Se Piraju, na linguagem indígena, significa peixe amarelo, da cor do ouro, dourado, etc., o primeiro nome da cidade foi em homenagem a lama preta: São Sebastião do Tijuco Preto.
Os historiadores divergem quanto fundação da cidade, já que algumas pesquisas acreditam que desde 1800 haviam moradores, pelo fato de existir ali uma estrada que servia de acesso a outras localidades. Os estudos mostram vestígios de índios que teriam habitado a região há mais de mil anos, o que culminou com projetos de pesquisas arqueológicas para trazer à tona a verdadeira história da cidade.
O ponto alto de Piraju ocorreu em 1906 com a instalação de uma estação ferroviária, hoje desativada. Piraju foi então um importante polo nesse período áureo do café. A cidade fica no extremo oeste da represa de Jurumirim, que retém principalmente águas do rio Paranapanema. Mais de 90km desse rio banha a cidade de Piraju, que aproveita suas águas límpidas e caudalosas com bastante sabedoria.
O Paranapanema aciona 10 usinas hidrelétricas em seu curso, abrigando, ainda, sítios arqueológicos com quase oito mil anos e algumas ruínas jesuítas. É o único rio de grande porte do estado que não está poluído. Com toda essa fartura os esportes náuticos ganham adeptos por lá. Grupos oficiais de canoagem treinam dividindo espaço com nadadores esquiadores, lanchas, pranchas e tudo mais que flutue.
A VIAGEM
Para chegar até lá partimos cedinho de São Paulo seguindo pela Rodovia Raposo Tavares por cerca de 330km. A rodovia está com pista dupla até a cidade de Itapetininga e dali em diante segue em pista simples, para a alegria do motociclista. O sol ilumina com tons dourados todo esse trajeto, contrastando com alguma neblina nas regiões mais baixas, que causam um friozinho gostoso e passageiro.
Nesse trecho de pista única pilotamos entre muita vegetação. A partir da cidade de Paranapanema a estrada por vezes margeia muitos quilômetros da represa de Jurumirim, numa beleza de tirar o folego. No trajeto passamos por diversas pontes sobre grandes braços de água, o que pede uma paradinha extra para apreciarmos a magnifica visão que se desponta ante nossos olhos.
A chegada na cidade de Piraju se dá por três formas diferentes. Pelo nosso percurso seguimos por uma via de acesso que nos levou direto a Praça do Peixe. Um imenso “dourado” saltando d´água dá as boas vindas a todos.
Em poucos minutos estávamos na área central, já que a cidade é pequena, com cerca de 30.000 habitantes. Ruas e casas bem cuidadas, comércio atraente e muita gente simpática informam indiretamente que chegamos.
Uma viagem como essa merece um “bate e fica”. Na verdade esse “fica” pode se estender por mais de uma noite, pois muita coisa se pode fazer por lá. Além de poder curtir um ambiente noturno bastante aconchegante, a represa nos convida a cada minuto do dia.
A ROTA DE IDA
CHEGANDO
Fomos direto nos alojar no melhor lugar da cidade, as margens da Represa e com uma vista surpreendentemente linda. O Hotel Beira Rio não tem similar. Depois guardar a tralha e instalarmos na confortável suíte, tomamos um banho e almoçamos no deck. As botas, jaquetas, luvas e equipamentos de viagem foram substituídos por “algo mais leve”, nunca esquecendo a necessária proteção ao pilotar.
Agora era curtir Piraju. O primeiro compromisso da viagem às Piraju foi com os irmãos do Garras MC que comemoravam seu segundo aniversário com festa de gente grande. A beira de uma piscina com uma bela estrutura e churrasco “de chão”. veja mais
A missão no evento era entrevistar uma motociclista que está dando o que falar nas estradas de São Paulo e, porque não, do Brasil. Com sua pequena Intruder 125, nossa amiga Fa Intruder tem viagem para fazer inveja à muitos marmanjos veteranos. ver entrevista
VEJA A FESTA
PERAMBULANDO A NOITE
Se a festa continuou rolando solto no evento do Motoclule Garras, de nossa parte o trabalho continuaria em outras partes da cidade. A noite caia vagarosa nesse período de quase verão e não queríamos perder a oportunidade para aproveitar Piraju durante a noite. O relógio da matriz marcava 21:30, a cidade estava florida e a vontade era experimentar algo diferente.
Parece que caiu do céu. Ali mesmo, na Praça da barragem, a duas quadras da Matriz, encontramos a Hamburgueria Piraju. Toda decorada com temática dos anos 60, era a pedida exata para aquela hora. Foi só nossas motos pararem em frente que outros motociclistas foram chegando devagarinho, para também curtirem o ambiente agradável e acolhedor. veja mais
A noite foi bem aproveitada no Hotel. Da sacada da suíte, em plena escuridão da noite, podia se ver o reflexo do firmamento e das luzes da cidade nas águas calmas da represa que banha a região nobre da cidade.
