26/04/2020
Nesta edição especial do Portal D Moto, onde tivemos que permanecer em casa por causa do COVID-19, apresentamos ao leitor amigo uma viagem que fizemos no inverno passado, na região praiana do Rio Grande do Sul. Vamos ver?
XANGRI-LÁ
Rodando pela Estrada do Mar (RS-389) entre centenas de lagoas e o oceano Atlântico, com um frio de trincar os dentes, a impressão era de termos realmente perdido nosso horizonte de vista.
Para melhorar nosso ânimo as placas indicavam o nome da próxima cidade, Xangri-lá, o que não aconteceu no épico romance publicado em 1933, escrito pelo autor britânico James Hilton: “Horizonte perdido”.
cena do filme “Horizonte Perdido” 1973
Por coincidência o enredo do filme reporta que protagonista principal, o diplomata Robert Conway, é forçado a fugir da China com outros quatro americanos, por causa de uma grande revolução. Na trama o avião de Conway foi sequestrado, indo todos parar no Tibet e, providencialmente, numa cidade chamada Shangri-lá.
Mas do lugar onde o avião pousou até a mística Shangri-lá da novela, os aventureiros encontraram muita neve, muito medo, muitas chances de morrerem congelados e, não existia nenhuma placa indicativa de nada, sendo forçados a acompanharem um grupo de estranhos.
cena do filma “Horizonte Perdido” 1973
O livro virou filme clássico exibido nos cinemas do mundo todo em 1973 e é um campeão de bilheteria, digno de ser assistido com um bom vinho ou chá quente, para compor o clima.
Em nossa viagem aqui pelo litoral gaúcho não tínhamos a neve, nossa motocicleta estava impecável e não havia ninguém nos obrigando a tomar este ou aquele caminho, mas dirigimos assim mesmo e voluntariamente para a paradisíaca Xangri-lá dos pampas.
A cidade é bem nova, com menos de 30 anos de existência. Sua orla marítima é uma grande reta, sem entrecortes, e tem 18km de extensão. Ao noroeste o município é banhado pela Lagoa dos Quadros e, a oeste, pelo Rio Tramandaí.
Como toda cidade litorânea sua população varia muito nas grandes temporadas, mas sabe-se que seus moradores fixos contam-se em torno de 17mil xangri-laenses.
Sua renda principal é a turística, mas a construção civil tem gerado muitos empregos enquanto a nessa fase de crescimento.
Embora confinada em imensa área lacustre, com milhares de lagos e lagoas em seu derredor, a cidade mantém em seu território poucas lagoas naturais, sendo a esmagadora maioria bosqueadas para ricos condomínios, numa alusão a Shangri-lá do Himalaia.
O pequeno território de Xangri-lá, com aproximadamente 61km2, está dividido entre os seguintes balneários: Atlântida, Guará, Xangri-Lá, Praia dos Coqueiros, Marina, Maristela, Remanso, Arpoador, Noiva do Mar, Rainha do Mar (distrito)
A cidade mantém divisas conurbadas com a cidade de Imbé, ao sul, e Capão da Canoa, ao norte. Em nenhum dos dois casos é possível ao visitante saber se está num ou noutro município, somente perceptível com muito acuro.
CAPÃO DA CANOA
Capão da Canoa tem longa história definida que remonta a meados do século 18, com a chegada de casais de imigrantes vindo dos Açores, no anto de 1752.
Naqueles primórdios de civilização o local era formado por dunas, banhados, matos e capões, já que situado exatamente entre o mar, alguns rios e inúmeras lagoas, em especial a grande Lagoa dos Quadros.
Sua florescência coincidiu com a chegada do século 20, ainda sob o nome de Arroio da Pescaria, por causa dos trabalhos de pesca realizados entre o mar e os rios.
Nesses idos tempos, o contato com outras localidades eram feitas por esporádicas visitas de tropeiros, fazendeiros e viajantes.
Mas a vocação turística começou também nesse período, havendo notícias de que por volta de 1920 veranistas da Serra Gaúcha e da capital do estado começaram a frequentar a região.
Embora com uma história antiga, Capão da Canoa subsistiu como distrito da cidade de Osório até o ano de 1982, quando finalmente se viu emancipada.
Independente da pouca idade, Capão da Canoa é uma cidade de grande potencial turístico, com muitos arranha-céus modernos desfilando tanto na orla marítima, como no interior do município, que hoje abriga de forma fixa aproximadamente 54 mil caponenses.
Sua orla marítima tem 19km de extensão, um a mais que a vizinha Xangri-lá, e onze balneários divididos em quatro distritos.
Por ter um belo visual, principalmente ao amanhecer e ao anoitecer, atrai surfistas no inverno e verão, sendo também um excelente local para bronzear-se ao sol, fazer longas caminhadas e corridas a beira-mar.
Toda essa estrutura é agraciada com uma grande rede gastronômica, shoppings, como o Shopping Lynemar, o Shopping Capão da Canoa e o Shopping das Águas, que abrem no inverno e no verão, e os Shoppings de fábricas, Ibitinga, Riograndense e Sunset Boulevard, que funcionam somente no verão.
NOSSA VISITA
Encapotados como se realmente estivéssemos na região do Nepal, dado aos nossos costumes de sol forte na região paulista, trafegamos cuidadosamente pelas ruas de ambas as cidades.
O mês era agosto e o tempo era de frio, muito frio. Nessa viagem que fizemos para a Serra Gaúcha enfrentamos vários dias de temperaturas negativas e, mesmo naquele ensolarado dia em Xangri-lá e em Capão da Canoa, a temperatura pouco chegou aos 10 graus, isso na hora do almoço.
Bem que nos esforçamos para criar coragem de irmos à praia na parte da tarde, por volta das 15 horas, mas só conseguimos mesmo foi com moletom.
Depois de visitarmos Xangri-la pela manhã, deixamos a cidade para nos hospedarmos em Capão da Canoa, essa com muitos recursos metropolitanos.
Nessa viagem tivemos a oportunidade de desfrutamos a suíte do segundo andar de confortável hotel com vista esplendida para o mar, do qual ficava a meia quadra.
Durante o dia almoçamos um tradicionalíssimo prato italiano disfarçado (capelete ao molho branco com frutos do mar) e, depois, fomos andar a pé na beira do mar.
A noite saímos para curtir o centro comercial, movimentado mesmo no período de inverno, e acabamos participando de um show ao vivo num bom restaurante, no qual regalamos com vinho da serra e antepastos diversos.
Retornamos a pé pelas ruas silenciosas da cidade até o hotel que nos acolhia, baforando sempre nas mãos por causa do frio que já voltava para a casa dos zero graus ou menos, e tratamos de nos recolher imediatamente depois de uma boa ducha quente.
No dia seguinte não teríamos oportunidades iguais de repouso, como aconteceu em Capão da Canoa, por isso aproveitamos tudo que pudemos por lá, com o luxo de sequer termos hora certa para acordarmos no dia seguinte, já que nosso destino seria bem próximo: a cidade de Torres.
PARA QUEM QUISER ASSISTIR AO FILME HORIZONTE PERDIDO, PODE SER FEITO PELO YOUTUBE
SUGESTÃO DE LINKS
dublado – https://www.youtube.com/watch?v=ZtBbq–HUuk&t=6867s
legendado – https://www.youtube.com/watch?v=k_iBZiJOmpA
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
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