Neste final de 2024 o Portal Aventuras apresenta uma visão detalhada da cidade paulista de Holambra, que traz em seu nome um pouco da HOLanda, da AMérica e do BRAsil: “HOL-AM-BRA”. Vamos conhece-la melhor?
HISTÓRIA
A pequenina cidade de pouco mais de 15 mil habitantes, fica sediada nas proximidades de Campinas e foi fundada oficialmente em julho de 1948.
Seus primórdios lembram a fixação de uma colônia holandesa na antiga Fazenda Região, composta por pessoas que fugiam dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Sabe-se que tal estímulo partiu do próprio governo holandês, que encontrou plena receptividade em nosso país.
Os primeiros 500 imigrantes vieram após os contatos iniciais feitos pela Associação Holandesa dos Lavradores e Horticultores Católicos de lá, que acabaram se sentindo em casa no Brasil, já que professavam a mesma religião.
Uma vez fixado o acordo entre os dois governos, esse grupo fundou, em 14 de julho de 1948, uma colônia chamada Holambra, e a Cooperativa Agropecuária Holambra, esta última visando produzir inicialmente leite e seus derivados, pecuária essa substituída em pouco tempo pela suinocultura e criação de galinhas, já que o gado não resistiu as doenças tropicais naquela época.
A vocação pelas flores só ocorreu três anos depois, com a chegada de outra leva de imigrantes holandeses. Seu cultivo foi se expandindo ano a ano, culminando com a criação em 1972, de um departamento especial só para venda de flores em grande quantidade. O leilão oficial de flores, por sua vez, teve início a partir de 1989.
Com esse ritmo acelerado, não custou muito para a localidade se emancipar, vindo então a se tornar cidade independente em outubro de 1991.
AS FLORES
Atualmente a floricultura é a principal atividade econômica de Holambra, sendo o município o maior exportador de flores da América Latina, responsável por 80% da exportação, e por 40% da produção do setor no Brasil.
A produção está a cargo da Cooperativa Agro Pecuária Holambra e são comercializadas diariamente através de leilão eletrônico, nos mesmos modos que acontece nos “países baixos”, onde está sediada a Holanda.
Mas nem só de flores vive Holambra, mas, também, de várias culturas correlatas, como cercas vivas, suculentas, citrus, pinheiros, etc.
TURISMO
Com a denominação de “cidade das flores”, Holambra recebeu em 1998 o título de Estância Turística pela Embratur, vez que oferece aos turistas um pouco da cultura existente nos países baixos, em especial a Holanda, quer no design único que apresenta em sua arquitetura, como também nos muitos espetáculos de danças, músicas, gastronomia e artes.
Para fomentar ainda mais o interesse pela cidade e pela cultura que representa, Holambra diversifica ao longo dos anos os eventos e exposições que promove, para que nunca morram os ideais pelos quais a construíram.
Nesse quesito o turista não tem como negar: Holambra sabe receber a todos com beleza e cortesia, tendo para tanto vários hotéis, chalés, pousadas e até campings para os visitantes, sem falar na farta rede gastronômica que abraça todos os gostos (e bolsos).
Algumas “rotas” facilitam os passeios dos turistas, visando uma estratégia logística para que possam aproveitar melhor a estadia por lá.
As principais são: Rota das Tulipas, Rota dos Girassóis e a Rota das Rosas, que podem ser percorridas também com o uso de bicicletas, o que incrementa ainda mais os passeios.
EXPOFLORA
Setembro é o mês que a exposição é realizada desde sua primeira vez, no ano de 1981.
É a maior exposição de do gênero na América Latina, atraindo ultimamente mais de 300 mil visitantes em cada edição.
O objetivo agregado da Expoflora, além da mostra e comércio de flores e plantas, é o resgate dos aspectos culturais e sociais da Comunidade de Holambra, além da divulgação do trabalho desenvolvido pelos filhos dos primeiros imigrantes nas atividades rurais no município.
De alguma forma toda a cidade está envolvida no evento que projetou Holambra no cenário nacional e mundial, quer nas apresentações de danças típicas, culinária, exposições de arranjos florais e mostras diversas de paisagismo e jardinagem.
