27/08/2018]
Nossa viagem de mototurismo da vez foi na cidade de Palmeira, que fica entre Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná. Vamos conhecer?
Estivemos na cidade num dia ensolarado e logo ao chegar não nos saia da cabeça a seguinte frase: “Vai Curintia!” Chega a ser tão intuitivo que os próprios “palmeirenses” (entenda-se aqui os moradores da cidade) já estão acostumados a ouvir.
Com perto de 35mil habitantes a cidade é muito bonita e bem desenhada, com ruas planas e sinalizadas, o que nos faz querer conhece-la por completo.
Palmeira fica a 85km de Curitiba, 43km de Ponta Grossa, 390km de Floripa e 520km de São Paulo, se o aventureiro vier pela BR-116 até a capital paranaense.
HISTÓRIA
De tão aprazível que é o município que foi escolhido, no passado, para sediar a Colônia Cecília, um experimento anarquista fundado em 1890 por um grupo de libertários mobilizados pelo jornalista e agrônomo italiano Giovanni Rossi.
Buscando a história no site oficial da Unicamp, ficamos sabendo que o movimento durou cerca de quatro anos, chegando a pequena comuna ter cerca de 250 pessoas. No local predominava, entre outras, regras de cunho político, o ateísmo e o amor livre, descompromissado, com trocas de companheiros.
A subsistência da colônia vinha do plantio de víveres e alguma renda extra, com a produção da erva mate e do vinho. Entre os colonos haviam pessoas de várias classes sociais misturadas, desde analfabetos a escritores, de engenheiros a trabalhadores braçais.
Mas nem tudo foi maravilha e a liberdade trouxe discórdias com a divisão do trabalho, e o amor livre o ciúme, que gerava intrigas e brigas. Não bastasse, ainda haviam os que pendiam para os “maragatos” e outros para os “federalistas”, durante a Revolução Federalista que se alastrou na região.
Como se vê, o movimento hippie dos anos 60/70, com o célebre Woodstock do qual muitos de nós ainda guarda saudades, não tinha nada de inusitado ou inovador como se quer fazer crer, mal passando de uma reinvenção do século IX.
O assunto é tão fascinante e polêmico que já foi alvo de filme e até uma minissérie apresentada na TV.
Mas nem só de anarquistas vivia Palmeira. Nessa época também foram chegando ao município russos, alemães, poloneses e italianos, muitos refugiados de seus países e que compõem boa parte de nossos ancestrais, o que podemos conferir pelos sobrenomes que usamos.
Como já foi dito, nada há de novo no mundo que não seja reprise do passado. Hoje vemos populações de Sírios e, mais próximo de nós, dos Venezuelanos que fogem de seus países em busca de outros horizontes, todos merecendo nossa compaixão e compreensão, pois muitos dos nossos pais, avós e bisavós vieram ao Brasil da mesma forma.
Todas essas etnias imigrantes, somadas, trouxeram riquezas a Palmeira e a toda a região sul do país. Várias outras colônias foram montadas no município, cada uma desenvolvendo um tipo próprio de cultura que se fundiram com o português.
A CIDADE
Aproveitando o dia lindo que fazia em Palmeira, percorremos quase todas as ruas e avenidas principais da cidade, conhecendo seu casario bem preservado, remetendo-nos em imaginação aos tempos de outrora.
Como a hora do almoço tivesse chegado, escolhemos um dos vários restaurantes da cidade para experimentar o “pão no bafo”, prato típico palmeirense trazido pelos imigrantes russo-alemães, que é considerado patrimônio cultural por lá e afronta é não comê-lo.
A iguaria é complexa. Feita em princípio com costela de porco refogada, tem sobre ela uma espécie de “ninho” feito com repolho cortado fininho, onde é disposto os pães ainda crus.
Com tudo isso dentro de uma caçarola tampada, o prato se completa tão logo o pãozinho fique assado no “bafo” da panela. Uma delícia.
Devidamente alimentado deixamos a cidade no meio da tarde em direção de Ponta Grossa, mas essa é outra história a ser contada por aqui.
Gostou da matéria? Faça um comentário e envie-a aos seus amigos.
Não gostou? Envie-nos então suas críticas ou sugestões.
CLIQUE AQUI PARA VER TODAS AS FOTOS
CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
conheça também: