Pirapora do Bom Jesus, destino de muitas romarias das mais remotas regiões do Estado, é também roteiro imperdível dos aventureiros da capital em busca das cidades interioranas, em todos os finais de semana. Vamos ver?
HISTÓRIA
Seu nome Pirapora é de origem tupi, significando algo como “o lugar do pulo do peixe”, em referência ao processo da piracema, que é o movimento migratório de algumas espécies de peixes, que buscam as cabeceiras dos rios nos períodos de desova, saltando sobre as águas para vencer as corredeiras e apresentando um espetáculo maravilhoso da natureza.
A grande maioria não consegue o intento, principalmente nos casos das corredeiras mais fortes ou em caso de grandes quedas d´água, mesmo assim persistem no intento até conseguirem o objetivo ou prostarem-se inertes, ante a imponência das águas.
Já o complemento do nome do município faz menção ao Bom Jesus, qualificativo atribuído ao mestre dos mestres durante sua paixão. No caso de Pirapora, a lembrança de Jesus vem de uma imagem de madeira encontrada numa pedra, nas margens do Rio Tietê, no ano de 1725.
Por falar nesse rio, temos que o Tietê passa exatamente no meio de seu centro histórico e rente a Igreja Matriz da cidade, mostrando, em algumas situações, habitações em contato direto com suas águas, nos moldes, embora singelos, do que ocorre em Veneza, na Itália.
Nesse ponto há que se fazer um grande parêntese e qualquer referência com a cidade italiana é mera especulação, haja vista que a cidade tem a infelicidade de estar ao lado das margens mais poluídas do Rio Tietê que possamos imaginar, piorada pela Barragem do Bom Jesus de Pirapora, a cerca de 1km acima da cidade, que chacoalha violentamente suas águas impregnadas de sujeira, fazendo levantar bolhas de espuma de inimagináveis tamanhos, muitas vezes sobrepondo a altura das casas existentes.
Antes de Pirapora ter o status de cidade emancipada, pertenceu a Santana do Parnaíba, tendo como seu fundador a figura de José de Almeida Naves, aquele mesmo que encontrou a imagem do Bom Jesus nas margens do rio
RODANDO EM PIRAPORA
Foi logo após esse encontro do santo que Almeida Naves mandou construir uma capela, para abriga-la, onde tempos depois deu origem a Vila de Pirapora.
Definitivamente emancipada em 25/05/1959, Pirapora do Bom Jesus conta hoje com uma população que beira aos 17 mil habitantes, distribuídos pelas áreas urbana e rural.
A CIDADE
Pelo fato de seu centro histórico estar exatamente nas margens do Rio Tietê, suas ruas transversais, além de estreitas, são todas bastante íngremes em direção das montanhas da Serra do Voturuna, onde está sediado o município.
Duas pontes de cimento nas imediações da Igreja Matriz é o que dispõe a cidade para ligação entre o centro histórico e os bairros além rio.
Para quem a visita em dias de semana normais, o centro histórico é bastante triste e até desolado, com parca movimentação de pessoas e quase todo o comércio fechado.
Já para quem se aventura pela cidade nos finais de semana, verá um burburinho de gente pelas ruas principais, sempre em busca da Igreja da Matriz e seu mirante, logo em frente, ou em visitas ao Museu do Seminário, bem na parte posterior da Igreja e dependente de uma grande escadaria.
Porém, para aqueles que porventura visitarem a cidade por ocasião da Semana Santa, certamente não a reconhecerão. Aliás, nem mesmo os moradores fixos a reconhecem nesses tempos.
Ruas abarrotadas de gente andando, gente dormindo ao relento, gente dormindo em barracas improvisadas, gente entoando cânticos sagrados; assim como centenas de cruzes de todos os tamanhos e designs, incrustadas de palavras, luzes, rodinhas, sonorização, etc.
Nessas ocasiões a prefeitura costuma dispor de áreas próprias para esses romeiros se acomodarem melhor, mas na noite de quinta para a sexta feira santa não há quem segure e a multidão de pessoas que seguem com um destino só: A Igreja.
Não bastasse tanta movimentação, ainda temos que levar em conta que todo esse contingente de pessoas precisa de se alimentar e, principalmente, fazer suas necessidades fisiológicas, nem sempre tendo a mão o local disponível para o momento derradeiro.
Para minimizar o impacto de tanta gente durante a semana santa, a prefeitura tem combinado com vários grupos de romeiros das cidades mais tradicionais, de modo a alternar as romarias de bicicletas, de cavalos, de motos, de carros e a pé, para que haja uma certa ordem na visita, sem prejudicar os romeiros, tampouco os moradores fixos da cidade.
Mesmo com toda essa prevenção e com o intuito religioso que o evento representa para toda a região, as brigas entre romeiros e o abuso de bebidas alcoólicas e congêneres causam, a todo ano, expectativas negativas e deprimentes no Pronto Socorro e Delegacia local.
Então, se você deseja conhecer esta bela cidade de Pirapora do Bom Jesus, que fica bem pertinho da capital paulista, escolha uma das opções que mencionamos e curta a cidade da forma que lhe for mais prazerosa possível.
