O nono Distrito da cidade de Ouro Preto que apresentamos nesta edição é Rodrigo Silva. Pequeno, sossegado, simpático e inconfundível, quer por ser o de maior altitude da cidade, quer por abrigar a única mina de topázio imperial em atividade no mundo.
HISTÓRIA
Sabe-se que desde o século 17 esse lugar já era chamado de José Correia, em homenagem ao antigo proprietário de uma fazenda no local, na qual havia uma pequena capela com altares recobertos de ouro e que acabou incendiada igual ocorreu no Distrito de Antônio Pereira.
Embora tivessem promovido a reforma desse pequeno templo, o crescimento populacional induziu à construção de uma nova, a atual, que está hoje na praça central do Distrito, dedicada a Santo Antônio mas que também atende a devoção popular à Nossa Senhora.
Com o projeto de construção de um ramal da Estrada de Ferro Central do Brasil e da inauguração da Estação Ferroviária, que ficava em suas terras, a população aumentou consideravelmente, inclusive com funcionários da própria ferrovia.
Foi nesse tempo que a localidade passou a se chamar Rodrigo Silva, em homenagem a Rodrigo Augusto da Silva, conselheiro privado de Sua Majestade o Imperador Dom Pedro II, tendo sido ele o autor da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil.
O DISTRITO
Rodrigo Silva está encravado no Quadrilátero Ferrífero da região serrana de Ouro Preto, e a 16 km da sede da cidade, se formos pelo caminho mais curto, com metade do trecho em terra precária. Pelas vias rodoviárias regulares a distância é ampliada para cerca de 24 km.
A comunidade é bastante isolada e pelo que se viu aprendeu a conviver bem com tais adversidades, resultando num povo diferenciado no modo de pensar e agir, ainda que não tenham deixado de lado a bondade mineira.
O formato do Distrito é linear no sentido norte/sul, acompanhando os trilhos da então ferrovia e tendo como ponto central a bem conservada Estação Ferroviária, hoje utilizada para outras finalidades.
Suas poucas ruas são tortuosas e sem os excessos de aclives e declives, mal chegando a duas ou três dezenas, ao todo.
O ponto de encontro da comunidade local é a praça do coreto, que fica em frente a Igreja Matriz, faceando a Rua da Estação, a principal de lá.
E é justamente nesse trecho que encontramos o acanhado “centro comercial” do Distrito, com mercados, bares, algumas lojas e prestadores de serviços, oferecendo aos moradores apenas o essencialmente básico.
Na região onde está o cemitério local, que fica ao norte de sua área urbana e no início do trecho de ligação com a Rodovia dos Inconfidentes (BR-356), há uma concentração de edificações mais novas, belas e imponentes, demonstrando que Rodrigo Silva ainda está em crescimento.
Nossa viagem para lá ocorreu num sábado pela manhã e percebemos muita gente pelas ruas empenhada com as compras de finais de semana, assim como cumprindo deveres sociais com amigos, comadres e parentes.
O inusitado foi vermos uma roda de alegres amigos, embalados pelo baralho, cerveja e aperitivos, se divertindo como nunca, exatamente na porta da Associação dos Alcoólatras Anônimos.
Mas Rodrigo Silva também tem seu lado cultural e encontramos no Distrito a prova de sua antiga vocação: a música.
Bem ao lado d Igreja da Matriz de Santo Antônio está sediada a Sociedade Musical Santa Cecília, de onde pudemos ouvir parte do ensaio daquele dia.
A associação comemorará em novembro próximo (2023) cento e vinte e dois anos de fundação, o que só enaltece seu compromisso de disseminar a arte desde aqueles longínquos tempos, onde a localidade era ainda mais esquecida que nos dias atuais.
IGREJA MATRIZ
A igreja está sediada na parte central do Distrito, nas imediações da antiga Estação Ferroviária e voltada à ela, e substitui a antiga capelinha feita ainda antes de Rodrigo Silva ter a importância política que tem.
O templo de grandes proporções é de arquitetura convencional dos nossos tempos, ostentando uma única torre sineira aposta lateralmente e um pequeno adro, com grades de ferro e um portão em frente da escadaria.
Não tem propriamente uma praça em seu entorno, mas um pequeno largo com um coreto, que é o centro das atenções em festividades locais.
Como não poderia deixar de ser, a principal festa religiosa de Rodrigo Silva é em louvor a Santo Antônio e comemorada no mês de junho.
TURISMO
O turismo por lá vai bem, obrigado. A assertiva leva em conta que a região do Distrito, embora ainda sob o domínio de mineradoras, conta com um entorno sustentável, capaz de manter boa reserva de mata, banhos em cachoeiras, natação em riachos, fora as inúmeras trilhas procuradas no ano todo.
Esportes motorizados como o off-road com motos e 4×4 também são muito procurados nas adjacências do Distrito, e nós mesmos usamos desses trechos para o acesso até lá.
Em nosso vídeo é possível verificar a chegada de uma trupe de jipeiros vindo de algum lugar e que cruzou nossa frente, rente a antiga Estação Ferroviária.
TOPÁZIO IMPERIAL
A primazia de ter em suas terras a única mina de Topázio Imperial do mundo estufa o peito de muita gente, expirando o orgulho de viver numa terra de abundância e riquezas.
Porém, quando olhamos para Rodrigo Silva e analisamos o abandono que se encontra em relação a cidade sede, perguntamos sinceramente: A quem enriquece tais minas?
A mina está a dois quilômetros de Rodrigo Silva; consta que são duas as empresas responsáveis pela extração e que tem mais de dois séculos de existência.
Por fim, estima-se que para conseguir dois quilates do minério, é preciso escavar um metro cúbico de terra, sendo certo que a mina escava, ao dia, cerca de 320 metros cúbicos!!!
No frigir dos ovos chegamos a vislumbrar mais lucro para o Brasil, quando enviava um quinto das preciosidades para Portugal, já que hoje está indo tudo para as mineradoras e apenas os buracos e a lama fica para o povo.
RODANDO EM RODRIGO SILVA
COMO CHEGAR
O aventureiro que partir da sede do município (Ouro Preto) terá duas opções para chegar ao Distrito.
A primeira pelas vias regulares, num percurso de aproximadamente 24 km, sendo os primeiros 17 km pela Rodovia dos Inconfidentes (BR-356) e os demais pela via vicinal de acesso, sendo todo o percurso asfaltado.
A segunda opção (a que usamos nesta matéria) tem um percurso total de 16 km, os primeiros 7,5 km pela MG-129 (Rod Ouro Preto/Ouro Branco), até pouco depois da entrada da empresa Lexus, e o restante por precária via de terra, com acesso pela rodovia quase invisível.
Já para o aventureiro que partir da capital mineira, o melhor trajeto é seguir os primeiros 84 km pela Rodovia dos Inconfidentes (BR-356), derivando depois como mencionamos na primeira opção acima, com percurso total de 92 km.
Para visitantes de outras localidades a sugestão é a utilização de um bom guia rodoviário, tendo por base a cidade de Ouro Preto.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte– MTB 77539/SP
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