A pequena São Luís do Paraitinga, encravada na serra do mar entre as cidades de Taubaté e Ubatuba e as margens da Rodovia Oswaldo Cruz, é conhecidíssima no Estado de São Paulo e mantém um calendário anual de eventos de dar inveja. Vamos conhece-la?
HISTÓRIA
A localidade já era visitada pelos bandeirantes e tropeiros desde o século 17, que usavam da Trilha dos Tamoios para chegarem ao litoral com suas cargas de produtos e ouros que seriam despachados para a Europa, assim como trazendo do litoral para o interior do Brasil produtos de além mar.
O início da colonização só ocorreu a partir dos primeiros meses de 1688, com a a necessidade da utilização de terras na região para aumento da produção agrícola, em decorrência da decadência da mineração em Minas Gerais.
A nova comunidade recebeu de pronto o nome de São Luís e Santo Antônio do Paraitinga, tendo como padroeira Nossa Senhora dos Prazeres, e foi fundada oficialmente em 1769 pelo Sargento Manuel Antônio de Carvalho. Foi elevada a condição de Vila em 1773, com uma população que já beirava aos 800 habitantes.
Antes do auge da agricultura no cultivo do algodão e do café, ocorrida por volta do ano de 1830, os primeiros moradores dedicavam-se exclusivamente a agricultura de subsistência.
A elevação da então Vila para a condição de Cidade ocorreu em junho de 1857, passando a ter o nome atual e iniciando, nesse período, os projetos de construção de obras públicas como a Cadeia, a Câmara, a Igreja Matriz, o calçamento de ruas, etc.
Uma das primeiras fábricas no ramo têxtil no estado foi inaugurada na cidade, com cerca de 40 funcionários, cujas águas do Rio Paraitinga moviam por turbina seus 25 teares.
O excesso da produção agrícola, somada ao mau gerenciamento do solo destruiu a vegetação natural, voltando o município a uma agricultura de subsistência, com parca fabricação de rapadura, farinha e aguardente, só modificada no começo do século 20, com a pecuária leiteira.
A CIDADE
Encravada na Serra do Mar entre os municípios de Taubaté e Ubatuba, a cidade fica as margens da Rodovia Oswaldo Cruz, possuindo uma população que gira em torno de 11 mil habitantes fixos.
A topografia é bastante acidentada, estando o centro histórico a seis metros acima do nível regular do Rio Paraitinga, e os bairros adjacentes estão todos morro acima.
Não só o centro histórico, mas também os bairros mais distantes, possuem ruas e vielas estreitas, tortuosas e extremamente íngremes, nos moldes que encontramos na cidade de Ouro Preto, embora em menor escala.
Ainda fazendo um paralelo com essa cidade mineira, São Luís do Paraitinga, tem um rico casario do período colonial, infelizmente quase que totalmente alterados por causa da grande enchente sofrida anos atrás.
Circular por suas ruas é extremamente penoso para o pedestre, devido aos aclives e declives acentuados, e igualmente penoso para os motorizados, por causa da estreiteza das ruas e dificuldades para estacionamento nos dias movimentados.
O centro comercial, embora bem acanhado, fica localizado no centro histórico, onde funcionam as repartições públicas, bancos, farmácias, lojas e escritórios, que oferecem ao munícipe, assim como ao visitante, apenas o necessário. Para produtos mais elaborados há dependência direta da cidade de Taubaté.
RODANDO EM SÃO LUÍS DO PARAITINGA
Para o visitante a cidade é extremamente acolhedora, com inúmeras possibilidades de acomodações em diversas pousadas e hotéis, assim como grande número de restaurantes, bistrôs e lanchonetes para todos os bolsos e gostos, tanto nas imediações do circuito histórico, como nas suas adjacências.
A ENCHENTE
Na virada do ano de 2009 para 2010 a cidade sofreu a maior tragédia da sua história, com a elevação do Rio Paraitinga em 12 metros acima de seu nível normal.
As informações do IMPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) dão conta que o ano de 2009 foi muito chuvoso na região, sem as queimadas normalmente existentes, aumentando o nível normal dos rios da região desde o mês de outubro daquele ano.
Com esse perfil, quase não houve absorção de água no solo no final do ano, culminando com a tragédia do dia 31/12/2009 com chuvas de 200 mm num único dia, mais do que todo o esperado para aquele mês.
As águas inundaram toda a área central do município, com a destruição de muitos edifícios históricos, dentre eles a imponente Igreja da Matriz de Santo Antônio de Tolosa.
A reconstrução da cidade iniciou-se imediatamente, com os recursos recebidos do Governo Federal para a contenção de encostas e estradas, assim como para a reconstrução dos prédios públicos.
Um ano depois dessa catástrofe o município foi declarado patrimônio Cultural Nacional pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico), garantindo também a reconstrução de vários edifícios históricos, dentre eles a Igreja da Matriz.
