13/02/2017
Uma aventura no alto da Serra da Piedade, onde a lenda antiga contava que reluzia ouro e prata de seu cume mais alto. Hoje o Santuário da Piedade habita aquelas plagas encantadoras dos rincões mineiros, e foi lá a nossa visita.
O ponto mais alto da Serra da Piedade, que fica no município de Caeté, está a 1746 metros de altitude. Esta Serra se confunde com a Serra de Sabarabuçu e está ligada as lendas antigas sobre as minas de ouro e prata, como acontecia também no Peru.
O que hoje chama a atenção para o cume dessa Serra é o complexo do Santuário da Piedade, que preserva a capela histórica de N. S. da Piedade, cuja construção teve por início o ano de 1704, só sendo concluída em 1770. O suntuoso Santuário dista cerca de 15km do centro de Caeté e 50km de Belo Horizonte. É lugar ideal para reflexão, oração e encontro com Deus, para tanto contando com pousada e restaurante administrados pela Arquidiocese de Belo Horizonte.
Para chegar lá é fácil. Partindo de BH pela Rodovia BR 381, após cerca de 37km rodados siga a direita, pela BR 262 (MG 435), em direção a Caeté. Quase no sopé da serra vislumbra-se o imponente pórtico de entrada para o alto da montanha. Para quem parte de Caeté é só seguir pela BR 262 que estará lá em minutos.
Na portaria somos recepcionados por funcionários educados que nos entregam o folder da Complexo do Santuário e uma “comanda” para que se pague a visita. Nada é cobrado ali, na portaria, mas somente no caixa credenciado no topo da serra. Motos pagam R$3,00 e carros R$5,00, Vans e ônibus tem preços diferenciados.
Percorrer as encostas em direção do Santuário é muito gratificante. São aproximadamente 10km de impecável beleza. Esse percurso costuma ser feito a pé, nas peregrinações de semana santa, com as paradas tradicionais em espaços próprios.
Subimos com um céu azul absurdamente lindo, quase sem nuvens a prejudicar sua beleza. No trecho é possível ouvir pássaros de vários tipos, sendo que alguns até nos acompanharam parte da subida, curiosos que estavam com a nossa presença. Não tem como evitar, paradas de tempos em tempos são quase obrigatórias.
A beleza das rochas caprichosamente esculpidas pelo Arquiteto dos Arquitetos é de feição ímpar. Na quietude do lugar, além dos pássaros só ouvíamos o ronco firme da Transalp e o barulho dos pneus roçando o asfalto. Aos poucos fomos divisando o horizonte com suas montanhas que deveriam ser lindas, mas dá um nó no peito ao vermos tantas queimadas propositais, tantas devastações em áreas de mineração, tanto descaso para com a natureza. Continuamos a subir assim mesmo.
O melhor de tudo é perceber que a imensa área tombada pelo patrimônio histórico e de propriedade da Arquidiocese de Belo Horizonte é um oásis nessa devastação que se avizinha por todos os lados, e que corroem a terra como a um queijo suíço. Não fosse esses paraísos protegidos, não conheceríamos tanta beleza, pois certamente já estariam fazendo parte quem sabe de um de um anel formatura nosso, uma aliança de ouro ou sabe-se lá o que.
No cume daquela serra, estacionamos nossa motoca. E aí melhor percebemos, o sol que no cume brilha(*). (*fado português satírico). Gracejos de lado, o fato é que em dias claros como aquele que lá estivemos, é possível ter uma visão magnífica em 360 graus. Durante a noite e por causa das luzes é possível avistar nove cidades circunvizinhas: Belo Horizonte, Caeté, Contagem, Lagoa Santa, Nova União, Raposos, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano.
Estacionamos a nossa motocicleta no local apropriado e de pronto fomos conhecer a Capela da Piedade, iniciada em 1704 e reformada em 1856, por se tornar pequena pelo número de fiéis presentes. Na ermida encontra-se a imagem de N. S. da Piedade, atribuída ao trabalho de Aleijadinho.
A Igreja tem uma nave única onde estão dispostas, ao invés de bancos, cadeiras com acento e encosto em treliça de palha, dando um ar diferenciado ao circunspecto recinto. Os antigos corredores laterais abrigam atualmente as capelas do Sagrado Coração e do Santíssimo Sacramento.
Mas, se a capela original foi ampliada para atender a quantidade de devotos que frequentavam ainda no século XVII, uma nova igreja acabou sendo construída em 1974 pelo mesmo motivo: falta de espaço. A nova igreja, no entanto, deixou de lado o estilo barroco da original e foi construída em estilo futurístico, com muito concreto armado a vista e vidros, muitos vidros. Ampla, arejada, iluminada, atende as inúmeras peregrinações de pessoas do Brasil inteiro.
Mas não são só igrejas que a Serra da Piedade abriga. Toda extensão do seu ponto mais alto está tomada de construções para diversos fins. Dois observatórios astronômicos estão sob a administração da Universidade Federal de Minas Gerais e atende aos visitantes com programação própria.
Para aqueles que desejam uma visita mais longa e demorara, o alto da Serra da Piedade ainda oferece pousada e alimentação com pacotes individuais ou coletivos, que podem ser tratados pelo site oficial do Santuário. Mas não é só isso: O complexo tem trilhas diversas onde o visitante pode embrenhar-se numa área de extrema beleza, podendo curtir, além do visual fantástico, um pouco da natureza peculiar.
Nesse ponto é preciso alguma precaução do visitante/aventureiro. Use roupas adequadas que cubram as pernas e os braços, evitando queimaduras solares e protegendo contra insetos, cobras, aranhas e espinhos, comuns nesse tipo de lugar. Melhor ainda é não ir sozinho nessas aventuras.
Por precaução use calçado confortável (preferível botas apropriadas) e leve sempre protetor solar, água potável e algum alimento para emergências. Nota: Não jogue lixo na mata, não faça fogueira ou use bebidas alcoólicas, sua segurança está em primeiro lugar.
No mais, não retire nada da Serra, que não seja fotografias e não deixe nada que não seja boa impressão. Tais regulamentos não precisam estar escritos, basta ver ao lado da Serra inúmeras mineradoras escavando o solo e entenderão a necessidade de preservação.
Para os amantes da natureza, que gostam de fotografar pássaros e plantas silvestres, a Serra da Piedade é um paraíso inigualável, não só pela riqueza da fauna, mas pela exuberância da flora entre as pedras escarpadas lá do alto das Gerais.
Pelo que pudemos constatar em nossa visita, onde tivemos a oportunidade de ver um dos Bispos da Arquidiocese inspecionando uma área onde foi demolido um grande imóvel, novidades próximas estarão a disposição dos visitantes em breves tempos
Conheça mais do Santuário e da Serra da Piedade na página oficial
Desejando visitar, é bom contatar a administração do Santuário para as devidas reservas no caso de hospedagem e boa viagem à todos.
Veja também toda a matéria sobre o Caminho de Sabarabuçu. [clique aqui]
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CRÉDITOS
Texto e edição: Marcos Duarte
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fiz a estrada real em agosto de 2016 e fazendo o sabarabuçu eu fui ate o santuário, e realmente fantástico e recomendo a visita
Pois é. e estamos nós aqui em Minas de Novo, deste vez na parte mais alta da Estrada Real: Diamantina. Em breve traremos a matéria completa.