17/12/2020
A pequena vila, com aproximadamente uma centena de casas desabitadas, fica no alto da Serra do Carola, na cidade mineira de Serro, e é nosso assunto da vez aqui no Portal. Vamos ver?
Quem segue em direção da cidade de Serro, partindo de Conceição de Mato Dentro, dificilmente deixará de perceber uma pequena igrejinha no alto da serra, assim que a pista deixa de ser em terra batida.
Nesses momentos a curiosidade até nos convida a irmos até lá, mas o medo do desconhecido sempre fala mais alto e passamos batido, temendo um sem-número de perigos até o seu topo, todos ligados às nossas reminiscências das cidades grandes.
No entanto, a realidade é outra quando tomamos coragem para subirmos a “montanha dos bem-aventurados”, como também é conhecida essa localidade, que fica a menos de 3km da rodovia MG-010.
COMO CHEGAR
O acesso à vila não tem qualquer sinalização própria, porém, a referência é a Vila Mato Grosso, atualmente denominada Vila Deputado Augusto Clementino, que renteia a rodovia e será sempre notada pelo visitante.
Partindo da cidade de Serro serão 15km até a Vila, e mais 3km até o topo da capela Nossa Senhora das Dores, no alto da Serra do Carola, ou “Caroula”, como dizem os mais antigos.
Mas que o visitante não se engane, tem muita subida em terra batida até o topo, que não deve ser confundido com a capela de São Sebastião, logo nos primeiros metros da jornada.
A localidade, como um todo, é um distrito da cidade do Serro e é dividido basicamente em dois flancos distintos:
O primeiro fica em torno da capela de São Sebastião, com centenas de casas habitadas e pequeno núcleo comercial com mercados, lojas, oficinas, etc.; já o segundo fica em torno da capela de N. S. das Dores, no topo da serra, com cerca de uma centena de casas desabitadas, só ocupadas em alguns poucos dias do mês de julho, por ocasião da festa do Jubileu de Nossa Senhora.
HISTÓRIA
O afluxo de devotos ao alto da serra remonta ao início do século 20, quando católicos passaram a desafiar a grande subida em busca de milagres e súplicas à Santa, atraindo pessoas de longe com o passar do tempo.
Num primeiro momento ergueu-se um cruzeiro de madeira na parte mais alta do lugar e, com a doação da área por seu proprietário, fizeram construir um santuário dedicado à Nossa Senhora das Dores.
A partir de meados do século passado os fiéis fizeram construir várias habitações simples no entorno da capela, a princípio pequenas cabanas em madeira e sapé, hoje transmutadas em casinhas de alvenaria, tudo para evitarem as constantes idas e vindas durante as festividades da semana do jubileu.
Durante todo o ano a vila permanece praticamente desocupada, salvo uma única residência com uma família, que serve de guardiã do local. No mês de julho de 2021 estarão comemorando sua 72ª edição do evento.
A VILA
Visitar a vila é uma atividade gratificante e mística, já que a aura que envolve a localidade nos impõe ao respeito e à meditação involuntária.
Difícil, se não impossível, a mente não divagar longe contemplando tudo aquilo em total quietude, só quebrada pelo barulho suave do vento soprando e pelo canto dos pássaros.
Lá no alto nosso olhar mira o conjunto das casinhas em total embevecimento, imaginando o burburinho das milhares de pessoas que participam das festividades do Jubileu.
Não é difícil gastarmos também algum tempo imaginando como seria a vida dos “inquilinos” daquelas casinhas durante as festas anuais, já que todas tem aparentemente um só cômodo.
Ainda que tenhamos observado rede elétrica e uma caixa d´água em cada uma das casinhas, nossa mente continua pululando, buscando equacionar a logística empregada nessa empreitada religiosa, que tanto bem faz ao espírito ávido por paz e harmonia.
Ao admirarmos as pequenas construções, cada uma pintada numa determinada cor, temos a ideia de um pequeno presépio a ser completado por seus personagens, que poderão aparecer a qualquer momento.
