29/07/2019
Nesta edição do City Tour apresentamos Papanduva, cidade do norte de Santa Catarina, num roteiro cheio de atrativos mesclando a cultura sulina com seu chimarrão fumegante, com as culturas polonesas e ucranianas, que podem ser vistas na arquitetura local.
COMO CHEGAR
Para o aventureiro que partir da capital do estado o menor trajeto será pela BR-101, em direção de Itajaí, dali derivando para a BR-470 em direção de Blumenau e Timbó. Segue-se, depois, pela BR-477 até Papanduva. Serão cerca de 310km de estradas.
Já para quem partir de Porto Alegre ou Curitiba o trajeto será bem mais simples, todo ele pela BR-116. No primeiro caso em direção norte, num trecho de 542Km; e no segundo caso na direção sul, num trecho de 166km.
Para os viajantes que partirem de outras localidades é bom ter como referência as capitais informadas.
HISTÓRIA
Como ocorreu com frequência na construção de nosso país, a história de Papanduva também esbarra no caminho dos tropeiros, que iam e vinham entre o Rio Grande do Sul e Sorocaba, em São Paulo.
Era naquele ponto específico que os viajores acampavam, descansavam e dormiam, para seguirem adiante o roteiro preestabelecido. Ali o gado à ser negociado ficava na pastagem denominada papuã, um capim com bom teor de proteína e alta digestibilidade, que auxiliava na recuperação do animal desgastado pela viagem, derivando então o nome do município.
Os primeiros moradores fixos foram aparecendo por volta do início do século 19, dedicando-se à precária pecuária e a agricultura, principalmente no se referia a extração da erva mate.
Porém, o que se pode chamar de início oficial de sua colonização se deu no final do mesmo século, já no Segundo Império Brasileiro, com a chegada dos imigrantes ucranianos e poloneses.
Oficializada como Distrito da cidade de Canoinhas, somente foi instalada na condição de município em abril de 1953, tendo completado 65 anos de existência neste ano de 2.019.
Papanduva e região sofreram muito com a Guerra do Contestado, um conflito armado que envolveu posseiros e proprietários de terras com os poderes estadual e federal brasileiro, que durou entre outubro de 1912 e agosto de 1916.
Conta-se que a figura do Monge João Maria se sobressaiu nesse período da história, e que por onde passava plantava pinheiros, benzia nascente e ensinava “crendices”.
Tão ilustre era tal monge aos caboclos da região, que estes contavam histórias de recebimento de mensagens do monge, mesmo anos após sua morte. Ainda hoje o povo cultua o monge e atribui à ele suas curas.
Nos dias atuais e longe de ser monge ou ter quaisquer de suas habilidades, o personagem “Alfredo”, com sotaque portunhol, vive pelas ruas da cidade com sua bike incrementada e sabe-se que roda com esse veículo por toda a região do norte catarinense. Foi ele que nos deu boas dicas da cidade.
Nada modesto ao que percebemos, mantém um farol voltado para si mesmo, de modo que possa ele ser iluminado nas noites escuras ao rodar pela cidade. Onde mora? Onde parar com sua bike.
A tecnologia mais avançada na agricultura só chegou na cidade no século 20, com a introdução dos imigrantes japoneses em seu território, que trouxeram também sua cultura exótica à se misturar com as já existentes.
Com tanta miscigenação de raças nota-se hoje na cidade uma gastronomia extremamente variada, bem como uma mistura saudável de tradições e de folclores.
A CIDADE
Tanto o contorno geográfico da cidade de Papanduva, como sua área urbana, lembra uma corda comprida e fina. Sua avenida principal é, na verdade, o ponto de fusão da BR-477 com a BR-116.
Pode-se conhecer toda a cidade a partir de seu bonito Portal junto a Rodovia Regis Bitencourt, transitando unicamente pela Avenida Papa João XXIII, que troca de nome na metade de seu percurso para também homenagear o Tenente Ary Rauen.
Quase toda plana, a arquitetura predominante é de prédios térreos, com poucas edificações com piso superior.
Já no design dessas edificações as variações são bem maiores, intercalando o tradicional contemporâneo usado em todo o país, com muito concreto e vidros, com as casas em madeira no estilo catarinense e ainda as construções que lembram a Ucrânia e a Polônia.
Aproximadamente 20mil papanduvenses moram no município e, para dar conta de tanta miscigenação de crenças, uma grande diversidade de igrejas também estão à disposição dos fiéis.
A gastronomia típica das colônias polonesa e ucraniana é rica em detalhes e sabores, tendo como diferenciais a sopa de beterraba, o Borsch, o Haluske, o pernil de porco e o tradicional pão de casamento, o Korovai, tudo isso podendo ser encontrado nos restaurantes e lanchonetes do município.
