa viagem curtimos menos de 1% de todo seu potencial turístico. Não fomos nas Cavernas do Alegro e do Aldo; Não fomos à Pedra da Minerita e da Espanhola; Não nos aventuramos nas águas de Sete quedas e Araucária; e não vimos centenas de outros mirantes, cavernas, desfiladeiros e cachoeiras lindíssimas.
A HISTÓRIA
Falar em história é ponto de divergência em qualquer conversa na cidade. Pudemos crer que seu início teve origem trivial, como pouso de tropeiros que iam e vinham para outras bandas mais longínquas, a exemplo de Itapeva, da qual foi Distrito por muito tempo. O pouco que se pôde apurar veio de alguns documentos esparsos e… da voz do povo.
O que se sabe é que era chamada “Campina do Veado” e sob esse nome muitas pessoas nasceram, cresceram, morreram, casaram, foram batizadas, etc. Mas esse nome não agrada muito ao morador de lá. O fim da sina de ser eterna “colônia” de Itapeva aconteceu em 30/12/1991, passando a vigorar a partir de 01/01/1992, quando a cidade ganhou sua independência.
A história informal da localidade costuma ser contada por alguns de seus antigos moradores, mas em particular por aqueles que demonstram o desejo de realmente contribuir com a historia, pois muitos não levam a sério tal encargo, além de omitirem ou deturparem fatos por pura troça. Não há casario antigo ou monumentos na cidade que atestem seu passado.
Soubemos da existência de Dona Bininha: professora, agricultora e comerciante de lá. Extrai-se, de sua história de vida, que Nova Campina ainda era um “nada” em 1956, quando passou a morar nela, vindo de sítios distantes. Era mais uma passagem de forasteiros e tropeiros, que propriamente um núcleo de moradias. Foi ela que trouxe um pouco do progresso que hoje existe.
Por outras fontes soubemos que a origem de NC está diretamente ligada a Igreja Presbiteriana. Na cidade desde 1916, fixou-se com mais intensidade nos anos 40, com a vinda de membros da cidade de Guareí. Hoje a cidade dispõe de representações de quase todas as agremiações religiosas e há quem exagere ao dizer que existe uma igreja para cada habitante.
Tais informações devem estar exatas, pois é justamente essa Igreja que ostenta o mais antigo e bem cuidado templo da cidade, substituindo a famosa “pracinha com a Igreja Matriz”, tão comum no Brasil todo. A Igreja está instalada num bonito conjunto de edifícios, dispersos em imenso e bem cuidado jardim cercado de grades, no ponto mais nobre da cidade: A rotatória.
Outro ponto de interesse é a estrada de ferro que passa pela região. Atualmente seus trilhos continuam em atividade, transportando minérios e outros produtos pela ALL. Estima-se que no passado a localidade foi servida com alguma “parada” de trens, para condução de passageiros, o que teria contribuído para a formação da vila que deu origem a cidade.
Só há uma Igreja católica no centro de Nova Campina, a de Nossa Senhora de Aparecida, com parca representatividade de público nos dias que lá estivemos. Sua arquitetura é diferenciada do usual, mais parecendo um galpão industrial adaptado, disposto no fim de uma rua, sem qualquer ornamento especial, torre, campanário ou praça em sua volta.
A VILA CATARINENSE
Como vimos anteriormente, Nova Campina precisa não só “construir uma nova história”, mas acrescer progresso na história existente, descobrindo-a a todo custo, para fazer dela uma das cidades mais lindas, brilhantes e modernas do país. Em nosso tour urbano, agora na parte mais alta da cidade, acabamos encontrando a linda Pâmela e o traquinas José.
As duas crianças brincavam alegremente ao lado da Prefeitura quando os abordamos. O “pirralhinho” de 4 anos e sua irmã de 12 disseram morar na “Vila Catarinense”, logo ao lado. Intrigados, pedimos para que nos mostrassem o local e lá fomos atendidos pelo avô e pela mãe de ambos, que reconheceram de pronto o Prof. Juliano, que nos acompanhava.
Os adultos mostraram parte da casa e comentaram que a vila é o que sobrou de uma antiga serraria. Era um conjunto com cerca de 30 casas de madeira, algumas de pau a pique, dispostas em ruas de terra batida, quase de “parede e meia” com o Centro Administrativo Municipal. O conjunto habitacional é muito bem organizado… e limpo.
Conta-se que em algumas daquelas casas seus habitantes fazem artesanato de qualidade, o que não pudemos constatar naqueles dias. Realmente o ar nostálgico e mágico do lugar daria uma boa “Vila de Artistas” de todos os gêneros. Que se cuidem os moradores atuais: A arte pode estar a caminho e tudo aquilo se tornar referência para a cidade.
Um pouco da Vila
O BALANÇO DA VIAGEM
A viagem rendeu mais que poderíamos imaginar. A quantidade de novos amigos que fizemos por lá fez com que criássemos verdadeiro interesse pelo futuro de NC. Gabriel e Lucas divertiram-se bastante quando, junto com seus irmãos maiores, fizemos um trocadilho com seus nomes, chamando-os de “Gabiúca e Lucaiel”, já que vestidos como gêmeos.
Como turistas que também somos, esperamos o fim da construção de uma pousada e sua inauguração é aguardada para breve. Fomos convidados para conhece-la nessa data e prometemos que sim: Promessa é dívida e sempre pagamos as nossas. Para uma cidade que anseia a vinda de muitos turistas, a falta de um conforto maior é crucial.
Outra coisa que limita a permanecia de turistas para mais de um dia na cidade é a falta de bons restaurantes. Não que os existentes sejam ruins ou não sirvam comidas variadas, mas o visitante sente falta de um atendimento mais elaborado; de um ambiente mais aconchegante; e de pratos mais requintados, além de poderem jantar, necessidade de de quem viaja.
Nem de um Camping a cidade dispõe, mas pelo que vimos por lá podemos esperar alguma surpresa nesse sentido. Ao que tudo indica já está sendo viabilizado um para receber turistas. Agora fomos nós que nos oferecemos para conhecer o futuro camping, em primeira mão. Acho que eles só estão aguardando as sugestões para o nome do Camping. Vamos lá?
No geral as pessoas que se aventuram atualmente por aquelas chapadas e mirantes se hospedam na cidade de Itapeva, a 20 km dali, onde há mais conforto e opções. No entanto, como esse tipo de atividade ecológica demanda força física, lugares rústicos e sobra muito cansaço, um aconchego mais perto seria recebido de braços abertos.
Encerrando as aventuras
A TERCEIRA NOITE EM NOVA CAMPINA
O dia encerrou e desta vez chegamos mais cedo para o descanso. Aproveitaríamos para arrumar toda a tralha da volta e já prepara-las corretamente nos baús das motos. A segunda-feira seria reservada para a visita à Prefeitura e à Secretaria de Cultura e Turismo, sempre interessadas em nossas atividades e a nos proporcionem o suporte efetivo para os projetos.
Para quem já tinha rodado mais de 150km pelas estradinhas rústicas sobre paredões e chapadas, escolher um caminho mais longo e difícil para a volta seria até natural, melhor ainda se o trecho fosse… de terra. Foi o que fizemos. Depois de nossas atividades oficiais na cidade, almoçamos e despedimos de Nova Campina, já com muitas saudades.
A VOLTA = AVENTURAS DE ÚLTIMA HORA
Voltamos pelo caminho oposto ao da chegada, rumo à cidade de Ribeirão Branco e Guapiara, até chegarmos em Capão Bonito, onde retomaríamos o mesmo trecho da viagem de ida. Seguimos inicialmente em direção do já conhecido Bairro do Barreiro. Aparamentados que estávamos para a longa viagem de volta, sentimos o calor do sol “pegar firme” durante todo o dia.
