19/08/2017
Uma das estradas mais charmosas entre os motociclistas foi concluída enfim, o que agradou a muitos mas tirou um dos principais roteiros de praticantes do fora da estrada. Vamos ver?
A Rodovia BR 469 que liga as cidades Cunha a Paraty tem menos de 50 km, mas com um histórico muito rico. Além de ser acesso para boa parte das pessoas de São Paulo e sul de Minas Gerais ao Rio de Janeiro, a rodovia é o trecho final da venerável Estrada Real, que partia de Ouro Preto em busca de portos onde o ouro pudesse ser enviado além mar.
O trecho paulista, que compreende exatamente a metade desse percurso, já está pavimentada há muito tempo e, diga-se de passagem, com um asfalto muito bem feito e proporcionando ao piloto completo domínio da máquina em suas inúmeras curvas.
A parte carioca, no entanto, sempre deixou a desejar, gerando medo e apreensão naqueles que nela se aventuravam. Como rota mais curta ao litoral, muitos paulistas e mineiros usaram-na no passado, na esperança de diminuírem o tempo da viagem, mas sempre em prejuízo do conforto, do desgaste do veículo e da segurança pessoal.
O fluxo maior de veículos acontecia principalmente nos feriados prolongados, onde filas de automóveis “rastejavam” montanha abaixo rumo às praias do litoral fluminense.
Por outro lado, esse desleixo na conclusão da obra de pavimentação pelo governo do Rio de Janeiro, fez do trajeto obsessão dos motociclistas off-road e dos veículos 4X4, que desciam e subiam a rodovia como forma de lazer e divertimento, tivessem eles vontade ou não de simplesmente locomoverem-se entre as cidades.
Passamos nesse trecho da Estrada Real no carnaval de 2015 e já naquela época trouxemos a você, leitor amigo, um panorama bem significativo do caminho de outrora, inclusive subindo a pé até a Pedra da Macela. De outrora sim, pois finalmente o trecho de serra da rodovia foi concluído. Aff!!!
Na linha divisória entre os dois Estados o asfalto paulista cede a vez a milhões de mosaicos de cimento justapostos uns aos outros, num cadenciar de curvas magníficas. A exemplo da Serra da Macaca, no Parque Carlos Botelho, em São Miguel Arcanjo/SP, proteções especiais cuidam da preservação da fauna e da flora local.
Grandes suportes metálicos permitem primatas e outros espcies animais a transporem a estrada sem risco de atropelamentos, e parte da rodovia está protegida com alambrados com a mesma intensão. É um prazer inesquecível pilotar ou dirigir entre as árvores frondosas que desde idos tempos lançavam suas sombras sobre as caravanas que vinham desde as Minas Gerais.
O trajeto da descida nos blocos cimentados não excede em muito aos 10kms, mas a cada curva respiramos o ar diferenciado da Serra do Mar. O ziguezaguear da motocicleta ou do automóvel nos acalma os ânimos, mas é devido um cuidado especial com os freios, sem os quais acabam superaquecidos.
Nota-se ao longo do trajeto inúmeras calotas automotivas jogadas na beira da pista e, examinando-as de perto percebemos que elas não se soltaram simplesmente com o chacoalhar do veículos, mas que os suportes onde elas unem-se à roda estavam derretidos com o excessivo calor da roda metálica freando.
Uma curva linda aqui, outra logo mais adiante que nos permite entrever a mata e outra logo mais ainda, fazem desse pequeno trecho de estrada um divertimento a parte.
O FIM DO TRECHO NOVO
Mas como tudo que é bom dura pouco, com o fim do trecho reformado volta-se o péssimo asfalto de outrora, piorado ainda mais com a quantidade maior de veículos que agora rodam pela estrada.
Ainda é no trecho de asfalto antigo e mal cuidado, cheio de buracos, valetas e irregularidades, que a velocidade excessiva campeia as soltas, mais acentuadamente que antes quando existiam menos veículos circulando na região.
As pequenas pontes de madeira, que dão passagem para apenas um veículo de cada vez e nas curvas, ainda estão causando aborrecimentos e incidentes a todo momento, principalmente com a velocidade mais elevada.
Nem mesmo o Marco histórico da Estrada Real, com acesso a Cachoeiras, Alambiques e a pequenina Igreja da Penha foi objeto da reforma, obrigando aos veículos visitantes fazerem verdadeiras manobras para estacionarem, normalmente ao longo da estrada, piorando mais ainda o fluxo de veículos.
Valeu a pena a reforma? Claro que sim. Ficou melhor a estrada? Não tenham a menor dúvida. Os motociclistas e motoristas do off-road perderam um trecho que apreciavam? Sim, mas não faltam outros lugares na região para tais práticas.
E então? Então notamos que o tempo continua passando mas há, por parte de nossas autoridades, uma real intensão em resolver um problema oferecendo migalhas ao contribuintes, na esperança de serem eles aclamados e ovacionados como os maiorais.
Nos dois vídeos que apresentamos a seguir, um de fevereiro de 2015 e outro de julho de 2017, podemos ver a nítida diferença do trecho de serra; o a piora no trecho já na periferia de Paraty.
JUL/2017 FEV 2015
De qualquer forma a Rota Cunha/Paraty sempre será tida como um marco que qualquer motociclista/motorista terá paixão de conhecer e o Portal D Moto certamente por ela trafegará muitas vezes ainda.
CLIQUE AQUI E VEJA TODAS AS FOTOS
CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
conheça também: