TRILHA EM SUPERAGUI
Nesta matéria mostramos o percurso da trilha mais famosa da Ilha de Superagui, que parte da Vila até a praia deserta, do outro lado da Ilha, num percurso total de aproximadamente 5 km, além de contar para você outras peculiaridades que encontramos por lá, como as ostras que nascem em árvores. Vamos lá?
OUTRA VEZ EM SUPERAGUI
Nossa primeira esperança naquele dia era chegarmos rapidamente na Ilha para resgatarmos o drone, que tinha desaparecido misteriosamente no dia anterior, conforme a matéria que escrevemos. (clique aqui)
Acordamos de madrugada e, antes do sol aparecer, partíamos mais uma vez para a Ilha de Superagui na voadeira do Isaías. Desta vez não precisaríamos ir pelo mar aberto, como fizemos no dia anterior, pois naquela hora do dia os canais estreitos tinham bom nível de água para navegarmos.
A manhã estava bem fria e as primeiras luzes do dia foram aparecendo enquanto contornávamos céleres os manguezais, monstando-nos imagens lúdicas de rara beleza.
Não havia neblina naquela manhã, o que intensificava os raios de luz claudicantes que cortavam o céu, produzindo matizes de cores maravilhosas quando entrelaçados com as nuvens.
Como o roteiro era direto, sem rodeios e sem paradas, em pouco tempo atracamos na Ilha e já éramos esperados por alguns moradores, que nos acompanhariam até a casa do Jean, pessoa que teria achado nosso drone no dia anterior e nos aguardava para devolve-lo.
RESGATANDO O DRONE
A partir da praia onde atracamos desta vez, já que no trapiche não era possível naquele momento, seguimos numa espécie de romaria até a casa de Jean.
Com certeza o acordamos antes do esperado, já que os moradores da Ilha, como pescadores que costumam ser, tem horários muito diferente dos nossos.
Estávamos bem apreensivos antes de chegar na casa do Jean. Não era a primeira vez que tivemos imprevistos com o drone e já que o derrubamos na Argentina, no Rio Grande do Sul e em BH, na primeira vez com sérios prejuízos nos reparos necessários.
Desta vez esperávamos o pior. Se ele realmente tivesse caído num dos muitos brejos e mangues que chegam a adentrar espaços urbanos da Ilha, no máximo salvaríamos o cartão de memória, com as imagens do dia anterior.
Havia ainda uma outra preocupação. Caso o drone fosse capturado em toda a sua integridade, o manuseio dele de forma inadequada poderia comprometer principalmente seu gimbal, o ponto mais delicado do drone, que tem por objetivo produzir imagens de qualidade.
No entanto, quando vimos o Jean trazendo consigo o aparelho, percebemos que ele sabia como proceder e sossegamos.

Estava praticamente intacto: Nem sujeira ou arranhões e bem composto. A primeira atitude foi retirar o cartão de memória e depois colocar as travas originais para guarda-lo no case próprio.
Só depois veio a descontração, o alívio, o sossego, mesmo antes de testa-lo de novo e de saber se ele sofreu algum dano invisível ou pane que o fez perder o contato.
Depois das conversas e boas risadas, despedimos de Jean e voltamos para a praia.
TRILHA DA PRAIA DESERTA
Deixamos o drone e parte de nossa tralha com o Isaías, que permaneceu na Vila em casa de parentes e amigos, e seguimos no intento de percorrermos a pequena trilha até a praia deserta.

Seguimos pela praia até a base do ICMBio, na Ilha de Superagui, já que desejávamos fazer a trilha de maneira integral, como manda o manual.
A partir da base do ICMBio adentramos na Vila para que pudéssemos chegar ao início oficial da trilha, que fica depois de uma longa ponte de cimento armado sobre o mangue.
Atendendo a sinalização, derivamos pela direita e nos embrenhamos definitivamente no percurso de 3 km, que nos levaria até a praia deserta de Superagui.
Todo trajeto é plano e lindo antes de chegarmos nas imediações da praia, quase que totalmente coberta com vegetação. O grau de dificuldade da trilha chega a ser quase zero.

O inconveniente nesses percursos praianos são sempre os insetos, que parecem farejar o turista de longe e chegam rápidos para experimentarem nosso sangue.
Por sorte não tínhamos tirado o moletom com o qual viemos, por causa do frio da manhã, e ele nos serviu de boa proteção. Na dúvida, deveríamos ter usado repelente sem miséria.
Vencida a parte de mata chegamos na parte final da trilha, onde já se pode ouvir o mar que está pertinho.
Não sabemos se tal acontece sempre ou foi o acaso do nosso dia. A partir desse ponto tivemos que driblar muitos charcos espalhados pelos caminhos de grama para chegarmos ao mar.
Vencido o obstáculo, em pouco tempo estávamos contemplando uma das praias mais lindas que já estivemos: Deserta, ampla e larga. Era um convite para permanecermos ali por muito tempo, mas esse tempo urgia.
Bom lembrarmos que esta nossa volta para Superagui foi por dedicação pura do Isaías, dono da voadeira, que não se conformava em termos perdido nosso drone no dia anterior e se prontificou a vir conosco para sua localização, mesmo abdicando de outros passeios que tenha perdido com tal missão. Ainda existem pessoas assim na face da terra.

