Nesta edição do City Tour apresentaremos a pequenina e bucólica Grão Mogol, situada nos confins da Serra do Espinhaço, ao norte das Minas Gerais.
HISTÓRIA
A localidade teve sua origem com a descoberta de diamantes em suas terras, no final dos anos 1700. Originalmente denominada como povoado da Serra de Santo Antônio do Itacambiraçu, em meados do século seguinte já era conhecida como Arraial da Serra de Grão Mogol.
O rico comércio do diamante em pouco tempo fez afluir para aquelas plagas legiões de estrangeiros, o que abriu os olhos da coroa portuguesa, que não tardou para tomar o controle total da mineração, ainda em 1839.
O vislumbre das riquezas levou a localidade saltar de Arraial para Vila Providencial em 1840 e, no mesmo ano, foi transformado em Distrito da cidade de Montes Claros.
E os progressos não pararam por aí. Em 1949 já tinha se tornado Vila, vindo a se tornar cidade emancipada em 1858, destacando-se como uma das mais importantes do norte das Minas Gerais, prestígio esse que durou aproximadamente um século.
O processo de decadência se desencadeou com o esgotamento das minas de diamante, a partir do ano de 1960, corroborado pela criação de novos municípios na região como Itacambira, Cristália e Botumirim, gerando dificuldades de empregos e esvaziamento de população em busca de grandes centros urbanos.
No entanto, Grão Mogol deixou como herança dos velhos tempos um belo patrimônio histórico, representado por prédios de belezas ímpares, marcantes daquela época e que constitui potencial turístico para o município.
GRÃO MOGOL
O origem do nome Grão Mogol para a cidade nos leva a duas hipóteses, até hoje questionadas pelos estudiosos:
A primeira se refere ao prefixo “Grão”, que confere grandeza, e a “Mogol”, que por sua vez é o habitante da Mongólia. Essa vertente de estudiosos entende que o nome está relacionado à um grande diamante encontrado na Índia em 1550, que pesada 793 quilates e que foi chamado de Grão Mogol.
Como a atividade que deu origem ao município que estamos apresentando era o garimpo do diamante, muitos entendem que a origem do nome é uma referência à essa pedra preciosa encontrada na Índia.
Já a segunda vertente vai mais longe e diz que o nome deriva dos inúmeros conflitos e crimes ocorridos na localidade por causa dos diamantes, dando origem ao nome “Grande Amargor”, reduzido posteriormente para “Grão Mogor” e, finalmente, Grão Mogol.
BARÃO DE GRÃO MOGOL
A história da cidade não seria a mesma sem a presença de Gualter Martins Pereira, nascido em 1826 na localidade que posteriormente ficou denominada como Arraial de Grão Mogol
Conhecido por lá como pessoa de grandes riquezas e que tratava bem seus escravos, deixou a cidade em 1876 e foi viver em Rio Claro, interior do estado de São Paulo. Lá comprou uma fazenda a qual deu o nome de “Fazenda Grão Mogol”, tornando-se político na nova comunidade.
Antes de se mudar Gualter foi coronel da Guarda Nacional e formou um grupo de Voluntários da Pátria, que foi enviado para combater na Guerra do Paraguai, tendo recebido como recompensa, em setembro de 1873, o título de Barão de Grão Mogol.
Já em Rio Claro foi eleito vereador nos tempos imperiais, chegando a ocupar a presidência da câmara. Tempos depois abraçou a causa republicana, renunciando então ao título de Barão e alforriando todos os seus escravos em fevereiro de 1888.
Boatos dão conta que o ex-Barão apaixonou-se por uma escrava e que sua esposa mandou mata-la. Como reprimenda Gualter teria a aprisionado na parte mais alta de sua residência por mais de sete anos, quando se suicidou, jogando-se pela janela.
Conta-se, ainda que a boca miúda, que ele a teria perdoado, mas ela se negou a aceitar ou mesmo a deixar o “cárcere improvisado”, passando a fazer desenhos nas parede com seu próprio.
O casarão de Gualter hoje está tombado pelo CONDEPHAAT, já que é de interesse arquitetônico por ser exemplar raro.
