07/09/2016
No passeio que fizemos na “Noiva da Colina”, tivemos a companhia de dois amigos: Jorge, com sua Buell 1200cc, e Lucimara, pilotando sua sofisticada Ghost 320cc. Vamos saber mais um pouco dessa jornada na terra da piracema?
AS ORIGENS
Na verdade a cidade de Piracicaba deveria ser instalada em outro lugar, e não onde é atualmente. Mas, mas em 01 de agosto de 1767 o capitão Antônio Correa Barbosa, incumbido da missão, decidiu-se pelo atual ponto pois era mais próximo da cidade de Itu, referência do progresso da época.
A cidade, que teve seu início nas margens esquerda do Rio Piracicaba, onde hoje é o antigo Engenho Central, foi mudada para o outro lado do rio em 1784, instalando-se nas imediações da atual Rua do Porto.
Apesar da sede do município ter ficado do lado direito do rio, foi a Vila Resende, do lado esquerdo, o núcleo populacional mais importante da cidade por décadas, com bonitas praças, comércio movimentado e industrias de grande porte, sendo muito comum pessoas de fora entenderem que a cidade era realmente “do lado de lá”.
O epíteto “Noiva da Colina” foi dado a cidade por Brazílio Machado Neto, então promotor público em Piracicaba e intelectual dos mais renomados no país. Poeta e escritor, era filho do famoso Alcântara Machado. Foi em seu poema intitulado “Piracicaba” que Brazílio fala do “véu da noiva”, se referindo ao “manto de neblina” que se estende nas noites piracicabanas.
TEMPOS MODERNOS
Depois do ciclo do café Piracicaba começou a ficar conhecida como a “Capital do Açúcar”, dado a quantidade de Usinas e plantação de cana em extensas áreas rurais, que impediu que a cidade caísse em ruínas mas não conteve sua estagnação, que durou até a década de 70.
A construção da rodovia do Açúcar foi uma das iniciativas tomadas pelo governo do Estado para alavancar a economia piracicabana, ligando a cidade a Rodovia Castelo Branco, exatamente no trecho que passa pela cidade de Itu. Será a alma do capitão Barbosa que insuflou a mesma ideia novamente?
Dessa época em diante Piracicaba deu um gigantesco passo para o progresso, transformando-se numa das mais sólidas economias do Estado, e transformando aquela cidade interiorana numa linda metrópole, cheia de belezas naturais e encantos.
SESSÃO NOSTALGIA
Para nós esse passeio em Piracicaba teve um um gostinho especial, um gostinho de saudade, um gostinho de nostalgia, uma vez que entre os anos 1982 a 1987, no tempo que este jornalista era ainda um “bicho grilo”, participando ativamente da feira de artesanato local.
“Pimpinhos – O boneco da sorte”, confeccionados com bolinhas de gude, Durepoxi e tinta automotiva, eram requisitados por 10 entre 10 crianças da cidade, que se esforçavam para verem e comprarem os bonequinhos na barraca montada ao lado do coreto da Praça da Matriz.
Saudades, saudades, saudades. Os bons tempos as vezes voltam e tivemos a felicidade de estar novamente lá, no mesmo lugar, no mesmo cantinho, para curtir esses velhos tempos. Salve os velhos tempos, pois nos atuais dias a linda Praça da Matriz está jogada às traças, reduzida, descuidada, abandonada, com gente se albergando entre os jardins.
Mas foi nessa Praça que encontramos os anfitriões que nos convidaram para esse tour por Piracicaba. Quando Jorge Barbedo, farmacêutico, dono de uma Buell 1200 fez-nos o convite, sequer sabia que ele mesmo já tinha sido um dos clientes dos “Pimpinhos”, quando ainda cursava a faculdade. Se surpreendeu ao receber alguns desses mimos, guardados daquela época como lembrança.
Lucimara Furoni, que também nos acompanharia no “tour”, disse ter sido ávida frequentadora das feiras de artesanato da Praça e conhecida de vários artesãos, mas não no mesmo tempo em que participávamos. Depois de muita conversa jogada fora e muitos risos, ficamos sabendo que tínhamos vários amigos comuns desses tempos. Mundo pequeno.
NAS IMEDIAÇÕES DA RUA DO PORTO
Deixando o saudosismo de lado rumamos para as margens do Rio Piracicaba, mas não sem antes curtimos o Mirante da Ponte, com direito a elevador e vista magnífica de boa parte da cidade, das quedas do Rio Piracicaba, do Engenho Central onde a cidade começou, e da Rua do Porto, abarrotada de gente naquele final de semana. O sobrinho de Jorge, Adriel Bigotto, fez questão de ajudar e colaborou fazendo alguns vídeos e fotos do passeio, que só veio a engrandecer este trabalho. Nosso muito obrigado.
Saímos do Mirante e tratamos de repassar essa famosa rua, hoje em dia com boa parte do trânsito impedido pelo burburinho de gente e dos muitos restaurantes que se acotovelam entre si, servindo quase sempre pratos a base de peixes de água doce, principalmente o famoso “filhote”. É de ficar com água na boca vendo aqueles espetos com peixes sendo assados.
Mas nem tudo é peixe e comida. Intercalando os quiosques de alimentação, muitos artesãos expõe seus trabalhos em suas barracas desmontáveis, quase como nos velhos tempos, já que hoje restam poucos artistas de verdade, que se orgulham da profissão e exibem suas artes em feiras do gênero.
Piracicaba.. Pamonha… Peixe… Pinga. Assim expressa o texto chamativo do folder turístico da cidade, dirigido ao turista que visita Piracicaba. Recebemos o folheto de forma bastante cortês da bela e simpática moça que cuidava do acervo do “Casarão do Turismo”, construção do século XIX de uma antiga olaria, que hoje abriga setor da Secretaria de Turismo local.
Não podemos deixar de mencionar, também, que no vai e vem das pessoas, na multidão que desfila todos os finais de semana na Rua do Porto, muitos motociclistas se fazem presentes todos os finais de semana. No dia de nossa visita não foi diferente e em poucos segundos travamos contato com “A turma da Amizade”, motoclube de São Bernardo do Campo. Um abraço à todos vocês.
Atravessando a ponte Pensil, fomos conhecer o que sobrou do Engenho Central, conjunto de edificações de 12mil metros iniciada em 1881 pelo Barão de Rezende, O engenho funcionava usando mão de obra assalariada, ao invés dos escravos até então cativos, mas foi desativado em 1974. Hoje funciona como espaço cultural e artístico.
RUMO AO “MONTE ALEGRE”
A conversa estava animada, mas motociclista de verdade gosta mesmo é de pilotar. Nossos anfitriões nos levaram então para um local que não conhecíamos em Piracicaba. Aliás, os próprios piracicabanos ainda estão descobrindo as belezas do velho “Monte Alegre”.
Formado por casas dos operários da antiga Usina Monte Alegre, o bairro exibe inúmeras habitações semi destruídas, que passam-nos um aspecto nostálgico que em poucos lugares se pode perceber. Chegar lá é fácil, basta seguir ao lado do Instituto Agronômico e dificilmente errará, já que as margens do Rio Piracicaba o impedirão de seguir por outro caminho.
Na dúvida, siga o paralelepípedo, não tem como errar.
Em pouco tempo voltamos ao passado como nunca tínhamos imaginado, servindo o lugar até de cenário fotográfico para muitos. Construções gigantescas a beira da rua mostram-nos a grandeza do lugar nos tempos de outrora, e nos põem a refletir sobre o futuro. “O que será, do amanhã, responda quem puder… “ já dizia letra de samba enredo de João Sérgio.
Contrastando com as inúmeras ruínas pudemos perceber vários “points” bonitos e muito bem instalados, quem sabe aguardando-nos para aquelas noites inesquecíveis e românticas, em alguns; ou baladas incríveis em outros. Alguns restaurantes estão montados na região e dispensam ao cliente um bom atendimento e preços justos. Vale a pena conferir.
Passamos todo o resto da tarde naquele ambiente, dividindo-nos entre o antigo e o novo, o real e o místico, o belo e o fantástico. Na nora derradeira deixamos a cidade para trás, despedindo dos amigos que lá ficaram, mas prometendo um outro passeio mais demorado para um futuro bem próximo.
ACOMPANHE UM TOUR PELA “NOIVA DA COLINA”
E assim deixamos mais uma vez Piracicaba com o coração sorridente pelo quanto revivido neste dia, e ao mesmo tempo feliz, pelas belas lembranças dos idos tempos.
Piracicaba. Adoro-te. De ti tenho grandes lembranças.
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CRÉDITOS
Texto e edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos – Marcos Duarte e Adriel Bigotto
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Agradecimentos especiais
Parabéns ,linda matéria.
Eu como Piracicabana fico muito grata pelo carinho e atenção por nossa querida Noiva da Colina.
Sempre bom ter comentários positivos aqui no Portal. Nós é que agradecemos o carinho e, com certeza, voltaremos muito mais vezes nas terras da Noiva da Colina.