A REPRESA
A manhã seguinte logo chegou e com ela novas aventuras. Curtir a “prainha da bomba” é o que há. Água límpida e calma, areia clara e parque arborizado se misturavam ao lado da “bomba” da Sabesp, quase imperceptível por todos. Famílias com crianças brincando com seu “dog” amigo, “prancheiros panchudos”, esquiadores, nadadores e curiosos como nós ali ficávamos admirando a beleza.
Aos poucos iam afluindo pessoas à localidade. Pudemos curtir as peripécias de um aprendiz de esquiador repetindo tombos à frente de nossas lentes e, depois, seu mestre fazendo manobras ousadas nas profundas águas a nossa frente.
Voltando ao nosso “prancheiro panchudo”, mais tarde pudemos vê-lo ao longe, kms dali, navegando na sua imensa prancha de “stand up paddle” numa das curvas do rio Paranapanema. Se não prestarmos bastante atenção na foto, nem perceberemos um pontinho escuro flutuando no rio. É ele.
O dia passa como um vento quando estamos curtindo cenários deslumbrantes como esses, não é mesmo? E como esses momentos não se repetem sempre, o jeito é aproveitar cada minuto que se puder. Foi o que fizemos.
TOUR PELA CIDADE
RUMO AO PARQUE DO DOURADO
Como o dia seguinte seria o da volta, cuidamos de rodar mais um pouco e fomos em busca da natureza rústica no Parque do Dourado, que fica do lado baixo da barragem, onde “o rio volta a ser rio”.
Logo no começo do trajeto conhecemos a antiga estação ferroviária que nos reportamos no começo desta matéria. Que diferença dos tempos de ouro dos trens. Ao que parece o local esteve abandonado por algum tempo.
De pronto percebe-se uma reforma na antiga estação, nos galpões e até um tímido protótipo de trem esta postado ali, propondo um percurso diminuto de algumas centenas de metros para alegrar a criançada.
A considerar os rasgos fresquíssimos na grama, espera-se que o projeto de melhoramentos seja condigno com a história da cidade e que realmente o local seja restaurado como Piraju mercê.
Seguimos pela rodovia SP270 por cerca de 5 km bem conservados em direção da cidade de Ipaussu e encontramos nosso destino com facilidade. Há uma Pórtico bem feito com o nome do Parque do Dourado e uma portaria abandonada. Em pleno domingo ensolarado quase não havia alma alguma no local.
O Parque é municipal, cheio de quiosques, água farta e bem cuidado. Fica as margens do Paranapanema e não se paga nada para entrar, pescar ou acampar e a segurança pareceu boa, por causa dos poucos visitantes.
A descida até lá causou algum sofrimento na Drag Star, mas ela já está acostumada com essas trilhas, a ponto de se poder substituir seu nome para “Drag Trail”. Escorrega daqui, derrapa daí, um solavanco acolá e em minutos o Parque aparece.
O lugar é bastante tranquilo. Lá se respira o sossego além do ar puro e água fresca. Ideal para curtir um churrasco, uma boa rede para descansar e o burburinho de um grande rio. Alguns se arriscam a nadar, mas as placas mostram alertas: O local é perigoso.
Não ficamos muito por lá e retornamos em pouco tempo. A subida no meio da terra e pedras soltas parece mais tranquila e em alguns minutos saíamos do Parque. O dia já estava para findar-se e a manhã seguinte marcaria nossa volta. Mais 350 km de retorno, com parada extra na cidade de Paranapanema, para rever amigos.
NA TRILHAS DO PARQUE
A PRAÇA DA MATRIZ
Após um almoço gostoso a base de peixe de água doce, aproveitamos para visitar a praça principal da cidade. Ataliba Leonel é pessoa ilustre de Piraju e empresta seu nome à Praça da Matriz de São Sebastião. Uma imensa igreja foi erigida em honra desse santo.
O local é bastante arborizado e o descanso merecido foi ao lado da fonte luminosa que não só embeleza a cidade, como é marca registrada de Piraju. com seus jatos d´água potentes. Aliás, água é o que não falta nesse paraíso do sul do estado.
NO PEAR
Como a volta estava programada para a manhã seguinte, passamos o restante da tarde no pear, ao lado da represa, vendo os barcos navegarem entre pedalinhos coloridos e gente alegre que iam e vinham a bordo de embarcações coletivas que fazem passeios marcantes represa acima.
Até a cabine de recepção da Secretaria do Turismo de Piraju é em forma de uma embarcação, com direito a convés, âncoras e uma chaminé, que na verdade é uma escada caracol que nos leva ao passadiço do barco imaginário, numa visão absurdamente linda.
A noite agora será para puro descanso. Pela manhã tudo estará preparado para a volta.
Quando quiserem um pouco de tranquilidade, associado a um belo passeio de moto, não esqueçam de Piraju, ela estará de braços abertos para lhes receber.
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Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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