RODANDO EM GRÃO MOGOL
A CIDADE
Grão Mogol está situada num platô rochoso a 829 metros de altitude, cercado de vegetação do tipo cerrado, com formação savânicas e campestres. Por suas características, sofre muito com a estiagens.
Pequenina e encravada no alto da serra, lembra um pouco São Thomé das Letras, principalmente no seu casario feito com pedras da região, embora bem menor e quase nada escavada em seu entorno.
Ainda que a estradinha que a liga até a BR-251 até lá seja encantadora, é a única bem asfaltada para o acesso à cidade e vai descortinando, em cada km rodado, as belezas únicas da região. (veja rotas no final da matéria)
O centro comercial de Grão Mogol é bastante acanhado, dependendo praticamente de Montes Claros para compras além dos bens de consumo triviais, porém, tem uma boa infraestrutura em termos de escolas, saúde e entretenimentos.
As ruas do centro histórico são comumente estreitas e pavimentadas com as tradicionais pedras tipo “pé de moleque”, com suas ruas principais sem aclives e declives muito acentuados.
O Ribeirão do Inferno cruza a cidade de alto abaixo e no sentido norte/sul, distribuindo muitas belezas representadas por corredeiras e pequenas quedas d´água entre as pedras de seu leito, que podem ser admiradas do alto das graciosas pontes existentes.
IGREJA MATRIZ
A Igreja Matriz de Santo Antônio está situada na praça principal da cidade e foi construída com pedras e madeira, e coberta com telhas coloniais, constituindo um importante patrimônio cultural.
Segundo os registros oficiais, o templo foi erigido em meados dos anos 1800 por trabalhadores escravos cedidos por grandes senhores da região, dentre eles o Sr. Gualter Pereira, o Barão de Grão Mogol.
A construção serviu para substituir a antiga capela que já não comportava mais a quantidade de fieis para seus ofícios religiosos.
Segundo consta, o edifício segue um alinhamento correto e simétrico, apesar de se desconhecer a existência de um projeto arquitetônico bem elaborado para o templo, tendo sua nave principal e as laterais com dimensões idênticas.
Sua entrada principal é formada por um pórtico com todo seu raio em pedras, e no altar há uma cobertura em madeira com uma pintura do Santo Padroeiro no teto.
TURISMO
Roteiros dos mais diversos é que não faltam por lá, a grande maioria ligado ao meio ambiente e farta natureza do local.
Inúmeras trilhas circundam a cidade e buscam quase sempre o Parque Estadual Grão Mogol, ao norte da área urbana.
Outra pedida bem utilizada por moradores e visitantes são as pequenas praias de areia branca e pedras existentes ao longo do Cânion do Rio Itacambiruçu, na parte sul do município.
Vários outros ribeirões vertem da Serra de Grão Mogol com destino à esse Rio, perpetrando fascinantes pequenas cachoeiras, muito requisitadas pelos aventureiros.
Para receber todos esses visitantes a Grão Mogol dispõe de várias pousadas e até hotéis de qualidade e requinte, bem como há no município boa oferta gastronômica aos visitantes.
COMO CHEGAR
Para os visitantes que partirem de Belo Horizonte o melhor roteiro poderia começar pela BR-040, até Paraopeba, seguindo então pela BR-135 até Montes Claros e pela BR-251 até o Distrito de Barrocão, já pertencente a Grão Mogol. Desse trecho em diante o aventureiro deverá seguir pela MG-307 até o destino, num percurso total de aproximadamente 570 km.
Já para os baianos da capital o percurso total é bem maior (875 km). Inicialmente o roteiro segue pela BR-324, até Feira de Santana, e depois pela BR-116, até Divisa Alegre. Daí em diante o aventureiro deverá seguir pela BR-251 até a o Vale das Cancelas, já Bairro distante de Grão Mogol, e seguir por mais 48 km por via vicinal que intercala asfalto precário e terra batida.
De qualquer forma, a maneira mais segura de se chegar à esse refúgio fantástico de Grão Mogol, fica melhor com o uso de um bom guia rodoviário e o GPS de seu veículo ou celular.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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Jornalista responsável: Marcos Duarte – MTB 77539/SP
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