Exatamente na frente do Lago das Carpas da Orsa termina o precário asfalto que liga o município de Nova Campina ao sul do Estado. Era hora de “comermos” muita terra branca que pairava no ar. O trecho íngreme que logo se seguia leva-nos para a pontinha sobre a represa do Rio Taquari Guaçu, metros antes da Cachoeira da Orsa.
Paramos, evidentemente. Daquele ponto estratégico podíamos ver não só a pequenina estação de captação de água da cidade, como uma imensa cachoeira precipitando o rio em direção do complexo industrial, fazendo-o contornar o limite da fábrica de papel até se dirigir à uma usina de tratamento quando, limpo, retoma seu curso normal entre os cânions da região.
Ficamos algum tempo por ali, encantados com a beleza rara. Deixamos a moto “estacionada” entre as poucas sombras das árvores da beira do caminho e nos aventuramos, como estávamos, procurando contornar o trecho do rio que ali defrontávamos. Não fomos longe pois as circunstâncias não permitiriam e retomamos à estrada com pesar. Voltaremos, com certeza!
Seguindo em direção da próxima cidade podíamos ver, amiúde, procissões intermináveis de caminhões gigantescos levando toras de madeira das áreas de reflorestamentos, para serem processadas nas empresas existentes; ou com minérios, para a fabricação de cal e outros produtos afins. É preciso cuidado para pilotar nesse trecho.
Foi exatamente nesse ponto do caminho que acabamos dando uma parada extra, para localizarmos a famosa Cachoeira das Sete Quedas. Espetacular, não precisaríamos de muito para chegar até ela, que fica próxima da estrada. Porém o tempo urgia e não fomos adiante, deixando também para outra oportunidade uma visita à esse encantador lugar.
O primeiro povoado que passaríamos nessa estrada de terra era Itaboa, distrito de Ribeirão Branco. Entre Nova Campina e Itaboa são cerca de 20km, metade deles em terra batida com muita poeira. Rodamos ligeiros, mas cautelosos, afinal em alguns momentos não conseguíamos sequer ver a estrada, de tanto pó branco que se suspendia no ar com o passar de veículos.
O início do retorno
Chegamos em Itaboa por volta das 15h e nela demos uma paradinha básica, para “desempoeirar” o corpo. Aproveitamos para tomar um suco e comermos um lanche rápido, antes de continuarmos nossa jornada de volta. Mesmo se tratando de um distrito de Ribeirão Branco, Itaboa tem uma estrutura comercial bem elaborada e completa.
Mal dobramos as primeiras curvas rumo a Ribeirão Branco e a paisagem mudou absurdamente, como que por encanto. O caminho de terra e poeira branca cedeu lugar a uma estradinha graciosa, com asfalto bem conservado e verde… muito verde, de perder de vista. Melhor ainda: com asfalto impecável e um ar extremamente refrescante.
Passamos pela área central da cidade de Ribeirão Branco. Encantadora, fez-nos lembrar as belas cidades mineiras, com sua praça bem montada e um povo caracteristicamente cativante. Não perdemos tempo e demos uma outra parada para um sorvete. Não era para menos, o calor estava bastante forte, apesar do período de inverno.
Partimos de Ribeirão Branco impressionados com a cidade. Continuávamos pela mesma estrada sinuosa e bela, a beira de vales verdejantes que nos inspirava sossego, conforto e paz. Ao longe vislumbrávamos o conjunto de montanhas altas nos limiares dos Parques de Intervales, Petar e Carlos Botelho. O tempo, antes ensolarado, já estava esfriando.
Quando falávamos de estrada confortável, não era bem a isso que nos reportávamos, mas a imagem pode falar mais que qualquer palavra. Quer maior conforto que deitados numa boa rede, vendo o vai e vem de carros por um lugar bucólico daqueles? Êta vidão! Era assim que estávamos prestes a encerrar um dos passeios mais gratificantes de nossas vidas.
De Guapiara em diante o leitor amigo já conhece o caminho, narrado em outras aventuras para o sul do país ou para a região do Petar. Sugerimos que pesquise em nossas matérias as particularidade desse núcleo populacional, no “Pescoço da Serpente”, como carinhosamente designamos esse trecho da Serra do Rastro da Serpente.
De volta para casa
Agora era só acelerar, mas com responsabilidade, lembrando que até o último momento da viagem, naquele em que estacionamos a moto em nossas casas, devemos nos manter em alerta total. Um único segundo de descuido, depois de dias maravilhosos, poderia comprometer nossas vidas e de quem amamos, para sempre.
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CRÉDITOS
FOTOS: Marcos Duarte, Juliano Camargo e Galdino Júnior
VÍDEOS/EDIÇÃO: Marcos Duarte
CONSULTORES TÉCNICOS: Juliano Camargo e Galdino Júnior
Texto e Edição: Marcos Duarte
conheça também:
Bibliografia de suporte:
BLOG DO JULIANO – http://julianocamargo.blogspot.com.br/
SITE OFICIAL NOVA CAMPINA = http://www.novacampina.sp.gov.br/
Agradecimentos especiais
Juliano Camargo e Galdino Júnior por toda a assistência técnica no Projeto Cânions paulistas
Sra. Marisa Bernardo de Freitas = Secretária de Cultura e Turismo de Nova Campina
Sr. Nilton Ferreira da Silva = Prefeito de Nova Campina
Aos proprietários das terras e áreas onde fizemos nossa matéria, que gentilmente autorizaram nossa entrada de forma a contribuir com a divulgação das belezas naturais de nosso país.
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Todas as fotos e vídeos feitos em Nova Campina foram entregues à secretaria de turismo da cidade para ser utilizados da maneira que quisessem. Que tal procurar pela Administração Pública de NC?
Agradecemos por acompanhar nossas matérias
Adorei a matéria, sou aficionado por conhecer novos locais para aventuras próximos à São Paulo, gostaria de mais detalhes sobre custos de hospedagem e se é possível fazer acampamento selvagem na região dos cânions.
outra coisa, por que muitas das sua materias não estão no Blog portalDMotos e só no face?
Bom dia Roberto Martins. Em primeiro lugar agradecemos por comentar em nossa matéria.
Mais informações sobre a região você vai conseguir com quem mora lá e cuida do Turismo da cidade = https://www.facebook.com/juliano.camargo.52
Quanto ao acampamento selvagem, estou também programando isso há tempo e, quem sabe, poderemos fazer isso em conjunto?
Quanto ao Facebook, o Instagran, o Twiter, etc, são nesses lugares que linkamos todas as matérias do Portal, já que todas estão e só poderiam estar no nosso site oficial – http://www.portaldmoto.com.br
Visite também nosso Youtube, com mais de 300 vídeos de nossas matérias e o nosso FLICKR com quase 20mil fotos dessas viagens
Os links estão no rodapé de todas as nossas matérias do Portal D Moto.
QUANTO AO CAMPING SELVAGEM, É MELHOR DAR UMA OLHADA NISTO – https://portalaventuras.com.br/n-campina-borda-e-macaco/
Como proprietária de um sítio na cidade, e moradora da região de Campinas, atualmente apaixonada demais por NC, só tenho a exaltar suas palavras, agradecer por descrever tão bem este paraíso que nos rodeia. Pretendo compartilhar este link como referencia turística, uma vez que pretendo alugar minha casa, para estes fins, nos dias em que não estamos na cidade curtindo as paisagens. Se tiverem interesse, fica no bairro dos Guilhermes, entrem em contato para mais informações.
Nós é que agradecemos o elogio quanto nossa matéria e a convidamos a se inscrever em nosso Portal e acompanhar nossos vídeos no Youtube.