NOSSA VISITA
Com o objetivo de subirmos ao topo do Carola, viemos de Conceição do Mato Dentro no período da manhã de um dia enevoado, sugerindo chuvas próximas, o que realmente ocorreu no final da tarde e começo de noite, quando já estávamos na cidade do Serro.
Já tínhamos passado outras vezes por essa região, porém, em nenhuma dessas vezes tivemos a oportunidade de subirmos ao Carola.
Almoçarmos no único lugar possível nesse trecho de terra batida entre Conceição do Mato Dentro e Serro, vendo de lá as torres da capela de Nossa Senhora das Dores no alto da serra.
Pouco tempo depois chegamos no distrito do Mato Grosso, junto da MG-010, onde derivamos morro acima com nossa Pajero, deparando de pronto com a capela de São Sebastião, que francamente não sabíamos da existência e que nos causou alguma dúvida, prontamente sanada por moradores locais.
RODANDO E VOANDO NO CAROLA
Da vila “de baixo” para a “vila fantasma de cima” são 3km de terra batida e em franco aclive, ziguezagueando entre pequenas propriedades rurais.
Subimos sem pressa, apreciando a bela vista que se descortina em alguns trechos do percurso, e em poucos minutos divisávamos a “área urbana” da vila desabitada.
Algumas das casinhas ficam mais distantes da capela, ainda no trecho de subida, mas a maioria praticamente a circundam em disposições bem definidas.
Uma imensa e quase centenária mangueira fica disposta naquilo que poderíamos denominar “praça” em frente da capela: uma imensa área aplainada e coberta por grama.
A primeira impressão é mesmo de uma vila fantasma, quer pela falta de movimento de pessoas, quer pelo ar de abandono que se encontra o lugarejo.
Ficamos no topo do Carola por quase duas horas consecutivas, tempo esse utilizado para explorar um pouco da vila, colher as imagens fotográficas e, ainda, utilizarmos do drone para imagens aéreas mais impactantes, que estão no vídeo que apresentamos acima.
Nesse tempo todo só fomos recepcionados por alguns “cães de guarda”, que em breves minutos brincavam ao nosso lado, saboreando algumas guloseimas que dispúnhamos.
Caminhando entre algumas das pequenas edificações de lá, pudemos ver vários “becos” pavimentados em terra batida ou gramas, assim como pudemos ver a existência de fogões a lenha em muitas dessas casinhas.
Embora não tenhamos presenciado, soubemos que a pecha de Vila Fantasma pegou, o que atrai a atenção e a visita de muita gente de fora, tanto que até algumas agências oferecem passeios oficiais até lá.
No quesito turismo, entretanto, bom salientar que, apesar do cunho religioso e sagrado conferido à Vila, seu potencial turístico também é de grande envergadura.
Do alto da serra, na frente da capela, descortina-se uma visão esplendorosa da região do Serro que, por si só já vale a visita.
Atrás da capela podemos subir um pouco mais alto ainda. Uma escadaria rústica, encravada em rochas, leva-nos ao cruzeiro primitivo que deu fama à vila e potencializa nosso campo de visão ao infinito.
Mas o lugar é perigoso e fechado para curiosos, pois logo atrás da igreja e rente ao cruzeiro, faceia um imenso paredão de pedra. Qualquer descuido nesse local pode ser fatal. (vide primeira imagem desta matéria)
RUMO AO SERRO
Com o passar a hora e com o prenúncio de chuvas iminentes, deixamos o Carola pelo mesmo caminho da subida e rumamos para a cidade do Serro, que nos acolheria mais uma vez nas Minas Gerais.
O trajeto de 15km pela MG-010 foi tranquilo e a chuva só nos pegou quando estávamos no centro da cidade, nas imediações da Igreja de Santa Rita.
Nossa programação era posarmos na cidade, onde encontraríamos algumas pessoas ligadas na produção do queijo artesanal, que dá a fama para o Serro.
Mas essa será uma outra matéria especial que apresentaremos em breve. Aguardem.
Antes de chegarmos a pousada que nos acolheria, rodamos pelas ruas centrais da cidade com a chuva fina que alternava constantemente.
RODANDO NO SERRO
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EDITORIAL
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Esperamos que esse número seja uma nota para a nossa matéria e ficamos lisonjeados. Valeu.