28/06/2018
Nosso destino da vez foi Belo Horizonte, a capital do estado de Minas Gerais. Mas não foi sempre assim, já que antes Minas foi administrada a partir da cidade de Mariana e, posteriormente, Ouro Preto.
Com uma população que ultrapassa os 2,5 milhões de habitantes é a mais populosa do estado, distribuindo toda essa gente nos seus 331km2, uma área acanhada em relação a tantas outras cidades mineiras.
No entanto, a região metropolitana de BH é composta por vários municípios, dentre eles Betim, Contagem, Ibirité, Lagoa Santa, Nova Lima, Raposos, Ribeirão das Neves, Sabará, Caeté, Santa Luzia, etc., com uma área total aproximada de 9,5 milhões de Km2 e uma população estimada em 5,9 milhões de habitantes.
De Belô até a Brasília são cerca de 715km, contra 590km até São Paulo ou Vitória; 1470km até Salvador; 1300km até Campo Grande e 1600km até Cuiabá.
HISTÓRIA
A cidade, que está cercada por várias serras, foi planejada e construída para ser a capital política e administrativa do estado mineiro, logo nos primeiros anos após a implantação da república, tendo como data de fundação o dia 12 de dezembro 1897.
Belo Horizonte começou a sofrer cedo os efeitos do crescimento populacional. Desde meados do século 19 e com menos de setenta anos de existência, já acumulava um milhão de almas vivendo em seu território.
A conurbação com municípios limítrofes foi inevitável e, em pouco tempo, toda a região metropolitana acabou por literalmente fundir essas cidades, embora suas administrações mantenham-se individualizadas.
Se hoje BH é a atual capital de Minas Gerais, a primeira que pôde ostentar tal título foi Mariana, que era também sede do primeiro bispado e a primeira cidade mineira a ser projetada.
Vila Rica, depois chamada de Ouro Preto, capitaneou o estado depois de Mariana, sendo sede administrativa de Minas Gerais a partir do ano de 1720 e até 1897. Tal título perdurou desde o domínio português, durante o primeiro e segundo impérios do Brasil, estendendo até começo da era republicana.
TURISMO
Parque Ecológico da Pampulha
Talvez a palavra “Pampulha” traduza aos brasileiros em geral a identidade da capital mineira, representada pela lagoa e, principalmente, pela clássica obra do mestre Niemeyer: A Igreja de São Francisco de Assis.
O Parque Ecológico da Pampulha, por sua vez, foi edificado na Ilha da Ressaca, esta formada por acúmulos de detritos ao longo dos anos, num dos “braços” da lagoa da Pampulha.
Usado como alternativa de lazer, esporte ou descanso ao ar livre, é ideal para a busca do sossego a sós ou com a família, acrescido de espaço para soltar pipas, fazer caminhadas, andar de bicicletas ou utilizar-se do playground.
O piquenique pode ser uma boa em frente ao espelho d´água ou mais próximo ao coreto, que mantém apresentações periódicas como acontece, por exemplo, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ou no Parque Redenção, em Porto Alegre.
Lagoa da Pampulha
A Lagoa faz parte de um complexo com outras atrações turísticas e também foi projetada por Oscar Niemeyer, durante a gestão de Juscelino Kubitschek, quando este foi prefeito de BH.
Nela e em sua orla estão outras atrações turísticas como o ZOO, o Jardim Botânico, o Parque Ecológico, o Estádio do Mineirão, o Campus da UFMG, o aeroporto da Pampulha, o Museu de Arte e a Igreja de São Francisco de Assis.
A construção da Pampulha ultrapassou o projeto inicial, adquirindo a suntuosidade que hoje existe. A lagoa também é palco de grandes eventos esportivos como a Volta Internacional da Pampulha, entre outras competições nacionais e internacionais.
Igreja São Francisco de Assis
Dentre os interesses de todo o turista que chega em Belô, talvez o mais significativo seja conhecer a Igrejinha da Pampulha, devotada a São Francisco de Assis, projetada por Oscar Niemeyer e que fica na orla da Lagoa da Pampulha.
Tivemos em nossas viagens por Minas Gerais várias oportunidades de visita-la, tanto na luz do dia quanto no recesso das noites quentes de Belo Horizonte. É considerada a obra-prima do Complexo.
Concebida em concreto armado, fez proponderar sua plasticidade em formas ousadas, inovadoras e, principalmente marcante, tanto que, embora concluída em 1945 só obteve autorização da Cúria Metropolitana para ser consagrada e funcionar como templo católico em 1959.
Suas linhas seduziram artistas e arquitetos, mas escandalizaram o ambiente cultural da cidade, fazendo que arcaicas autoridades eclesiásticas não permitissem sua sagração, não só pelas suas formas originais, mas pelo painel de Portinari onde se vê um cachorro representando o lobo junto de São Francisco.
Na época e pela visão estreita do arcebispo de Belo Horizonte, D. Antonio dos Santos Cabral, a “igrejinha era apenas um galpão”. Acreditamos que Aleijadinho tenha tido mais sorte quando apresentou seu “cristo enforcado” em Congonhas.
A “Via Crucis” do interior da Capela é de autoria de Portinari; os painéis externos, de Portinari e Paulo Werneck; os jardins, de Burle Marx; e os relevos em bronze do batistério, de Alfredo Ceschiatti.
De bike na Lagoa
Numa de nossas visitas noturnas pelos arredores da “igrejinha da Pampulha” pudemos constatar, no seio da Praça da Pampulha (Pç. Geralda Pimentel), um movimento incrível de bikers com suas bicicletas equipadas, em alvoroço entre si e entre as várias barracas de alimentação “equilibrada”.