Fato de se notar é que durante nosso percurso de ida e volta pela trilha, vimos muitas pessoas em bikes seguindo pelos mesmos caminhos que os nossos, e se perdendo de nossas vistas pouco tempo depois.

Na volta tomamos rumo diferente e preferimos entrar pelas “ruas” da Vila, ao invés de cruzarmos a ponte de cimento em direção da praia.
Assim, na cabeceira da ponte seguimos em frente pelas alamedas estreitas e em terra, faceando as residências que quase não tinham cercas ou divisões entre si, exceto as com criações de animais, as dedicadas a hospedagem de visitantes ou algum tipo de comércio.

Na “via pública” que trafegávamos a pé vimos mercearias, pousadas e até supermercado. Isso mesmo, o Mercadinho Pires é completo e atende aos moradores e visitantes.
Mais a frente paramos para beber água na Mercearia da Maria e, depois de sermos atendidos por ela, fomos conversar como o Gariba e o Marcos, pessoas alegres que nos acompanharam na bebida, com muito humor e alegria.

Gastamos cerca de duas horas inteiras nesse interim de irmos e voltarmos pela Trilha da Praia Deserta e achávamos que estávamos abusando do Isaías, já que a ideia inicial era só buscar o drone e retornar. Mas foi ele mesmo que insistiu para que fizéssemos a trilha, pois já era nosso objetivo desde o dia anterior.
Como o tempo passava, seguimos rápido para o trapiche para voltarmos a Guaraqueçaba e com certeza o Isaísas já nos aguardava de velho. Nada. Ao passarmos por uma residência da Vila fomos chamados ao longe e percebemos que era ele.
Aproveitamos para outra prosa e logo voltamos ao barco, desta feita dando carona ao “Bila” e sua esposa Rosa, que iriam para Guaraqueçaba.
O “Bila” já tinha nos ajudado muito no dia anterior e também o fez neste dia, nos acompanhando na casa do Jean para buscarmos o drone.

VÍDEO ESPECIAL: NA TRILHA E NO MANGUE
OUTRAS TRILHAS DE SUPERAGUI
Além dessa trilha pequenina que fizemos, existem muitas outras trilhas para serem percorridas, tanto na Ilha de Superagui como no Parque Nacional de Superagui, ou mesmo no Estuário do Lagamar, como um todo.

Trilhas de 3 km, como essa que aqui apresentamos, até outras com quase 90 km de percurso e que levam vários dias para serem completadas, avançam por dois Estados e são oferecidas aos trilheiros interessados em alguns sites especializados.
Escolhemos aqui dois deles para indicar para você: ALLTRAILS e WIKILOC, mas uma boa pesquisa pode nos levar a outros lugares encantadores.
AS “PLANTAÇÕES” DE OSTRAS
Nossos conhecimentos vulgares sempre nos levaram a acreditar que para acessarmos o habitat de ostras, precisaríamos mergulhar fundo para capturarmos o animal, preferência de muitos quando se trata de aperitivos nobres.

No entanto, em nosso retorno da Ilha de Superagui o Isaías nos levou com seu barco para as imediações do mangue em que navegávamos, e ficamos encantados com a quantidade desses moluscos de casca dura grudados nas raízes das árvores.
Não foi à toa que em nossas “naveganças” pelo Lagamar nesta nossa estadia, vimos muitos barcos nas margens desses mangues e achávamos que estavam pescando.

Para nosso espanto, soubemos então que estavam “colhendo ostras no pé”, colhendo as ostras que se encontravam fora d´água, encravadas nas raízes.
Muitos outros, no entanto, se metem no mangue, para colher outras que ficam mergulhadas na água ou no lodo que se forma na região.
Tal prodígio reforça o tal vai-e-vem das marés naquelas plagas, que ora impedem, ora não, o fluxo de navegação naqueles intermináveis canais.
Ainda para nosso conhecimento, soubemos que as ostras nascem em água salgada, mas desde logo buscam um lugar ideal para se alojarem e desenvolverem.
Existe uma variedade grande de tipos de ostras e essas que vemos no Lagamar se trata da “Ostra do Mangue”, também conhecida como “Ostra Verdadeira”, a mais comum encontrada no mundo todo.

Embora fiquem algum tempo sem estarem submersas, sobrevivem normalmente nos galhos das árvores. Porém, muitas delas, talvez por falta de espaço na água ou nas árvores, se criam em grandes aglomerados submersos no logo, como já o dissemos, que são chamados de “banco de ostras”.
Como características especiais da espécie, as ostras se alimentam atravées da filtração do alimento diluído na água, e isso faz que recebam muito material orgânico no mangue e muitas vezes assumam tamanhos enormes, em comparação com outros tipos de ostras que conhecemos.

Pesquisanto mais, soubemos que:
- Nome Comum: Ostra do Mangue, Ostra Verdadeira, Ostra Nativa e Ostra Gaiteira
- Nome Científico: Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828)
- Reino: Animalia
- Família: Ostreidae
- Filo: Mollusca
- Gênero: Crassostrea
- Classe: Bivalve
- Ordem: Ostroida
FIM DA VIAGEM
Retornando da Ilha de Superagui tratamos de cuidar de nossa tralha para a viagem de volta no dia seguinte, já sentindo saudades de Guaraqueçaba, de suas Ilhas e do imenso Lagamar. Com certeza estaremos de volta em breves tempos.

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