Infelizmente alguns prédios ainda não foram concluídos, como ocorre com o antigo Mercado Municipal, nas margens do Rio Paraitinga.
IGREJA DA MATRIZ
Datada no século 19 e construída originalmente em taipa de pilão, o templo já passou ao longo dos anos por muitas reformas, sendo considerada um autêntico exemplar de arquitetura de inspiração Jesuítica, modelo cuja origem remonta a arquitetura maneirista italiana do século 16.
Possui duas torres sineiras e ampla escadaria direcionada para a Praça Oswaldo Cruz, sendo certo que o visitante menos atento mal perceberá que o templo atual substitui o antigo que ruiu completamente por ocasião da enchente de 2010, restaurada com esplendor pela população luisense.
Pelas imagens trazidas pela imprensa da época da reconstrução, nada restou do templo, salvo dois pedaços de paredes junto a entrada e algumas outras ornamentações rente ao solo.
Entre os primeiros momentos de verificar os danos e a reconstrução, quatro anos correram céleres. A população votou para que a reconstrução trouxesse de volta a antiga Matriz, da mesma forma que ela existia antigamente, o que foi concluído com esmero, razão pela qual comentamos que é preciso atenção para percebermos as nuances, principalmente na parte externa.
O visitante poderá observar que a reconstrução do templo une as técnicas modernas, que incluem argamassa, cimento, tijolos e aço, com as enormes paredes antigas feitas em taipa de pilão, com espessura de mais de um metro.
É possível ver o refazimento de pilastras e púlpitos com os mesmos mármores de outrora, agora reduzidos a cacos e repostos nos mesmos lugares.
Para alegria de muitos, aquelas duas únicas partes de paredes que permaneceram em pé após a enchente, desafiando a crueldade da natureza, encontram-se hoje completando as paredes atuais, num verdadeiro intercâmbio entre o antigo e o novo.
As visitas no local são atualmente acompanhadas por guias que nos informam, passo a passo, a reconstrução.
IGREJA DO ROSÁRIO
O templo, de linhas predominantes do neo-gótico foi inaugurada em maio de 1921, em substituição a antiga Igreja do rosário, essa feita em taipa de pilão e reformada várias vezes, entretanto sucumbindo definitivamente ante seu péssimo estado de conservação.
Com belos vitrais e suas formas distintas, está situada a um quarteirão da igreja da Matriz e diretamente não sofreu danos com a enchente, mas precisou de apoio técnico emergenciais de escoramento, tendo ela nesse período passado por várias reformas.
Em sua frente podemos verificar um bonito adro todo guarnecido de muretas laterais, principalmente num dos lados que mantém grande desnível com a rua. No fundo funciona pequeno cemitério onde estão enterradas figuras importantes da cidade, como o Barão de Paraitinga.
CASA OSWALDO CRUZ
O médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz é filho ilustre da cidade e pioneiro no estudo das moléstias tropicais no Brasil, tendo nascido em agosto de 1872.
Cem anos depois de seu nascimento o imóvel passou a abrigar o “Museu São Luís do Paraitinga – Casa Oswaldo Cruz”.
O imóvel é um dos mais antigos da cidade, construído em taipa de pilão e paredes em pau a pique. Ficando numa parte mais alta da cidade, não sofreu tanto os efeitos da enchente de 2010 e é considerado um dos pontos turísticos mais apreciados por lá.
TURISMO GERAL
SLP é procurado na maioria das vezes por ocasião dos festejos tradicionais de Natal, Festa do Saci, Festas Juninas e, principalmente, no Carnaval, onde transborda de alegria nas marchinhas, pequenos blocos e os tradicionais bonecões gigantes, que encantam a todos.
No ponto cultural a cidade dispõe de um remanescente do casario bem conservado e hoje das ruínas da Igreja da Matriz Velha, incorporada na Igreja Matriz Nova.
O turismo mais radical, por sua vez, trás muitos visitantes durante o ano todo para as cavalgadas, os passeios de bike, trekking, off-road motorizados e os percurso de rafting nos seus rios.
Outra atração particular da cidade são suas inúmeras pousadinhas, hotéis, hósteis, campings, assim como sua vasta vocação culinária, com pratos especiais que só lá são servidos.
COMO CHEGAR
Para o visitante que partir da capital paulista o acesso seria pela Rodovia Ayrton Sena/Carvalho Pinto, até a cidade de Taubaté, derivando daí pela direita pela SP-125. O percurso integral será de pouco menos de 180 km.
Já para aquele que partir da cidade do Rio de Janeiro, poderá fazer um belo passeio beira-mar pela BR-101, até a cidade paulista de Ubatuba, de lá seguindo serra acima pela SP-125 (Rodovia Oswaldo Cruz). O percurso total nesse caso será de aproximadamente 370 km.
Para outras alternativas de partidas a sugestão é a busca por um bom guia rodoviário.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
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