20/06/2016
Nossa base de comando em Ribeirão Claro foi na Pousada e Pizzaria Victor, no centro da cidade, mas com um jeitinho fazenda. Vamos conhecer esse lugar?
Não dava para esquecer que estávamos no interior do norte pioneiro do Estado do Paraná. Quem sai de uma metrópole como São Paulo, dificilmente consegue equacionar o jeito simples das pessoas e a falta da segurança que estamos acostumados. Quando poderíamos nós sentarmos na Praça da Igreja, com nossos celulares em mãos, sem sermos assaltados?
Cadê as cercas elétricas? Onde estão os muros altos? Onde estariam os alarmes estridentes das casas e comércios? Pois é, por ali esses cuidados são apenas utensílios “para agradar” os visitantes, neuróticos por precauções, já que dispensam tais inibidores numa cidade naturalmente segura pela educação e índole de seus moradores.
A Pousada do Victor é bem assim. São poucas as “vagas” no seu pequeno estacionamento, pois normalmente os veículos são estacionados pelos hóspedes ao meio-fio da calçada, sem que nenhum inconveniente haja nisso tudo, e não há notícias de qualquer tipo de vandalismo ou furto deles. Coisas que ainda estamos longe de compreender e que acontecem por lá.
Em nossa estadia guardamos nossas motocicletas atrás de seus muros, já que havia bastante espaço naquele final de semana prolongado para elas, uma vez que era aniversário de Ribeirão Claro (108 anos), com direito até a Desfile Cívico.
O lugar é estratégico para todos aqueles que desejam se aventurar pelas cercanias da cidade, em busca de seus esportes radicais e paisagens de tirar o fôlego. Como tudo por lá fica na área rural, nossa sede teria que estar no centro de tudo.
Com a pizzaria anexa, parece que todas as pessoas da cidade convergiam para ela durante o dia e a noite, já que até presenciamos os donos de uma lanchonete que acabávamos de sair numa das noites por lá, jantando na Pizzaria do Victor. Que moral, heim?
O empreendimento é pequeno, mas seus 18 apartamentos apresentam características diferentes entre si, podendo ser utilizados por grupos de amigos em diversão, família em férias ou pessoas a negócios pela região.
A Pousada do Victor é hoje uma das empresas mais bem conceituadas da cidade, mas não foi sempre assim, como sua proprietária Marilda faz questão de explicar no verso de todos os seus cardápios. A história é muito bonita e inspiradora.
Marilda começou a fazer pizza em casa para ajudar o orçamento doméstico, entregando-as a domicílio, e como a qualidade fosse boa sugeriram que começasse a servir ali mesmo, num rancho improvisado. Dali e aos poucos o terreno do atual prédio foi adquirido e hoje temos tudo isso que estamos vendo.
A história é bem simples, como simples era ainda nossa anfitriã. Durante todos os dias que desfrutamos de sua hospitalidade, foi como se estivéssemos em nossa casa, dado ao atendimento prestimoso proporcionado por todos os seus funcionários.
Marilda não estava presente em nossa chegada, mas delegou tal missão a Neto, funcionário absolutamente diferenciado de tudo que já vimos. Não existiria a Pousada/Pizzaria como ela é hoje, sem essa pessoa maravilhosa, que supriu as vezes da patroa com grande competência.
Tá certo que nós abusamos um pouco dele, “aporrinhando-o” a todo momento, mas acho que ele se saiu bem e chegou até fazer algumas surpresas que não esperávamos, tal como buscar um iogurte Carolina, fabricado na cidade, e até uma pizza de café, que ele disse ser comum naquela região. Ninguém mandou ele inventar que existia.
A pizzaria era usada por nós apenas no período noturno, quando retornávamos das nossas aventuras, mas a cada dia surpreendíamos com o grande movimento de pessoas da cidade. Até mesmo um agrupamento de religiosos católicos fizeram uma movimentada e alegre festa em seu salão superior, movida com muitas pizzas de vários tipos.
Padre Germano com seu sucessor, seminaristas e irmãs de caridade se deliciaram com as “redondas de queijo”, evidentemente depois de abençoarem vários outros fiéis que estavam utilizando-se do amplo salão para o repasto pretendido. A reunião precedia a procissão do Divino, que seria realizada nas águas da grande represa, no dia seguinte.
E não foram apenas os fiéis abençoados. A cozinha e as cozinheiras fizeram parte da grande festa ecumênica, já que muitos ali desposavam outras denominações religiosas, sem, contudo, dispensarem os agrados do Pe. Germano e das irmãs.
Como dissemos, ali não era só uma Pousada ou Restaurante, mas uma família que se reunia no começo da noite, para colocarem os ânimos e conversas em dia. Até mesmo nós, forasteiros da maior cidade do Brasil, estávamos inteirados com os projetos de todos de Ribeirão Claro.
Um dos momentos mais esperados da estadia era o café da manhã, sempre bem servido e com boa variedade. Aliás, a qualidade dos alimentos servidos pelo restaurante nos fez visitar sua horta orgânica, já que boa parte dos produtos são produzidos por eles mesmos.
O detalhe é que todo o excedente da horta é distribuído para instituições necessitadas, dentre elas a APAE da cidade, mostrando que seus proprietários, além de perspicazes na condução de seu negócio, não deixam de lado os deveres sociais à todos nos impostos pela consciência.
Saiba mais sobre a horta
Quatro noites se passaram com nossas camas sempre impecavelmente repostas, quando finalmente precisávamos voltar. Foi a hora mais triste da viagem ao norte do Paraná, mas felizmente costumamos deixar em cada cidade visitada inúmeros amigos, com os quais certamente poderemos contar por muitos e muitos anos ainda.
Por falar em amigos, quando vierem ao norte pioneiro do Estado do Paraná, para conhecerem a Pousada do Victor, em Ribeirão Claro, não se esqueçam de procurar o Neto, isso é, se depois da apresentação desta matéria e de todas as fotos, ele ainda estiver trabalhando por lá e não tenha sido despedido pela Marilda, por toda a “bagunça” que fez conosco nesses dias.
Brincadeiras a parte, bom para qualquer estabelecimento ter funcionários da estirpe do Neto, da simplicidade do Maikon Douglas, da competência da Fabiana e dos demais colaboradores e, se tal ainda é possível, certamente é pela capacidade de empreendedores de seus proprietários e da abnegação de seus funcionários. Parabéns à todos do Victor e até breve.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Texto e Edição: Marcos Duarte e Celso Elez
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BIBLIOGRAFIA DE APOIO
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=151
http://www.achadosdachris.com.br/336/Ponte-Pensil-Alves-de-Lima
http://chavantesporliliaalonso.blogspot.com.br/2012/07/chavantes-e-revolucao.html
http://www.memoriaduke.com.br/Post.aspx?menu=0&post=2
http://sossolteiros.bol.uol.com.br/afinal-narguile-faz-mal-ou-nao/
http://www.paranaturismo.com.br/?p=1552
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribeir%C3%A3o_Claro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_de_Chavantes