Rodando pelas ruas da cidade encontramos alguns velhos casarios, que preservam ainda em nossos dias a influência desses imigrantes que se inseriram definitivamente em nosso país.
IGREJA SANTO ANTONIO DE PÁDUA
A igreja católica mantém um templo com características ucranianas, que está disposta numa grande área ao entorno.
O prédio foi construído em estilo bizantino, o que se pode notar pelas cúpulas prateadas sobre as torres frontais e posterior da igreja
Essa Igreja Greco católica Ucraniana é uma Igreja particular da Igreja Católica, de rito Bizantino, contando atualmente com cerca de 6 a 10 milhões de fiéis em todo mundo, metade deles na própria Ucrânia.
Foi governada até 2011 pelo Arcebispo maior Lubomyr Husar, juntamente com o seu Sínodo, quando renunciou por motivos de saúde. Em 25 de março de 2011 o Sínodo Extraordinário em Kiev escolheu a Dom Sviatoslav Shevchuk como novo Arcebispo-Mor.
PARÓQUIA DE SÃO VALDOMIRO MAGNO
Tendo suas raízes na cidade vizinha de Iracema e formada por ex-membros da Igreja Ucraniana Greco-Católica, a sede e as atividades desta igreja foi transferida para Papanduva a partir de 1992.
Em pouco tempo os novos fiéis fizeram construir um enorme salão paroquial, e desde 2010 passaram à construção de seu templo, que ainda não está concluído.
Hoje a Paróquia conta com mais de 200 famílias de fiéis, ortodoxos e simpatizantes, que vivem em Papanduva, Iracema, Canoinhas, Monte Castelo, Mafra e Itaiópolis, todas estas cidades situadas na região norte do Estado de Santa Catarina.
MATRIZ DE SÃO SEBASTIÃO
O complexo da Igreja Matriz de São Sebastião, em Papanduva, ocupa toda uma quadra na Rua Nereu Ramos, paralela com a avenida principal da cidade.
Embora todo o complexo tenha sido construído com arquitetura contemporânea, o templo em si tem ares de modernismo e grandes dimensões, sem contar a imensa torre lateral em concreto armado.
A igreja foi construída em homenagem a São Sebastião, padroeiro da cidade e cujas festas ocorrem no mês de janeiro de cada ano.
TURISMO
Instalado nas proximidades da divisa dos estados de Santa Catarina e o Paraná, a cidade tem muitos interesses turísticos, principalmente nos esportes radicais e ecológicos.
Entre suas belezas naturais vamos encontrar a cachoeira sobre o Rio das Pedras e a e Gruta Dona Emídia, que mantém a paisagem nativa no município.
Já o circuito de cachoeiras é o maior do que se tem catalogado no estado e localiza nas proximidades da Serra do Mar.
Nesse circuito vamos encontrar as cachoeiras dos Werka, sobre o rio Bonito; a cachoeira do Rio Pratinha; e a queda dupla do rio São João.
NOSSA VIAGEM
O acaso nos levou à cidade depois de uma quase tempestade sofrida na Serra do Espigão, que fez com que procurássemos abrigo para o pernoite, já que não era prudente continuar viajando no escuro e sob chuva.
Só conseguimos encontrar um hotel nas margens da BR-116 e para nossa sorte ficamos com a última suíte desocupada, com o viajante que chegou um minuto depois de nós tendo que seguir viagem à próxima cidade.
Bem que tentamos deixar o hotel depois de estarmos alojados para comermos alguma coisa, mas parece que as pessoas por lá dormem cedo e naquela noite não tivemos sucesso.
Retornando ao hotel o responsável pela recepção providenciou a encomenda de um lanche que comemos no refeitório.
No dia seguinte acordamos tarde, pois o tempo estava ainda muito nublado e aproveitaríamos para conhecer Papanduva com mais profundidade.
Com paciência caminhamos por quase todas as ruas e avenidas, que não são muitas, e aproveitamos para almoçar por lá antes de partirmos.
UM VÍDEO TOUR PELA CIDADE
De lá restou-nos a lembrança de uma cidade pacata, porém próspera, com um comércio acanhado, mas que atende bem a população.
Por volta das 14h deixamos definitivamente Papanduva, rumando em direção norte, com destino à capital paulista, na qual chegaríamos dias depois.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
conheça também:
você conhece algum guia de ecoturismo em Papanduva que leve um grupo para conhecer as cachoeiras citada na postagem Se sim por favor me envie o contato
Olá Deisi. Valeu pelo comentário e ainda não temos a resposta. Contatamos a Secretaria de Turismo de Papanduva, mas só obteremos informes a partir da segunda semana de janeiro de 2024. A princípio não tivemos notícias de monitores ou guias fixos em Papanduva. Aproveitamos para lhe desejar um ótimo final de ano e foco nas trilhas.