Água de coco, energéticos, frutas e barras de cereais tinham primazia sobre refrigerantes, cervejas e salgadinhos, e recheavam os atletas da noite que se preparavam para mais uma “pedalada em volta da lagoa”.
A organização dos bikers era bem simples: os atletas iam chegando as centenas e se agrupando conforme as afinidades. Os assuntos verificados entre eles eram sobre as bikes, os acessórios, o vestuário adequado e sobre os percalços do itinerário.
Para quem via de longe, parecia uma espécie de colmeia com suas abelhas atabalhoadas em febris atividades. Da mesma forma e em momento que não entendemos bem, todos partiram ao mesmo tempo “sob um comando invisível”, rumando em comboio pela orla da lagoa como se fizessem parte de um grande enxame.
Enquanto esse grupo saia para rodear a Pampulha, chegamos a perceber outros bikers chegando na mesma praça com ideais idênticos. Tudo então se refez como antes e em pouco tempo outro grupo trilhava os mesmos passos.
Torre Piemonte
Também conhecida como Torre Alta, é um empreendimento moderno construído em 2005. Tecnicamente ela fica na cidade de Nova Lima, e não em BH, porém, está quase que exatamente na divisa entre as duas cidades, dela se afastando menos de 20 metros.
Mas como o turista não vai se importar com tal detalhe, uma visita ao Piemente é programa quase que obrigatório, mais ainda durante a noite, quando a visão lá do alto é de assombrar.
Sua localização é literalmente “top”: no topo de um maciço montanhoso, exatamente entre a Serra do Curral e a do Rola Moça, a 430m acima do nível da área central de Belo Horizonte.
A torre tem uma altura de 101m e está a 7km em linha reta da Praça Sete de Setembro, bem no centro de BH. Toda revestida em aço inox, estima-se o emprego de 50T desse material em seu acabamento.
A CIDADE
Belo Horizonte é uma cidade onde se tem muito para aproveitar. Nem tudo gira em volta da Pampulha e ela ferve também com o futebol de dois grandes rivais: Atlético e Cruzeiro, e com o América se despontando cada vez mais nesse duelo.
Ferve também sua vida noturna para todos os gostos. Para os mais jovens o que não faltam são grandes espaços para as baladas mais agitadas que se pode ter em Minas Gerais.
Como esse tipo de atividade não é nossa praia, quando estamos por lá aproveitamos para curtir a Belô do passado, a da Velha Guarda, com seus barzinhos típicos, cheios de histórias das personalidades que lá frequentavam, cujas imagens coladas nas paredes provam a veracidade das informações.
Desta vez curtimos uma “comida de buteco” na Petiscaria do Primo, a três quadras da Praça Raul Soares. O lugar é pequeno, acanhado, mas fica aberto madrugada adentro, sendo administrado pela filha do Primo, já falecido, fazendo o empreendimento familiar manter parte de seu brilho, apesar da aparente decadência do bairro.
Mesa na calçada, amigos fáceis que se achegam para uma prosa sem qualquer cerimônia e… “comida de buteco” para saborear. Como o lugar é bem próximo do Hotel que costumamos ficar (Ibis Budget), não nos importamos com o passar das horas. E tome conversa fiada noite afora.
A cada viagem por BH aproveitamos para conhecer um pedacinho a mais da cidade, deslizando nossa motocicleta pelas grandes avenidas e também pelos recantos mais escondidos da capital mineira, trazendo um pouquinho de tudo isso para você no vídeo que apresentamos a seguir.
MINERAÇÃO
Minas Gerais não tem esse nome por acaso. O termo se referia, e ainda se refere, a quantidade de minas de pedras e metais preciosos em suas terras.
O mesmo ocorria com Belo Horizonte quando foi criada, tendo seu nome originado da bela visão que tinham do horizonte a sua volta, ostentando toda a beleza das Serra do Curral, do Rola Moça (imortalizada no poema de Mário de Andrade), da Moeda e outras mais.
Hoje o horizonte não é tão belo assim. A devastação provocada por tratores e máquinas gigantescas enfeiam a paisagem e, o que é pior, degradam o solo e enriquecem os países estrangeiros, pois pouco fica para nós comparado com as fortunas que partem diuturnamente pelas malhas ferroviárias do estado.
A chegada na região metropolitana de Belô pela Fernão Dias, para quem vem de São Paulo, é de uma beleza assustadora, como se o horizonte estivesse sendo carcomido, entranha por entranha.
É o progresso que não pode parar, dirão uns; é o ganha-pão do povo, dirão outros; é a obtenção de divisas importantes para o país, dirão mais ainda. Enquanto isso respiramos terra crispada de produtos diversos para o trabalho das engenhocas.
Dói ver que, apesar da independência bradada nas margens do Ipiranga e já ensaiada antes por Silva Xavier em terras mineiras, a única coisa que mudou mesmo foi a forma de distribuição do “quinto”.
Se outrora era essa a fração destinada à coroa portuguesa e entendíamos muito, hoje é o que sobra aqui, já que o resto vai embora além mar. Libertas quae sera tamen!
DEIXANDO BH
Depois de alguns dias curtindo Belo Horizonte demos uma última passada pela Lagoa da Pampulha, antes de deixamos definitivamente a cidade em direção da Serra do Cipó, para outras aventuras que você verá em breve por aqui.
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CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
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