O MOINHO
Marca registrada da cidade, que sempre é reconhecida por esse símbolo, o monumento é um típico moinho holandês que tem o nome de “Povos Unidos”, lembrando a comunidade oriunda dos “países baixos”.
O Moinho de Holambra, réplica fiel de um antigo e tradicional moinho holandês, tem exatos 38,5 metros de altura, 9 andares e pesa mais de 90 toneladas.
O conjunto de suas quatro pás girando forma um diâmetro de quase 25 metros, sendo o maior da América Latina.
Nesta matéria fomos recebidos por Tony Hulshof e Mr. George, holandês nato que mora no Brasil, que nos mostraram o moinho por fora e por dentro, em todas as suas nuances.
O “edifício” do moinho é composto por dez pavimentos distintos, sendo um subsolo, um térreo onde funciona a recepção e outros oito andares com finalidades distintas.
O visitante, ao chegar, é atendido no pavimento térreo onde recebe as informações preliminares, notadamente para que se movimente numa determinada ordem entre as escadas, e retira seu ingresso. (VEJA AQUI IMAGEM EM ALTA RESOLUÇÃO)
Ao passar pela cancela automática o visitante terá em sua frente várias escadas para subir, e outras tantas para descer, mas não se iludam: É escada mesmo, do tipo do pintor de paredes ou algo que o valha. Nada de corrimão, nada de degraus largos ou segurança: sobe-se na raça, afinal a réplica é de um moinho de aproximadamente 500 anos, quando nem sonhávamos com essa tal de “acessibilidade”.
Por tal motivo o moinho restringe a visita por pessoas de necessidades especiais ou idosos, mas isso é mesmo de se esperar para visitarmos um item único como esse.
Coragem a postos, o turista repetirá a subida de cinco escadas sucessivas de formatos idênticos (cinco para subir e outras cinco para descer) cada uma mantendo acesso para um dos cinco primeiros andares de um típico moinho de época, com monitores explicando em cada piso seus utensílios e ferramentas.
O quarto andar guarda a surpresa maior para o visitante: Um enorme deck que circunda todo o pavimento e não é meramente ornamental, pois é nele que o operador comanda a direção das pás em relação aos ventos, isso de forma manual, com enormes correntes estendidas em toda a circunferência.
Para segurança do visitante, duas grades metálicas impedem a aproximação junto das pás que giram bem rentes ao moinho, o que geraria algum perigo.
No quinto andar era onde realmente ocorria a trituração dos grãos para a feitura da farinha. É lá que duas imensas pedras de mós giram incessantemente aos cuidados do moleiro, que coloca os grãos e direciona a farinha para o andar de baixo.
O monitor desse andar mostra, passo a passo ao visitante, como eram dispostos os grãos e como era retirada a farinha, manuseando vez ou outra uma espécie de “elevador”, que mais não é que um fosso com uma corda, por onde subiam e desciam os grãos e a farinha, processo esse ajudado pela força motriz das pás do moinho.
- E os outros três andares superiores, do sexto ao oitavo? O que acontece por lá?
Essa foi a pergunta respondida pelo nosso anfitrião Tony, assim como pelo George, holandês de nascimento e que está no Brasil há apenas três anos, acompanhando sua esposa brasileira.
Soubemos que George aposentou como moleiro em sua terra natal, evidentemente trabalhando em moinhos bem modernos, mas disse que nunca perdeu o gosto pelos moinhos antigos, sendo uma das pessoas que recebem os turistas em suas visitas.
Se até aqui as escadas eram quase em 90 graus, estreitas e de degraus curtos, doravante o caldo entornaria de vez, já que precisaríamos subir até por uma escada de “um único pé”, mesmo assim, pé esse que jamais alcançava o chão, como veremos logo mais.
No sexto andar vemos uma imensa engrenagem que recebe a força motriz das pás e as divide em duas outras, uma para cada pedra de mó, duplicando a produção do moinho.
No sétimo andar ocorre a mudança do sentido dos eixos, que era horizontal quando a recebe diretamente das quatro pás, transformando-a em vertical, para o uso adequado dos equipamentos do moinho. Uma imensa engrenagem no topo do andar faz essa transferência.