IGREJA MATRIZ DO BOM JESUS
Sou caipira, Pirapora, nossa Senhora de Aparecida, ilumina a mina escura e funda, o trem da minha vida….
É no embalo dessa música mística e bela que parece que entramos na Igreja Matriz do Bom Jesus de Pirapora, pois ela repetidamente soa em nossa mente, como se a ouvíssemos em coro.
O atual Santuário está sediado no largo da Matriz e foi construído a por volta do ano de 1793, no estilo neoclássico, substituindo a antiga capela levantada pelos jesuítas nas primeiras décadas do século 18, quando foi encontrada a imagem ao lado do rio.
Na fachada do templo verificamos a existência de duas estátuas, uma de São Paulo e a outra de São Pedro e, na parte interna, muitas imagens sacras e vitrais que retratam a história do encontro da imagem.
Apesar do grande fluxo de pessoas na igreja, que se revezam o ano todo para tais visitas, o templo apresenta internamente um ar bastante viciado e desgastado, aguardando uma bem vinda reforma, que acrescente mais segurança e conforto ao fiel romeiro.
Há uma pequena praça, com direito a coreto, na parte frontal da Igreja, porém, exatamente a frente de suas portas vamos encontrar o mirante rente ao rio tietê, local de grande concentração de público nos finais de semana e festas religiosas.
TURISMO
O principal produto turístico da cidade é mesmo a religiosidade, sendo os milhares de romeiros que peregrinam para lá recebidos no Portal do Romeiro, todo confeccionado em pedras e na margem oposta da Igreja, e em áreas próprias destinadas ao pernoite, que incluem banheiros e centros de apoio.
Porém, há de se convir que em épocas extremas, como ocorre na Semana Santa, esses espaços de convivência tornam-se quase irrisórios, trazendo muitas vezes o caos aos habitantes fixos da cidade.
No passado os banhos de rio e os passeios em embarcações rudimentares, apinhadas de romeiros em suas peregrinações, concorriam para a recreação de visitantes e, aproveito para confessar que nos idos anos 60, quando ainda era criança, por diversas vezes fui conduzido por familiares nessas empreitadas águas adentro.
Naqueles tempos o rio era limpo e navegável, sendo quase impossível a recriação desses divertimentos/devoção nos dias atuais.
Criado que fui em município quase vizinho, a partir dos 13/14 anos de idade estava em Pirapora, semana sim e semana não, vindo pela estrada dos romeiros de bicicleta (vide bike Helbia, toda de ferro, sem marchas, aro 28, com paralamas, protetor de corrente e bagageiro de aço, sem falar no dolorido selim de couro com uma mola imensa na frente).
Mais velho um pouco os roteiros passaram a ser de motocicleta, de carro, de cavalo, de charretes e até a pé nas Semanas Santas. Sempre foi um misto de diversão e devoção, razão pela qual consigo nestas linhas trazer com detalhes as minúcias de Pirapora, como sempre a lembramos.
Não tenho mais a foto amarelada com a bicicleta, feita por um lambe-lambe em frente da igreja, mas tenho certeza que muitos ainda guardam essas recordações em seus álbuns antigos e, ainda que não reconheçam, sentem as boas memórias desses tempos remotos.
VOO LIVRE
Para não dizermos que só de santo e ladainha vivem os turistas que se aventuram por lá, a cidade conta com uma pista de voo livre logo acima do Seminário, no morro chamado Capuava.
O aventureiro mais corajoso certamente passará algum tempo sobrevoando de parapente ou paramotor, a bonita região da cidade, onde o Rio Tietê teve o capricho de desenhar muitas curvas antes de ingressar imponente no nosso Estado de São Paulo.
COMO CHEGAR
Não tem como errar e o aventureiro que partir da capital paulista pode viajar até de olhos fechados (metáfora). Segue-se pela Rodovia Castelo Branco em direção do interior, derivando na altura da cidade de Barueri a direita e seguindo para Santana de Parnaíba e… Pirapora do Bom Jesus. Serão 62 km, a partir da Praça da Sé.
Para aventureiros de outras localidades a melhor opção é seguir primeiro para a capital paulista e, então, seguir como descrito anteriormente. Em todo caso, o uso de um bom guia rodoviário não deixará ninguém na mão.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
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Olá Marcos como vai , meu nome é Fabio sou colega de profissao e amante de motocicleta, caberia um “anexo” materia para falar da estrada dos romeiros que é uma estrda muito querida pelos motociclistas paulistanos ………… otima materia e otimo portal ………… Abçs e sucesso !!!!!!
Valeu pelo comentário, mas me deixou em dúvida: é colega por profissão de advogado ou jornalista? como advogado milito na área criminal há 30 anos, motivo pelo qual viajo o Brasil inteiro, aproveitando para as matérias do site. Como Jornalista atuo há quase dez anos e ainda continuo estudando um pós graduação na área. A idade? 66. Enquanto puder rodar, vou rodando, vez de moto, vez de 4×4. O percurso pela Estrada dos Romeiros é coisa que faço desde criança, já que nesse tempo todo regularmente uso do percurso São Paulo/Itu. Só não rodo nos finais de semana pela Estrada dos Romeiros, principalmente por causa dos motociclistas paulistanos. kkkkkkkk