PASSO FUNDO/RS

10/01/2021

“Capital da Literatura” e “Lugar de ser feliz” são alguns codinomes da bela Passo Fundo, localizada ao norte do Rio Grande do Sul. Vamos conhecê-la? 

A CIDADE

Com aproximadamente 205 mil habitantes é uma das cidades mais densas do estado, possuindo uma área urbana bem compacta com grandes edifícios e largas avenidas.

Sua econômica está baseada na agropecuária e no comércio, sendo forte também no setor da saúde e da educação, já que tem um parque universitário muito concorrido no estado.

Além da sede administrativa o município tem outros cinco Distritos espalhados por sua área territorial, que ultrapassa aos 783 km². São eles: Bela Vista, Bom Recreio, Pulador, São Roque e Sede Independência.

Para os aventureiros e turistas a cidade mantém uma excelente rede de hotéis, bons restaurantes, lanchonetes e shopping center, sem deixar de lado as atividades de lazer, muito procuradas: Cinemas, boates, teatros, etc.

Um dos bairros mais importantes da cidade é o São José, não só por abrigar a Universidade de Passo Fundo, uma das mais importantes do estado e com 60 cursos a disposição, mas por sediar o aeroporto Lauro Kortz.

HISTÓRIA

Os historiadores, de maneira geral, apontam um passado sombrio e doloroso de Passo Fundo. Formada a partir do ano de 1827 pelo cabo Manuel das Neves, contava com o número de 419 pessoas em 1833, em véspera da Revolução Farroupilha.

No ano de 1943, com o fim da guerra, esse número caiu para 60 pessoas em precárias condições, literalmente verdadeiros “farrapos” dado as constantes “requisições” de mantimentos, gado e cavalos pelas tropas que passaram pela região.

Depois de totalmente desestruturada, reergueu-se e chegou a condição de vila em agosto em 1857, quando foi instalada a Câmara Municipal com poderes executivos e legislativos.

A paz, entretanto, reinou por poucos anos. Passo Fundo mais uma vez se viu no meio de confronto sangrento, desta vez na Revolução Federalista de 1893, uma guerra civil ocorrida logo após a proclamação de república.

BATALHA DO PULADOR

Nesse contexto Passo Fundo foi palco de uma das mais sangrentas batalhas dessa guerra: a Batalha do Pulador.

A contenda armada ocorreu em 27 de junho de 1894, onde é hoje o atual Distrito de Pulador, entre duas facções representadas pelos “maragatos”, também chamados federalistas ou monarquistas, e os “pica-paus”, chamados de republicanos ou legalistas.

Aproximadamente 4.600 participaram da batalha que durou seis horas, com grande número de mortos e feridos dos dois lados. A disputa violenta terminou no “corpo-a-corpo”, vez que faltou munição para ambos os contendores.

Tem-se que os legalistas lutaram com cerca de 3 mil homens e os federalistas com 1,6 mil, restando o saldo de mortos e feridos em torno de mil pessoas.

Não houve propriamente um vencedor e um vencido e não houve prisioneiros na batalha, pois os sobreviventes de ambos os lados se safaram pelas matas.

Porém, a longo prazo a contenda resultou no enfraquecimento dos maragatos, que assinaram o tratado de paz um ano depois, contribuindo para a consolidação da República em terras brasileiras.

Para quem quiser saber mais sobre o episódio, há muitas informações nos sites especializados das grandes universidades, além, é claro, de poder assistir a encenação anual feita por tradicionalistas da cidade de Passo Fundo, exatamente no Distrito do Pulador, onde ocorreram os fatos.

A REVOLTA DOS MOTOQUEIROS

Esse assunto que muito nos interessa ocorreu na cidade no ano de 1979, em pleno Regime Militar, e os fatos que fizeram eclodir os movimentos são os mesmos vistos amiúde em nossos dias, com grandes repercussões verbalísticas mas sem apoio popular maciço como ocorreu em Passo Fundo.

Em pesquisa no Arquivo Histórico da Universidade de Passo Fundo pudemos nos informar que a cidade era tida como a “Chicago dos Pampas” naquela época, dada a violência e a criminalidade que campeava solta por lá nesse período. 

Segundo as informações, no dia 5 de fevereiro de 1979 uma ação desastrada de três membros da Brigada Militar da cidade (Policiais Militares, por aqui) mataram friamente Clodoaldo Teixeira, de 17 anos, em frente sua casa, depois de fugir de uma blitz policial por não ter habilitação.