Antes de chegarmos ao oitavo e último andar, bom frisar que todas essas engrenagens, eixos, pinos, encaixes, suportes, etc. são feitos em madeira, com a única exceção do eixo principal que sustenta as quatro pás do moinho, mesmo assim não se movimenta livremente contra a madeira, tendo outras quatro valentes toras de madeira funcionando como imensos coxins ao seu lado, para fazer esse contato.
O oitavo andar é um caso à parte. Tecnicamente nem poderíamos chama-lo de andar, pois ele não é parte integrante do prédio. Seria o que poderíamos chamar de “tampa”.
Primeiro porque ele não está fixado ao “prédio”, já que tem que girar indefinidamente ao sabor dos ventos, sem se importar com o prédio que que está logo abaixo.
Apenas um monotrilho circular, recheado de muitas roldanas em aço, o mantém no topo do moinho. Tal é necessário para que o andar inteiro possa ser virado conforme as decisões do operador, levando em conta os ventos, visando a melhor produtividade.
Seu formato também é diferenciado, mais parecendo o casco de uma tartaruga, com uma parte mais alta que a outra, vez que o eixo principal que parte das pás não está literalmente em 90 graus em relação ao nível, mas inclinado conforme vemos na ilustração.
Com esse formato é absurdamente difícil para se chegar até esse compartimento, mais ainda para a permanência de mais de duas pessoas lá em cima: o técnico e o ajudante em situações de uso regular, no nosso caso o anfitrião Tony e este repórter.
O espaço é minúsculo, baixo, cheio de suportes, traves e equipamentos, em especial a gigantíssima engrenagem primária feita em madeira e que transmite ao moinho toda a força recebida das pás.
Mas esse espaço diminuto traz uma bela surpresa para aquele que puderem estar nesse recinto: três grandes janelas junto da parte posterior do eixo principal das pás, de onde temos uma vista privilegiada das suas hastes e de toda a cidade de Holambra, e outras três “tampas” na parte anterior, junto do eixo das pás.
Bom frisar, também, que não é possível para alguém estar nesse compartimento com as pás girando, tendo sido necessário parar toda sua rotação para que pudéssemos desfrutar de seu interior.
VEJA O MOINHO POR DENTRO
Para conhecer mais sobre esse magnífico moinho, a sugestão e acessar a página oficial MOINHO POVOS UNIDOS
IGREJA MATRIZ
Como a conservação da fé católica dos imigrantes holandeses sempre esteve em primeiro plano, os primeiros colonos ficaram restritos inicialmente a professarem seu credo nos ofícios dominicais, na vizinha Jaguariúna.
Com a vinda de um padre holandês no primeiro ano após a chegada dos primeiros colonos, a comunidade improvisou, ainda em 1949, uma pequena capela para facilitar a vida dos moradores de Holambra.
O início das obras para a construção da atual Igreja foi em 1963, demorando cerca de três anos para sua conclusão, sendo que a nova paróquia de Holambra passou a pertencer a Diocese de Campinas.
O templo católico, dedicado ao Divino Espírito Santo, tem sua arquitetura totalmente moderna, contrastando com a vocação vista em toda a cidade, principalmente nas fachadas cenográficas de suas construções, sempre lembrando a velha Holanda, de onde vieram.
Construída em concreto armado, a nave principal se confunde com o altar, salvo por pequena saliência em seu entorno. No altar se vê uma espécie de biombo em pedras rústicas, o que o separa da sacristia.
Ao fundo uma parede branca e lisa faz as vezes do retábulo tradicional das igrejas barrocas, ostentando vários vitrais coloridos que embelezam e difundem a luz.
O piso é composto por pedras rústicas e sua fachada mantém uma cobertura longitudinal, amparando ao coro que é adornado por seis imensos vitrais que completam a fachada do templo
A torre sineira é anexa ao corpo da igreja e fica disposta no amplo e bonito jardim, com espaços delimitados para estacionamento.
RODANDO EM HOLAMBRA
O QUE FAZER EM HOLAMBRA?
O turista terá muitas dúvidas sobre o que fazer em Holambra e essas dúvidas são benéficas, pois há uma infinidade de opções, que é preciso preparar uma boa logística para não perder nada, principalmente se sua visita for do tipo bate-e-volta.
