25/11/2018
Esta edição do City Tour traz para você, leitor amigo, uma visita em Quartel Geral, em Minas Gerais, e não se trata aqui de base militar ou coisa do gênero. Vamos ver?
COMO CHEGAR
Para quem parte de Belo Horizonte em direção a Quartel Geral, o trecho mais curto à ser rodado será de aproximadamente 230km. O roteiro é pela BR-262 até Pará de Minas, seguindo então pela BR 352 até Abaeté. O trecho final até lá será de 20km, a ser feito pela MG-176.
O paulistano, por sua vez, rodará no mínimo 650km para chegar lá, se seguir pela Rod. Fernão Dias até a cidade de Lavras. Daí em diante rodará pela BR-354 (MG-170) até o entroncamento com a BR-262, quando deverá seguir até a cidade de Luz.
De Luz em diante serão apenas 68km, todo ele a ser percorrido pela MG-176, passando pela cidade de Dores do Indaiá.
HISTÓRIA
A localidade que deu origem a atual cidade de Quartel Geral se formou com o assentamento de bandeirantes do litoral, que avançavam para o interior do país em busca das riquezas das Minas Gerais.
A febre da mineração deu-se com a perspectiva da extração de diamantes nos idos 1749, nas margens do Rio Indaiá e afluentes, o que chamou a atenção dos representantes da Coroa Portuguesas, que mandou tropas de Vila Rica (Ouro Preto) para construção de vários quarteis para fiscalização dos garimpeiros, evitando-se o contrabando.
A região era denominada como Nova Lorena de Diamantina, onde foram construídos, a partir de 1791, nada menos que dezessete quarteis, tornando-se área proibida para livre circulação.
Na região cita-se o Quartel Geral do Indaiá, tido como quartel de tropas coloniais com jurisdição sobre dois presídios e quatro quartéis: os presídios de Santana e das Palmeiras, o Quartel de São João, Quartel dos Ferreiros, Quartel dos Aragões e Quartel da Cachoeira Mansa, dentre outros.
O Quartel Geral era o caminho oficial da coroa, por onde circulavam pessoas, mercadorias e os diamantes em caixas especiais, depois de regularmente contabilizados.
À dificuldade da fiscalização, soma-se o fato da abertura de muitos outros caminhos clandestinos utilizados por nativos, indígenas, quilombolas e contrabandistas, evidentemente trazendo muita insegurança na região.
Todas as dificuldades de garantia desse trabalho de mineração fez com que a Coroa Portuguesa desistisse de continuar extraindo oficialmente os rios da região, decretando sua extinção oficial em 13 de outubro de 1808.
Mas Quartel Geral tem mais história…
Suas terras serviram, também, para abrigo de duas pessoas “fugitivas” de Vila Rica: Dona Eugênia Joaquina da Silva e João Almeida Beltrão, respectivamente companheira e filho de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Eugênia refugiou-se numa fazenda para proteger a descendência do mártir inconfidente, em virtude da sentença condenatória a Tiradentes estender-se a seus descendentes. Mais tarde, seguindo a mesma carreira de seu pai, João de Almeida Beltrão entrou para a Milícia e passou a compor as tropas de Quartel Geral do Indaiá.
Consta-se que João casou-se com a filha de um fazendeiro da região, tornando-se latifundiário e, apesar do esforço de Eugênia em preservar a vida do filho, conta-se que teria falecido por envenenamento durante um jantar.
Com a morte de Tiradentes e de seu filho João, Eugênia fez a doação de sua fazenda para o Divino Espírito Santo, que é o padroeiro do Município, favorecendo até os dias atuais a comunidade quartelense, que lá edificaram suas casas. Em sua homenagem, a avenida principal da cidade leva seu nome.
Quartel Geral tornou-se oficialmente cidade independente em 12 de dezembro de 1953, desmembrada do vizinho município de Dores do Indaiá.
Todo essas nuances da história quartelense consta do site oficial da Prefeitura de Quartel Geral, tendo como indicativo bibliográfico: PINTO. Magalhães Valter. Centro-Oeste Mineiro, História e Cultura. Janeiro,2008. veja aqui.
A CIDADE
Estivemos de passagem pela cidade numa manhã nublada, depois de termos pernoitado em Morada Nova de Minas, com destino a cidade de Formiga depois de cruzarmos o Rio São Francisco em Lagoa da Prata. Por falar nesse famoso rio, é ele que faz a divisa oeste da cidade de Quartel Geral com a de Martinho Campos.
Embora a cidade esteja completando oficialmente 65 anos de existência, parece que estamos num condomínio recém construído, com tudo novinho, matérias de construção e obras por todo canto, etc. As ruas são largas e aconchegantes, pena que o asfalto seja sofrível, principalmente em frente a igreja da Matriz.
Não há como se dizer que cidade tenha uma “área comercial”, mas é na Rua Hipólito Pinto que se concentram alguns pontos comerciais estratégicos. Os demais ficam disseminados por todas as ruas da cidade.
O turismo decididamente não é o forte por lá, pelo menos por enquanto. A exceção ficaria por conta de sua falada lagoa, que estava totalmente seca quando lá estivemos. Porém, soubemos pela população local que é nela que se divertem nos tempos quentes e finais de semana.
Em nossa visita não pudemos constatar nenhum hotel, pousada ou mesmo camping na região urbana do município, assim como locais para refeições para quem vem de fora.
No entanto bares, lanchonetes, mercadinhos e sorveterias resolvem sempre quaisquer emergências e, esses existem em boa quantidade e qualidade por lá.
E por falar em sorvete, não deixamos de curtir um deles sentado na Praça da Matriz, olhando o tempo passar, devagarinho, devagarinho, até deixarmos definitivamente a cidade.
UM POUCO MAIS DA CIDADE
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Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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Descobri ontem, casualmente, e estou bastante interessado em seus relatos para, com certeza, colher dicas para meus passeios. Em um primeiro contato já pude perceber que há muita coisa interessante.
Não me parece ser o caso de Quartel Geral, mas a postagem é super válida.
Um abraço e vou continuar a leitura.
Bom dia e bom 2019. Ficamos felizes com seu comentário e agradecemos os elogios que teceu sobre nosso Portal. Esperamos que ele atenda vossas expectativas. Cada cidade visitada por nós, embora pequenas e até um tanto inexpressivas para os padrões de turismo, tem seus encantos escondidos e à isso estamos determinados desvendar. Quartel Geral, apesar da pouca idade, pouca área urbana e da pouca generosidade em suas edificações, guarda parte de uma rica história do ciclo do ouro em nosso país e, notadamente, da Inconfidência Mineira. Numa pesquisa mais acurada, a cidade esta intimamente ligada com a família de Tiradentes, bem como há rumores que em suas terras (precisamente ao lado da lagoa) foi enterrada sua cabeça, furtada do poste em frente ao palácio, em Ouro Preto. Verdade ou não, ao imaginário popular cabe a decisão.