Mesmo parado e indefeso, teve a vida ceifada brutamente pelos milicianos, causando revolta não só na família da vítima, mas em dez mil outras pessoas que foram ao seu enterro, aderindo a causa e pedindo justiça.

A continuidade dos protestos pela população fez com que a Brigada Militar recebesse a tiros de metralhadora os manifestantes, causando a morte de mais duas pessoas e aumentando a crise no estado.

O controle da situação mobilizou a esfera política em Brasília, trazendo investigações mais firmes e céleres, que levou os policiais a responderem os delitos na Justiça.

Ainda segundo as nossas pesquisas, o periódico “O Nacional” de 31 de dezembro de 1979 retratou em manchete “Passo Fundo 79: um pesadelo”, demonstrando que a morte do rapaz levantou literalmente a cidade, reagindo contra a violência policial”.

Bom lembrar, novamente, que tudo isso aconteceu em 1979 e que qualquer notícia semelhante em nossos dias é mera coincidência.

INTERESSES TURÍSTICOS

A maior parte do turismo da cidade está voltada para a literatura, para a cultura e para a história, com ênfase ao Complexo Turístico de Roselândia, que engloba em seus 200ha clubes de campo, kartódromo, escola de equitação, Parque de rodeios, etc.

No Distrito do Pulador vamos ver os marcos históricos da batalha ali ocorrida, cada um dos marcos representando uma das partes na contenda.

RODANDO EM PASSO FUNDO

CAPITAL DA LITERATURA

O título vem por meio da Lei Federal 11.264/2006 e contempla a cidade que tem se esmerado, há décadas, para oferecer projetos voltados à boa leitura, sediando o maior debate literário da América Latina: a Jornada Nacional de Literatura.

O evento bienal, que tem recebido milhares de pessoas em todas as suas edições, tem por objetivo a formação de leitores em suas múltiplas linguagens.

Debates, shows musicais, espetáculos teatrais, sessões de autógrafos e exposições tem cada vez mais feito parte da programação, premiando não apenas escritores consagrados, mas jovens talentos. 

NOSSA VIAGEM

Chegamos na cidade por volta das 12h de um dia frio do mês de agosto, quando seguíamos viagem ao Uruguai, depois de muitas paradas em outras cidades paranaenses e catarinenses, em vários dias de estradas.

A primeira ideia foi almoçar e continuar nosso caminho, mas acabamos nos encantando com a famosa Passo Fundo e resolvemos ficar lá para um pernoite e para conhecermos melhor seus recantos, embora sem tempo para os passeios mais radicais pela periferia.

A grande avenida (Av. Brasil) que nos levou diretamente ao centro da cidade é a extensão da RS-153. A área central de Passo Fundo fica exatamente na confluência dessa rodovia com a RS-324.

Mas não se enganem. No norte dessa mesma Avenida Brasil encontraremos o entroncamento com a BR-285 e ao sul com a BR-153. Portanto, é forçoso admitir que é muito fácil chegar até a cidade.

Como resolvemos pernoitar em Passo Fundo tratamos logo de encontrarmos um bom hotel nas imediações da Praça Tamandaré e fomos imediatamente procurarmos uma boa churrascaria.

Já que não mais pilotaríamos em estradas naquele dia, poderíamos abusar um pouco mais na alimentação e curtirmos o centro da cidade com a barriga cheia do que o sul tem de melhor na gastronomia: a carne churrasqueada.

Depois de um descanso merecido, por volta das 18 horas saímos para conhecer um pouco da vida noturna de lá e findamos a noite com um caldo quente e um vinho tinto.

Na manhã seguinte conhecemos um pouco mais de suas ruas centrais, deixando-a, definitivamente, por volta das 14 horas, seguindo novamente em direção ao sul do país. 

COMO CHEGAR

Para quem parte da capital gaúcha a distância para ser percorrida será de quase 300km, com duas opções básicas de trajeto: Pela BR-386, passando por Lajeado; ou pelas BR-116 e BR-470, passando por Bento Gonçalves.

Já para os aventureiros oriundos de Floripa o trajeto é bem maior (511km), podendo ser percorridos pela BR-282, até Lages, e depois pelas BR-116 e BR-285, passando por Vacaria.

Aos demais interessados em chegar até Passo Fundo o ideal é consultar um bom guia de viagens, tendo como referência as capitais que mencionamos.

Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.

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Marcos Duarte

Jornalista, advogado, motociclista há mais de 53 anos e editor do Portal Aventuras há 9 anos, já foi colaborador da Revista Moto Adventure e do Portal Damas Aladas, trazendo notícias do mundo das aventuras nos mais diversos segmentos.