Para os amantes da boa culinária a Rota Gastronômica pode ser “um prato cheio”. Para isso Holambra dispõe de uma rede de bons estabelecimentos com as mais variadas opções da cozinha holandesa, árabe, italiana e brasileira, tudo num único e completo “menu”, desenvolvido para agradar os paladares mais exigentes. Pegue seu roteiro quando chegar em Holambra.
Já para aqueles que buscam cultura e história, Holambra possui um museu que conta um pouco da história da imigração com um grande acervo fotográfico, além de vários equipamentos e máquinas agrícolas usadas pelos primeiros imigrantes.
Você quer ver flores e plantas? O lugar é esse mesmo e podem ser vistas em qualquer lugar, em todos os canteiros da cidade, em seus parques, em seus monumentos, em seus prédios públicos e até nas suas casas ajardinadas, que são muitas por lá.
Você quer comprar flores, plantas e afins? Mais fácil ainda. Nem precisa ir longe e o visitante vai poder encontrar o que poderíamos chamar de grandes galerias ou shoppings só desses produtos, dispostos nas principais ruas da cidade.
CIDADE JARDIM
Muito além de sua história, Holambra é bela por ser sempre bela. Quase que podemos classifica-la como um imenso jardim florido onde moram as pessoas, as famílias, os setores públicos, o comércio e por aí vai.
Com essa fartura de beleza e cuidados, é um lugar mágico buscado por enamorados, recém e bem casados, românticos, apaixonados, amantes das belas artes e da fotografia, não sendo raro encontrar um tripé aqui, uma câmera fotográfica ali, um casal sendo fotografado acolá, ou uma flor servindo de modelo mais à frente.
Nas imediações do Museu histórico e em direção do Moinho de Vento, vamos encontrar o Lago Vitória Régia, com uma bonita praça linear ao seu lado e o Deck do Amor, ponto turístico que nunca está vazio, quer para aquela foto mágica com o amor de nossas vidas, quer para jogar chaves na água. Não entendeu?
O trecho do lago que margeia a Alameda Maurício de Nassau tem uma cerca de aço onde estão fixados milhares de cadeados, cada um deixado por um casal apaixonado que, depois das juras eternas e de gravarem os nomes nos cadeados, os fixam nas grades e jogam as chaves no lago. Romântico?
Uns acham que sim, outros, porém, acham brega e preferem o outro parque da cidade, mais “Zem”, mais “Bicho Grilo”, tanto que seu nome já nos remete a alguém no mínimo curioso: Parque Van Gogh.
O Parque está num trecho das margens do Lago do Holandês e da Avenida das Tulipas. É bem procurado pelos turistas e moradores não só pela lembrança do celebre pintor e suas obras, mas por sediar boa parte da cultura da cidade.
Várias cabanas dispostas no pequeno espaço oferecem lembranças, sorvetes, doces e muito mais. Canoas, barquinhos, pedalinhos estão a postos num pequeno píer e fazem a atração de crianças e adultos.
O lugar também é de contemplação e os muitos bancos e caramanchões floridos são disputados pelos frequentadores.
É por lá que acontecem, de tempos em tempos, exposições extras de artistas com suas telas e artes diversas, para deleite dos visitantes.
Como o Lago do Holandês é dividido em duas partes, na porção menor vamos encontrar a Nossa Prainha, outro parque bem popular e a poucos metros do Van Gogh, onde a criançada e os adultos também fazem a festa.
Patos, marrecos, gansos e outras aves dividem o espaço com os frequentadores, quer para filar algum alimento, quer pela segurança que têm entre nós, humanos, os seres mais temidos do planeta terra.
COMO CHEGAR?
Para o visitante que partir da capital paulista o percurso será da aproximadamente 135 km, que inicialmente podem ser percorridos pela Via Anhanguera ou Rod. dos Bandeirantes, até a cidade de Campinas, e depois seguindo em direção de Jaguariúna, pela SP 340. Daí em diante é um pulinho até Holambra.
Já para aventureiros que partirem de outras regiões ou capitais do país, a sugestão é a busca por um bom guia rodoviário, sempre tendo por base a cidade paulista de Campinas, pois é a metrópole mais próxima de Holambra. De qualquer forma, não haverá grandes dificuldades para acessar o município.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte– MTB 77539/SP
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